15 DE DEZEMBRO DE 2016
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O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Heitor Sousa, um agradecimento pela questão que
colocou.
Efetivamente, valorizamos muito a aprovação por unanimidade do requerimento do PCP, que se verificou
esta manhã na Comissão de Economia, no sentido de levarmos por diante e aprofundarmos esta discussão,
dando a palavra, na Assembleia da República, às organizações representativas dos trabalhadores da empresa,
que, aliás, foram as primeiras a alertar e a trazer informações concretas sobre a situação gravíssima que se
está a atravessar no serviço público postal, mas também à entidade reguladora, que, nos termos da lei, tem a
incumbência de verificar, fiscalizar e agir em função das situações concretas que existem no terreno. E são bem
graves, bem preocupantes, bem revoltantes, pela situação de abandono das populações que configuram, fruto
da política privatizadora do Governo anterior.
Por isso, temos de agir, e temos de agir na Assembleia da República, tomando medidas para chamar a
atenção e para aprofundar o debate, no sentido de resolver os problemas e confrontar os responsáveis das
autoridades do Estado com esta matéria, até porque não podemos ficar pelos debates genéricos e pelas
considerações gerais, ao afirmar que o serviço público postal é um elemento vital para a coesão territorial, para
a coesão social, para a ligação às regiões autónomas.
Ainda recentemente, tivemos mais uma vez no terreno, por parte do PCP, a intervenção, a luta e o alerta
para o que está a acontecer nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores e para aquilo que está a ser
sentido pelas populações de uma forma cada vez mais gravosa nas regiões do interior do País. E, por isso, o
incumprimento na prática das obrigações e exigências que o serviço público postal deve configurar — e há, de
facto, formas muito imaginativas e criativas de disfarçar ou tentar manipular os números — é algo que tem de
merecer uma resposta muito clara, muito firme e muito determinada por parte das autoridades do Estado e,
naturalmente, por parte do Governo,…
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … mas deve fazer-nos refletir em relação a estas políticas de privatização e
liberalização que, ao longo dos anos, foram impostas a este País.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente: — Ainda para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Pereira.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Bruno Dias, antes de mais, muito obrigado por
ter trazido este tema a debate. É uma oportunidade para o Partido Socialista fazer até uma pergunta mais
abrangente do que aquela que trouxe a este debate.
Sr. Deputado, gostava de pedir a sua opinião sobre aquela que foi a estratégia do PSD e do CDS, no último
Governo, relativamente às privatizações e à forma como privatizaram, a torto e a direito, setores estratégicos do
País, sem acautelar o interesse das populações.
É verdade que a estratégia do PSD e do CDS tinha motivações orçamentais e revelou-se que, já agora, na
oposição, permitiu ao PSD e ao CDS dizerem que o investimento direto estrangeiro, naquela altura, cresceu
muito.
A pergunta concreta que queria fazer ao Sr. Deputado Bruno Dias é no sentido de saber se não considera
que estas privatizações ou algumas das privatizações que foram feitas pelo PSD e pelo CDS — privatizações
de setores estratégicos — entregaram ativos importantes do País ao estrangeiro, e que o fizeram de forma
pouco ponderada e sem acautelar, mais uma vez repito, o interesse das populações e do País. Não
acrescentaram nada ao País, porque não criaram novos empregos nem criaram novos ativos e não trouxeram
aquilo que é muito importante, o empreendedorismo criativo para o investimento direto estrangeiro.
Portanto, gostaria de deixar esta pergunta, que me parece muito relevante para, por um lado, desmontar,
desmantelar a ideia do PSD e do CDS-PP de que fizeram muito no que diz respeito ao investimento direto