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23 DE MARÇO DE 2017

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A Sr.ª Gabriela Canavilhas (PS): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, não

bastavaum certo de clima de animosidade a que temos assistido sempre que a oposição se vê perante dados

oficiais que indicam o sucesso da governação socialista; não bastava também uma certa atitude derrotista do

PSD de cada vez que os indicadores demonstram aos portugueses, e também à Europa, que as receitas da

austeridade punitiva e daquela castração ideológica que foi imposta à social-democracia não eram, afinal, a

única via para a recuperação da crise; já não bastava esta sombra negativa permanente a contrastar com o dia

a dia agora bem mais pacífico, sereno e tranquilo dos portugueses, quando surge uma nova frente no jogo

político, mas desta vez entre os partidos da direita.

Como diz o povo, e pedindo licença a Jerónimo Martins para usar uma figura de estilo…

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Jerónimo de Sousa! O Jerónimo Martins tem mais dinheiro!

Risos.

A Sr.ª Gabriela Canavilhas (PS): — Perdão, Jerónimo de Sousa!

Como dizia, usando uma figura de estilo que está associada a Jerónimo de Sousa — normalmente, costuma

usar, e muito bem, estes ditados populares —, «quando brigam as comadres, descobrem-se as verdades».

Para o País, esta estória de comadres teve apenas um mérito: permitiu levantar a ponta do lençol que até

agora escondia o modo como foi decidido o destino do sistema financeiro português no tempo do anterior

Governo. Falo, Sr. Primeiro-Ministro, da resolução do BES, da descapitalização acumulada da Caixa Geral de

Depósitos e do desmoronar do BANIF.

Foi assim, nesta nova frente de separação de águas na direita, que descobrimos a ligeireza, a leviandade e

a total desresponsabilização com que, ao mais alto nível, foram tomadas decisões que envolveram o sistema

bancário com múltiplas consequências negativas para Portugal.

Foi um jogo de enganos, de empurra, de esconde, de não querer saber e de assina por baixo, desde que o

resultado, ou seja, a saída limpa do programa da troica fosse devidamente encenada.

A declaração da Dr.ª Assunção Cristas sobre a ignorância do Conselho de Ministros relativamente ao

descalabro da banca nesse período é, permita-me que lhe diga, gravíssima. Comprova ou que o CDS esteve

completamente à margem dos problemas do sistema financeiro ou que não se preocupou em defender os

portugueses, como era a sua obrigação.

Mas não temamos pela Dr.ª Cristas. Surpreendentemente, e apesar desta atitude que tanto prejudica a

imagem do Governo do Dr. Passos Coelho, o coordenador autárquico do PSD anuncia que lhe é indiferente

quem ganhe a Câmara Municipal de Lisboa, tanto lhe faz que seja o CDS ou o PSD! Para ele é igual!

Aplausos do PS.

É, pois, este o panorama que temos na oposição: um desconcerto que roça, por vezes, a irracionalidade.

É ainda neste espírito que ouvimos falar em «estórias da carochinha». Quais «estórias da carochinha» Dr.

Passos Coelho? Refere-se à subida dos indicadores de confiança, aos mais de 100 000 empregos líquidos,

criados neste ano e meio, entre eles mais de 80 000 com contratos sem termo, a taxa mais baixa desde há oito

anos? Ou à queda de 15,3% de inscritos no IEFP, em fevereiro, o maior recuo homólogo desde 1989?

Vozes do PS: — Muito bem!

A Sr.ª Gabriela Canavilhas (PS): — Chamar «estórias da carochinha» ao esforço para reabilitar a economia

e reforçar setores-chave no País não nos parece sério. E, sabe, já não convence ninguém!

Também Dom Quixote investia contra moinhos e contra rebanhos de ovelhas, com Dulcineia em mente, de

lança em riste. Depois de confirmar que eram apenas moinhos, ainda arranjava a desculpa de que havia um

mago que tinha inventado os moinhos.

Os portugueses já sabem que «estórias da carochinha» havia outras, a da «saída limpa» e outras que tais.

Mas isso é passado. Vamos falar de futuro: a estabilidade política, que, tal como o clima económico e social,

marca o período que passámos a viver; o sistema bancário, que está a ser paulatinamente resolvido. E daqui a

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