O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

7 DE JULHO DE 2017

3

valores maiores a ter em conta. Nunca será demais afirmar, como já o fizemos noutras ocasiões nesta Câmara,

que defender e promover a dignidade humana é reafirmar que cada ser humano tem um valor intrínseco,

patrimonial, único, não sujeito a transação e não dependente de circunstâncias exteriores, que possam justificar

um menor valor para esse ser humano.

Aplausos do CDS-PP.

A vida humana tem igual valor em todas as circunstâncias e por isso merece proteção em todas elas. Aceitar

que circunstâncias indesejáveis como a doença, a deficiência, o desemprego ou o sofrimento humano, seja

físico ou existencial, retiram valor ao ser humano, implica criar a ideia de que há vidas que valem a pena ser

vividas e outras não.

As propostas que hoje aqui trazemos têm como espinha dorsal a necessidade de intervir ativamente e de

forma humanizada no sofrimento de milhares de portugueses com doença grave e irreversível, de lhes dar uma

resposta dignificante e estruturada e de pugnar pelos seus direitos. Queremos prevenir, reduzir e tratar esse

sofrimento, não deixando nunca que ele se torne insuportável, mantido ou disruptivo. A resposta, não se

esgotando, de forma alguma, nos cuidados de saúde, incluirá sempre uma intervenção ativa e clínica nesse

sofrimento, os cuidados paliativos, eliminando ou reduzindo o problema para níveis razoáveis e suportáveis,

mas não eliminando a pessoa que o experimenta.

A prestação de cuidados paliativos, que se faz por equipas especializadas e independentemente do

prognóstico vital e do diagnóstico, inclui o apoio estruturado às famílias das pessoas doentes, com particular

relevância para as situações de luto e de sobrecarga dos cuidadores.

Quisemos, com esta proposta, verter em lei uma opção ética cientificamente balizada, apoiada em valores

constitucionais de referência, uma proposta que reafirma e condensa um conjunto de recomendações já

disponíveis, mas dispersas no ordenamento jurídico português. Falamos de aspetos que são versados na

própria política europeia de direitos humanos e também em documentos nacionais de referência inquestionável,

que vão desde a Constituição da República Portuguesa, à Lei de Base dos Cuidados Paliativos, à Lei do

Testamento Vital, aos códigos deontológicos dos profissionais de saúde ao mais recente Plano Estratégico para

o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos.

Falaremos também de algumas inovações que introduzimos, sendo que, em nosso entender, todo o

documento constitui, ele próprio, uma forma inovadora de olhar o direito a bons cuidados, de saúde mas não só,

das pessoas em fim de vida.

É neste contexto que o CDS, reafirmando-se a favor da proteção da vida, apresenta uma proposta legislativa

que condensa e reafirma um conjunto de direitos das pessoas doentes e suas famílias, que, no seu todo,

densificam a consagração de um direito a não sofrer de forma mantida e disruptiva, quando no contexto de

doença avançada e em fim de vida, e prevendo ainda medidas para a realização dos respetivos direitos.

Não se trata de uma alternativa a uma outra opção, com uma moldura de argumentos eventualmente conexos

mas, na sua essência, bem distintos. Trata-se, sim, de uma medida focada, de primeira linha, imprescindível

para milhares de portugueses, de um conjunto de direitos a assegurar pelo Estado, de modo a que todos os

cidadãos — repito, todos os cidadãos — se possam sentir protegidos relativamente a uma fase tão relevante

das suas vidas.

Aplausos do CDS-PP.

A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Muito bem!

A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — De que direitos falamos? Eles estão detalhados na nossa proposta,

mas permitimo-nos destacar aqui alguns.

São direitos em matéria de consentimento informado, de direito à informação, nomeadamente sobre a

natureza da sua doença e de opções de tratamento, conhecendo os objetivos, os benefícios e malefícios dos

mesmos, e com o direito a recusar tratamentos desproporcionados. São direitos que visam reforçar a realização

do testamento vital e a indicação de um procurador de cuidados de saúde.

Páginas Relacionadas
Página 0002:
I SÉRIE — NÚMERO 106 2 O Sr. Presidente: — Boa tarde, Sr.as e
Pág.Página 2
Página 0004:
I SÉRIE — NÚMERO 106 4 São direitos que, sem prejuízo das competência
Pág.Página 4
Página 0005:
7 DE JULHO DE 2017 5 Como já antes aqui disse e hoje quero repetir, s
Pág.Página 5
Página 0006:
I SÉRIE — NÚMERO 106 6 E, se nada fez, de duas, uma: ou não teve vont
Pág.Página 6
Página 0007:
7 DE JULHO DE 2017 7 dignidade e autonomia.» E acrescenta: «… a socie
Pág.Página 7
Página 0008:
I SÉRIE — NÚMERO 106 8 avançada ou incurável não só devem ter direito
Pág.Página 8
Página 0009:
7 DE JULHO DE 2017 9 e em fim de vida. Ora, pelo menos, quem está pró
Pág.Página 9
Página 0010:
I SÉRIE — NÚMERO 106 10 A Sr.ª Isaura Pedro (PSD): — Sr. Presidente,
Pág.Página 10
Página 0011:
7 DE JULHO DE 2017 11 Este projeto tem como objetivo levar as pessoas
Pág.Página 11
Página 0012:
I SÉRIE — NÚMERO 106 12 Na altura, e na discussão deste projeto, o PC
Pág.Página 12
Página 0013:
7 DE JULHO DE 2017 13 ao sofrimento, porque, de facto, relativamente
Pág.Página 13
Página 0014:
I SÉRIE — NÚMERO 106 14 A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Não se
Pág.Página 14
Página 0015:
7 DE JULHO DE 2017 15 É óbvio que os doentes têm de ser ajudados nas
Pág.Página 15
Página 0016:
I SÉRIE — NÚMERO 106 16 Se a Sr.ª Deputada manifesta aqui disponibili
Pág.Página 16
Página 0017:
7 DE JULHO DE 2017 17 e que estou disponível para continuar a apoiar
Pág.Página 17
Página 0018:
I SÉRIE — NÚMERO 106 18 Para cumprir a suprema arte de apresentar um
Pág.Página 18
Página 0019:
7 DE JULHO DE 2017 19 Protestos do CDS-PP. O CDS dificu
Pág.Página 19
Página 0020:
I SÉRIE — NÚMERO 106 20 possíveis e imaginários para que não estivess
Pág.Página 20
Página 0021:
7 DE JULHO DE 2017 21 manifestação de cultura de imposição, e é isso
Pág.Página 21
Página 0022:
I SÉRIE — NÚMERO 106 22 O objetivo primordial desta forma de cuidado
Pág.Página 22
Página 0023:
7 DE JULHO DE 2017 23 Passado um ano, não só o Governo não criou aind
Pág.Página 23
Página 0024:
I SÉRIE — NÚMERO 106 24 A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Sr. Pres
Pág.Página 24
Página 0025:
7 DE JULHO DE 2017 25 A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Como é que é poss
Pág.Página 25
Página 0026:
I SÉRIE — NÚMERO 106 26 sintomas físicos, mas também psicossociais e
Pág.Página 26
Página 0027:
7 DE JULHO DE 2017 27 Aplausos do PCP. O Sr. Pre
Pág.Página 27
Página 0028:
I SÉRIE — NÚMERO 106 28 O tema é sério demais, os doentes em fim de v
Pág.Página 28
Página 0029:
7 DE JULHO DE 2017 29 A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Para uma interpel
Pág.Página 29
Página 0030:
I SÉRIE — NÚMERO 106 30 A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Fizemo
Pág.Página 30