21 DE OUTUBRO DE 2017
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relativamente ao serviço prestado pela empresa. Os trabalhadores sabem e reconhecem que o Estado, em
articulação com o município de Lisboa, assumiu várias responsabilidades que asseguram que o novo modelo e
as novas condições de gestão não serão afetados pelas vicissitudes históricas e contingências anteriores da
empresa, designadamente do ponto de vista financeiro, sendo transferida para o município uma empresa com
condições para assumir as novas responsabilidades que lhe foram atribuídas pelo Governo na gestão da
mobilidade e do transporte público de pessoas na Área Metropolitana de Lisboa. O Estado assumiu, assim, a
dívida financeira histórica da Carris, a responsabilidade das operações financeiras celebradas pela empresa e
as responsabilidades formadas ou em formação com o complemento de pensão dos trabalhadores.
Naturalmente, passando o município a assumir os resultados da operação da empresa e as
responsabilidades da gestão a partir de 31 de dezembro de 2016, não faria sentido que o Estado continuasse a
assumir a responsabilidade por decisões que não lhe competem e que passam a competir, a partir desta data,
à Carris. Portanto, no que diz respeito ao complemento de reforma dos trabalhadores, tudo aquilo que são os
direitos adquiridos pelos trabalhadores é assumido pelo Estado, sendo, naturalmente, assumido pela empresa
a partir de 31 de dezembro de 2016.
Portanto, os trabalhadores não têm de ter receio de que os seus direitos e interesses adquiridos sejam, de
alguma forma, prejudicados. Tudo aquilo que não ficou no Estado passará, naturalmente, ao abrigo das regras
contratuais e das normas legais aplicáveis, a ser da responsabilidade da empresa.
Podem, por isso, os trabalhadores ficar tranquilos, porque não só os seus direitos são respeitados e
garantidos como finalmente sabem que a empresa tem as condições necessárias…
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado, queira concluir.
O Sr. Ricardo Bexiga (PS): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
Como dizia, a empresa tem as condições necessárias para realizar, de uma forma eficaz, o desenvolvimento
de serviços tão importantes como aqueles que lhe são atribuídos no desenvolvimento da mobilidade e no
assegurar do transporte público de passageiros na Área Metropolitana de Lisboa.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral, do CDS-PP, para uma
intervenção.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as Deputadas e Srs.
Deputados: Gostava de começar por dizer ao Sr. Deputado Ricardo Bexiga que, de facto, o modelo anterior,
como bem sabe, reforçava os poderes dos municípios, das autoridades metropolitanas de transporte — até
alterámos os regimes jurídicos para que os municípios pudessem ter uma parte ativa na definição da rede e da
oferta de serviços públicos.
O Sr. Ricardo Bexiga (PS): — Mas privatizavam!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Mas é evidente que o que está em causa já não é esse modelo, é este.
Sobre este modelo, percebi o que a Sr.ª Secretária de Estado da Segurança Social disse. Tem completa
razão e o que diz é verdade, tal como o que acabou de dizer o Sr. Deputado Ricardo Bexiga. Mas não é bonito
os senhores pagarem a lealdade do PCP e do Bloco com essa traição. Não é bonito enganarem os parceiros!
De facto, quando olhamos para a primeira apreciação parlamentar que entregava a Carris ao município de
Lisboa, o Sr. Deputado Bruno Dias, por exemplo, dizia: «Permitam-me saudar os trabalhadores e utentes dos
transportes aqui presentes, nas galerias, e reafirmar a solidariedade do PCP para com a sua luta. (…) Queremos
contribuir para a salvaguarda do caráter público (…) e dos direitos dos trabalhadores (…)» — o tal trabalho com
direitos.
Srs. Deputados, não vão pedir desculpa e não têm vergonha da forma como andam a enganar os
trabalhadores?!