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Quarta-feira, 28 de novembro de 2018 I Série — Número 22
XIII LEGISLATURA 4.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2018-2019)
REUNIÃOPLENÁRIADE27DENOVEMBRODE 2018
Presidente: Ex.mo Sr. Eduardo Luís Barreto Ferro Rodrigues
Secretários: Ex.mos Srs. Emília de Fátima Moreira Santos Idália Maria Marques Salvador Serrão António Carlos Bivar Branco de Penha Monteiro Sandra Maria Pereira Pontedeira
S U M Á R I O
O Presidente declarou aberta a sessão às 10 horas e 6
minutos. Deu-se conta da entrada na Mesa dos Projetos de Lei n.os
1028 e 1029/XIII/4.ª. Foi aprovado um parecer da Subcomissão de Ética, da
Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, relativo à suspensão do mandato de um Deputado do PCP e à respetiva substituição.
No âmbito do debate, na especialidade, da Proposta de Lei n.º 156/XIII/4.ª (GOV) — Aprova o Orçamento do Estado para 2019, foram discutidos e votados artigos e propostas de alteração avocados pelo Plenário — artigos 4.º, 60.º, 61.º, 64.º, 70.º, 72.º a 75.º, 79.º, 83.º, 86.º a 88.º, 90.º, 94.º e propostas de artigos novos —, tendo usado da palavra, além dos Secretários de Estado Adjunto e das Finanças (Ricardo Mourinho Félix) e da Segurança Social (Cláudia Joaquim), os
Deputados João Oliveira (PCP), Duarte Pacheco (PSD), Porfírio Silva (PS), Ana Mesquita (PCP), Joana Mortágua (BE), Pedro Pimpão (PSD), Ana Rita Bessa (CDS-PP), Heloísa Apolónia (Os Verdes), André Silva (PAN), Sara Madruga da Costa (PSD), Carlos Pereira (PS), Ernesto Ferraz (BE), Wanda Guimarães (PS), Diana Ferreira (PCP), José Moura Soeiro (BE), Clara Marques Mendes (PSD), Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), Jorge Falcato Simões (BE), João Dias (PCP), Jorge Paulo Oliveira (PSD) e Cecília Meireles (CDS-PP).
Prosseguiu a discussão, na especialidade, da Proposta de Lei n.º 156/XIII/4.ª — artigos 137.º e 138.º, 146.º, 150.º, 158.º a 160.º, 165.º a 167.º, 177.º e 178.º, 190.º, 192.º e 193.º, 196.º a 198.º, 203.º, 209.º, 211.º e 221.º e propostas de artigos novos —, tendo usado da palavra, além dos Secretários de Estado da Educação (João Costa), Adjunto e
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da Mobilidade (José Mendes), dos Assuntos Fiscais (António Mendonça Mendes) e das Comunidades Portuguesas (José Luís Carneiro), os Deputados João Vasconcelos (BE), João Dias (PCP), Manuel Frexes (PSD), Hortense Martins e Elza Pais (PS), Jorge Campos (BE), Carla Sousa (PS), Ana Sofia Bettencourt (PSD), Ana Mesquita (PCP), Ana Rita Bessa (CDS-PP), Joana Mortágua (BE), Porfírio Silva (PS), Heloísa Apolónia (Os Verdes), Luís Monteiro (BE), Ivan Gonçalves (PS), Ângela Moreira (PCP), Margarida Balseiro Lopes (PSD), Hugo Carvalho (PS), Isabel Galriça Neto (CDS-PP), Moisés Ferreira (BE), João Paulo Correia (PS), Cecília Meireles (CDS-PP), Carla Cruz (PCP), Ricardo Baptista Leite (PSD), António Sales (PS), Carlos Silva (PSD), Pedro do Carmo (PS), José Luís Ferreira (Os Verdes), Luís Moreira Testa (PS),
Bruno Dias (PCP), Ricardo Bexiga (PS), Heitor de Sousa (BE), Emídio Guerreiro (PSD), Hélder Amaral e Pedro Mota Soares (CDS-PP), Duarte Pacheco (PSD), Carlos Matias e Pedro Soares (BE), Maurício Marques (PSD), Patrícia Fonseca (CDS-PP), Rubina Berardo (PSD), Nuno Magalhães (CDS-PP), Fernando Rocha Andrade (PS), Paulo Sá (PCP), Cristóvão Crespo (PSD), Mariana Mortágua (BE), António Costa Silva, Fernando Virgílio Macedo e José Cesário (PSD), Jamila Madeira (PS), Duarte Alves (PCP), Paulo Rios de Oliveira (PSD), André Silva (PAN), Vânia Dias da Silva (CDS-PP) e José Carlos Barros (PSD).
O Presidente (José Manuel Pureza) encerrou a sessão eram 14 horas e 32 minutos.
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O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Funcionários, Sr.as e
Srs. Jornalistas, declaro aberta a sessão.
Eram 10 horas e 6 minutos.
Peço aos agentes da autoridade o favor de abrirem as galerias ao público.
Na sessão de hoje vamos prosseguir com a discussão, na especialidade, da Proposta de Lei n.º 156/XIII/4.ª
— Aprova o Orçamento do Estado para 2019, começando por, em primeiro lugar, procedermos à discussão de
normas avocadas, dispondo cada grupo parlamentar, o Governo e o PAN de 5 minutos para todas, normas
essas que depois iremos votar.
A Mesa fez um exercício para ver se a discussão estava minimamente percetível para o exterior e chegámos
à conclusão que há quatro grupos de grandes temas: o tema Madeira, o tema segurança social, o tema
professores e o tema poder local. Há ainda um quinto tema, o dos cuidadores informais.
Pedia aos Srs. Deputados de cada um dos partidos que se inscrevessem por tema para que a discussão
tenha sentido e seja percetível no exterior desta Sala, relembrando que os 5 minutos são para o conjunto das
intervenções de cada partido e não para cada tema.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, quero fazer uma interpelação sobre a condução dos trabalhos.
Depois deste período de debate das normas avocadas, vamos ter o período das votações, havendo dois
artigos relativamente aos quais constatámos que o guião de votações pode levantar dúvidas. Trata-se de
votações que foram ontem feitas na Comissão e que hoje só vêm parcialmente ao Plenário. Trata-se dos artigos
60.º e 61.º.
Julgo que, para não haver dúvidas sobre o resultado final das votações, era preferível reproduzir o guião que
foi ontem votado na Comissão para se saber o que ficou aprovado ou rejeitado.
O Sr. Presidente: — Solicito que façam chegar esse guião à Mesa.
Tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Pacheco.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr. Presidente, foi o Partido Social Democrata que solicitou, em concreto,
a avocação das suas propostas e, portanto, a nossa leitura é a de que a DAPLEN (Divisão de Apoio ao Plenário)
fez aquilo que é normal fazer. Os outros partidos não pediram a avocação das propostas deles e, agora, querem
que elas sejam votadas novamente aqui em Plenário. Se seguirmos este princípio, quando pedirmos a avocação
de uma proposta em sede de IRS, então têm de vir aqui todas as propostas de alteração relativas ao IRS e o
próprio artigo do IRS. Não é esse o hábito que a DAPLEN tem.
O Sr. Presidente: — Teremos de votar de maneira a que fique claro o que é votado. É essa a nossa
preocupação.
Entretanto, a Mesa tem alguns avisos a fazer ao Plenário. Para o efeito, tem a palavra a Sr.ª Secretária Emília
Santos.
A Sr.ª Secretária (Emília Santos): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, deram entrada na Mesa, e foram
admitidos pelo Sr. Presidente, os Projetos de Lei n.os 1028/XIII/4.ª (CDS-PP) — Quinta alteração à Lei n.º
62/2013, de 26 de agosto (Lei de Organização do Sistema Judiciário), que adita a competência do Tribunal da
Propriedade Intelectual, que baixa à 1.ª Comissão, e 1029/XIII/4.ª (PCP) — Lei de Bases da Política de Saúde,
que baixa à 9.ª Comissão.
Há ainda um relatório e parecer da Subcomissão de Ética, da Comissão de Assuntos Constitucionais,
Direitos, Liberdades e Garantias, que se refere à suspensão do Sr. Deputado João Oliveira (PCP), círculo
eleitoral de Évora, sendo substituído por Válter Ricardo Borralho dos Loios, com efeitos a partir de 1 de dezembro
de 2018 até 1 de janeiro de 2019, inclusive.
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O parecer é no sentido de a substituição do Deputado em causa ser de admitir, uma vez que se encontram
verificados os requisitos legais.
É tudo, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, vamos proceder à votação do parecer que acabou de ser
mencionado.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Vamos, então, entrar na apreciação das normas avocadas, começando pelas relativas ao tema dos
professores.
Tem a palavra o Sr. Deputado Porfírio Silva, do PS.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
voltamos a debater a valorização dos profissionais da Administração Pública, especificamente a carreira
docente.
Aos que dizem que é preciso negociar, cabe lembrar que houve negociações, meses de negociações. A
verdade é que o Governo deu passos, aproximou-se da posição dos sindicatos, indo além dos nossos
compromissos eleitorais e do programa do Governo. Mas os sindicatos não se moveram um milímetro, quiseram
o resultado final igual à sua posição inicial. Quando apelámos aos sindicatos para darem um sinal, para não
deixarem morrer as negociações, nenhuma voz nos acompanhou nesta Assembleia.
A haver uma nova oportunidade, que ela seja aproveitada. Agora, uma coisa é certa: não faz sentido exigir
uma negociação e, ao mesmo tempo, querer fixar desde já em Orçamento do Estado o essencial do resultado
da negociação.
Srs. Deputados, ontem, após a votação desta matéria na Comissão de Orçamento, uma Sr.ª Deputada disse
que se tinha formado uma maioria alternativa. Que fique claro que, pelo nosso lado, não estamos à procura de
nenhuma maioria alternativa, do que estamos à procura é dos caminhos para continuar a valorizar os
profissionais da educação no quadro de uma política sustentada de investimento na escola pública, para garantir
às nossas crianças e aos jovens igualdade no acesso e no sucesso, numa escola onde todos aprendam mais e
melhor.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Mesquita, do Grupo Parlamentar do PCP.
A Sra. Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, na sua globalidade, a proposta do
PCP é a que melhor assegura uma solução para a progressão na carreira — e, não, não é só para os professores
— para a contagem integral do tempo de serviço nas carreiras e corpos especiais da Administração Pública. E
os trabalhadores estariam mais bem servidos se ontem esta tivesse sido aprovada na sua totalidade e não
apenas no seu n.º 1. Por isso, a avocámos hoje para Plenário.
Veja-se que o n.º 2 diz uma coisa tão simples como isto: «O cumprimento no disposto no número anterior
considera-se verificado com a definição de solução legal que assegure a consideração integral do tempo de
serviço». Então, tanto blá, blá, blá do PSD e do CDS e, afinal, não acompanham isto? E, já agora, também o n.º
3?
É que têm hoje, aqui, também, uma oportunidade para reponderarem aquele que foi o sentido de voto relativo
à proposta do PCP. Vão fazê-lo? Interessa também saber isso porque, de outro modo, tornar-se-á clarinho como
água que PSD e CDS têm um discurso perante os trabalhadores mas fazem o contrário na hora de decidir e
que, afinal, o seu verdadeiro objetivo não é o de encontrar uma solução expedita e definitiva para este problema,
é fazê-lo arder em lume brando para benefício próprio e contra os interesses dos trabalhadores.
Registamos ainda que o PS recusou uma proposta que enquadrava uma solução para todos os trabalhadores
da Administração Pública — todos — !, abrindo um caminho de concretização equilibrada, no respeito por aquilo
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que já foi discutido em negociação coletiva e reafirmando o que há um ano foi aprovado com o voto do Partido
Socialista.
O PCP não desiste da luta, seja no Orçamento em apreciação parlamentar, seja na rua, ao lado dos
trabalhadores, pela defesa da contagem integral do tempo de serviço.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Joana Mortágua, do Grupo Parlamentar do Bloco de
Esquerda.
A Sra. Joana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, o
PSD, ontem, apresentou-se aqui como o salvador dos professores, dos funcionários da Administração Pública.
O PSD, ontem, apresentou-se aqui dizendo que era melhor do que os partidos da esquerda parlamentar. Fazia
e defendia os professores melhor do que o Governo e até conseguia defender os professores melhor do que os
sindicatos que representam os professores. O PSD apresentou-se, ontem, aqui, como a vanguarda da defesa
dos trabalhadores da Administração Pública e dos direitos dos professores.
E, nós, perante esta afirmação do PSD, apelámos a que o PSD votasse a proposta do Bloco de Esquerda,
não apenas aquela que obriga o Governo a negociar — porque isso é obrigação do Governo e, se o Governo
não cumpriu, terá de cumprir —, mas a salvaguarda, a garantia de que o Governo tem uma razão para negociar
e de que, se não o fizer, está garantido aos trabalhadores da Administração Pública 20% ao ano para
recuperarem as suas carreiras, a recuperação integral do tempo que trabalharam, uma década do tempo
trabalhado que, ao contrário dos restantes funcionários públicos, não foi recuperada. Ora, nada disto aconteceu,
a montanha pariu um rato e, portanto, para o que queremos aqui apelar ao PSD é para que reconheça que
cometeu ontem um erro e que hoje vote favoravelmente esta proposta do Bloco de Esquerda.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Pimpão, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. Pedro Pimpão (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
estamos aqui hoje a discutir esta matéria da maior importância para o nosso sistema educativo por causa de
uma proposta do PSD, mas sobretudo o interesse superior da educação em Portugal.
E já muito se disse e se escreveu sobre esta matéria. A verdade é que nos compete corrigir algumas injustiças
orçamentais que estão vertidas nesta proposta de Orçamento do Estado e constatar a grave violação do
Governo pelos compromissos que assumiu e inscreveu no Orçamento do Estado para 2018 que, depois, foram
reforçados por uma resolução aprovada na Assembleia da República. Por isso, impõe-se esta proposta do PSD.
É que, ao contrário daquilo que o Governo fez, que foi desrespeitar a letra e o espírito da mesma norma que
incluiu no Orçamento do Estado para 2018, resulta que é mais do que relevante para o interesse da classe
docente em Portugal voltar à mesa das negociações e respeitar o tempo de serviço prestado pelos professores.
Por isso, aquilo que propomos com esta solução é que seja corrigida esta injustiça e seja valorizada a classe
docente e o tempo de serviço que efetivamente prestaram, porque valorizar os professores é valorizar a escola
pública e a importância que assumem no desempenho educativo dos nossos alunos.
Sr.as e Srs. Deputados, entre a arrogância do Governo ou a valorização dos professores, estaremos sempre
do lado da valorização dos professores.
Aplausos do PSD.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Não parece!
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
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A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados, desde o início deste processo que o Governo geriu de forma confusa e diria, até, propositadamente
difusa o dossier de reposicionamento das carreiras especiais.
A proposta que o CDS ontem apresentou dá uma segunda oportunidade ao Governo para negociar, de forma
justa, responsável e exequível com os professores, mas também com outras carreiras especiais, respeitando
sempre a sustentabilidade financeira, que é uma variável crítica para a avaliação do CDS.
Lamentamos que os partidos à esquerda rejeitem o impacto desta negociação na transparência nas contas,
contas que o CDS pede há mais de um ano e que hoje estes partidos terão nova oportunidade de considerar
favoravelmente.
O importante agora é garantir a estas carreiras mas também a todos os portugueses uma negociação justa
e exequível, que não seja só uma promessa e que permita ser sustentada para além de uma legislatura.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, do Grupo Parlamentar de Os Verdes.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados, relativamente a estas propostas sobre a contagem do tempo integral de serviço dos professores —
mas não só, também de todas as outras carreiras especiais da função pública —, impõe-se dizer ou relembrar
que o PS votou favoravelmente um projeto de resolução apresentado por Os Verdes aqui na Assembleia da
República, que depois foi aprovado, que determinava a contagem integral do tempo de serviço.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Era um projeto de resolução, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Com certeza, é uma recomendação para o Governo agir, e o Partido
Socialista considerou claramente que deveria ser contado todo o tempo de serviço prestado, e bem.
Só que o Partido Socialista, a determinada altura, fez uma opção: deixou de estar do lado dos professores e
de todos os outros profissionais das outras carreiras especiais para passar a estar ao lado da teimosia do
Governo. Srs. Deputados, fizeram-no incongruentemente até com aquilo que afirmaram nas vossas jornadas
parlamentares, de que não eram, na Assembleia da República, porta-vozes do Governo mas, sim, que
consideravam os interesses dos cidadãos. E isso, de facto, não está, designadamente neste aspeto particular,
a corresponder à verdade.
Por outro lado, impõe-se também que seja realçado o facto de o PSD ter sido completamente desmascarado
a respeito do sentido de voto que teve relativamente às propostas apresentadas e em relação àquilo que tinha
afirmado ontem mesmo, aqui, na Assembleia da República. É que quem ouviu ontem, de manhã, o discurso do
PSD não poderia imaginar que, à tarde, iria votar contra as propostas que determinavam a contagem integral do
tempo de serviço, numa total incoerência.
Portanto, o que é que os cidadãos devem concluir daquilo que aqui se passou? É que aquilo que o PSD
apregoa, caso não altere o seu sentido de voto hoje, não é sério, e o PSD não age, de facto, com seriedade. O
PSD foi totalmente desmascarado e, portanto, se quer agir em coerência, tem agora oportunidade, nas
avocações que foram feitas, conforme aquilo que afirmou ontem de manhã, de demonstrar que é a favor da
contagem integral do tempo de serviço.
Portanto, Sr.as e Srs. Deputados, vamos continuar os nossos trabalhos mas vamos, por favor, continuar com
coerência e lealdade. É assim que Os Verdes sabem agir.
Aplausos de Os Verdes e de Deputados do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado André Silva.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, avocamos a
proposta de alteração 74-C, referente ao artigo 36-A do Orçamento, que visa a contratação de intérpretes de
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língua gestual portuguesa para o Serviço Nacional de Saúde, com prioridade para a resposta a episódios de
urgência no contexto dos 25 serviços de urgência médico-cirúrgica existentes no País.
Acessibilidade significa a possibilidade de aceder a algo. No entanto, no caso das deficiências, em particular,
significa também o acesso com normalidade.
Por exemplo, os serviços da segurança social são considerados acessíveis, pois é possível ao cidadão surdo
solicitar o atendimento em língua gestual portuguesa. No entanto, terá de aguardar cerca de duas ou três
semanas até que esse atendimento lhe seja marcado, ao passo que outra pessoa sem deficiência simplesmente
se dirige ao balcão e é atendida.
Há acessibilidade? Formalmente, sim. Há normalidade? Não. Portanto, a acessibilidade é limitada.
A situação ganha especial relevância quando pensamos nos serviços de saúde. Os centros de saúde e os
hospitais não dispõem de intérpretes, apesar de, genericamente, serem obrigados a isso. Então, como é que
um cidadão surdo comunica com o seu médico e lhe explica o que está a sentir? Ou leva consigo um familiar
que possa interpretar o que está a dizer, ou paga do seu bolso a um intérprete, ou vai ter muitas dificuldades
em comunicar com o médico, os assistentes administrativos, os enfermeiros, etc. Isto torna-se mais grave em
situações de emergência médica em que a pessoa surda não tem a possibilidade de organizar uma ida ao
hospital acompanhada de um intérprete.
Recordamos que o acesso à saúde se trata de um direito fundamental de todos os cidadãos. A Lei n.º 46/2006
proíbe e pune a discriminação em razão da deficiência, mas existe discriminação enquanto existirem cidadãos
a viver à margem do quotidiano. Pior, essa discriminação parte do próprio Estado, porque não assegura
condições de igualdade para todos, como é seu dever.
No preâmbulo do Decreto-Lei n.º 163/2006, podemos ler que «A promoção da acessibilidade constitui um
elemento fundamental na qualidade de vida das pessoas, sendo um meio imprescindível para o exercício dos
direitos que são conferidos a qualquer membro de uma sociedade democrática, contribuindo decisivamente para
um maior reforço dos laços sociais, para uma maior participação cívica de todos aqueles que a integram e,
consequentemente, para um crescente aprofundamento da solidariedade no Estado social de direito».
No entanto, a verdade é que os referidos diplomas são de 2004 e de 2006 e essas barreiras continuam a
existir hoje. Passados mais de 10 anos, uma pessoa surda continua a não ter acessibilidade em hospitais,
centros de saúde, serviços camarários, assembleias municipais, bibliotecas, ensino superior e por aí adiante.
Em suma, têm sido dados passos no sentido de melhorar as condições de vida dos cidadãos com deficiência?
Sim. São suficientes para assegurar uma vida independente? Não.
Só a inclusão nos pode conduzir a uma sociedade mais justa, com iguais oportunidades para todos, só assim
se impedindo a discriminação dos vários grupos sociais. As barreiras não são só arquitetónicas, são também
sociais, culturais e políticas.
Todos devem ter acesso às diferentes oportunidades existentes, seja à cultura, aos espaços, aos edifícios,
às comunicações, aos serviços, à economia e à participação política, em condições de igualdade e, enquanto
isso não acontecer, não podemos dizer que vivemos numa sociedade igual e justa para todos os cidadãos. Se
tudo isto ainda não é possível, pelo menos que todos tenhamos direito à saúde e a um tratamento digno no
nosso sistema nacional.
Precisamos urgentemente de intérpretes de língua gestual portuguesa no Serviço Nacional de Saúde,
priorizando a resposta a episódios de urgência no contexto dos 25 serviços de urgência médico-cirúrgica
existentes no País.
O Sr. Presidente: — Passamos agora ao segundo tema, Madeira.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Sara Madruga da Costa.
A Sr.ª Sara Madruga da Costa (PSD): — Sr. Presidente, é verdadeiramente lamentável a forma como os
partidos de esquerda trataram questões importantes para a Madeira, tais como o subsídio de mobilidade, o ferry,
a redução das taxas de juro e, sobretudo, o novo hospital. Alguns até nem apresentaram propostas.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — O PSD não fez nada!
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A Sr.ª Sara Madruga da Costa (PSD): — Na Madeira, PS, Bloco de Esquerda e PCP fazem uma coisa, mas
nas costas dos madeirenses, em Lisboa, na primeira oportunidade, abandonam a Madeira e agacham-se aos
ditames partidários e aos aparelhos centralistas.
Protestos do Deputado do BE Moisés Ferreira e da Deputada de Os Verdes Heloísa Apolónia.
É vergonhosa a forma como o PS, o Bloco de Esquerda e o PCP, com a conivência de Deputados
madeirenses, se uniram nesta Casa numa coligação de forças, não em defesa dos interesses da Madeira, não
em defesa do que é melhor para a Madeira, mas contra a Madeira, chumbar, chumbar!
Graças à geringonça, fica praticamente tudo na mesma em relação a estas importantes matérias. O Governo:
continuará a recusar-se a assumir o financiamento prometido de 50% no IVA e a fazer, indecentemente, contas
com o património alheio; continuará a ganhar dinheiro com a Madeira e a impedir a poupança das famílias e das
empresas madeirenses; continuará a rejeitar o novo modelo de subsídio de mobilidade já aprovado nesta Casa
e a assumir os custos do ferry todo o ano.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, a Madeira e os madeirenses merecem melhor.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Pereira.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, no último ano da Legislatura, vale a
pena sublinhar um dado insólito que a atravessou. Durante as discussões do Orçamento do Estado, o PSD da
Madeira apresentou sempre propostas à parte da sua própria bancada e hoje, neste Orçamento, vale a pena
sublinhar o seguinte: 90% das propostas apresentadas pelo PSD da Madeira não tiveram acolhimento na própria
bancada. O próprio PSD não aprovou, não acarinhou, não defendeu as propostas do PSD da Madeira.
Aplausos do PS.
Portanto, é preciso ser credível:
O Sr. Carlos César (PS): — Ora aí está!
O Sr. Carlos Pereira (PS): — É preciso ser credível, e não sei como se pode levar a sério o PSD da Madeira
quando este nem sequer consegue convencer a sua própria bancada, o seu próprio partido, que não acolhe
nem defende as suas propostas.
Portanto, aquilo de que os madeirenses precisam não é desta falsa vontade de ajudar a Madeira. Aquilo de
que os madeirenses precisam é do que o PS tem feito ao longo desta Legislatura: tem defendido a Madeira, tem
mostrado solidariedade, tem concretizado objetivos e tem demonstrado que, aos poucos, tem reposto aquilo
que o PSD não foi capaz de fazer nos últimos quatro anos. É isso que vamos continuar a fazer e é isso que
prometemos aos madeirenses.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, pelo Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, o Sr. Deputado Ernesto
Ferraz.
O Sr. Ernesto Ferraz (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, a proposta
do Bloco de Esquerda, apresentada ontem, sobre o hospital da Madeira era aquela que melhor acautelava os
interesses da Madeira de, efetivamente, erguer um novo hospital, um projeto necessário e já considerado de
interesse comum.
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Propunha, no concreto, 50% dessa verba. O PS parece não querer ceder a esta necessidade e, quanto ao
PSD, parece que quer continuar a discutir, para que tudo se mantenha na mesma: fazer política à custa da não
realização desse projeto.
De um lado não se avança e do outro não se quer avançar. Cá e lá! Portanto, este é um debate para manter
sem que a obra nasça.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem, de novo, a palavra a Sr.ª Deputada Sara Madruga da Costa.
A Sr.ª Sara Madruga da Costa (PSD): — Sr. Presidente, o Sr. Deputado Carlos Pereira perdeu duas
oportunidades.
A primeira foi a de apresentar alguma proposta. A segunda foi a de ficar calado, hoje, porque vê-se mesmo
que não esteve aqui presente ontem!
Protestos do Deputado do BE Moisés Ferreira.
A sua narrativa não colhe, porque, ao contrário do que disse, as propostas foram acolhidas pelo PSD e,
infelizmente, não tiveram qualquer apoio da bancada do PS, que mais uma vez mostrou estar contra a Madeira
e contra os madeirenses.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, pelo Governo, o Sr. Secretário de Estado Adjunto e das Finanças,
Ricardo Mourinho Félix.
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e das Finanças (Ricardo Mourinho Félix): — Sr.ª Deputada Sara
Madruga da Costa, peço desculpa, mas se tiver um pouco de paciência para me ouvir hoje, tentarei voltar a
explicar o que já expliquei.
O custo de financiamento da República caiu. E caiu porque o Governo teve uma política orçamental
responsável, porque a economia cresceu,…
Vozes do PSD: — Ah!
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e das Finanças: — … porque se criou emprego e porque Portugal
honrou os compromissos que tinha e pagou antecipadamente a parte mais dispendiosa do empréstimo ao FMI.
Isso reduziu os custos de financiamento, e esses custos de financiamento, que são hoje mais baixos, podem e
devem ser partilhados com a Região Autónoma da Madeira.
A Sr.ª Sara Madruga da Costa (PSD): — Isso não é suficiente!
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e das Finanças: — Mas quem assinou o atual contrato de empréstimo
com o Governo Regional da Madeira foi o anterior Governo, a uma taxa fixa! Portanto, o que estamos aqui a
fazer é a apresentar uma proposta para partilhar estes benefícios com a Região Autónoma da Madeira.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Sara Madruga da Costa (PSD): — Isso não chega!
O Sr. Paulo Neves (PSD): — O dinheiro é nosso!
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O Sr. Secretário de Estado Adjunto e das Finanças: — Para que a Madeira pague uma taxa mais baixa,
para que reduza a sua dívida, para que possa usar a redução dos juros para reduzir a sua dívida de uma forma
mais confortável.
Mas isso para a Sr.ª Deputada não chega! O que a Sr.ª Deputada pede é que a Madeira seja financiada a
uma taxa inferior àquela a que a República se financia, e isso não é justo.
Pede para usar os ganhos que tem com a redução dos juros para fazer mais despesa, e isso não é
responsável.
O Sr. Paulo Neves (PSD): — O dinheiro é nosso!
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e das Finanças: — E depois, no fim, mente quando diz que nada é
proposto. Não é verdade! Há uma proposta que é justa,…
Vozes do PSD: — É mentira!
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e das Finanças: — … há uma proposta que beneficia o povo da
Madeira e que reduz a despesa em juros em 55 milhões de euros.
O Sr. Paulo Neves (PSD): — O dinheiro é nosso!
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e das Finanças: — Isto é uma redução substancial, é uma redução de
15% dos juros pagos no PAEF (Programa de Ajustamento Económico e Financeiro), …
Protestos da Deputada do PSD Sara Madruga da Costa.
… e a Sr.ª Deputada pode não aceitar, mas vai ter de explicar aos madeirenses porque é que não aceita e
vai ter de explicar a todos os portugueses porque é que quer que façam uma transferência e que financiem a
Madeira a um custo mais baixo do que aquele a que a República se financia.
Vai ter de explicar porque é que prefere uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma,…
Protestos do PSD.
… e porque é prefere sair daqui com uma proposta que é «uma coisa em forma de assim».
Em relação ao hospital central da Madeira, já deixei muito claro que aquilo com que o Governo se
compromete é em financiar 50% da despesa. Não é em financiar 50% da despesa com o novo hospital da
Madeira mais 50% daquilo que é o valor dos edifícios devolutos! Isso não seria justo e não seria equilibrado.
Isso não é algo passível de ser explicado aos portugueses, é algo que, seguramente, os madeirenses entendem!
Protestos do PSD.
A solidariedade é um direito e um dever. Se todos soubermos cumprir, o Governo não deixará de honrar os
seus compromissos e os seus deveres.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Vamos passar ao tema da segurança social.
Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Wanda Guimarães.
A Sr.ª Wanda Guimarães (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados,
não vale de nada apresentar pacotes sobre o envelhecimento ativo, como faz agora a direita, depois de ter
deixado os pensionistas e os reformados em situação de miséria.
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A forma como um partido trata os mais velhos é uma marca de civilização e sublinhamos que, com este
Governo, o risco de pobreza diminuiu, sobretudo nos idosos. É por isso que o PS continua e continuará a
devolver rendimentos e a aumentar as pensões como tem feito. Aumentou uma vez, aumentou duas, aumentou
três e agora vai aumentar pela quarta vez!
Aplausos do PS.
A pensão social mínima cresceu praticamente 10% e mesmo as pensões de 1000 € cresceram 3,5%. Mas
não são só os montantes que estão em causa, é também a valorização do tempo de trabalho que as pessoas
deram ao seu País. Daí as medidas já tomadas quanto às muitas longas carreiras contributivas: 60 anos de
idade e 46 de carreira contributiva.
Com o Orçamento do Estado de 2019, acaba-se com a dupla penalização de quem tenha 60 anos de idade
e pelo menos 40 anos de contribuições. É um avanço significativo, mas importa reforçar que não colocamos em
causa os direitos dos pensionistas que não reúnam as condições deste novo regime. Seria um absurdo
completo.
Esses continuarão, como é óbvio, a ter direito ao regime de flexibilização atualmente em vigor.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Não é assim tão óbvio!
A Sr.ª Wanda Guimarães (PS): — De uma vez por todas, Sr.as e Srs. Deputados, o binómio 60/40 que agora
apresentamos representa uma medida de progresso social e, como tal, deve ser encarado.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, pelo Grupo Parlamentar do PCP, a Sr.ª Deputada Diana Ferreira.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, o PCP já tem
afirmado que uma das marcas mais importantes que existe também neste Orçamento e um dos elementos mais
importantes deste Orçamento do Estado é o terceiro aumento extraordinário consecutivo de pensões,
inseparável daquela que tem sido a intervenção e a insistência do PCP nesta matéria, que nunca se contentou
com o descongelamento das pensões e sempre entendeu que era importante ir mais longe e repor o poder de
compra perdido pelos reformados e pelos pensionistas.
Aplausos do PCP.
Esta medida é, efetivamente, muito importante neste Orçamento do Estado, mas importa garantir mais
direitos, também, aos reformados e, nomeadamente, aos trabalhadores e aos subscritores da Caixa Geral de
Aposentações. Tem grande significado e importância para milhares de trabalhadores a aprovação da proposta
do PCP, que alarga aos subscritores da Caixa Geral de Aposentações o regime de eliminação do fator de
sustentabilidade previsto neste Orçamento. Defendemos uma verdadeira convergência dos sistemas de
proteção social, que aprofunde os direitos de todos os trabalhadores, tanto do setor público como do setor
privado, e que não deixe de fora os subscritores da Caixa Geral de Aposentações no novo avanço que se
consegue neste Orçamento.
O PCP mantém a sua posição de fundo sobre a valorização das longas carreiras contributivas e a
necessidade de garantir justiça social a quem trabalhou uma vida inteira, e 40 anos de carreira contributiva são
uma vida de trabalho, de descontos para a segurança social e de produção de riqueza para o País.
Este é um processo que está distante da sua conclusão e o PCP continuará a lutar para levar mais longe os
passos que são dados neste Orçamento.
Aplausos do PCP.
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O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado José Moura Soeiro, do Grupo Parlamentar do Bloco de
Esquerda.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, aprovou-se ontem o fim do fator de sustentabilidade, o
corte de 14,5% para as pensões antecipadas de quem começou a descontar até aos 20 anos, ou seja, de quem
aos 60 anos de idade tenha 40 anos de descontos, e ficou claro que se mantém o atual regime. Haver regras
mais favoráveis para esse grupo de pensionistas não significa limitar o acesso à pensão antecipada.
A proposta do Bloco na especialidade, ontem aprovada, tinha dois objetivos: alargar estas regras também
aos pensionistas da Caixa Geral de Aposentações e compatibilizar estas regras com regimes específicos. De
que é que estamos a falar? De regimes de desgaste rápido, como o dos mineiros ou o dos trabalhadores das
pedreiras, que não devem ter a aplicação do fator de sustentabilidade, ou dos desempregados de longa duração
que estejam nas mesmas circunstâncias daqueles pensionistas e que também não devem ver aplicado esse
corte.
Foi para colmatar estas falhas que o Bloco apresentou essa proposta e foi essa proposta que ontem
conseguimos aprovar.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes, do Grupo Parlamentar do PSD.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, ontem
tivemos oportunidade, mais uma vez, neste Plenário, de chamar a atenção para a necessidade de serem criadas
políticas públicas de apoio à natalidade.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — E chamamos também a atenção para a necessidade de este
Orçamento contemplar medidas nesse sentido, o que não se verifica.
Por esse motivo é que o PSD veio apresentar um conjunto de propostas precisamente de apoio à natalidade.
E o que é que aconteceu? Aconteceu que essas medidas foram rejeitadas pela esquerda, pela maioria que
apoia o Governo. Por isso, Sr.as e Srs. Deputados, não se entende que os senhores estejam constantemente a
dizer que estão preocupados com a baixa taxa de natalidade, que estão preocupados com as consequências
que isso gera, desde logo, para a sustentabilidade da segurança social, para a nossa economia e para a
renovação geracional, quando têm em cima da mesa medidas positivas para inverter essa situação. E o que é
que os senhores fazem? Os senhores rejeitam-nas.
Por isso, Srs. Deputados, os senhores não votaram apenas contra uma proposta do PSD de apoio à
natalidade; votaram contra os portugueses, votaram contra as famílias que querem ter filhos e contra as famílias
que querem ter mais filhos, e é a essas famílias que os senhores vão ter de dar explicações.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Filipe Anacoreta Correia, do Grupo Parlamentar do CDS-
PP.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o CDS-PP apresentou
uma série de propostas relativas ao reforço do abono de família para as famílias numerosas, que são uma das
fações da sociedade com uma maior taxa de risco de pobreza, mesmo com as transferências socias. A verdade
é que elas foram chumbadas pela esquerda, mas queremos realçar aquilo que o CDS aqui fez: ajudar o Governo
a cumprir o seu Programa, nomeadamente no que se refere ao cuidador informal, cuidar de corrigir a hipocrisia
da extrema-esquerda, que anuncia ao País uma coisa mas, depois, não negoceia com o Governo, de forma a
assegurar condições para os cuidadores informais. Congratulamo-nos com a aprovação da medida mais
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elementar e mais urgente que os cuidadores pedem, que tem a ver com a consagração do descanso, que é
absolutamente indispensável.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Falcato Simões, do Grupo Parlamentar do Bloco
de Esquerda.
O Sr. Jorge Falcato Simões (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados, ontem não se fez justiça. Depois de conhecer a rejeição da proposta de antecipação da idade de
reforma para os trabalhadores com deficiência, o meu amigo António escreveu: «Agradeço aos Deputados por
me terem condenado a trabalhar até morrer».
O António tem uma doença neuromuscular. Dir-me-ão: «Nem todas as pessoas com deficiência são o
António». É verdade, mas é um facto que a maioria das pessoas com deficiência tem um envelhecimento
precoce, não só decorrente das suas incapacidades mas, também, do esforço acrescido que têm de fazer para
ultrapassar diariamente as mais diversas barreiras, desde barreiras arquitetónicas até às barreiras atitudinais.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — O BE não negociou isso com o Governo?!
O Sr. Jorge Falcato Simões (BE): — Hoje, as Sr.as e os Srs. Deputados têm a oportunidade de corrigir o
erro de ontem. Caso não aconteça, as pessoas com deficiência não desistem. Hoje, entregam uma petição que
nos obrigará a discutir novamente este assunto. Esperamos que, nesse dia, se faça justiça.
Aplausos do BE.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — O BE esqueceu-se de muitas pessoas. Fala, fala, mas
esquece!
O Sr. Presidente: — Passamos ao tema dos cuidadores informais.
Tem a palavra o Sr. Deputado João Dias, do Grupo Parlamentar do PCP.
O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, avocámos para
Plenário a votação da proposta do PCP sobre os cuidadores informais.
A aprovação destas medidas é da maior importância para o reconhecimento do papel dos cuidadores
informais mas, mais do que reconhecimento, é justo admitir que só foi possível chegar até aqui com a luta dos
cuidadores informais. Merecem mais, bem mais!
Contudo, entendemos que esta proposta permitirá, para já, implementar uma rede pública de apoio aos
cuidadores informais e às pessoas que são cuidadas. Nesse sentido, a criação de um projeto-piloto permitirá
levar a cabo um programa de desenvolvimento da rede de apoio aos cuidadores informais com base nos serviços
públicos, que possa ser generalizado a todo o País, assegurando a cobertura territorial nas diversas respostas
e valências que propomos.
Porém, o PCP continuará a defender mais e melhores condições para o difícil papel do cuidador informal
através de um seu projeto de lei que se encontra em fase de discussão na especialidade.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado José Moura Soeiro, do Grupo Parlamentar do Bloco de
Esquerda.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, o Bloco de Esquerda incorporou na proposta de lei do
Orçamento um compromisso para o reforço dos apoios sociais e do descanso dos cuidadores e das cuidadoras
informais.
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Ontem, votámos favoravelmente uma proposta do PCP de um projeto-piloto para os cuidadores e um
princípio, que já está consagrado na lei, do descanso do cuidador. Chumbámos uma parte da proposta do CDS,
que era pior do que o está na lei e que falava de um descanso de 15 dias, quando a lei já consagra 90 dias. Era
uma proposta absurda, que foi chumbada.
Sabemos, contudo, que não é com um projeto-piloto numa região ou com mais um enunciado de um princípio
que vamos resolver os problemas dos cuidadores. Precisamos de aprovar o estatuto do cuidador informal, que
está, neste momento, na especialidade. Foi para isso que o Bloco de Esquerda apresentou um projeto de lei,
para aprovarmos o estatuto do cuidador informal, e é esse caminho que precisamos de fazer.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim.
A Sr.ª Secretária de Estado da Segurança Social (Cláudia Joaquim): — Sr. Presidente, Srs. Deputados,
começando pelas questões sinalizadas pelos Grupos Parlamentares do PSD e do CDS relativamente à
natalidade e à necessidade de serem promovidas medidas de conciliação familiar, a proposta que o PSD
apresenta e que avocou para este início de Plenário refere-se às creches, ao alargamento da rede de
equipamentos sociais, sendo essa é uma realidade em que, felizmente, Portugal se destaca a nível europeu.
Temos uma taxa de cobertura de creches de cerca de 50%. Em 2004, tínhamos uma taxa de cobertura de
creches de 23,5% e, por isso, foi criado, na altura, o programa PARES (Programa de Alargamento da Rede de
Equipamentos Sociais). É natural que, em algumas zonas do País, nomeadamente nas Áreas Metropolitanas
do Porto e de Lisboa, precisamos de reforçar esse investimento, e é nesse sentido que estamos a trabalhar.
É pena que o atual quadro comunitário, quando foi desenhado, não tenha considerado o investimento em
equipamentos sociais uma prioridade, porque, senão, talvez já tivéssemos conseguido corrigir estas lacunas em
Lisboa e no Porto.
Aplausos do PS.
De qualquer forma, estamos a trabalhar nesse sentido e a proposta em concreto é uma proposta cuja
aplicação prática já existe. Qualquer empresa pode constituir uma IPSS (instituição particular de solidariedade
social) e qualquer IPSS pode, de facto, criar uma creche e ter acordo de cooperação com a Segurança Social.
Mais do que propostas programáticas, teria sido muito importante terem sido criadas as condições para essa
promoção da natalidade, promoções essas e defesa das famílias numerosas que também não sentimos nas
famílias numerosas que eram beneficiárias do RSI (rendimento social de inserção), que foram as famílias mais
prejudicadas com a alteração da escala de equivalência e que deixaram de ter esse apoio do rendimento social
de inserção.
Aplausos do PS.
Talvez por serem famílias numerosas, mas as mais pobres não sei. Felizmente, também revertemos isso em
2016 e conseguimos que as famílias mais numerosas, com menores recursos, passassem a ter apoio.
Relativamente ao cuidador informal,…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Secretária de Estado.
A Sr.ª Secretária de Estado da Segurança Social: — … essa é uma matéria muito importante, que estamos
a trabalhar em conjunto, tendo em conta as propostas que estão no Parlamento. É preciso ter presente o
seguinte: o cuidador informal existe…
O Sr. Presidente: — Sr.ª Secretária de Estado, tem de terminar.
A Sr.ª Secretária de Estado da Segurança Social: — Vou já terminar, Sr. Presidente.
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Como estava a dizer, o cuidador informal existe, porque existe uma pessoa cuidada e um cuidador informal
principal. Aquele, sim, que está dedicado inteiramente,…
O Sr. Presidente: — Tem mesmo de terminar, Sr.ª Secretária de Estado.
A Sr.ª Secretária de Estado da Segurança Social: — … precisa de um apoio especial e particular, e não
podemos generalizar a quase todos os portugueses.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Filipe Anacoreta Correia, do CDS-PP.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados, o Governo vem dizer que está a trabalhar no cuidador informal, mas pena é que ninguém ainda se
tenha apercebido o que é que está a fazer. O trabalho deve ser tão poucochinho, tão poucochinho, que, de facto,
os resultados não se veem.
A este propósito, não posso deixar de sublinhar aquela que é a postura lamentável do Bloco de Esquerda,
que durante todo o tempo disse que exigia, que reclamava que o estatuto de cuidador informal entrasse em
vigor já no próximo Orçamento de 2019, mas, agora, negoceia um Orçamento com o Governo, aprova um
Orçamento com o Governo, deixando as pessoas que mais precisam à porta das suas negociações e esquece
muito rapidamente aqueles de que pretende ser a voz.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Passamos a outro tema, o do poder local.
Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Paulo Oliveira, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
desde 2016 que as dívidas em atraso da Administração Central dos setores público e empresarial voltaram a
apresentar uma curva ascendente, e quem sofre são as empresas que, na prática, passam a financiar o Estado,
arcando com custos financeiros extra, que lhes retiram liquidez e competitividade. Quem sofre são os utentes
dos serviços públicos, cada vez mais degradados, também por força de um Estado incumpridor.
Pagar a tempo e horas é uma medida básica para a dinamização da economia e para a tão propalada reforma
do Estado. Obrigar o Governo a apresentar um plano que, entre outras coisas, conduza à redução global de
pelo menos 30% das dívidas em atraso por ano, sinceramente, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, não é
pedir muito a um Estado que se quer regrado, que se quer disciplinado e que se comporte como uma pessoa
de bem.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para uma última intervenção neste período de debate de avocações, tem a palavra a
Sr.ª Deputada Cecília Meireles, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
ontem, tivemos muitos momentos aqui em que se fez o chamado «teste do voto», que é o momento em que se
fica a saber se os votos acompanham as declarações do PS, se os votos acompanham as proclamações do
PCP e se os votos acompanham as muitas indignações do Bloco de Esquerda.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!
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A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Gostava de falar de uma votação que acho servir de exemplo ao que
têm sido estes quatro anos de governação da geringonça e de maioria parlamentar da gerigonça, que tem a ver
com promessas do Governo.
Durante os anos deste Governo, várias vezes tem prometido quer à Polícia Judiciária, quer ao SEF (Serviço
de Estrangeiros e Fronteiras), quer, também, aos oficiais de justiça, a revisão das suas leis orgânicas. Todos os
anos, o Governo promete que vai fazer isto.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — É verdade!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Então, se o Governo promete, o CDS decidiu marcar um prazo, até
março do ano que vem, para se fazer esta revisão.
O Sr. João Oliveira (PCP): — O CDS não deixou isso feito no anterior Governo?!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Curiosamente, todos os partidos, menos o PS, concordaram com esta
proposta, que foi ontem aprovada, o que, aliás, foi noticiado com o título «Leis da PJ e do SEF deixam PS
isolado».
Pois bem, Sr.as e Srs. Deputados, passadas umas horas, não se sabe como — talvez por causa de um Sr.
Secretário de Estado que aqui estava sentado, a vigiar as votações —, o PCP e o Bloco mudaram de ideias.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso diz muito dos seus critérios!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — O PCP e o Bloco mudaram de ideias e deixaram a PJ e o SEF
isolados,…
Protestos de Deputados do BE e do PCP.
… porque, no fim das votações, a proposta do CDS acabou por ser — imagine-se! — chumbada, por
mudança de ideias do PCP e do Bloco. Talvez agora, com a repetição da votação, os Srs. Deputados ganhem
algum respeito, não só por estas forças, mas, sobretudo, pelos portugueses, que precisam de se sentir seguros.
A marca desta governação e da maioria que a apoia tem sido esta: quando toca às funções de soberania do
Estado, quando toca às pessoas e ao seu sentimento de segurança, quando toca ao combate ao crime, os
senhores nunca — mas mesmo nunca! — sabem dizer «presente». Nunca!
Aplausos do CDS-PP.
Mudam sempre de ideias, deixam sempre para amanhã e nunca é para hoje. Este é o dia de fazer o teste do
voto!
Da mesma maneira, avocámos a norma relativa às cativações, porque, já que o PCP e o Bloco estão sempre
tão indignados com as cativações, chega de desculpas.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Ora bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Todas as propostas que dizem respeito à formação profissional, à
saúde, à segurança interna, à defesa e à justiça…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — … e relativamente às quais o CDS propôs a proibição de cativações
foram chumbadas. Portanto, agora é o teste do voto!
Aplausos do CDS-PP.
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O Sr. Presidente: — Ainda sobre o mesmo tema, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o Grupo Parlamentar do PCP
apresentou, neste Orçamento, várias propostas visando o reforço e a melhoria da capacidade de resposta das
forças e dos serviços de segurança.
Vozes do CDS-PP: — Ah, sim!…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Apresentámos propostas para a contratação de profissionais para todas forças
e todos os serviços de segurança — PSP (Polícia de Segurança Pública), GNR (Guarda Nacional Republicana),
Polícia Marítima, SEF, Polícia Judiciária — e para o controlo e o reforço do cumprimento da lei de programação
dos equipamentos das forças e dos serviços de segurança. São propostas sérias e apresentamo-las como um
contributo sério para que este Orçamento dê uma resposta a estes problemas.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — São sérias, são!…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Naturalmente, nestas áreas, mantemos o mesmo critério que temos tido em
todas as outras: votamos favoravelmente propostas que são coincidentes com as nossas e não embarcamos
nos processos de demagogia do PSD e do CDS.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ah!…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Aliás, Sr. Presidente, devo dizer que, por um momento, deve ter havido alguma
confusão.
O Sr. Presidente: — Mas tem de dizer rapidamente, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É que parece que o PSD e o CDS tinham proposto rever as leis orgânicas da
Polícia Judiciária e de outras forças e outros serviços de segurança nos quatro anos em que estiveram no
Governo e é estranho que agora venham dizer que é preciso rever leis orgânicas, quando tinham assumido esse
compromisso.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
Protestos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Concluída a discussão das normas avocadas, passamos à sua votação.
Antes de mais, vamos proceder à verificação do quórum de deliberação, utilizando o sistema eletrónico.
Pausa.
O quadro eletrónico regista 206 presenças, às quais se acrescentam as dos Srs. Deputados Idália Salvador
Serrão, Joaquim Barreto e Porfírio Silva, do PS, e Álvaro Batista, Emídio Guerreiro, Feliciano Barreiras Duarte
e Rubina Berardo, do PSD, perfazendo 213 Deputados, pelo que temos quórum para proceder às votações.
Srs. Deputados, vamos começar pelo artigo 4.º — Utilização condicionada das dotações orçamentais.
Vamos proceder à votação da proposta 544-C, do PSD, que emenda o n.º 13 deste artigo da proposta de lei.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos a favor
do PSD e do PAN e a abstenção do CDS-PP.
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Votamos agora o n.º 13 do artigo 4.º
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos contra
do PSD e do CDS-PP e a abstenção do PAN.
Passamos à votação da proposta 312-C, do CDS-PP, de aditamento de um artigo 4.º-C — Proibição de
cativações nas áreas da saúde, defesa, segurança interna e justiça.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos a favor
do CDS-PP e abstenções do PSD e do PAN.
Segue-se a votação da proposta 100-C, apresentada pelo Bloco de Esquerda, de aditamento de um artigo
8.º-A — Suspensão do Dia da Defesa Nacional.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PSD, do PS, do CDS-PP e do PCP, votos a favor do
BE e de Os Verdes e a abstenção do PAN.
Vamos votar a proposta 841-C, do Bloco de Esquerda, de aditamento de um artigo 27.º-A — Contabilização
integral do tempo de serviço para efeitos de reposicionamento e progressão.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PSD, do PS e do CDS-PP e votos a favor do BE, do
PCP, de Os Verdes e do PAN.
Votamos agora a proposta 743-C, apresentada pelo CDS-PP, de aditamento de um artigo 28.º-A — Revisão
de leis estatutárias e orgânicas.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos a favor
do PSD e do CDS-PP e a abstenção do PAN.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — O Bloco de Esquerda e o PCP mudaram o sentido de voto?! Alguém
levou um puxão de orelhas!
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos passar à proposta 466-C, do PCP, de aditamento de um artigo
30.º-A — Progressão na carreira, relativamente à qual foi solicitada a votação desagregada dos n.os 1, 2 e 3.
Começamos, pois, por votar o n.º 1 do artigo 30.º-A.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PSD, do BE, do PCP, de Os Verdes e do PAN,
votos contra do PS e a abstenção do CDS-PP.
Votamos agora o n.º 2 do mesmo artigo.
Submetido à votação, foi rejeitado, com votos contra do PS, votos a favor do BE, do PCP, de Os Verdes e
do PAN e abstenções do PSD e do CDS-PP.
Por fim, vamos votar o n.º 3.
Submetido à votação, foi rejeitado, com votos contra do PSD, do PS e do CDS-PP e votos a favor do BE, do
PCP, de Os Verdes e do PAN.
Passamos à votação da proposta 74-C, do PAN, de aditamento de um artigo 36.º-A — Contratação de
intérpretes de língua gestual portuguesa para o Serviço Nacional de Saúde.
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Submetida à votação, foi aprovada, com votos a favor do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do PAN e
abstenções do PSD e do CDS-PP.
Vamos proceder à votação da proposta 604-C, apresentada pelos Deputados do PSD Paulo Neves, Rubina
Berardo e Sara Madruga da Costa, de aditamento de um artigo 53.º-A — Aplicação da Lei Orgânica n.º 2/2013,
de 2 de setembro, à Região Autónoma da Madeira.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos a favor do PSD e do CDS-PP, votos contra do PS, do BE, do
PCP e de Os Verdes e a abstenção do PAN.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Peço a palavra, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr. Presidente, pedia o favor de repetir esta votação.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos, então, repetir a votação da proposta 604-C, apresentada pelos
Deputados do PSD Paulo Neves, Rubina Berardo e Sara Madruga da Costa, de aditamento de um artigo 53.º-
A — Aplicação da Lei Orgânica n.º 2/2013, de 2 de setembro, à Região Autónoma da Madeira.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos a favor
do CDS-PP e dos Deputados do PSD Paulo Neves, Rubina Berardo e Sara Madruga da Costa e abstenções do
PSD e do PAN.
O Sr. Presidente: — Segue-se a votação da proposta 518-C, apresentada pelos Deputados do PSD Paulo
Neves, Rubina Berardo e Sara Madruga da Costa, de aditamento de um artigo 53.º-B — Norma repristinatória.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos a favor
do PSD e do CDS-PP e a abstenção do PAN.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Nesta votação já não houve castigo!
O Sr. Presidente: — Votamos agora a proposta 691-C, do PS, de aditamento de um artigo 54.º-B — Auxílios
no âmbito da legalização do Bairro Americano de Santa Rita.
Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.
Passamos ao artigo 60.º — Hospital Central da Madeira.
Vamos proceder à votação da proposta 554-C, apresentada pelo PSD, de substituição deste artigo da
proposta de lei.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes e votos a favor
do PSD, do CDS-PP e do PAN.
Vozes do PSD: — Ah!… O PS votou contra!
O Sr. Presidente: — Vamos proceder à votação da proposta 39-C, apresentada pelo PCP, de emenda ao
artigo 60.º.
Submetida à votação, foi aprovada, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos contra
do PSD e abstenções do CDS-PP e do PAN.
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Vamos votar a proposta 276-C, apresentada pelo CDS-PP, de emenda ao artigo 60.º.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes e votos a favor
do PSD, do CDS-PP e do PAN.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr. Presidente, peço a palavra.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, estamos no meio das votações, mas faça favor.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr. Presidente, peço desculpa, tem toda a razão. De resto, a meio de
votações só excecionalmente se pede a palavra, mas é precisamente por isso. É que houve aqui um lapso e
neste momento não temos o guião ao qual voltámos, pelo que peço a suspensão das votações por 1 minuto
para termos o guião em nossa posse e podermos exercer conscientemente o nosso voto. Peço desculpa por
interromper as votações mas era isso que eu pedia.
Pausa.
O Sr. Presidente: — Vamos votar a proposta 574-C, do BE, de emenda ao artigo 60.º da proposta de lei.
Submetida à votação, foi aprovada, com votos a favor do PSD e do BE, votos contra do PS e abstenções do
CDS-PP, do PCP, de Os Verdes e do PAN.
Fica, assim, prejudicada a votação do artigo 60.º da proposta de lei.
A Sr.ª Deputada Helena Roseta pede a palavra para que efeito?
A Sr.ª Helena Roseta (PS): — Sr. Presidente, temos alguma dificuldade em acompanhar estas votações.
Estamos com o guião que está nos serviços, na AR@Net, e nem sempre o que a Mesa está a dizer confere com
o que está no guião. Essa é a nossa dificuldade. Se, quando citar o artigo, o Sr. Presidente puder dizer a
respetiva epígrafe, estaremos todos a acompanhar as votações com maior eficácia.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, acontece que, muitas vezes, não temos aqui a epígrafe dos artigos,
sobretudo nas alterações que são feitas durante a sessão, e, portanto, embora perceba o problema dos Srs.
Deputados, é muito difícil.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr. Presidente, peço a palavra.
O Sr. Presidente: — Faz favor, Sr. Deputado.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr. Presidente, sobre este artigo 60.º que acabámos de votar, o Parlamento
acabou de aprovar duas propostas, a 39-C e a 574-C, uma do PCP e a outra do Bloco, que são, diria,
contraditórias — e esta é a palavra mais simpática que posso utilizar. Por vezes, há alterações que em redação
final podem ser encontradas, mas, neste caso, a proposta do PCP que aprovámos, por exemplo, não garante
os 50% de financiamento público para o Hospital Central da Madeira e a proposta 574-C, do Bloco de Esquerda,
tem expressamente previsto que há uma comparticipação de 50%, por parte do Estado, para o Hospital Central
da Madeira — com valores e tudo!
Sr. Presidente, perante esta incongruência do Plenário, pergunto qual a melhor leitura que V. Ex.ª faz.
O Sr. Presidente: — A minha interpretação é que não há incongruência. Neste caso, o que tem de ficar na
redação final é os 50% porque é aquilo que é concreto e que ultrapassa a situação anterior.
Vamos continuar com as votações.
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Segue-se o artigo 61.º — Encargos com juros no âmbito do empréstimo do Programa de Assistência
Económica e Financeira à Região Autónoma da Madeira.
Vamos votar o n.º 1 do artigo 61.º.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PSD, do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do
PAN e votos contra do CDS-PP.
Passamos à votação da proposta 280-C1, apresentada pelo PCP, de emenda ao n.º 2 do artigo 61.º.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PSD e do PS, votos a favor do BE, do CDS-PP, do
PCP e de Os Verdes e a abstenção do PAN.
Vamos votar a proposta 316-C, do CDS-PP, de emenda ao n.º 2 do artigo 61.º.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PSD e do PS, votos a favor do BE, do CDS-PP, do
PCP e de Os Verdes e a abstenção do PAN.
Segue-se a votação da proposta 418-C1, apresentada pelo BE, de emenda ao n.º 2 do artigo 61.º.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PSD e do PS, votos a favor do BE, do CDS-PP, do
PCP e de Os Verdes e a abstenção do PAN.
Passamos à votação da proposta 555-C1, do PSD, na parte em que emenda o n.º 2 do artigo 61.º.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos a favor
do PSD e do CDS-PP e a abstenção do PAN.
Vamos votar o n.º 2 do artigo 61.º.
Submetido à votação, foi rejeitado, com votos contra do PSD e do CDS-PP, votos a favor do PS e do PAN e
abstenções do BE, do PCP e de Os Verdes.
Segue-se a votação da proposta 280-C2, apresentada pelo PCP,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Peço a palavra, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Faz favor, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, eu não me importava que fosse a proposta do PCP aprovada
e que as outras fossem prejudicadas, mas como há três propostas de eliminação, elas devem ser votadas em
conjunto.
O Sr. Presidente: — Vamos, pois, votar em conjunto as propostas 280-C2, do PCP, 418-C2, do BE, e 555-
C2, do PSD, todas de eliminação do n.º 3 do artigo 61.º.
Submetidas à votação, foram aprovadas, com votos a favor do PSD, do BE, do CDS-PP, do PCP e de Os
Verdes, votos contra do PS e a abstenção do PAN.
Fica, assim, prejudicada a votação do n.º 3 do artigo 61.º.
Vamos votar o n.º 4 do artigo 61.º.
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Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PSD, do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do
PAN e a abstenção do CDS-PP.
Passamos ao artigo 64.º — Montantes da participação das autarquias locais nos impostos do Estado.
Vamos votar a alínea a), n.º 1, do artigo 64.º.
Submetida à votação, foi aprovada, com votos a favor do PSD, do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos
contra do CDS-PP e a abstenção do PAN.
Vamos votar em conjunto as alíneas b), c) e o corpo do n.º 1 do artigo 64.º.
Submetidos à votação, foram aprovados, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos
contra do PSD e do CDS-PP e a abstenção do PAN.
Segue-se a votação do n.º 2 do artigo 64.º.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos contra
do PSD e abstenções do CDS-PP e do PAN.
Vamos votar o n.º 3 do artigo 64.º.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos contra
do PSD e abstenções do CDS-PP e do PAN.
Votamos o n.º 4 do artigo 64.º.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos contra
do PSD e abstenções do CDS-PP e do PAN.
Vamos votar o n.º 5 do artigo 64.º.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos contra
do PSD e do CDS-PP e a abstenção do PAN.
Segue-se a votação do n.º 6 do artigo 64.º.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos contra
do PSD e do CDS-PP e a abstenção do PAN.
Vamos votar o n.º 7 do artigo 64.º.
Submetido à votação, foi rejeitado, com votos contra do PSD, votos a favor do PS e abstenções do BE, do
CDS-PP, do PCP, de Os Verdes e do PAN.
Vamos votar o n.º 8 do artigo 64.º.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos contra
do PSD e abstenções do CDS-PP e do PAN.
De seguida, vamos votar o n.º 9 do artigo 64.º.
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Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos contra
do PSD e abstenções do CDS-PP e do PAN.
Passamos à votação da proposta 523-C, apresentada pelos Deputados do PSD Paulo Neves, Rubina
Berardo e Sara Madruga da Costa, de aditamento de um n.º 10 ao artigo 64.º.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PSD, do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos
a favor do CDS-PP e dos Deputados do PSD Paulo Neves, Rubina Berardo e Sara Madruga da Costa e a
abstenção do PAN.
Segue-se a votação da proposta 345-C, do BE, de aditamento de um artigo 65.º-A — Oitava alteração à Lei
n.º 73/2013, de 3 de setembro.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PSD, do PS, do CDS-PP, do PCP e de Os Verdes,
votos a favor do BE e a abstenção do PAN.
Vamos votar a proposta 84-C, do BE, de eliminação do artigo 70.º — Obrigações assumidas pelos municípios
no âmbito do processo de descentralização de competências.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PSD e do PS, votos a favor do BE, do CDS-PP, do
PCP e de Os Verdes e a abstenção do PAN.
Vamos proceder à votação do artigo 70.º.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, votos contra do BE, do CDS-PP, do PCP e de
Os Verdes e abstenções do PSD e do PAN.
De seguida, vamos votar o n.º 1 do artigo 72.º — Redução dos pagamentos em atraso.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do CDS-PP, do PCP e de Os Verdes e
abstenções do PSD e do PAN.
Votamos agora o n.º 2 do artigo 72.º.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes e abstenções
do PSD, do CDS-PP e do PAN.
Segue-se a votação conjunta dos n.os 3 e 4 do artigo 72.º.
Submetidos à votação, foram aprovados, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes e
abstenções do PSD, do CDS-PP e do PAN.
Passamos à votação da proposta 292-C, do PCP, de emenda do n.º 1 do artigo 73.º — Acordos de
regularização de dívidas das autarquias locais.
Submetida à votação, foi aprovada, com votos a favor do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do PAN, votos
contra do PSD e a abstenção do CDS-PP.
Fica prejudicada a votação do n.º 1 do artigo 73.º.
Vamos proceder à votação da proposta 708-C, do PS, de aditamento de um novo n.º 2 ao artigo 73.º.
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Submetida à votação, foi aprovada, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes e abstenções
do PSD, do CDS-PP e do PAN.
Vamos votar, conjuntamente, os n.os 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 do artigo 73.º.
Submetidos à votação, foram aprovados, com votos a favor do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do PAN
e abstenções do PSD e do CDS-PP.
Votamos agora a proposta 97-C, do BE, de aditamento de um artigo 73.º-A.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PSD, do PS e do CDS-PP, votos a favor do BE, do
PCP e de Os Verdes e a abstenção do PAN.
De seguida, vamos votar o n.º 1 do artigo 74.º — Eficiência nos sistemas municipais ou intermunicipais.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes e abstenções
do PSD, do CDS-PP e do PAN.
Vamos proceder à votação do n.º 2 do artigo 74.º.
Submetido à votação,foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes e abstenções
do PSD, do CDS-PP e do PAN.
Segue-se a votação da proposta 288-C, do PCP, de aditamento de um n.º 3 ao artigo 74.º.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PSD e do PS, votos a favor do BE, do PCP e de Os
Verdes e abstenções do CDS-PP e do PAN.
Vamos votar o artigo 75.º — Pagamento a concessionários decorrente de decisão judicial ou arbitral ou de
resgate de contrato de concessão.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes e abstenções
do PSD, do CDS-PP e do PAN.
Passamos à votação da proposta 776-C, do PS, de aditamento de um n.º 8 ao artigo 75.º.
Submetida à votação, foi aprovada, com votos a favor do PS, votos contra do BE, do CDS-PP, do PCP e de
Os Verdes e abstenções do PSD e do PAN.
De seguida, vamos votar a proposta 535-C, do CDS-PP, de aditamento de um artigo 75.º-A — Extinção de
parcerias público-privadas nos municípios.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos a favor
do PSD e do CDS-PP e a abstenção do PAN.
Votamos agora a proposta 864-C, do PSD, de aditamento de um artigo 75.º-A — Extinção de parcerias
público-privadas no setor municipal.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos a favor
do PSD e do CDS-PP e a abstenção do PAN.
Vamos proceder à votação do n.º 1 do artigo 79.º — Auxílios financeiros e cooperação técnica e financeira.
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Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes e abstenções
do PSD, do CDS-PP e do PAN.
Vamos votar, em conjunto, as alíneas a), b) e c) do n.º 2, o corpo do n.º 2 e o n.º 3 do artigo 79.º.
Submetidos à votação, foram aprovados, com votos a favor do PS, votos contra do BE, do PCP e de Os
Verdes e abstenções do PSD, do CDS-PP e do PAN.
De seguida, vamos votar o artigo 83.º — Liquidação das sociedades Polis.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PSD, do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do
PAN e a abstenção do CDS-PP.
Passamos à votação da proposta 289-C, do PCP, de emenda do artigo 86.º — Aquisição de bens objeto de
contrato de locação.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PSD, do PS e do CDS-PP, votos a favor do BE, do
PCP, de Os Verdes e a abstenção do PAN.
Votamos agora o artigo 86.º.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes e abstenções
do PSD, do CDS-PP e do PAN.
Vamos proceder à votação conjunta dos n.os 1 e 2 do artigo 87.º — Empréstimos dos municípios para
habitação e operações de reabilitação urbana.
Submetidos à votação, foram aprovados, com votos a favor do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do PAN
e abstenções do PSD e do CDS-PP.
Vamos votar o n.º 3 do artigo 87.º.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS e do PAN e abstenções do PSD, do BE, do
CDS-PP, do PCP e de Os Verdes.
Segue-se a votação do n.º 4 do artigo 87.º.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS e do PAN, votos contra do BE, do PCP e de Os
Verdes e abstenções do PSD e do CDS-PP.
Passamos à votação do n.º 1 do artigo 88.º — Dívidas resultantes da recuperação de áreas e equipamentos
afetados por incêndios ou outras circunstâncias excecionais.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do PAN e
abstenções do PSD e do CDS-PP.
Vamos votar o n.º 2 do artigo 88.º.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS e do PAN, votos contra do PCP e de Os Verdes
e abstenções do PSD, do BE e do CDS-PP.
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Vamos proceder à votação do n.º 3 do artigo 88.º.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do PAN e
abstenções do PSD e do CDS-PP.
Segue-se a votação da proposta 794-C, do PS, de aditamento de um artigo 88.º-A — Alteração ao regime
financeiro das autarquias locais e das entidades intermunicipais.
Submetida à votação, foi aprovada, com votos a favor doPS, do BE, do PCP, de Os Verdes e abstenções
do PSD, do CDS-PP e do PAN.
Srs. Deputados, vamos votar a proposta 20-C, apresentada pelo BE, na parte em que adita um n.º 3 ao artigo
90.º — Regime de flexibilização da idade de acesso à pensão.
Submetida à votação, foi aprovada, com votos a favor do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do PAN e
abstenções do PSD e do CDS-PP.
Vamos agora votar a proposta 90-C, apresentada pelo PCP, de aditamento de um n.º 3 ao artigo 90.º —
Regime de flexibilização da idade de acesso à pensão.
Submetida à votação, foi aprovada, com votos a favor do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do PAN e
abstenções do PSD e do CDS-PP.
Vamos votar a proposta 837-C, apresentada pelo PS, de aditamento de um n.º 3 ao artigo 90.º — Regime de
flexibilização da idade de acesso à pensão.
Submetida à votação, foi aprovada, com votos a favor do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do PAN e
abstenções do PSD e do CDS-PP.
Vamos votar a proposta 20-C, apresentada pelo BE, na parte em que adita um n.º 4 ao artigo 90.º — Regime
de flexibilização da idade de acesso à pensão.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PSD, do PS e do CDS-PP e votos a favor do BE, do
PCP, de Os Verdes e do PAN.
Vamos votar a proposta 20-C, apresentada pelo BE, na parte em que adita um n.º 5 ao artigo 90.º — Regime
de flexibilização da idade de acesso à pensão.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PSD, do PS e do CDS-PP e votos a favor do BE, do
PCP, de Os Verdes e do PAN.
Vamos agora votar a proposta 484-C, apresentada pelo BE, de aditamento de um artigo 90.º-A — Idade da
reforma para trabalhadores com deficiência.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PS, votos a favor do BE, do PCP, de Os Verdes e
do PAN e abstenções do PSD e do CDS-PP.
Vamos votar a proposta 244-C, apresentada pelo PCP, na parte em que adita um novo n.º 2 ao artigo 94.º
— Cuidadores informais.
Submetida à votação, foi aprovada, com votos a favor do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do PAN e
abstenções do PSD e do CDS-PP.
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Vamos votar a proposta 244-C, apresentada pelo PCP, na parte em que adita um novo n.º 3 ao artigo 94.º
— Cuidadores informais.
Submetida à votação, foi aprovada, com votos a favor do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do PAN e
abstenções do PSD e do CDS-PP.
Vamos votar a proposta 674-C, apresentada pelo CDS-PP, de aditamento de um artigo 94º-A — Descanso
do cuidador informal.
A pedido dos Srs. Deputados, vamos desagregar a votação e, assim sendo, começaremos por votar o n.º 1.
Submetido à votação, foi rejeitado, com votos contra do PS, do BE, do PCP e de Os Verdes, votos a favor
do CDS-PP e do PAN e a abstenção do PSD.
Vamos agora votar em conjunto os n.os 2 e 3 da proposta 674-C.
Submetidos à votação, foram aprovados, com votos a favor do PSD, do CDS-PP, do BE e do PAN e votos
contra do PS, do PCP e de Os Verdes.
Vamos votar a proposta 863-C, apresentada pelo PSD, de aditamento de um novo artigo 106.º-B — Creches
e jardins de infância em unidades empresariais.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra PS, do BE, do PCP e de Os Verdes e votos a favor
PSD, do CDS-PP e do PAN.
Vamos passar à votação da proposta 623-C, apresentada pelo PSD, de aditamento de um artigo 110.º-A —
Pagamentos em atraso.
Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra PS, do BE, do PCP e de Os Verdes e votos a favor
PSD, do CDS-PP e do PAN.
Srs. Deputados, chegamos assim ao fim do período das votações.
Tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Pacheco.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr. Presidente, gostaria de fazer uma alteração no nosso sentido de voto
relativamente a uma proposta, se me der licença.
O Sr. Presidente: — Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr. Presidente, na proposta 316-C, apresentada pelo CDS-PP, relativa ao
artigo 61.º, sobre o financiamento da Região Autónoma da Madeira, o sentido de voto do PSD é a favor, o que
altera o resultado final da votação, mas, para defender os interesses da Madeira, o PSD entende que deve ser
este o seu sentido de voto.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, não são necessárias considerações.
Portanto, o resultado da votação é alterado e a proposta, agora referida, foi aprovada.
Srs. Deputados, chegámos, assim, ao final deste ponto da nossa ordem do dia.
Vamos passar ao ponto 3 — continuação da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2019.
Srs. Deputados, a Mesa aguarda inscrições.
Pausa.
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Entretanto assumiu a presidência o Vice-Presidente José Manuel Pureza.
O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, agradeço que retomem os seus lugares para recomeçarmos os
nossos trabalhos, aplicando-se o mesmo pedido aos Srs. Membros do Governo, para, logo que seja possível,
podermos trabalhar.
Pausa.
Srs. Deputados, vamos retomar o debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2019, começando
pelo artigo 137.º — Apoio às empresas afetadas pelos incêndios, que tem agregadas as propostas 227-C,
apresentada pelo PCP, e 618-C, apresentada pelo PAN.
Está inscrito o Sr. Deputado João Vasconcelos, do Bloco de Esquerda, a quem dou a palavra, voltando a
solicitar aos Srs. Deputados que criem condições para podermos ouvir a intervenção do Sr. Deputado.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. João Vasconcelos (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Em
agosto passado ocorreu um violento incêndio na serra e concelho de Monchique, que alastrou aos concelhos
vizinhos de Silves, Portimão e Odemira.
Ardeu uma extensa área, houve dezenas de feridos, mais de 50 habitações foram total ou parcialmente
destruídas, foram afetadas atividades económicas e arderam pomares, oliveiras e outras árvores.
São assim muito elevados os prejuízos que afetaram pessoas e empresas e o sofrimento é ainda maior
quando, por um lado, parte da população atingida dispõe de fracos recursos — são pessoas idosas, reformadas
e com pensões baixas — e, por outro lado, a burocracia e as dificuldades têm sido muitas no acesso aos apoios
e aos subsídios.
O Bloco de Esquerda apresenta duas propostas: por um lado, deve ser reconhecida a excecionalidade dos
incêndios de Monchique, estabelecendo critérios idênticos aos dos incêndios que tiveram lugar em junho e em
outubro de 2017, e, por outro lado, as vítimas devem ficar isentas de tributação no que se refere aos apoios que
receberam.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Não havendo mais inscrições, passamos ao debate do artigo
138.º — Execução de fundos na área da floresta, ao qual estão agregadas as propostas 367-C, apresentada
pelo PCP, 378-C, apresentada pelo BE, 420-C, apresentada pelo BE, 504-C, apresentada pelo BE e 581-C,
apresentada pelo CDS-PP.
Tem a palavra o Sr. Deputado João Dias.
O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente e Srs. Deputados: Para assegurar o duplo objetivo de contribuir
para a soberania alimentar e defender o mundo rural são necessárias respostas estruturais de defesa da
agricultura familiar.
Nesse sentido, o PCP, conhecedor das dificuldades por que passam os pequenos e médios agricultores
portugueses, vem, no âmbito do Orçamento do Estado, apresentar um conjunto de propostas que respondem
às suas necessidades.
Assim, o PCP propôs para este Orçamento do Estado um programa de valorização da agricultura familiar e
do mundo rural, a majoração dos subsídios relativos à utilização do gasóleo colorido e marcado de 0,06 €/l até
aos 2000 l e o apoio aos custos com a eletricidade.
É que o estatuto sem a respetiva componente financeira não passa de boas palavras.
Propusemos, ainda, o reforço do programa integrado da defesa da floresta contra incêndios e promoção do
desenvolvimento regional; um manual de procedimentos para situações de pós-incêndios; a implementação da
rede nacional de monitorização de pragas na floresta portuguesa; apoios às vítimas da tempestade Leslie de 13
de outubro; a capacitação técnica das associações e confederações agrícolas; a isenção do IMI para os baldios;
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e, ainda, o reforço do quadro permanente de pessoal e dos meios para o Banco Português de Germoplasma
Vegetal e Animal.
A agricultura familiar assume uma importância estratégica para a produção nacional, para a qualidade e a
soberania alimentares, para a ocupação harmoniosa do território, para a defesa do meio ambiente, da floresta
e do mundo rural e para a coesão económica e social em vastas regiões do País.
Agora se verá quem está firmemente empenhado na defesa da agricultura familiar.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Vamos passar ao debate do artigo 146.º — Programa de
Valorização do Interior.
Tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Frexes.
O Sr. Manuel Frexes (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Portugal
é, cada vez mais, um País profundamente desigual. É com imensa penal e grande sentimento de revolta que o
digo.
Somos, hoje, um País a duas velocidades, com um interior cada vez mais despovoado, envelhecido e
abandonado em contraponto a duas áreas metropolitanas cada vez mais populosas, concêntricas e ricas.
As desigualdades acentuam-se a cada dia que passa. São desigualdades no acesso à riqueza, a bem e
serviços, desigualdades nas oportunidades.
Acreditamos que o País precisa de um plano de ação integrado, de longo alcance e com medidas drásticas
e profundas que possam inverter a tendência de empobrecimento acelerado de 75% do nosso território.
Acreditamos na criação de um estatuto para os territórios de baixa densidade, que enquadre a longo prazo as
medidas fiscais amigas do interior com as necessidades de investimento público e privado, a criação de emprego
e fixação de pessoas, apostando na desconcentração de serviços e na descentralização de atribuições.
Este caminho, que consideramos um desígnio nacional, exige um consenso alargado e empenhado de todos.
Creio que dispensamos mais anúncios e diagnósticos, políticas de fachada ou medidas de conversa fiada e do
faz-de-conta, começando pela unidade de missão e acabando na Secretaria de Estado fantasma — pese, no
entanto, o meu apreço pessoal pelo Sr. Secretário de Estado —, que nada resolvem e só fomentam a descrença
e o desânimo relativamente ao que tem de ser feito.
Esta é uma magna questão nacional que tem de ser levada a sério. Sabemos que nenhum Orçamento do
Estado pode resolver esta situação, dada a enorme dimensão do problema, mas podem ser dados sinais
positivos e encorajadores no bom sentido, sem comprometer o equilíbrio das contas públicas. Foi o que o PSD
fez com grande sentido de responsabilidade.
Apresentamos medidas de fundo, como sejam as medidas em que vocacionamos o investimento de grandes
projetos preferencialmente para as regiões mais deprimidas do País, a par de um quadro de fundos comunitários
exclusivo para as mesmas regiões e da instalação nestes locais de serviços públicos a criar.
Acreditamos que é absolutamente necessário fixar pessoas no interior e, entre as diversas medidas,
apontamos um programa Erasmus para o interior e o reforço significativo de bolsas de estudo para as instituições
de ensino superior sediadas nas regiões mais desfavorecidas.
Estas e muitas outras propostas, em sede de Orçamento do Estado, definem o nosso empenho, o nosso
propósito e o nosso compromisso.
Porque o interior também é Portugal!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Hortense
Martins, do Partido Socialista.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:
Assinalando estes três anos de Governo, que trouxeram esperança e confiança, assinalo também os bons
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resultados na recuperação da economia, com a firme convicção de que temos de continuar o caminho para um
País melhor e para um Portugal mais coeso.
Quero também assinalar que hoje mesmo se marca a reabertura do centro de contacto da segurança social,
que o Governo PSD/CDS-PP encerrou. Esta é uma medida significativa que faço questão de assinalar para
marcar a diferença entre quem fala e quem faz. O Governo do Partido Socialista faz, a favor das pessoas, a
favor do território e a favor da coesão territorial.
Vozes do PS: — Muito bem!
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Sr.as e Srs. Deputados, queria também dizer que esta estratégia para um
crescimento económico e para a criação de emprego tem de continuar.
Quanto a isso, no que se refere à coesão territorial, temos, com efeito, várias medidas a vários níveis neste
Orçamento do Estado, nomeadamente na captação de investimento que crie emprego e fixe pessoas; na
diminuição dos custos de contexto das empresas, por exemplo, no custo das portagens; no reforço da criação
de espaços empresa e de lojas do cidadão; na atração de pessoas que emigraram para o nosso território, através
do Programa Regressar; na qualificação do nosso território e na reforma da floresta, maioritariamente situada
no interior; no investimento na ferrovia; no reforço do investimento na saúde e na educação. Temos todo um
programa, e não medidas desgarradas, que valorizam o interior e que reforçam o nosso tecido económico e
social.
Pelo contrário, e apesar de registar que apresentaram algumas medidas neste Orçamento do Estado, vemos
que o PSD — lamento informar — talvez não tenha tido tempo para ver os demais programas. Por exemplo,
quanto ao programa operacional específico para o interior, tenho a dizer que as medidas a que aqui aludem
estão no nosso Programa de Valorização do Interior, nomeadamente no que diz respeito à agenda para a
cooperação transfronteiriça e a um enfoque especial, de discriminação positiva, no reforço dos fundos a aplicar
nestas regiões.
Também a nível do Programa de Apoio aos Territórios do Interior, numa outra medida, a 2.68, que prevê
1700 milhões de euros para apoiar o investimento empresarial no âmbito do sistema de incentivos, a alusão à
necessidade de um programa operacional para o interior passa uma esponja em tudo o que existe, dizendo que
«Não será bom, porque afinal não foi feito por nós». Pois bem, nós só podemos lamentar isto!
Também lamento que, relativamente aos serviços públicos para o interior, se refira que a Secretaria de
Estado de Valorização do Interior não seja importante. Mas ainda bem que o Sr. Presidente do PSD, que esteve,
penso que ontem, em Castelo Branco, reconheceu que a criação da Secretaria de Estado de Valorização do
Interior é uma medida importante, apesar dos lamentáveis faits divers dos Srs. Deputados do PSD eleitos pelo
distrito de Castelo Branco, que lamento.
Queria ainda acrescentar que, neste Orçamento do Estado, há uma outra medida que gostam de ignorar. É
que há incentivos específicos para a mobilidade dos funcionários públicos para as regiões do interior que o PSD
e o CDS ignoram porque tudo o que não é deles não interessa para nada. Mas nós reforçamos estas medidas
que podem fazer a diferença no terreno.
Termino dizendo que o CDS optou por voltar a trazer a este Orçamento a discussão sobre o estatuto fiscal
para o interior. Nessa discussão referimos que muitas das medidas não estão tecnicamente fundamentadas,
não têm valor agregado. Quanto a isto, Srs. Deputados, acho que faziam bem se olhassem melhor para as
nossas medidas, pois muitas destas estão já contempladas.
Todos nós somos responsáveis por continuar a percorrer o caminho da coesão social e territorial, a bem dos
portugueses e a bem dos portugueses do interior.
Aplausos do PS.
*
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos ao debate do artigo 150.º.
Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Elza Pais, do Partido Socialista.
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Srs. Deputados: Com esta proposta, o
Partido Socialista pretende alargar as boas práticas dos contratos locais de segurança, nomeadamente o
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contrato local de segurança de Serpa, a outros concelhos que apresentam fluxos atípicos de emigração
associada ao trabalho sazonal.
Pretende-se desta forma reforçar a prevenção e o combate ao tráfico de seres humanos, em concreto para
fins de exploração laboral, no quadro final do Programa MAI Município e MAI Cidadão. Os dados revelam que,
em termos europeus, esta prática está a aumentar e que as vítimas têm dificuldade em sair de uma situação por
medo de retaliação das redes de tráfico e com receio de serem deportadas. Os homens são as principais vítimas,
mas também há mulheres e crianças que são exploradas em áreas como a agricultura, a construção e as pescas.
Portanto, a articulação com os municípios e com o Observatório do Tráfico de Seres Humanos, no âmbito da
Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não-Discriminação — Portugal + Igual, é essencial. Esta estratégia de
proximidade muito poderá contribuir para a prevenção atempada de situações de tráfico, com vista à sua deteção
precoce e irradicação.
Não posso deixar de referir a recente campanha lançada pelo Governo no passado dia 18 de outubro,
«Podias ser tu», com vista à prevenção e ao combate destas novas formas de escravatura dos tempos
modernos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos, agora, ao debate do artigo 158.º — Plano de
intervenção na Fortaleza de Peniche, com a agregação das propostas 223-C, apresentada pelo PCP, e 445-C,
apresentada pelo Bloco de Esquerda.
Para uma intervenção no âmbito desta discussão, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Campos, do Bloco de
Esquerda.
O Sr. Jorge Campos (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: O Bloco de
Esquerda apresenta três propostas de alteração ao artigo 158.º.
Em primeiro lugar, a reativação do Programa ProMuseus, que foi suspenso pelo Governo da direita e que
deixou em sérias dificuldades os museus não dependentes da administração central.
Por outro lado, o apoio às salas de cinema, de arte e ensaio, que começam, aliás, a impor-se um pouco por
todo o País e que dão um contributo decisivo para a criação de um público cinéfilo, o que tem que ver,
naturalmente, com a literacia visual.
Finalmente, pedimos um financiamento adicional para o Arquivo Nacional das Imagens em Movimento
(ANIM), com o intuito de salvaguardar um património inestimável, o das imagens em movimento,
designadamente o Arquivo da RTP. O que propomos é razoável, são medidas para reforçar o serviço público de
cultura, na convicção de que há medidas que têm de ser tomadas já por forma a salvaguardar o património
comum do futuro.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Ainda para uma intervenção neste ponto, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Carla Sousa, do Partido Socialista.
A Sr.ª Carla Sousa (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Proteger, valorizar
e qualificar o património cultural têm sido palavras-chave nas ações programáticas deste Governo.
Estas são tarefas que requerem uma atenção constante e um orçamento que permita não só reverter a
degradação a que o património cultural foi votado no período da governação PSD/CDS-PP, mas também
possibilitar a capacitação de projetos e parcerias que desenvolvam políticas museológicas, como é o caso do
Museu da Resistência em Peniche. É nesta perspetiva que temos trabalhado ao longo destes três anos e à qual
daremos continuidade em 2019, reforçando em 20%, face a 2018, o orçamento da Direção-Geral do Património
Cultural e das direções regionais de cultura, um crescimento consistente com as necessidades de gestão e de
programação dos museus e dos monumentos nacionais.
Estamos conscientes de que é necessário persistir no trabalho de valorização e de qualificação da Rede
Portuguesa de Museus, tornando mais eficaz a descentralização de recursos e a promoção das boas práticas
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museológicas. Por isso, vemos como positivo o aparecimento de propostas que pretendem ver reativado o
Programa ProMuseus. É um importante apoio financeiro que contribui para a modernização e qualificação dos
museus portugueses não dependentes da administração central, que permite a melhoria das condições de
preservação dos acervos e a cooperação entre museus. Saudamos as propostas e vemo-las como pertinentes.
Por último, gostaria de dizer que não podemos deixar de afirmar que, no nosso ponto de vista, os
constrangimentos que atendem ao ANIM não se devem, essencialmente, à dotação mas, sim, à necessidade
de rever o modelo de gestão que garanta a autonomia da estrutura, uma proposta que está, neste momento, a
ser estudada pela Ministra da Cultura.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos à discussão do artigo 159.º — Gratuitidade dos
manuais escolares, ao qual estão agregadas as propostas 15-C, apresentada por Os Verdes, 38-C, apresentada
pelo PCP, e 41-C, apresentada pelo Bloco de Esquerda.
A primeira intervenção cabe à Sr.ª Deputada Ana Sofia Bettencourt, do PSD. Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ana Sofia Bettencourt (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: O PSD
pretende, como fomento ao ensino em geral, a introdução da condição de recursos, garantindo assim que 90%
dos alunos tenha acesso a manuais escolares.
Esta medida não só não descrimina alunos em função da escolha de projetos educativos como promove uma
real equidade e igualdade de oportunidades.
Apesar da falta de funcionários nas escolas públicas, da falta de técnicos para apoiar os alunos com
necessidades específicas, apesar do material informático obsoleto, a aplicação da medida da gratuitidade dos
manuais escolares é um instrumento para tornar Portugal mais justo e solidário. Contudo, a proposta que o
Governo faz não é equitativa, pois coloca em igualdade agregados familiares beneficiários da ação social escolar
e agregados familiares de escalões de rendimentos mais elevados.
A medida que o Governo propõe não promove a igualdade de oportunidades, pois não investe em meios
complementares nas escolas e também mantém o apoio parcelar e simbólico a quem beneficia da ação social
escolar, ou seja, não mitiga as condições socioeconómicas das famílias e por isso mantém e agrava as
desigualdades sociais, o que, infelizmente, tanto condiciona o sucesso educativo dos alunos.
É a correção dessa injustiça que o PSD pretende.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — De seguida, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Mesquita, do
PCP.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governos, Sr.as e Srs. Deputados: Uma das
marcas do PCP nestes últimos Orçamentos do Estado é a existência de manuais escolares gratuitos, uma
medida que conhece agora o seu alargamento até ao 12.º ano, passando a abranger toda a escolaridade
obrigatória.
É um avanço de enorme importância para garantir a universalidade da escola pública e a sua efetiva
gratuitidade. Ao abranger mais de um milhão de alunos que frequentam a rede pública, esta é uma medida que
se traduz numa poupança de cerca de 1600 € por aluno, ao longo dos 12 anos de escolaridade.
O PCP apresenta também outras medidas que contribuem para o alívio dos encargos dos alunos e das suas
famílias, como é o caso da comparticipação para o material escolar, no âmbito da ação social escolar, em 14 €,
12 € e 10 € para os escalões A, B e C, respetivamente.
Outra proposta passa pela atribuição de verbas para o funcionamento pedagógico, por cada sala de 1.º ciclo,
destinadas à aquisição de equipamentos e materiais, com vista à dotação de recursos para a concretização das
atividades educativas e socioeducativas.
No capítulo da melhoria do processo de ensino e aprendizagem queremos levar mais longe a redução do
número de alunos por turma, num duplo sentido. Em primeiro lugar, começar a redução do número de alunos
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nas turmas do ensino secundário, designadamente no 10.º ano, mas abrindo a possibilidade de que tal seja feito
também nos 11.º e 12.º anos.
Em segundo lugar, queremos aprofundar a redução do número de alunos já encetada nos restantes anos de
escolaridade.
Por fim, o PCP apresenta uma proposta para realização de um plano de intervenção nas escolas tuteladas
pelo Ministério da Educação, procedendo-se à construção e à requalificação das escolas, priorizando os casos
considerados mais urgentes.
Além disso, propomos que, no final de todas as obras a cargo da empresa Parque Escolar, EPE, seja
transferido o direito de propriedade para o Ministério da Educação e se proceda à extinção daquela empresa.
São propostas que o PCP considera fundamentais para melhorar o acesso à educação e o direito de
frequência de todos os alunos na escola pública.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada
Ana Rita Bessa, do CDS-PP.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, este
Governo diz que cumpre a Constituição, oferecendo manuais escolares a ricos e pobres sem distinção. Sem
distinção, Srs. Deputados e Sr. Secretário de Estado? É uma pergunta retórica. Não, há uma distinção: só os
alunos da escola do Estado estão, para o PS, para o Bloco e para o PCP, ao abrigo da Constituição.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!
Protestos da Deputada do PCP Ana Mesquita.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — A troco de um fundamentalismo ideológico, estes partidos impõem aos
pais, que se esforçam financeiramente para ter os filhos numa escola privada, porque acham que isso é melhor
para os seus filhos, a discriminação negativa de terem de pagar os manuais escolares, ao contrário de todos os
outros.
No fundo, este Governo castiga os pais por não terem posto os filhos na escola pública e, de preferência, na
escola do código postal da sua área de residência.
Em 2016 e em 2017, o CDS manifestou as suas reservas quanto a esta medida.
Mas, se o Governo entende que o programa de manuais escolares gratuitos é para todos, pois que seja
mesmo para todos!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
Protestos do PCP.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Para todos os da escola pública, para todos os da escola privada, para
todos os do ensino regular e para todos os do ensino profissional.
E, já que falamos nisto hoje, convinha lembrar aos Srs. Membros do Governo que têm uma fatura para
pagar,…
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Bem lembrado!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — … do programa deste ano aos livreiros independentes,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora!…
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A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — … que estão asfixiados e que, na verdade, são os responsáveis por
financiarem, este ano, uma política pública de que os senhores tanto se gabam.
Por isso, antes de anunciarem as medidas, antes de as alargarem para um montante que chegará aos 100
milhões de euros, é bom que se certifiquem de que têm o dinheiro e de que têm os processos para as pagar,
para não serem os privados, afinal de contas, a pagar a política pública.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção, ainda neste ponto, é da Sr.ª Deputada
Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, a gratuitidade dos manuais escolares
durante a escolaridade obrigatória é uma das medidas mais importantes de defesa da escola pública e a prova
disso é que ela motiva, aqui, tanto a defesa da escola privada, por parte do CDS, quanto uma intervenção do
PSD, indignado, mais uma vez, pelo facto de o Estado tratar de forma igual alunos pobres e alunos ricos.
A Sr.ª Inês Domingos (PSD): — Não é verdade!
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — São duas notas de dois sinais de que vamos no caminho certo, de defesa
da escola pública.
Apresentamos, por isso, mais alguns projetos que consideramos essenciais, sendo que dois deles
correspondem a resoluções aprovadas na Assembleia da República.
Um deles é um projeto de universalização da escola pública, seja pela construção, onde ela não existe —
nomeadamente no ensino secundário —, seja pela reabilitação de tantas escolas que ainda precisam de obras.
Tantos grupos parlamentares apresentaram nesta Assembleia tantas resoluções, que agora o que propomos é
uma calendarização dessas intervenções, que todas e todos achamos serem tão importantes para a escola
pública.
A segunda medida é a do reforço do número de profissionais não docentes, a revisão da portaria de rácios,
também já aprovada aqui, na Assembleia da República, e que agora terá de ter tradução orçamental.
Uma outra medida vai no sentido de corrigir uma injustiça, através da repetição de um concurso extraordinário
de vinculação de professores das escolas artísticas públicas. Houve um, no ano passado, que não permitiu
vincular todos os professores. Queremos apenas que o Parlamento tenha tolerância zero relativamente à
precariedade nas escolas artísticas públicas.
Apresentamos, novamente, uma outra medida, que resolve um problema: a gestão pública das cantinas.
Há ainda um último projeto para reverter um dos últimos resquícios da troica na escola pública: a diminuição
do número de alunos por turma, também no ensino secundário.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Porfírio
Silva, do Partido Socialista.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o Governo e o Partido Socialista
apresentam neste debate várias propostas relevantes para a educação de qualidade, e para todos, de que o
País precisa.
Também outros partidos da maioria apresentam propostas que concorrem no mesmo sentido e que
acolhemos favoravelmente. Sublinho, desde logo, o alargamento substancial do programa de gratuitidade dos
manuais escolares, respeitando as diretrizes constitucionais aplicáveis à escolaridade obrigatória, não seguindo
aqueles que confundem o Estado social de direito com algumas políticas meramente assistencialistas.
Sublinho, também, a redução do número de alunos por turma, que deverá prosseguir, na linha do que temos
vindo a fazer, com gradualismo e respeitando a continuidade pedagógica das turmas.
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Sublinho ainda a prossecução do investimento na generalização da educação pré-escolar, a partir dos 3
anos, fator tão importante para promover a igualdade no sucesso educativo em todo o percurso escolar.
O PS apresenta também uma proposta importante para o ensino profissional, cuja valorização tem merecido,
e bem, um grande empenhamento do Governo. Não é fácil, mas estamos a corrigir o desleixo do anterior
Governo face ao ensino profissional, anterior Governo, esse, que não curou de programar a sustentabilidade
dessa modalidade de ensino.
A proposta que o PS apresenta visa garantir que todo o ensino profissional, desde logo nas escolas públicas,
mas também nas privadas, tem os instrumentos de financiamento adequados à sua missão, porque isso é
necessário para continuarmos a trabalhar na valorização do ensino profissional como resposta de qualidade às
pessoas e às necessidades do País.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada
Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, gostaria de me pronunciar
muito rapidamente sobre as propostas que estão em cima da mesa, relativamente à gratuitidade dos manuais
escolares, e salientar aqui o facto de PSD e CDS pretenderem, através das posições que tomam, que a
generalidade das famílias portuguesas continue a pagar, por ano, 200 €, 300 €, 400 € pelos manuais escolares
dos seus filhos.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Ninguém disse isso!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Os Verdes defendem a gratuitidade dos manuais escolares.
De resto, se as Sr.as e os Srs. Deputados forem dizer às vossas famílias políticas europeias que as famílias
portuguesas pagam 200 €, 300 € ou 400 € por ano pelos manuais escolares dos seus filhos, elas irão ficar de
boca aberta! Na generalidade dos países, estes manuais escolares não são pagos!
Protestos do Deputado do CDS-PP Nuno Magalhães.
Portanto, Sr.as e Srs. Deputados, é uma solução que está bastante testada e, para além de estar testada, é
absolutamente justa. É absolutamente justo que, na escola pública, os manuais escolares sejam gratuitos.
Por outro lado, gostava de salientar uma proposta de Os Verdes, relativamente ao aumento de salas para o
pré-escolar. Universalizar o acesso à educação pré-escolar é um objetivo que temos e, como temos esse
objetivo, fazemos uma proposta concreta para que essa generalização e essa universalização continue a ter
lugar, designadamente para acolher, efetivamente, as crianças a partir dos 3 anos de idade.
Saliento ainda uma outra proposta que Os Verdes apresentam, relativamente à solução progressiva que
temos tomado, nos diversos níveis de ensino, de redução do número de alunos por turma. É uma matéria pela
qual Os Verdes têm batalhado, no sentido de criar melhores condições de aprendizagem nas nossas salas de
aula, efetivando melhores aprendizagens, melhores e mais eficazes atividades direcionadas aos alunos.
Nesse sentido, nos diferentes graus de ensino, temos pugnado por reverter aquilo que PSD e CDS
impuseram, que foi o aumento do número de alunos por turma, com o objetivo de despedir professores na escola
pública.
O Sr. João Dias (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Propomos a continuidade da programação da redução do número
de alunos por turma.
Por outro lado, e mesmo para terminar, gostava de sublinhar ainda que, relativamente à escola em concreto,
também introduzimos medidas para o fomento da utilização da bicicleta.
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Neste Orçamento do Estado, Os Verdes têm várias propostas no sentido da promoção do transporte
alternativo, onde incluímos, também, a mobilidade ativa. Relativamente à escola, em concreto, o que propomos
é que, no seguro escolar, seja feita também a cobertura da utilização da bicicleta nos movimentos pendulares
dos alunos, de casa para a escola e da escola para casa.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para terminar o debate deste artigo, tem a palavra, para uma
intervenção, o Sr. Secretário de Estado da Educação, João Costa.
O Sr. Secretário de Estado da Educação (João Costa): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, faço um
apontamento sobre a gratuitidade dos manuais escolares, tocando em alguns dos pontos que foram suscitados,
deixando três notas breves.
Primeira nota: o que o Governo está a fazer, através deste Orçamento do Estado, é a garantir o cumprimento
da escolaridade obrigatória, exatamente nos termos em que está previsto na Constituição. Compete ao Estado
criar uma rede pública para assumir o seu compromisso, de garantir universalidade, obrigatoriedade e
gratuitidade.
Compete ao Estado garantir essa rede pública, fazendo como faz com todos os equipamentos da escola e
respeitando a liberdade de quem opta por não ter os seus filhos na escola pública.
O manual escolar não é diferente do espaldar, da mesa, da cadeira, de outros materiais que são usados na
escola.
Protestos do CDS-PP.
E, por isso, o rico não leva a cadeira para a escola e o pobre tem-na na escola; o rico não tem uma turma
reduzida e o pobre uma turma aumentada. É igual para todos, porque faz parte dos equipamentos da escola.
Aplausos do PS.
Mais: não há qualquer discriminação em função de ser uma escola pública ou de ser uma escola privada,
tanto que, nas escolas privadas, cobertas por financiamento público e com contratos de associação, os alunos
também são abrangidos pela gratuitidade dos manuais escolares.
Protestos do CDS-PP.
O Sr. Luís Monteiro (BE): — Primeiro eram contra os manuais escolares gratuitos, agora querem manuais
gratuitos no privado!
O Sr. Secretário de Estado da Educação: — Portanto, o que se está aqui a fazer é apenas a cumprir a
gratuitidade do ensino público, prevista na Constituição, e a aliviar este enorme encargo das famílias «no
setembro de cada mês».
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Srs. Deputados, passamos ao debate do artigo 160.º — Valor
das propinas nas instituições de ensino superior públicas, e das propostas 3-C, do PCP, 150-C, do Bloco de
Esquerda, 534-C, do CDS-PP, 761-C, do Partido Socialista, 49-C, do Bloco de Esquerda, 634-C, do PAN, 31-C,
do PCP, 533-C, do CDS-PP, e 899-C, do PSD.
Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Luís Monteiro, do Bloco de Esquerda.
O Sr. Luís Monteiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, este
Orçamento do Estado dá um passo histórico: reduz o valor da propina em cerca de 20%.
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Rompemos, assim, com a inevitabilidade que PS, PSD e CDS venderam aos estudantes, durante mais de
20 anos, e conseguimos garantir que combatemos o valor das propinas, que é dos mais altos da União Europeia
e da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico).
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Luís Monteiro (BE): — A falsa dicotomia, criada de há um mês para cá por PSD e CDS, sobre reduzir
propinas ou reforçar a ação social é a forma que estes dois partidos encontraram de fugir ao debate. Não
conseguem aceitar a ideia de um Estado universal, universalista e solidário.
Protestos do CDS-PP.
Srs. Deputados, sim, é possível combater o valor das propinas e reforçar a ação social, duas das
inevitabilidades que PSD e CDS venderam, durante anos, aos estudantes. Aliás, o PSD, que se apresenta agora
como o grande defensor das bolsas de ação social, no ano passado, quando já era oposição, votou contra uma
proposta do Bloco de Esquerda, em sede de discussão do Orçamento do Estado, que garantia aumentar o
número de bolseiros de ação social. Pura hipocrisia, Srs. Deputados!
O CDS diz agora «bem, invista-se em residências universitárias», mas, quando foi Governo, retirou dos
fundos comunitários a possibilidade de se utilizar dinheiro das residências universitárias. Sr.as e Srs. Deputados,
pura hipocrisia política!
Só se lembraram de mecanismos de ação social no dia em que o Bloco de Esquerda baixou as propinas.
O Bloco apresenta-se a este debate com o compromisso de sempre: ter um teto máximo de propinas para
mestrados e doutoramentos; aumento do número de bolseiros de ação social; tabela de taxas e emolumentos;
e garantir investimento em residências nas instituições de ensino superior com saldos orçamentais positivos.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Ivan
Gonçalves, do Partido Socialista.
O Sr. Ivan Gonçalves (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, este é um Orçamento bom na área do
ensino superior, da ciência e da tecnologia.
Para além de considerarmos boa a proposta que chegou a este Parlamento por via do Governo, este é um
Orçamento que investe na ciência e na tecnologia e que dá corpo à prioridade ao conhecimento como caminho
para qualificarmos o nosso País e para o tornarmos mais competitivo.
Iniciámos ontem o debate na especialidade e temos agora algumas propostas que podem melhorar este
Orçamento. Salientamos, desde logo, uma proposta que foi feita pelo Governo para que a dedução, em sede
de IRS, para as famílias que têm filhos a estudar no interior, possa ser majorada para os 1000 € anuais, proposta,
esta, que o Partido Socialista avançará que possa ser alargada também aos estudantes insulares, dos Açores
e da Madeira.
Apresentamos esta proposta, porque entendemos que é da mais elementar justiça que a coesão territorial, a
continuidade territorial seja também promovida por esta via.
Temos ainda uma proposta, no âmbito do Programa +Superior, que apoia com uma bolsa no valor de 1500
€ os estudantes mais carenciados do nosso País e promove o combate ao insucesso escolar, tendo substituído
o Programa Retomar, que não cumpriu os seus objetivos. Mas vai mais longe: promove também a coesão
territorial, incentivando a que os estudantes frequentem o ensino superior em territórios de baixa densidade
populacional.
Ora, o Partido Socialista, pela mão dos Deputados vinculados também à Juventude Socialista, apresenta
nesta Casa uma proposta para que esta bolsa seja aumentada em 200 €, valor que proporcionará uma ajuda
suplementar às famílias.
Parece que agora a direita se lembrou de que há um problema no alojamento dos estudantes universitários.
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A Sr.ª Wanda Guimarães (PS): — Exatamente!
O Sr. Ivan Gonçalves (PS): — E se hoje esse problema existe é também porque o País foi capaz de
ultrapassar a crise,…
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Muito bem!
O Sr. Ivan Gonçalves (PS): — … mas sabemos bem que isso não aconteceria se tivéssemos continuado a
seguir a estratégia que os senhores quiseram seguir durante quatro anos.
Aplausos do PS.
Vozes do PS: — Bem lembrado!
O Sr. Ivan Gonçalves (PS): — Através da inversão da estratégia que este Governo protagonizou depois de
2015, é possível existir hoje um crescimento económico, que também traz problemas, e traz problemas,
nomeadamente, no alojamento dos estudantes do ensino superior.
Mas, existindo este problema, temos de lhe dar resposta. É por isso que valorizamos, e vemos com muito
bons olhos, a proposta que foi feita pelo Partido Comunista Português, para que o complemento de alojamento
para os estudantes bolseiros que não têm vaga nas residências de ação social seja aumentado em cerca de 40
€, ajudando, desta forma, a que aqueles que têm menos rendimentos possam ter acesso ao alojamento,
suprimindo um dos principais problemas que existe hoje no nosso País, que é o da falta de alojamento para
estes estudantes.
Este caminho, com certeza, não resolve todos os problemas, mas ajuda. Tal como ajudou no ano passado,
por iniciativa do Governo e do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, o facto de hoje ser possível deduzir, em
sede de IRS, 200 € do valor que as famílias gastam com os estudantes que se deslocam para fora da sua
residência habitual.
Mas a medida que é fundamental, e que está presente no Orçamento deste ano, é a da diminuição do valor
da propina em cerca de 200 €. Esta alteração, que é histórica, faz a diferença na vida de milhares de famílias
portuguesas e, fundamentalmente, faz a diferença nas famílias que têm menos rendimentos, nas que têm mais
dificuldades em manter os seus mais jovens elementos a estudar no ensino superior.
Não adianta ao PSD vir agora agitar fantasmas de que esta redução no valor da propina vai fazer com que
mais alunos fiquem de fora do sistema de ação social escolar. O Governo já o disse e nós afirmamo-lo também:
nenhum estudante ficará de fora do sistema de ação social escolar por causa da redução do valor da propina.
Para que isso fique claro, apresentamos também uma proposta que fará com que esta alteração não tenha
nenhum impacto no cálculo do limiar de elegibilidade para atribuição das bolsas de estudo.
Mas a verdadeira razão pela qual o PSD agita agora este fantasma é o facto de ser contra esta redução do
valor da propina.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Ivan Gonçalves (PS): — E exemplificam-no bem, apresentando uma proposta de eliminação deste
artigo. São contra, e isso está bem espelhado nas políticas que foram adotadas pelo anterior Governo, porque
são contra a democratização do ensino superior, porque são contra uma visão que permite que todos os
portugueses possam estudar no ensino superior.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Ivan Gonçalves (PS): — Não é essa a nossa visão!
Acreditamos no ensino superior enquanto espaço democratizado, como os restantes níveis de ensino. Ainda
estamos longe de alcançar este desiderato, mas este é um caminho que queremos continuar. Sabemos que,
para o fazer, temos de fazê-lo neste Parlamento à esquerda. É o que temos feito ao longo destes três anos.
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É esse o caminho que tem garantido estes avanços, é esse o caminho que tem garantido um ensino superior
mais democrático e é esse o caminho que queremos continuar a percorrer.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, agora, a Sr.ª Deputada Ângela Moreira, do PCP.
A Sr.ª Ângela Moreira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o PCP apresenta propostas no
sentido de garantir melhores condições de frequência aos estudantes do ensino superior, aliviando os encargos
às famílias, e no caminho para a gratuitidade que o PCP sempre defendeu.
A par da redução de propinas, o PCP propõe a manutenção do referente do valor da propina cobrada no ano
letivo de 2018/2019 para efeito de cálculo de atribuição e definição do montante das bolsas de estudo atribuídas
a estudantes do ensino superior, garantindo que, com esta redução, nenhum estudante deixa de ter direito à
bolsa ou vê o seu valor diminuído.
Apresentamos uma proposta para que não cresçam os encargos para os alunos, garantindo que não há
aumentos nas taxas e emolumentos cobrados nas instituições de ensino superior.
Fruto de uma iniciativa do PCP, a Lei n.º 36/2018 prevê a requalificação e construção de residências
universitárias de estudantes, a iniciar em 2019. Não havendo previsão de verba em sede de Orçamento do
Estado para a concretização do legislado, o PCP propõe o reforço, para o dobro, da verba anunciada pelo
Governo, a acrescer ao investimento previsto, através da gestão pública de fundos imobiliários para a
requalificação e construção de residências, garantindo uma resposta mais ampla já em 2019.
O PCP, consciente da urgência e da necessidade de respostas mais imediatas ao problema da falta de
alojamento no ensino superior, apresenta uma proposta que prevê o aumento do valor mensal do complemento
de alojamento a todos os estudantes bolseiros deslocados que não obtiveram lugar em residência, apesar de a
ela se terem candidatado.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Margarida Balseiro Lopes, do
PSD.
A Sr.ª Margarida Balseiro Lopes (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Governo e os partidos que o
suportam optaram por esquecer o problema mais grave que afeta os estudantes no ensino superior: o alojamento
estudantil e a falta de residências.
O Sr. Pedro Pimpão (PSD): — Bem lembrado!
A Sr.ª Margarida Balseiro Lopes (PSD): — Recordo que as residências servem apenas 12% dos mais de
100 000 estudantes deslocados que temos em Portugal. E em quatro anos, sobre esta matéria, tivemos apenas,
da parte do Governo, anúncios, propaganda, uma linha que nunca deixou de ser uma linha do Orçamento do
Estado e um plano que, de resto, nunca passou disso mesmo, de um plano.
O Sr. Pedro Pimpão (PSD): — Muito bem!
Protestos do Deputado do BE Luís Monteiro.
A Sr.ª Margarida Balseiro Lopes (PSD): — Em vez disso, optaram por reduzir cerca de 20 € por mês a
todos os alunos que pagavam propina máxima, inclusivamente àqueles que podiam perfeitamente continuar a
pagar esse valor, e optaram por não apoiar aqueles que mais precisavam de ajuda para o alojamento estudantil.
A redução da propina vai fazer com que milhares de alunos percam o direito à sua bolsa de estudo.
O Sr. Pedro Pimpão (PSD): — Pois é!
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O Sr. Luís Monteiro (BE): — É mentira!
Protestos da Deputada do PCP Ana Mesquita.
A Sr.ª Margarida Balseiro Lopes (PSD): — Àqueles que precisavam efetivamente de apoio nada têm a
apresentar: 0 € para a construção de residências e manutenção, na proposta de lei do Governo, do valor do
complemento de alojamento.
O Sr. Pedro Pimpão (PSD): — Bem lembrado!
Protestos do PCP.
A Sr.ª Margarida Balseiro Lopes (PSD): — Esta medida de redução da propina, como lembrou o insuspeito
Marçal Grilo, é uma medida muito injusta, porque vem penalizar os que menos têm, ou seja, os mais
desfavorecidos, e favorecer os que mais têm.
Aplausos do PSD.
Protestos do BE e do PCP.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Mesmo a mentir ninguém acredita!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Hugo Carvalho, do Partido
Socialista.
O Sr. Hugo Carvalho (PS): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados, um País
justo, uma sociedade justa, um País desenvolvido tem necessariamente de criar condições para a prática
desportiva de todos os cidadãos.
Mas é de especial justiça que o Estado olhe de forma particular para os cidadãos que apresentam uma
condição de deficiência e, em particular, dentro desses, aqueles que são atletas de alta competição.
A proposta inicial de Orçamento do Estado para 2019 respeita e avança nestes domínios que enumerei,
designadamente pelo Programa Nacional de Desporto para Todos (PNDpT), que valoriza a inclusão, a igualdade
e a interioridade, para que todos, e nos mais diversos locais, possam ter acesso à prática desportiva.
Mas este Orçamento do Estado avança também na melhoria dos apoios ao desporto de alto rendimento, com
a redefinição do Programa Paralímpico Tóquio 2020.
O Orçamento do Estado reforça em 86% este programa de financiamento, trabalhando na equiparação entre
as modalidades olímpicas e paralímpicas, dando assim cumprimento a um grande respeito pela prática
desportiva entre aqueles que, na sua vida, já têm mais dificuldades.
São 6,9 milhões de euros em 2019, valor que convergirá entre paralímpico e olímpico até 2021.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Srs. Deputados, vamos entrar agora no debate do artigo 165.º
— Contratos-programa na área da saúde, e de uma série bastante vasta de propostas, a saber: 60-C, do PCP,
272-C, de Os Verdes, 594-C, do BE, 656-C, do PAN, 22-C, do BE, 533-C, do PCP, 670-C e 678-C, do CDS-PP,
840-C, do PSD, 843-C, do PS, 845-C, do PSD, 434-C, do BE e 878-C do PCP.
A primeira intervenção cabe à Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto, do CDS-PP, a quem dou, de imediato, a
palavra.
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A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
ao fim de três anos de governação socialista e das esquerdas unidas, os portugueses têm bem claro, entre
outras coisas, que a saúde não é uma prioridade efetiva para este Governo.
Temos tempos de espera agravados para as consultas e para as cirurgias, com o compromisso claro do
acesso aos cuidados de saúde; temos apoios insuficientes para os doentes crónicos, para os doentes mais
vulneráveis, em fim de vida, e para os seus cuidadores; tivemos uma passagem para as 35 horas semanais de
trabalho desastrosa, com profissionais altamente insatisfeitos e com greves que se multiplicam a um ritmo a que
nunca assistimos; temos dívidas e cativações crescentes, com a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde
(SNS) ameaçada.
Com este quarto Orçamento, opaco e cheio de promessas sem garantias de virem a ser cumpridas,
continuamos a ter subfinanciamento da saúde, continuamos a ter uma realidade penosa, e não cremos que vá
ser corrigida.
O que o CDS faz neste Orçamento, dando continuidade, aliás, ao que tem sido a nossa preocupação ao
longo dos últimos três anos, é novamente ir para além das críticas e apresentar propostas concretas para
melhorarmos áreas-chave da saúde dos portugueses, para melhorarmos concretamente as respostas que a
saúde tem de dar a populações tão vulneráveis.
O que fazemos é apresentar propostas para alargar o acesso aos cuidados continuados, aos cuidados
paliativos, áreas claramente deficitárias e que este Governo não adotou como prioridade, o que fazemos é
apresentar novamente propostas na área do financiamento.
Acreditamos, Sr.as e Srs. Deputados, que esta será uma boa ocasião para as bancadas da esquerda irem
para além da demagogia de promessas bondosas e fazerem, efetivamente, da saúde uma prioridade plena.
É isso que os portugueses pedem. O CDS não se demite desse compromisso e espera ter o
acompanhamento das outras bancadas.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Moisés Ferreira, do Bloco
de Esquerda.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. as e Srs. Membros do Governo,
500 milhões de euros é o valor que o SNS gasta anualmente com parcerias público-privadas (PPP) na saúde,
que não trazem nenhuma vantagem para os utentes. Nenhuma! E são 500 milhões de euros!
Porquê entregar todo este dinheiro ao Grupo Mello ou à Luz Saúde, quando continuam a não existir, por
exemplo, equipas comunitárias de saúde mental?!
Porquê drenar os recursos do SNS para privados, quando precisamos deles para equipar os centros de
saúde com viaturas para cuidados ao domicílio?!
Porquê alimentar quem faz da saúde um negócio, quando precisamos desses recursos para alargar o
Programa Nacional de Vacinação ou financiar a 100% os projetos de redução de riscos e minimização de
danos?!
Aquilo que o Bloco de Esquerda propõe neste artigo do Orçamento é muito simples: acabar com as parcerias
público-privadas na saúde e investir onde é preciso, nomeadamente na criação de equipas comunitárias de
saúde mental, nas viaturas para os cuidados de saúde primários, no reforço do programa de vacinação, no
financiamento dos projetos de redução de riscos. Isto, só para dar alguns exemplos das várias propostas que
apresentamos.
Não esquecemos também o papel fundamental dos profissionais do SNS e por isso propomos a justa
remuneração do trabalho normal e do trabalho extraordinário, tanto para contratos de trabalho em funções
públicas como para contratos individuais de trabalho, assim mesmo, sem discriminação por vínculo jurídico às
instituições. E propomos tudo isto, porque, entre o negócio e o SNS, a nossa escolha é muito, muito clara:
escolhemos o Serviço Nacional de Saúde.
Aplausos do BE.
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado João Paulo Correia, do Partido
Socialista.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados,
o Partido Socialista traz hoje aqui uma proposta relativamente ao Centro Pediátrico do Hospital de São João,
uma obra premente e urgente para o distrito do Porto, uma necessidade identificada há mais de uma década.
Queremos lembrar que, a respeito desta obra, a única intervenção do anterior Governo PSD/CDS, na pessoa
do anterior Primeiro-Ministro, foi a de lançar por duas vezes a primeira pedra sem que a obra avançasse. E essa
atuação, que enganou as pessoas e as gentes da região, marcou negativamente todo este folhetim em torno do
Centro Pediátrico do Hospital de São João.
Este Orçamento do Estado garante o financiamento necessário para o projeto e para a obra. Se for
necessário realizar a obra em 2019 e concluí-la em 2019, este Orçamento do Estado garante o financiamento a
100%. Isto tem de ficar bem claro.
Mas também não se podia ficar por aqui, não bastava assegurar o financiamento para a obra do Centro
Pediátrico do Hospital de São João, era necessário encurtar os prazos procedimentais do projeto e da obra, e a
proposta do Partido Socialista vai nesse sentido, pois permite que a obra se faça por ajuste direto e permite
também a dispensa do visto prévio do Tribunal de Contas.
Protestos do PSD.
O PS dá, assim, o seu contributo decisivo para que a obra do Centro Pediátrico do Hospital de São João se
realize no ano de 2019.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles, do CDS-PP.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o CDS apresenta uma proposta
que se resume nesta expressão: «palavra dada, palavra honrada».
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — A proposta do CDS diz, simplesmente, que as obras para a construção
da ala pediátrica do Hospital de São João — as obras, não são os planos nem os concursos —…
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Lançaram duas vezes a primeira pedra e a obra nunca avançou!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — … devem iniciar-se em janeiro. E porquê? Porque, apesar dos gritos
do Sr. Deputado João Paulo Correia, creio que não haverá ninguém fora deste Parlamento que consiga perceber
como é possível que, estando todos de acordo sobre a necessidade da construção da ala pediátrica do Hospital
de São João, a obra tenha sido sucessivamente suspensa e adiada.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — É verdade!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Não há ninguém, fora deste Plenário, que perceba isso!
No último debate que aqui tivemos, o PS e os partidos que o apoiam, o PCP e o Bloco de Esquerda, deram
uma garantia: «Em janeiro do ano que vem a obra está no terreno». Honrem a vossa palavra!
Aplausos do CDS-PP.
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.as e Srs. Deputados, passamos ao debate do artigo 166.º —
Plano de investimento para os hospitais.
Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz, do PCP.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, é preciso ir mais
longe no investimento e na remoção dos garrotes que asfixiam o SNS. Por isso, propomos uma programação
plurianual do investimento.
Com esta proposta reforça-se a verba destinada aos investimentos necessários para o início dos
procedimentos para a construção dos hospitais de Évora, do Seixal, de Barcelos, do Algarve e da ala pediátrica
do Hospital de São João, a ampliação do Hospital de Beja ou a requalificação do Centro Hospitalar de Vila Nova
de Gaia/Espinho.
Propomos, ainda, a exclusão da aplicação da Lei dos Compromissos na aquisição de medicamentos, de
material de consumo clínico e dispositivos médicos e de investimentos de melhoria de instalações ou
equipamentos.
É preciso melhorar a acessibilidade dos utentes aos medicamentos. Por isso, propomos a dispensa de
medicamentos antipsicóticos no SNS, a gratuitidade de medicamentos aos doentes com mais de 65 anos de
idade e o aumento da quota de genéricos.
É preciso alargar as respostas nos cuidados de saúde primários. O PCP propõe a criação de mais equipas
para prestar cuidados ao domicílio aos doentes dependentes, aos doentes em fim de vida e aos doentes com
perturbações mentais, propõe alargar a todo o território as experiências-piloto nas áreas da saúde oral e visual
e propõe a aquisição de mais viaturas, que possibilitem prestar cuidados de proximidade.
O País tem um Laboratório do Estado que pode ser ainda mais potenciado, no que respeita à produção de
medicamentos para o Serviço Nacional de Saúde, que é o Laboratório Militar.
Assim, o PCP propõe que o Governo crie as condições para que o Laboratório Militar produza os
medicamentos que, não tendo interesse para a indústria, são essenciais para o tratamento de certas doenças,
como os medicamentos órfãos e os genéricos mais consumidos em Portugal.
Estas são propostas para reforçar o Serviço Nacional de Saúde, melhorar a prestação de cuidados e a
acessibilidade dos utentes.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Ricardo Baptista Leite, do PSD.
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo,
o investimento deste Governo no Serviço Nacional de Saúde é dos mais baixos de que há memória nas últimas
décadas.
Vozes do PSD: — É verdade!
Vozes do PS: — Oh!…
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Com efeito, desde 2016, o investimento no SNS não tem
ultrapassado — imagine-se! — 80% do realizado em 2015, último ano de governação do PSD, imediatamente
no pós-assistência financeira a que fomos atirados, fruto da bancarrota em que o PS deixou o País.
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Bem lembrado!
Vozes do PS: — Oh!…
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — As consequências desse desinvestimento das esquerdas na saúde
estão à vista de todos, só não as conseguem ver aqueles que fecham os olhos em nome das conveniências
partidárias ou do seu sectarismo político.
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Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Aliás, o discurso do Bloco de Esquerda, hoje, aqui, sobre as PPP,
demonstra isso mesmo: volvidos mais de três anos de governação, não reverteram nenhuma PPP e no
Orçamento do Estado do último ano aprovaram mais uma PPP. Portanto, isto é a incoerência em pessoa!
Aplausos do PSD.
Vozes do PS: — Ah!…
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Enquanto o anterior Governo, durante o programa da troica, abriu
sete novos hospitais, um novo hospital de seis em seis meses,…
A Sr.ª Marisabel Moutela (PS): — Ah!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — … durante a sua governação, o que é que aconteceu com este
Governo? O que é que aconteceu com as esquerdas unidas do PS, do PCP e do Bloco de Esquerda? Nem um
hospital público! Zero! Nada!
Aplausos do PSD.
Protestos do PS.
A verdade é que deixaram degradar o Serviço Nacional de Saúde a tal ponto que empurram os portugueses
para o privado, não porque não queiram usar o público, mas porque não têm outra opção. A esquerda fala muito
de saúde, mas não passa de conversa fiada.
Vozes do PSD: — É verdade!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — O que o PSD hoje aqui propõe não é mais do que exigir que o
Governo socialista seja coerente com as promessas do Partido Socialista, desde logo com a construção do
Centro Pediátrico do Hospital de São João. São já uma vergonha nacional as condições miseráveis em que as
crianças, muitas delas com cancro, são ali tratadas.
Protestos dos Deputados do PCP João Dias e Jorge Machado.
O Governo não pode continuar a adiar a resolução deste problema, tanto mais que a atual Ministra assinou
um memorando, em 2017, no qual se comprometia a iniciar a obra em 2017! Não só não cumpriram essa
promessa como a Sr.ª Ministra, numa audição na especialidade, disse que o dinheiro para a construção da ala
pediátrica estava disponível no Orçamento do Estado para 2018. Vem agora o Partido Socialista dizer que é o
Orçamento do Estado para 2019 que o irá resolver.
Veio a Ministra aqui dizer que não poderia ser feito por ajuste direto e, agora, o PS faz a cambalhota,…
Protestos da Deputada do PS Marisabel Moutela.
… dizendo que será por ajuste direto. A única coisa que o Partido Socialista está interessado em fazer é em
empurrar com a barriga a resolução destes problemas, enquanto os pais e as crianças desesperam na cidade
do Porto.
Aplausos do PSD.
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Mais: o PSD propõe também que o PS honre, finalmente, os compromissos há muito assumidos por vários
governos socialistas, no sentido de se resolver a construção dos hospitais do Algarve, Vila Nova de Gaia,
Barcelos e Póvoa de Varzim. Se estas propostas não forem aprovadas o País confirmará o que há muito se
sabe: a saúde não é uma prioridade deste Governo nem dos partidos de esquerda no nosso País.
Aplausos do PSD.
Protestos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, queria pedir a vossa especial
atenção para uma proposta que Os Verdes apresentam, em sede de Orçamento do Estado, e que se prende
com a disponibilização do medicamento para a atrofia muscular espinhal.
Sr.as e Srs. Deputados, pais e mães, que vêm aqui à Assembleia da República completamente desesperados
pelo facto de saberem que existe um medicamento aprovado e comprovadamente eficaz para o problema da
atrofia muscular espinhal dos seus filhos, veem os seus filhos, de dia para dia, a perder capacidades, e não
veem a disponibilização efetiva desse medicamento. Portanto, ou ele não é disponibilizado ou é disponibilizado
apenas a alguns.
Sr.as e Srs. Deputados, Os Verdes pedem a vossa especial atenção para a aprovação da proposta 209-C,
que visa, justamente, que, em 2019, o Governo garanta disponibilidade financeira para que, nos casos de
avaliação médica favorável, seja administrado o medicamento que se destina a tratar a atrofia muscular espinhal
aos doentes tipo I e tipo II, em todas as unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde, de resto, Sr.as e
Srs. Deputados, em consonância com a Resolução da Assembleia da República n.º 121/2018, que foi discutida
e aprovada aqui, na Assembleia da República.
Pedimos, por isso, a vossa especial sensibilidade para a resolução deste problema concreto.
O Sr. Presidente: — Passamos ao debate do artigo 167.º — Utentes inscritos por médico de família.
Tem a palavra o Sr. Deputado António Sales, do Partido Socialista.
O Sr. António Sales (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados, o
Sr. Deputado Ricardo Baptista Leite tem de ir verificar novamente os seus números, pois a execução orçamental
das despesas de capital, entre 2011 e 2015 — referimo-nos ao investimento —, é de 91 milhões de euros e,
entre 2015 e 2017, a média ascendeu a 152 milhões de euros, representando um crescimento médio de 67%.
Vá rever os seus números, Sr. Deputado, vá rever os seus números!
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
A igualdade de oportunidades é um desígnio do Partido Socialista e do atual Governo de Portugal e, por isso,
deve ser tida em conta desde o primeiro momento de vida. Em Portugal, atualmente, esta questão não está
devidamente assegurada para crianças que são alérgicas às proteínas do leite de vaca e não auferem qualquer
tipo de apoio na aquisição de leites infantis ou de outras fórmulas adaptadas.
Nesse sentido, o Partido Socialista propõe que seja incluída esta especificidade na atual legislação, sempre
que haja indicação médica devidamente fundamentada, que se promova a divulgação junto das famílias e da
comunidade médica e que se aposte nesta área de investigação, de forma a que se encontrem alternativas
viáveis.
Ao contrário de propostas apresentadas por outros partidos, este é o exemplo de uma medida justa,
responsável e com impacto imediato para as famílias.
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Não é com medidas eleitoralistas e utópicas, como é o caso dos 1700 milhões de euros em propostas do
PSD e dos mais de 1500 milhões de euros em propostas do CDS, de acréscimo na despesa da saúde, que se
defendem os interesses dos portugueses.
Aplausos do PS.
Não é com medidas populistas que se assegura a estabilidade financeira do País, mas é com medidas como
aquela que acabámos de apresentar que se modifica favoravelmente a vida dos portugueses.
Aplausos do PS.
Protestos do Deputado do PSD Paulo Neves.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A primeira intervenção, no âmbito do debate do artigo 175.º —
Material circulante ferroviário, cabe ao Sr. Deputado Carlos Silva, do PSD.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, às portas do último ano de execução do
Ferrovia 2020, o Governo apenas concretizou 102 milhões de euros, uns míseros 5% do programa.
Até ao fim deste ano, o que o Governo tem para mostrar ao País é um troço eletrificado de via de 10 km, na
Linha do Minho, dos 40 km que estavam previstos. É pouco, é verdade, mas é o que o Governo tem para
mostrar.
A CP (Comboios de Portugal), nos primeiros seis meses de 2018, apenas investiu 4,5 milhões de euros, 10%
do seu orçamento.
Então, o que têm os portugueses, todos os dias? Não têm comboios, mais de 50% da frota está encostada,
em estado obsoleto — diz o Relatório e Contas da CP —, tem falta de pessoal de manutenção, linhas
degradadas, pondo mesmo em causa a segurança de pessoas e bens. O Governo não as recuperou, não as
alugou, não as comprou, e ainda boicotou os concursos existentes. A CP chegou a este caos e o Governo e a
geringonça são os únicos responsáveis pela degradação e indigência em que se encontram os transportes
públicos.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Dou, agora, a palavra ao Sr. Deputado Pedro do Carmo, do
Partido Socialista.
O Sr. Pedro do Carmo (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, a modernização da linha férrea Beja-
Casa Branca é uma necessidade, diria mais, é uma prioridade, porque há décadas que não se investe na linha
e, infelizmente, a capital de distrito não tem ligação direta a Lisboa.
Esta proposta é o complemento do trabalho do PS, que, no âmbito das jornadas parlamentares, colocou esta
questão como uma prioridade, e é o complemento do que o Sr. Ministro das Infraestruturas assumiu aqui, na
Assembleia da República, ao dizer que até ao final do ano lançará o concurso para o projeto.
Sim, porque é preciso dizer que o Governo do PSD e do CDS, que tanto falam neste projeto, nem o projeto
deixou para que efetivamente fosse possível fazer a obra.
Aplausos do PS.
Esta será contemplada no Orçamento do Estado, será uma realidade no Plano Nacional de Investimentos
2030.
Aplausos do PS.
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, do Partido
Ecologista «Os Verdes».
O Sr. JoséLuísFerreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, vou referir-me a três propostas que Os Verdes
apresentam em sede de ferrovia: a primeira, para propor um estudo para a construção de um ramal de ligação
na Linha do Leste; a segunda, para a eletrificação da linha ferroviária entre Casa Branca e Beja; e, a terceira,
para a contratação de trabalhadores para a EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário).
Sobre estas propostas, gostaria de dizer que, tal como Os Verdes têm vindo a defender, a ferrovia constitui
um elemento estruturante do ordenamento do território, com contributos inegáveis para a remoção das
assimetrias regionais, para o combate ao despovoamento, para a promoção da coesão territorial, para a justiça
social e para o desenvolvimento das regiões do interior.
Acresce, ainda, que a aposta no transporte ferroviário é de extrema importância no que diz respeito à redução
das emissões de gases com efeito estufa e no combate às alterações climáticas, mas é também um sinal de
quem pretende dar resposta aos compromissos assumidos, no plano internacional, em matéria de combate às
alterações climáticas.
A reposição do transporte diário de passageiros na Linha do Leste, ocorrida em agosto de 2017 e resultado
de uma proposta de Os Verdes, representou uma inversão nas políticas de desinvestimento na ferrovia, à qual
é preciso dar continuidade, como forma de potenciar os resultados positivos já verificados.
É exatamente para dar continuidade a este trabalho que Os Verdes propõem que o Governo elabore um
estudo sobre a viabilidade da construção de um ramal ferroviário de ligação na Linha do Leste, da estação
ferroviária de Portalegre ao parque industrial do concelho.
Quanto à eletrificação da linha ferroviária entre Casa Branca e Beja, recordo que Os Verdes têm vindo a
apresentar propostas, ao longo dos anos, inclusivamente em sede de Orçamento do Estado, para a eletrificação
de toda a linha ferroviária do Alentejo.
De facto, numa das zonas mais despovoadas e envelhecidas do País — e hoje está mais do que comprovado,
do ponto de vista científico, que as alterações climáticas vão afetar o Alentejo —, o futuro obriga-nos a fazer
escolhas acertadas, nomeadamente, dando prioridade ao investimento e desenvolvimento da ferrovia. Por isso,
é urgente estabelecer a ligação ferroviária direta entre Lisboa e Beja e criar as condições para a reposição da
ligação Beja-Funcheira, melhorando a funcionalidade da rede ferroviária a sul, como uma das medidas
estratégicas e eficazes para combater a interioridade.
Por fim, quanto à contratação de trabalhadores para a EMEF, importa lembrar que esta empresa pública
sofreu, nos últimos 10 anos, uma perda de mais de um terço dos seus trabalhadores e um grande
envelhecimento no seu quadro de pessoal. Bem sabemos que o Governo abriu este ano, e bem, um concurso
para a contratação de 102 novos trabalhadores, mas também sabemos que este número nem sequer chega
para repor a saída dos funcionários que ocorreu de 2015 até hoje. Ou seja, com o número de trabalhadores
atuais, a EMEF não consegue dar resposta às necessidades da CP nas áreas da manutenção, da revisão e da
reparação. E, por isso mesmo, Os Verdes apresentam a proposta no sentido de se proceder à contratação de
mais trabalhadores para a EMEF.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra o Sr. Deputado Luís Testa, do Partido
Socialista.
O Sr. Luís Moreira Testa (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, o Grupo
Parlamentar do Partido Socialista apoia toda e qualquer medida que valorize a Linha do Leste, porque ela própria
já está a ser valorizada com a construção do Corredor Internacional Sul e porque a promoção do transporte
ferroviário no distrito de Portalegre e no Alto Alentejo é uma prioridade para este Governo.
Onde o anterior Governo encerrava estações, extinguia linhas e suprimia comboios, é propósito desta maioria
colocar o transporte ferroviário na ordem do dia!
Aplausos do PS.
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos ao debate do artigo 177.º — Transportes.
Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias, do PCP.
O Sr. BrunoDias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, na teoria há
sempre unanimidade na promoção do uso do transporte público, na melhoria dos sistemas tarifários, na melhor
qualidade dos transportes, etc.
É preciso, então, passar à prática. É preciso criar condições concretas, desde logo, no financiamento, para
assegurar que a redução dos preços dos transportes se possa tornar realidade por todo o País. É esse o sentido
da proposta do PCP, relativamente ao Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART) nos transportes públicos,
do artigo 178.º da proposta de lei. É preciso garantir que, nas áreas metropolitanas, o passe social e o Andante
continuem, no futuro, com mais abrangência e preços mais baixos; é preciso reforçar as verbas para assegurar
que estas medidas possam chegar ao terreno em todas as CIM (Comunidades Intermunicipais); é preciso
salvaguardar as medidas que permitam a justa distribuição de recursos entre as empresas de transportes, para
impedir mais rendas excessivas para grupos económicos privados.
Propomos, ainda, que, nos artigos 175.º e 179.º, as medidas que excecionam a aquisição de navios e de
comboios, relativamente ao regime de delimitação de despesa face ao ano anterior — ou seja, a exclusão do
artigo 44.º —, possam aplicar-se também à manutenção das frotas.
Não basta prometer e anunciar, para o futuro, algumas medidas pontuais e insuficientes de aquisição de
navios e comboios, é preciso alargar essa renovação de frota na Soflusa, nos comboios suburbanos e de longo
curso, mas é preciso, desde logo, na manutenção destas frotas, romper com essa norma aberrante que proíbe
contratar mais manutenção do que no ano anterior, que proíbe o reforço das medidas de segurança operacional,
que proíbe recuperar e reparar mais navios e comboios.
Este é um problema que não pode continuar, que tem de ser alterado na lei do Orçamento do Estado e é
nesse sentido que o PCP apresenta essas propostas.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos ao debate do artigo 178.º — Programa de apoio à
redução tarifária nos transportes públicos.
Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Ricardo Bexiga, do Partido Socialista.
O Sr. RicardoBexiga (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Secretários de Estado, Srs. Deputados, de facto,
o Programa de Apoio à Redução Tarifária é uma medida estruturante, no quadro das inúmeras medidas públicas
promovidas por este Governo, na promoção da mobilidade e na promoção dos transportes públicos.
Foram disponibilizados 83 milhões de euros às autoridades de transportes, destinados à redução das tarifas
nos transportes públicos coletivos, mas também à melhoria da oferta dos serviços e à extensão da rede.
É uma medida histórica: é uma medida que vai, finalmente, assegurar que todas as famílias possam optar
por um novo meio de mobilidade e que pode dar resposta às necessidades de transporte que resultam do facto
de as famílias poderem deixar, finalmente, os automóveis e aderir aos transportes públicos em cada uma das
cidades e dos nossos concelhos.
Sabemos que outros grupos parlamentares, como, aliás, foi há pouco referido pelo Sr. Deputado Bruno Dias,
defendem o aumento do valor alocado a esta medida. No entanto, gostaríamos de realçar que este Programa é
acompanhado por um outro conjunto de medidas estruturantes que não podem ser abandonadas nem podem
deixar de estar previstas no Orçamento do Estado: os grandes investimentos nas empresas públicas de
transportes, a revisão dos contratos de serviço público com as empresas que garantem um efetivo serviço
público de transportes, bem como o reforço das compensações financeiras atribuídas às diversas empresas
públicas de transporte do Estado.
Entendemos, portanto, que se trata de uma medida que vai mudar o paradigma da mobilidade e dos
transportes públicos em Portugal e que é, ao mesmo tempo, equilibrada, ao procurar garantir, em concertação
com as restantes medidas, que haja uma mudança naquilo que é hoje o panorama da mobilidade e dos
transportes públicos das nossas cidades.
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Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Heitor de Sousa, do Bloco de
Esquerda.
O Sr. HeitordeSousa (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, as nossas
propostas referentes a este artigo decorrem de uma avaliação negativa dos montantes e critérios que o Governo
incluiu no PART.
Quanto a nós, os 83 milhões de euros não chegam para uma redução tarifária que se veja e para que ela
seja extensiva a todo o País. O PART não inclui a gratuitidade dos transportes públicos até aos 12 anos em todo
o País; o PART não cria condições de acesso universal ao passe social para, desta forma, tornar mais atrativo
o uso dos transportes públicos e, assim, pugnar por uma maior mobilidade e um melhor ambiente para todos.
Tal aconteceria se o artigo se referisse a um princípio de passes sociais para todo o continente e regiões
autónomas e se o seu custo fosse alinhado com os valores máximos a praticar nas Áreas Metropolitanas de
Lisboa e do Porto.
Com esses objetivos, defendemos um reforço financeiro da verba do PART, recorrendo à receita do ISP
(imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos) e de outras taxas conexas, nos montantes necessários
para os apoios a definir em conjunto com as áreas metropolitanas, as CIM e os Governos Regionais.
Por outro lado, a repartição de receitas pelos operadores deve corresponder ao percurso médio efetuado em
cada modo de transporte e não ao tempo médio de deslocação, caso contrário será prejudicado quem não
circula em sítio próprio.
Por fim, as reduções tarifárias devem abranger todas as deslocações pendulares que ocorram em territórios
localizados fora das áreas metropolitanas.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Emídio Guerreiro, do PSD.
O Sr. EmídioGuerreiro (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, reduzir
o custo dos passes sociais às famílias é uma excelente ideia.
O que não é compreensível, o que não é aceitável e que é extremamente injusto é o modelo que temos em
cima da mesa, proposto pelo Governo: o de que todos os portugueses paguem as reduções para alguns.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Exatamente!
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — E no Porto e em Lisboa, de preferência, antes das eleições europeias e
das eleições legislativas; no resto do País, logo se vê. Isto não é justo, não é aceitável e é, até, intolerável numa
democracia.
VozesdoPSD: — Muito bem!
O Sr. EmídioGuerreiro (PSD): — Faz sentido que seja para todos, em todo o território do País. É esta a
nossa proposta!
Se, de facto, é para todos, como disse o Sr. Deputado Ricardo Bexiga, então, que seja mesmo para todos e
que, no mesmo dia, de norte a sul, todos os portugueses, todas as famílias sejam beneficiadas por esta proposta.
É isto que propomos.
Se, de facto, as palavras forem iguais aos atos, os senhores terão uma solução: votar a proposta do PSD.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral, do CDS-PP.
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O Sr. HélderAmaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, os
senhores vão ter de explicar como é que a maior carga fiscal de sempre resulta nos piores serviços públicos de
sempre.
VozesdoCDS-PP: — Muito bem!
VozesdoPS: — Ah!
O Sr. HélderAmaral (CDS-PP): — Os senhores vão ter de explicar como é que o investimento na ferrovia,
que é anunciado como o maior nos últimos 100 anos, representa o pior serviço ferroviário dos últimos 100 anos.
VozesdoCDS-PP: — Muito bem!
O Sr. HélderAmaral (CDS-PP): — Portanto, votaremos a favor de todas as propostas que cheguem à
prática, como dizia o Sr. Deputado Bruno Dias, que tragam justiça, universalidade e qualidade de serviços de
transportes.
O Sr. PedroMotaSoares (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. HélderAmaral (CDS-PP): — Isto, porquê? Porque os senhores são responsáveis — fica bem patente
o que significa um Governo com PS, Bloco de Esquerda, Partido Ecologista «Os Verdes» — pelo facto de 85%
da rede ferroviária estar em risco de acidente. O risco duplicou no mandato do tal Governo que vinha resolver o
problema do serviço público de transportes.
VozesdoCDS-PP: — Muito bem!
O Sr. HélderAmaral (CDS-PP): — É por isso que queremos votar favoravelmente todas as propostas que
transformem o «PARV», que é o «Plano de Ação de Recolha de Votos», num verdadeiro PART, num verdadeiro
plano de redução de tarifas.
Portanto, todas aquelas propostas que levam a redução de tarifas ao País, que levam a redução de tarifas a
todos os que precisam de serviços públicos terão, da parte do CDS, o voto favorável.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A última intervenção no debate sobre este artigo cabe ao
Governo, através do Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes.
Tem a palavra, Sr. Secretário de Estado.
O Sr. SecretáriodeEstadoAdjuntoedaMobilidade (José Mendes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Deputados, o Programa de Apoio à Redução Tarifária nos transportes públicos é certamente uma das medidas
emblemáticas deste Orçamento do Estado e é uma medida de coesão social, porque permite que mais cidadãos
possam aceder a mais oportunidades, a um custo mais acessível, mais suportável, e contribuindo, já agora, para
o combate às alterações climáticas.
É por isso que compreendo, sinceramente, a frustração das bancadas do PSD e do CDS, quando apontamos
para uma medida desta natureza. É que quem tanto desinvestiu no serviço público de transporte, durante o
período da anterior Legislatura, reduzindo, em 1000 trabalhadores, os funcionários das empresas públicas de
transporte, reduzindo, em 25%, a oferta, aumentando brutalmente o preço do custo de transporte, ao mesmo
tempo que retirava rendimentos aos portugueses, só pode sentir frustração por haver um Governo que endereça
esta temática desta forma.
Aplausos do PS.
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos ao artigo 190.º e a única inscrição para o debate deste
artigo…
O Sr. SecretáriodeEstadoAdjuntoedaMobilidade: — Sr. Presidente…
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Peço desculpa, Sr. Secretário de Estado, pensei que tinha
terminado.
Faça favor de prosseguir.
O Sr. SecretáriodeEstadoAdjuntoedaMobilidade: — Sr. Presidente, foi uma pausa dramática.
O PART não é só para Lisboa e para o Porto.
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — É, é!
O Sr. SecretáriodeEstadoAdjuntoedaMobilidade: — Se os Srs. Deputados do PSD e do CDS lessem
o n.º 2 do artigo 178.º — porque, para votar, é preciso ler as propostas —,…
Aplausos do PS.
… verificavam que o dinheiro é para ser repartido pelas áreas metropolitanas e pelas comunidades
intermunicipais.
O Sr. EmídioGuerreiro (PSD): — Qual é a data?!
O Sr. SecretáriodeEstadoAdjuntoedaMobilidade: — Ora, se é para ser repartido pelas comunidades
intermunicipais, vai necessariamente para além das áreas metropolitanas.
O Sr. EmídioGuerreiro (PSD): — Porto e Lisboa têm data! Onde é que está a data para o resto do País?!
O Sr. SecretáriodeEstadoAdjuntoedaMobilidade: — Portanto, ultrapassada esta tentativa de repetir
muitas vezes uma mentira na expectativa de que ela se torne verdade, coisa que não é possível,…
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Diga a data!
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade: — … podemos avançar e dizer que, apesar de nesta
proposta termos partido de uma primeira dotação de 83 milhões de euros, trabalhámos intensamente durante
estes dias na dimensão orçamental deste PART e podemos aumentar esta dotação orçamental até aos 104
milhões de euros, acompanhando desta forma as propostas de diversas bancadas parlamentares.
Os Srs. Deputados podem ter a certeza de uma coisa: o Governo está empenhadíssimo em melhorar, tornar
mais larga, mais complexa, mais diversa a cadeia da mobilidade, em Portugal. Mas, neste exercício, há algo
que vos posso garantir: é que o transporte público terá sempre um papel nuclear.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Secretário de Estado, queria pedir-lhe desculpa pelo meu
lapso, que interrompeu a sua intervenção.
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Peço a palavra, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para que efeito, Sr. Deputado?
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O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Para pedir um esclarecimento, Sr. Presidente.
Gostaria que o Governo informasse qual é a data em que este programa se vai aplicar ao resto do País,
porque o diploma só tem a data em que ele se aplica em Lisboa e no Porto.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Vamos passar à apreciação do artigo 190.º — Consignação de
receita do imposto sobre produtos petrolíferos e energéticos.
Para esse efeito, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Mota Soares, do CDS-PP.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, permita-me que, antes de iniciar a minha intervenção,
diga o seguinte: julgo ter sido feito um pedido de esclarecimento ao Sr. Secretário de Estado e que, portanto,
deve ser dada a palavra ao Sr. Secretário de Estado para responder.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares (Pedro Nuno Santos): — Aqui, não há pedidos
de esclarecimento!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado Pedro Mota Soares, a Mesa concedeu-lhe a palavra
para intervir a propósito do artigo 190.º
Fará o favor de fazer essa intervenção.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, relativamente a este artigo 190.º, o CDS apresentou
uma proposta que elimina a sobretaxa, de 6 cêntimos por litro sobre a gasolina e o gasóleo, que o Governo do
Partido Socialista criou em 2016.
Sabemos muito bem quem é criou e em que condições foi criada esta sobretaxa sobre a gasolina e o gasóleo.
Quem a criou foi o Governo do Partido Socialista, ainda que tenha tido, depois, o apoio quer do Partido
Comunista Português, quer do Bloco de Esquerda, quer de Os Verdes para a manter até hoje.
Mas sabemos, acima de tudo, as condições em que este imposto foi criado. Ele foi criado para ser um imposto
neutral, isto é, quando o preço da gasolina começasse a subir e o Estado arrecadasse mais dinheiro em IVA, o
ISP devia descer. Essa foi a palavra dada neste Parlamento pelo Primeiro-Ministro, pelo Ministro das Finanças
e pelo, então, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.
Protestos do Deputado do PS Fernando Rocha Andrade.
A verdade é que esse imposto, que era um imposto neutral e que devia ser temporário, se transformou num
enorme peso fiscal, numa enorme carga fiscal sobre os contribuintes portugueses.
Estamos a falar, de 2016 até hoje, de mais de 1000 milhões de euros que foram retirados às famílias e às
empresas, em Portugal, para alimentar os cofres do Estado.
Convém que olhemos para os números como eles são: hoje, 1 litro de gasóleo está 33 cêntimos mais caro
do que estava no início de 2016, sendo que, desses 33 cêntimos, 14 cêntimos são impostos, ISP e IVA. Na
gasolina, 1 litro está hoje 17 cêntimos mais caro do que estava no início de 2016, sendo que, desses 17 cêntimos,
8 cêntimos são impostos, ISP e IVA.
Percebemos todos, hoje, que a neutralidade fiscal prometida pelo Partido Socialista foi um logro, mais um
dos logros deste Orçamento.
Aplausos do CDS-PP.
A proposta que hoje trazemos aqui a Plenário esteve quase — mas mesmo quase — a ser aprovada em
junho deste ano. E essa proposta só não passou porque, na altura,…
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Porque era inconstitucional!
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O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — … alguns partidos políticos diziam que ela não podia ser votada fora
do Orçamento, mas que estariam cá para votar essa proposta neste Orçamento.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Exato!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Marcámos um encontro para este dia. Hoje é o dia em que, em sede
orçamental, o CDS volta a propor a eliminação da sobretaxa. Vamos ver como é que muitos dos partidos que
dizem aos portugueses que são contra esta sobretaxa na gasolina e no gasóleo vão votar.
Neste momento, a eliminação da sobretaxa sobre a gasolina e sobre o gasóleo não está só nas mãos do
CDS, está nas mãos de todos os Deputados. Vamos ver como é que ela irá ser votada hoje à tarde.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Pacheco, do PSD.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, de facto,
o imposto sobre os combustíveis e a sobretaxa criada pelo Governo representam uma das fraudes com que
este Governo brindou os portugueses.
Por isso, é natural que o Partido Social Democrata apresente uma proposta para repor os níveis do imposto
daquele dia em que o Governo decidiu aumentá-lo.
Quando o Governo decidiu aumentar os impostos sobre os combustíveis e criar uma sobretaxa argumentou,
pura e simplesmente, o seguinte: «Nós precisamos de receita, o preço do petróleo caiu, este imposto vai ser
temporário e é só para que o Estado não fique a perder». Muito bem! E, por isso, assim vigorou durante meses.
Só que, a seguir, o preço dos combustíveis começou a subir e o Governo esqueceu a promessa, porque lhe
interessava arrecadar mais receita.
Ora, depois de retirados 1000 milhões de euros dos bolsos dos contribuintes, estamos hoje aqui a dizer:
«Não é para baixarem. É para cumprirem a vossa promessa e reporem este imposto nos níveis em que estava
quando os senhores contribuíram para o seu aumento».
Por essa via, tentamos quebrar duas fraudes: a fraude do Governo, porque disse uma coisa e não cumpriu,
mas também a fraude de outros partidos que falam, falam, falam, dizem que estão contra, mas, no momento da
verdade, calam-se e votam, ao lado do Governo, a manutenção deste imposto.
Aplausos do PSD.
Isso é fraude, fraude! Fraude, porque, quando se diz uma coisa e se faz o seu contrário, isso significa que
não se tem princípios. E também são os princípios de todos os partidos que vão ser avaliados esta tarde, quando
formos votar esta proposta.
Mas esta proposta do PSD também visa pôr fim aos esquemas com que este Governo brinda os portugueses.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — É que o Governo, pura e simplesmente, disse: «Nós vamos baixar o imposto
sobre os produtos petrolíferos». E, depois, o que é que se confirma? Que, afinal, é só sobre a gasolina, quando
o gasóleo é aquilo que tem 80% do mercado. Aliás, a seguir, o Governo cria uma taxa adicional de carbono, que
faz com que fique tudo na mesma e que o Estado arrecade mais 200 milhões de euros, de acordo com as
previsões do Governo para o próximo ano.
Ora, este esquema a que tem de ser posto um fim também é fraude.
Por isso, vamos ser claros: hoje, todos irão saber quem é, de facto, contra a manutenção deste imposto aos
níveis em que está e quem fala, fala, fala, mas, no fim, aceita tudo aquilo que o Governo propõe.
Aplausos do PSD.
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (António Mendonça Mendes): — Sr. Presidente, Sr.as e
Srs. Deputados, Srs. Deputados Pedro Mota Soares e Duarte Pacheco, ouvi com atenção as vossas
intervenções e a adjetivação que usaram e gostaria de contribuir para que os Srs. Deputados possam, com toda
a informação, passar a dizer a verdade.
A primeira questão sobre a qual tenho de vos esclarecer é que a receita do ISP não aumentou 1000 milhões
de euros, Srs. Deputados. Esse número não tem qualquer adesão à realidade e a sugestão que faço, Srs.
Deputados, é que consultem os boletins de execução orçamental da DGO (Direção-Geral do Orçamento).
Mais: no que diz respeito ao encontro que temos marcado para hoje na sequência de um debate de junho,
também pedia aos Srs. Deputados que fizessem o favor de ouvir bem aquilo que o Governo disse na altura. O
Governo, na altura, disse que estava disponível para, no quadro do Orçamento do Estado, discutir a tributação
da energia e as questões da mobilidade no quadro da política do ISP.
Quero também lembrar, Sr.as e Srs. Deputados, que, na sexta-feira, foi publicada uma portaria — e,
porventura, ainda não tiveram oportunidade de a ler — que reverte em 3 cêntimos a taxa do ISP da gasolina.
Quero, então, dar a resposta ao Sr. Dr. Rui Rio, que duvidava que o Governo viesse a concretizá-lo, e quero
apenas informar os Srs. Deputados que a portaria foi publicada.
Aplausos do PS.
A portaria foi publicada.
Por outro lado, este Orçamento do Estado contém, como há pouco acabámos de discutir, um enorme alívio
para todo o País traduzido numa redução tarifária em termos do apoio às políticas de mobilidade. E este é
também o Orçamento que contém medidas muito concretas para a energia e, em particular, para a eletricidade.
Sr.as e Srs. Deputados, ao longo do último mês, o gasóleo tem descido; ao longo dos últimos três anos, o
transporte de mercadorias beneficiou do gasóleo profissional.
Sr.as e Srs. Deputados, a política fiscal tem de estar ao serviço dos portugueses.
Quero também relembrar-vos que um terço da receita do ISP é receita consignada, seja ao Fundo Ambiental,
seja ao Fundo Florestal Permanente (FFP), seja à contribuição para a segurança rodoviária.
Srs. Deputados, tínhamos um encontro marcado para este Orçamento, sim, um Orçamento sustentável e um
Orçamento com políticas de mobilidade e de energia para o País.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Ainda sobre o artigo 190.º, tem novamente a palavra o Sr.
Deputado Pedro Mota Soares.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
vamos, então, à verdade! A verdade é que foi este Governo que prometeu aos portugueses que o imposto seria
neutral.
Vozes do CDS-PP: — É verdade!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Isto quer dizer que, se houvesse possibilidade de o Estado arrecadar
mais receita fiscal por cada litro de gasóleo e por cada litro de gasolina, o ISP iria descer.
Sr. Secretário de Estado, vamos à verdade: em janeiro de 2016, o Estado arrecadava, em cada litro de
gasóleo, 59 cêntimos de imposto; hoje, o Estado está a arrecadar, em cada litro de gasóleo, 73 cêntimos de
imposto. Por isso mesmo, há margem para baixar o imposto, sem perder receita fiscal, a janeiro de 2016, que
era o que os senhores consideravam que era a fiscalidade certa. E passa-se exatamente a mesma coisa quanto
à gasolina, Sr. Secretário de Estado.
Por isso mesmo, a verdade é que os senhores mentiram aos portugueses quando disseram que o imposto
ia ser neutral e, depois, retiraram a palavra que deram.
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Aplausos do CDS-PP.
E, hoje, Sr. Secretário de Estado, quando olhamos para as contas, sabemos que, na gasolina, em ISP e em
IVA, os portugueses pagaram mais 1000 milhões de euros acima da neutralidade. Não sou eu que o digo, quem
fez esta conta foi a UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental), logo no ano de 2016, nós só completámos
o resto com o raciocínio da UTAO.
Em segundo lugar, Sr. Secretário de Estado, o encontro marcado não era consigo. Nós reconhecemos que
o Governo mentiu, pois disse uma coisa e, ao retirar o que disse, ao retirar a palavra, mentiu aos portugueses.
O encontro marcado — e a palavra que, neste momento, queremos saber se é ou não verdadeira nesta
discussão — é com aquelas bancadas que estão à minha frente, as bancadas da esquerda. Aquelas bancadas
é que disseram que esta matéria não podia ser discutida fora do Orçamento do Estado e agora estamos aqui a
discuti-la no Orçamento do Estado. E o que é que ouvimos daquelas bancadas? Zero! Um silêncio! Vamos ver
como é que elas votam hoje à tarde.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, de novo, a palavra o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos
Fiscais.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado
Luís Pedro Mota Soares, continuo a não entrar no registo da adjetivação e muito menos nos termos da
adjetivação que o Sr. Deputado usou.
Aplausos do PS.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Mas é verdade!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Mas, Sr. Deputado, quero também pedir-lhe que faça
o favor de consultar e verificar que, em 2015 e 2016, há uma alteração na forma de contabilização da receita do
ISP, que foi uma recomendação do Tribunal de Contas para que a contribuição de segurança rodoviária
passasse também a ser contabilizada neste âmbito.
Era isto que queria dizer-lhe, com verdade, Sr. Deputado.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Ainda sobre o artigo 190.º, tem, de novo, a palavra o Sr. Deputado
Pedro Mota Soares.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
Sr. Secretário de Estado, a verdade tem um contraponto, que é a mentira. Os senhores prometeram uma coisa
aos portugueses. E falharam à verdade, mentiram! A verdade é que estes números que lhe referi não são do
CDS. Estes números foram apresentados num relatório da UTAO. A verdade está nesse relatório.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Srs. Deputados, passamos à apreciação do artigo 192.º —
Subsídio à pequena pesca artesanal e costeira e à pequena aquicultura, para o qual há uma única inscrição, a
do Sr. Deputado Carlos Matias.
Tem a palavra.
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O Sr. Carlos Matias (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, o Estado
deve ter uma maior capacidade de intervenção nas dragagens, uma operação essencial para a segurança dos
cidadãos. Daí, propormos a criação de uma empresa pública de dragagens. Além de mais, tal criará emprego
direto e indireto nos estaleiros portugueses.
Por outro lado, a nossa frota de pesca está envelhecida, as embarcações têm uma idade média que
ultrapassa os 30 anos, o que expõe os pescadores a grandes riscos, levando ao abandono da atividade. Os
apoios à renovação da frota são condição indispensável para assegurar o futuro da atividade pesqueira em
Portugal.
Propomos, ainda, um programa específico visando o levantamento, a recuperação e a modernização de
edifícios de lotas degradados ou em más condições de conservação e funcionamento, como é o caso extremo
da lota da Trafaria.
É também necessário concretizar a há muito reclamada construção do porto de pesca de Tavira para servir
as comunidades piscatórias da Fuseta, de Tavira, de Cabanas e de Santa Luzia. É justo que este Orçamento
viabilize o avanço desta obra.
As associações com estatuto de utilidade pública que atuem no âmbito da promoção de medidas ligadas à
segurança do trabalho no mar, com trabalho tão meritório, devem ser equiparadas a organizações de produtores
da pesca e da aquicultura, como propomos, aliás, por forma a garantir o seu funcionamento.
Finalmente, votaremos a favor de todas as propostas que correspondam aos apoios que se materializam
num desconto no preço final da gasolina e do gasóleo para a pesca, medidas que devem ser regulamentadas a
tempo e horas, o que infelizmente não tem vindo a acontecer.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos à apreciação do artigo 193.º — Programa Nacional
de Regadios.
Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Soares, do Bloco de Esquerda.
O Sr. Pedro Soares (BE):— Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as Deputadas e Srs.
Deputados, é com medidas sérias e sustentáveis que se enfrentam os problemas da floresta, não é com
manifestos, pagos pela indústria da celulose, que se resolvem esses graves e urgentes problemas.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Bem lembrado!
O Sr. Pedro Soares (BE):— Um dos passos mais sólidos da reforma da floresta foi a aprovação da proposta
do Bloco relativa às unidades de gestão florestal, as UGF, para a gestão agregada e associativa do minifúndio
florestal, em alternativa à financeirização celulósica da floresta.
No primeiro aviso sobre as candidaturas para a criação das UGF, candidataram-se 28 projetos, que
significam muitos milhares de hectares. É um excelente sinal e indica que o caminho é, de facto, por aqui.
Mas não basta criar UGF, é essencial apoiar o seu funcionamento e o seu investimento no ordenamento
florestal.
É neste sentido que surge esta proposta do Bloco de Esquerda, sobre a atribuição de apoios para que estas
UFG, e as que vierem a surgir possam vingar, sejam um instrumento contra o abandono e retirem os pequenos
produtores florestais da chantagem do lobby do eucalipto, que quer secar tudo à sua volta.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Maurício Marques, do PSD.
O Sr. Maurício Marques (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
o Orçamento que agora se discute, tal como os últimos três, despreza, ignora, hipoteca o futuro do setor agrícola
e florestal em Portugal.
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Este Orçamento demonstra claramente que o Ministério da Agricultura é o parente pobre desta solução
governativa. Este Governo e a sua política têm muita responsabilidade no decréscimo da rentabilidade da
atividade do setor. Nos últimos dois anos, o rendimento da atividade agrícola decresceu mais de 5%.
Para que este setor tenha resultados correspondentes ao esforço, dedicação e empenho dos nossos
agricultores, o PSD apresenta as seguintes propostas: primeira, valorização de produtos agrícolas nacionais.
Esta proposta assenta em três eixos: primeiro, campanhas de divulgação dos nossos produtos agroalimentares;
segundo, reforço da rotulagem dos alimentos, indicando ao consumidor o local de origem do mesmo,
promovendo assim a produção nacional; terceiro, criação de medidas que promovam os mercados de
proximidade como meios alternativos de comercialização das pequenas produções locais, promovendo assim
os territórios mais desfavorecidos.
Por outro lado, o PSD apresenta também medidas ao nível da redução dos custos de fatores de produção
dos agricultores, nomeadamente a eletricidade verde e o gasóleo agrícola, como forma de potenciar a
competitividade das nossas empresas agrícolas.
Por outro lado ainda, porque este Governo teima em atacar o setor florestal e os proprietários florestais com
políticas erradas que só contribuem para o abandono da terra e para a promoção dos matos e infestantes, o
PSD propõe a eliminação de mais um imposto para a floresta.
Chega de impostos! Basta de impostos!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Patrícia Fonseca, do CDS-PP.
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Sr. Presidente, o CDS apresenta também um conjunto de propostas
que têm em vista melhorar a gestão da floresta e contribuir para aquilo que é a gestão florestal, não apenas
quando essa gestão é agrupada, mas também para milhares de pequenos proprietários florestais, para os quais
apresentamos uma dedução à coleta no IRS das despesas feitas com a gestão florestal.
Também apresentamos uma proposta para o incentivo à reflorestação com folhosas autóctones, com um
prémio de perda de rendimento que, aliás, vimos ser repescada do ano passado de uma proposta do CDS e
que este ano revista em baixa na proposta de lei do Orçamento do Estado e também nas propostas que o Bloco
de Esquerda apresenta.
Esperamos que este ano os partidos que acompanham o Governo e o próprio Governo aprovem as propostas
que o CDS tem vindo a apresentar, confirmando que tínhamos razão, vindo este ano o Governo a reboque
daquilo que o CDS já tinha apresentado no ano passado.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos à apreciação do artigo 196.º — Fiscalização prévia
do Tribunal de Contas, e das propostas 543-C, do CDS-PP, e 889-C, do PSD.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Rubina Berardo, do PSD.
A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — Sr. Presidente, falemos da nossa diáspora, um dos maiores bens que
Portugal tem, para os bons e para os maus momentos. O Estado português não pode querer contar com o
contributo dos nossos emigrantes nos dias de sol e depois, nos dias turbulentos, largá-los. É, por isso que o
PSD propõe o plano de apoio ao regresso de cidadãos nacionais e lusodescendentes por motivos humanitários.
Conhecemos, infelizmente de forma muito próxima, Srs. Deputados, o que acontece quando um regime
ideológico colapsa. Há três anos que a situação na Venezuela tem piorado, levando a que milhares de cidadãos
tenham regressado a Portugal com escassos meios de subsistência. Tal tem criado uma pressão acrescida nos
serviços regionais e locais, na ação social, na habitação, na educação e na saúde. O Presidente da Madeira já
o afirmou, o Governo Regional fará tudo para acolher com humanidade os nossos irmãos luso-venezuelanos e
encaramos de forma positiva o seu regresso à Madeira.
E, agora, pergunto: e os Srs. Deputados também farão tudo? Veremos nas votações e esperemos que não
cometam o mesmo erro duas vezes, chumbando automaticamente tudo o que vem desta bancada.
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O futuro dos nossos emigrantes não pode ser um joguete nas mãos da geringonça.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Magalhães, do CDS-PP.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados, em 3 de fevereiro de 2005, digo bem, em fevereiro de 2005, através de um despacho conjunto do
então Governo, foi criado um grupo de trabalho com vista a propor soluções para as questões pendentes
relativas aos cidadãos portugueses residentes nos antigos territórios ultramarinos no período compreendido
entre o 25 de Abril de 1974 e a data de transferência plena de soberania. Ou seja, desde fevereiro de 2005 que
foi criado esse grupo de trabalho ao qual, por responsabilidade de todos, sejamos sérios — cá estaremos nós
também para assumir as nossas responsabilidades —, nunca foi dada execução.
Com esta proposta, o que o CDS pretende, de uma forma responsável e sem criar falsas expectativas, é que
se acabe um trabalho em 2019 que se começou em 2005. É o mínimo que um Estado de bem pode e deve fazer
quando dezenas de milhares de nossos compatriotas entregaram à guarda do Estado documentação que
merece ser analisada e avaliada e, se necessário for, obviamente, esses cidadãos merecem ser ressarcidos.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — É tão-somente isto que se pretende: que o Estado cumpra com a sua
palavra, tardiamente, é certo, responsabilidade seguramente de todos, mas que a cumpra.
É tão só isto, Srs. Deputados, que está em causa, nada mais.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Intervém, agora, o Governo, através do Sr. Secretário de Estado
das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro.
Faça favor.
O Sr. Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas (José Luís Carneiro): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, queria fundamentalmente agradecer as intervenções que foram feitas, porque elas confirmam
a oportunidade das medidas políticas do Governo, ou seja, as medidas políticas que estão em curso relativas
ao reforço da resposta gradual e multinível àqueles que, estando no estrangeiro, se querem reconstituir com as
suas terras de origem.
Por outro lado, também permitem não só validar o reforço dos gabinetes de apoio ao emigrante no território
nacional, os quais, nesta Legislatura, cresceram 46%, mas ainda valorizar a cooperação que o Governo tem
vindo a desenvolver com a Fundação AEP, destinada a apoiar o regresso de uma geração preparada, apoiando,
estimulando a criatividade e a inovação daqueles que regressam e que fizeram parte das saídas do País entre
2010 e 2015, permitindo também valorizar o apoio ao investimento que tem vindo a ser desenvolvido com origem
na diáspora.
Porém, há outras medidas — o Sr. Secretário dos Assuntos Fiscais tem-nas vindo a referir publicamente —
que não são exclusivamente de caráter fiscal, mas têm uma multidimensionalidade que deve ser valorizada. São
assuntos de natureza da segurança social, que têm a ver com as questões fiscais, a mobilidade e a capacidade
de acolhimento por parte dos municípios portugueses.
Queria sublinhar a boa cooperação com os municípios portugueses e a boa cooperação que tem prevalecido
na relação com o Governo da Região Autónoma da Madeira, com o qual estabelecemos um quadro de trabalho
muito regular e que, aliás, está a fornecer pistas para um conjunto de medidas que estão a ser consolidadas
relativamente a uma perspetiva mais ampla sobre aqueles que, tendo saído do País e continuando a fazer falta
ao nosso País, aqui queiram regressar, investir e restabelecer as suas vidas.
Sublinho essa cooperação que envolve cinco Secretarias de Estado do Governo Regional da Madeira e dez
Secretarias de Estado do Governo da República, relacionadas com as questões fiscais, de segurança social,
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habitação, infraestruturas, as questões ligadas à saúde, aliás, também com compromissos muito claros e
objetivos, desta vez inscritos no Orçamento do Estado.
Assim haja capacidade para a execução das medidas, nomeadamente, em termos de segurança social mas
também de apoio à saúde, e o Governo não faltará aos seus compromissos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos à apreciação do artigo 197.º — Alteração ao Código
do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares.
Tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Rocha Andrade, do Partido Socialista.
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados, este é o quarto Orçamento deste Governo em maioria parlamentar e é o Orçamento que conclui a
promessa de alívio fiscal no IRS. O alívio fiscal que aconteceu todos os anos, começando, nos primeiros dois
anos, com a redução e a extinção da sobretaxa e, nos dois anos seguintes, com uma reestruturação de escalões
que se concentrou, sobretudo, no segundo escalão, que é, aliás, onde está a mediana dos rendimentos do
trabalho em Portugal, infelizmente, e que totaliza, neste momento, uma devolução de rendimento, ou seja, uma
perda de receita superior a 1000 milhões de euros anuais.
Por isso, porque concluímos este processo, não faz sentido pegar num qualquer aspeto isolado desta vasta
reforma e dizer que o alívio fiscal podia ser maior. O alívio fiscal pode sempre ser maior, e não é difícil propor
alívios fiscais quando não se está no Governo!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Bem observado!
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Aliás, o PSD e o CDS provam constantemente a facilidade que há
em propor alívios fiscais quando não se está no Governo!
Aplausos do PS.
Difícil é executar alívios fiscais e, ao mesmo tempo, assegurar que há recursos públicos para financiar todas
aquelas prioridades que, desde o começo da manhã de ontem, estamos aqui a discutir e para as quais, a julgar
também pelas intervenções, esses recursos públicos são sempre insuficientes.
Neste Orçamento, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista propõe um conjunto de medidas das quais me
permitia destacar duas que favorecem no IRS a poupança para a reforma: uma, eliminando o incentivo à
desmobilização antecipada de fundos de pensões, e outra, permitindo que a consideração das mais-valias
imobiliárias para quem tem mais de 65 anos se faça por outros meios que não só por aquisição de uma nova
casa.
Mas há também muitas votações importantes, na especialidade, em torno de IRS, porque os mesmos
partidos que, em 2014, fizeram uma reforma do IRS vêm agora, em 2018, apresentar um conjunto de propostas
que, fundamentalmente, abandonam a filosofia que estava presente na própria reforma que apresentaram e
que, no caso do CDS — verdadeiramente! —, atira também pela borda fora o princípio da igualdade tributária.
Aplausos do PS.
Protestos do Deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares.
O Sr. Deputado quer um exemplo? O exemplo é o seguinte: nas deduções à coleta do atual IRS, o Estado
permite uma dedução à coleta de 15%, com limite, na saúde, e permite uma dedução à coleta de 30%, com
limite, na educação; o CDS vem agora propor que alguns contribuintes, quando põem gasolina no carro, tenham
uma dedução à coleta de 100% e sem qualquer limite!
Srs. Deputados, sei que o CDS já corrigiu a proposta que, na alteração à taxa reduzida do IVA, incluía os
espetáculos de caráter pornográfico na taxa reduzida, mas estas propostas são o equivalente.
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O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Para isso já temos as vossas intervenções!
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Estas propostas são obscenas do ponto de vista da igualdade
tributária. Estas propostas são a pornografia fiscal!
Aplausos do PS.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Obsceno é mentir às pessoas! Isso é que é obsceno!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá, do PCP.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, o PCP propõe, em
sede de IRS, um novo alívio fiscal para os contribuintes de baixos rendimentos, por via de um aumento do
mínimo de existência.
Por proposta do PCP, o mínimo de existência foi descongelado em 2018, garantindo que, no próximo ano, o
seu valor aumentará 150 €. Mas é possível — e justo! — ir mais longe. Por isso, propomos uma alteração da
fórmula de cálculo do mínimo de existência, garantindo um alívio fiscal que poderá ir até aos 450 €.
Propomos, ainda, a atualização dos limites dos escalões do IRS. O anterior Governo PSD/CDS não fazia
essa atualização, implicando que o IRS se ia agravando um pouco todos os anos. Desde 2016, com a
intervenção decisiva do PCP, os limites de escalões foram atualizados anualmente, mas agora o PS e o seu
Governo, obcecados com o défice, pretendem interromper essa prática e voltar a congelar os escalões do IRS
para ir buscar mais 60 milhões de euros aos rendimentos do trabalho. O PCP rejeita este caminho, propondo
uma atualização à taxa de inflação.
Apresentamos também uma proposta dirigida aos inquilinos vítimas da lei dos despejos do anterior Governo
PSD/CDS. Propomos que as indemnizações recebidas na sequência de ações de despejo não sejam tributadas
em sede de IRS. Entende o PCP que estas pessoas, regra geral idosas e com baixos rendimentos, não devem
ver o seu problema de perda de habitação agravado com um pagamento adicional de imposto.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — A par destas medidas de alívio fiscal dos trabalhadores, dos reformados e das
famílias, o PCP propõe uma tributação mais adequada dos grandes rendimentos e dos grandes lucros. Mais
concretamente, propomos, em sede de IRS, o englobamento obrigatório dos rendimentos de capital e prediais
para os contribuintes com rendimentos muito elevados e, em sede de IRC, a criação de um novo escalão da
derrama estadual para as grandes empresas.
Estas são medidas justas e necessárias que trazem maior equidade fiscal ao Orçamento do Estado.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Cristóvão Crespo, do PSD.
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
o que me ocorre primeiro é perguntar aos portugueses e às empresas onde é que está o alívio fiscal que o Sr.
Deputado Rocha Andrade trouxe à Assembleia,…
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — É a EDP! A EDP teve um alívio fiscal!
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Estamos a falar de IRS, não é de IRC!
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — … porque, de facto, este é o capítulo predileto da maioria de esquerda:
castigar os portugueses e as empresas com impostos.
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O Sr. Paulo Sá (PCP): — O PSD pode votar a favor das propostas do PCP!
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — A especialidade desta maioria é inventar, criar, aumentar, majorar
impostos adicionais ou contribuições extraordinárias, especiais e municipais. Se, com tudo isto, há um alívio
fiscal, não percebo onde é que ele está!?
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Deputado, pode votar a favor das propostas do PCP!
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Srs. Deputados, o resultado evidente é que batem recordes de carga
fiscal a cada ano que passa: no IRS, pela não atualização dos escalões, permitindo que os ganhos da economia
se esfumem; no IRC, com o agravamento da derrama; no IMI, com a criação do adicional ao adicional; pela
contribuição municipal de proteção civil;…
O Sr. Carlos Silva (PSD): — É uma orgia!
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — … pela contribuição especial para a conservação de recursos florestais;
pelas contribuições extraordinárias.
Srs. Deputados, temos, ainda, um conjunto despudorado e extraordinário de aumentos de 50% em taxas,
repito, aumentos de 50% em taxas! É o caso da tributação autónoma de IRS, da tributação autónoma de IRC,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Mas o PSD não vai deixar passar nada disso!
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — … com o imposto de selo. Taxas que aumentaram 50% em 2019 e que
já tinham aumentado em 2018, portanto o dobro das taxas!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Já disse que pode votar a favor das propostas do PCP!
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Isto resulta, efetivamente, numa enorme carga fiscal e é uma verdadeira
orgia fiscal, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Ao fim e ao cabo, o que interessa da discussão desta manhã, da votação
da tarde e da execução ao longo de 2019 é a pose para a fotografia, do PS, do Bloco de Esquerda e do PCP.
Às reivindicações estridentes da manhã sucedem-se as cedências e as trapalhadas nas votações à tarde…
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Falam baixinho, à tarde!
Protestos do Deputado do PCP Paulo Sá.
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — … e que depois, quando existe o descalabro da execução, já não
interessa, já não os preocupa.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — À tarde amocham!
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Resultado: serviços públicos mínimos e degradação acelerada do Estado
social.
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Todos os dias as tragédias se sucedem e percorrem o País, e isso não os preocupa. Por exemplo, a ordem
do dia de hoje é o aumento do número de infetados com SIDA. Todos os dias existe um dado novo em relação
a estas questões.
Com esta governação do PS, Bloco de Esquerda e PCP, é bem evidente: carga fiscal, serviço público mínimo.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, do Bloco de
Esquerda.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o problema da especulação imobiliária e
a necessidade de encontrar medidas fiscais apropriadas esteve presente desde o início destas negociações
parlamentares entre o Bloco de Esquerda e o Governo.
Houve mesmo um acordo de princípio sobre o diagnóstico e também sobre a necessidade de uma futura
medida, que não chegou a avançar porque o Governo desistiu a meio das negociações.
O Bloco não mudou de opinião. Propomos medidas mais justas para tributar as mais-valias imobiliárias,
medidas que promovem a reabilitação urbana e a estabilização do mercado, medidas que penalizam a excessiva
rotação e o aproveitamento de movimentos especulativos, medidas que protegem a morada de família e o
investimento em equipamento empresarial.
São medidas transversais: ajustam as mais-valias em IRS; criam um adicional em IRC, que se estende aos
fundos imobiliários, até agora isentos; e agravam as mais-valias quando são recebidas por entidades offshore.
Devo dizer-vos, ainda, que o PSD também apresentou propostas neste debate, na sequência, aliás, do recuo
do próprio Governo em relação às propostas das mais-valias, as quais queremos assinalar.
Queremos também dizer, no entanto, que a proposta do PSD tem, a nosso ver, três falhas.
Em primeiro lugar, é indiferente à reabilitação urbana, limitando-se a agravar muito no muito curto prazo e a
desagravar muito no longo prazo, uma ideia que não podemos acompanhar.
Em segundo lugar, não estende o seu regime ao IRC, permitindo a fuga para IRC, nem aos fundos
imobiliários.
Em terceiro lugar, tem variações tão bruscas da taxa efetiva que promove, na prática, a retenção de casas,
à espera que o imposto venha a descer no futuro.
Srs. Deputados, as nossas propostas evitam estas falhas e promovem um regime mais justo, um regime
transversal, um regime estruturado, um regime pensado e um regime bem desenhado para tributar de uma forma
mais justa as mais-valias.
Nas votações que faremos esta tarde, o PSD poderá provar que veio a este debate para, de facto, mudar
alguma coisa na tributação de mais-valias, mas o PS também terá uma oportunidade de reconsiderar.
Sejam quais forem as razões para a repentina mudança de posição, o diagnóstico inicial era correto, Srs.
Deputados, e se a vontade do Partido Socialista era verdadeira — e acredito que era! —, então, temos aqui uma
oportunidade de lhe dar consequência.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado António Costa Silva, do PSD.
O Sr. António Costa Silva (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
sobre esta matéria, o PSD tem uma posição completamente diferente das esquerdas, que são cada vez mais
radicais. Entendemos que a correção de parte dos problemas do mercado de arrendamento — que existem,
efetivamente, e devem ser corrigidos — não pode ser feita à custa dos proprietários. Esta é uma grande
diferença que temos em relação às esquerdas. Aliás, os resultados históricos demonstram isso mesmo.
Entendemos que a correção deve ser efetuada através do estímulo da oferta…
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Estudou bem a sua proposta!
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O Sr. António Costa Silva (PSD): — … e sabemos que com uma oferta melhor, com uma oferta maior e
mais regulada é possível o melhor ajustamento, mas também sobre a especulação. Não é, certamente, com
medidas de desincentivo ao investimento que o mercado avançará, que teremos melhores medidas e que as
coisas funcionarão. Requisições forçadas, congelamento de rendas, etc., não é por aí que lá vamos!
Uma das medidas mais emblemáticas no conjunto de propostas que o PSD propõe é a diferenciação da taxa
especial de rendimentos prediais para contratos com duração superior a 5 e a 10 anos.
Protestos do Deputado do BE Luís Monteiro.
Visa-se uma diferenciação positiva na redução da taxa autónoma de IRS para aqueles que celebrem
contratos de longo prazo. O objetivo é o de fomentar, dinamizar e transmitir aos proprietários a segurança jurídica
necessária para poderem celebrar contratos com a duração mais longa, propondo alterações à taxa especial, à
taxa liberatória.
Permitir que aumentem os níveis de confiança entre as partes, entre os inquilinos e os senhorios, é para nós
uma prioridade. Pensamos que este é, efetivamente, um grande contributo que o PSD dá ao Orçamento do
Estado para 2019.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra o Sr. Deputado Virgílio Macedo, do PSD.
O Sr. Fernando Virgílio Macedo (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, todos sabemos — os
portugueses sabem! — que este é um Orçamento que só pensa no presente. Mesmo assim, não deixa de ser
estranho, ou talvez não, que neste Orçamento do Estado não exista uma medida que seja de incentivo à
poupança.
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Não há só duas nem três!
O Sr. Fernando Virgílio Macedo (PSD): — Sabemos que, numa economia como a portuguesa, o nível baixo
ou muito baixo de poupança não promove o investimento, é um fator impeditivo ao crescimento económico futuro
sólido e sustentável e torna o País mais vulnerável a choques externos. Mais: quem não poupa no presente
pode estar a hipotecar o seu bem-estar futuro.
Por isso, o PSD apresentou, de forma responsável, iniciativas que visavam a criação de um conjunto de
incentivos à poupança dos portugueses.
Protestos da Deputada de Os Verdes Heloísa Apolónia.
Ao contrário da narrativa que o Partido Socialista hoje aqui apresenta, ontem essas iniciativas foram
chumbadas, foram rejeitadas! Mas o PSD tem mais propostas de incentivos à poupança e, portanto, há que não
perder a esperança de que, agora sim, essas propostas sejam aprovadas.
Srs. Deputados, a relevância, a importância da poupança não encerra nem pode encerrar em si qualquer
questão de caráter ideológico e, por isso, o PSD espera o apoio de todos os grupos parlamentares para estas
suas iniciativas.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles, do CDS.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o CDS apresenta, sim,
propostas para o IRS de quem vive no interior. Apresenta, com orgulho e com convicção, uma proposta de um
IRS mais baixo para quem vive no interior e que despesas com portagens, gasóleo e gasolina possam ser
descontadas no IRS.
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Sr. Deputado Fernando Rocha Andrade, gostava de lhe dizer que obsceno é ter um país esquecido, que não
é ouvido e que está abandonado pela simples razão de que não tem votos, como faz o Partido Socialista.
Aplausos do CDS-PP.
Obsceno, Sr. Deputado Fernando Rocha Andrade, é ocupar-se dos passes de quem vive nas grandes
cidades e depois quem não tem sequer transportes públicos e não tem outra alternativa senão deslocar-se de
carro que, com muito sacrifício, consegue comprá-lo tem um mísero desconto no IRS. Isso é que é obsceno!
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — O sacrifício é para todos!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Por último, Sr. ex-Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, obscena
foi uma reavaliação de ativos que foi uma borla fiscal para as grandes empresas, para a qual o senhor não se
preocupou se havia dinheiro ou se havia futuro. Isso, sim, foi obsceno!
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Não tem argumentos!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Pacheco, do PSD.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, é conhecido que o PSD já
apresentou um pacote relevante sobre habitação e, nesse pacote, uma das medidas que tem de ser realçada é
a que apresentámos para combater a especulação imobiliária.
O combate à especulação é algo que deve ser partilhado por todos, porque uma coisa é estar no mercado,
naturalmente de livre acesso a todos, para comprar e vender e outra coisa é aproveitar momentos específicos
do mercado para, com comportamentos especulativos, tirar rendimentos que não serão normais, contribuindo
para dificultar o acesso à habitação.
Por isso, o PSD tem propostas para as famílias e para as empresas que atuam neste mercado que visam
baixar a carga fiscal para quem tem o comportamento correto e agravar a fiscalidade para quem tem
comportamentos especulativos.
Para as famílias é muito simples: as pessoas que fiquem com a sua habitação durante muitos anos poderão
pagar, em termos de mais-valias, quando alienarem, menos do que aquilo que pagam hoje e poderão mesmo
não pagar nada. No entanto, quem tiver movimentos especulativos verá a tributação agravada em termos de
mais-valias.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Para as empresas, o inverso. Em termos de IMT (Imposto Municipal sobre
Transmissões Onerosas de Imóveis), aquilo que sabemos é que as empresas que atuam no mercado estão lá
para comprar e vender e não para açambarcar produto para fazer o preço aumentar.
Por isso, as empresas que atuem livremente neste mercado, vendendo num curto intervalo de tempo aquilo
que adquiriram, mantêm a isenção em sede de IMT, mas aquelas empresas que tiverem comportamentos
especulativos, procurando guardar o produto à espera que o preço suba, terão uma penalização em termos
fiscais.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — É clara esta proposta e esperemos que outros possam partilhar este
objetivo.
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Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Intervém, agora, o Governo, através do Sr. Secretário de Estado
dos Assuntos Fiscais.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, em matéria
de IRS, 2019 é o culminar de tudo aquilo que fizemos ao longo da Legislatura. Várias vezes já o dissemos, mas
importa mesmo sublinhar que esta foi uma Legislatura contínua de alívio fiscal para as famílias portuguesas, a
saber, na eliminação da sobretaxa, na substituição do coeficiente familiar pelas deduções e, também, pela
reforma dos escalões e pelo aumento do mínimo de existência.
Tudo conjugado, significa que, em 2019, os portugueses pagarão menos 1000 milhões de euros de impostos
do que pagariam com as regras de 2015.
Quero sublinhar que o mínimo de existência teve não só uma atualização no Orçamento do Estado para 2018
como a promoção de uma alteração da maior importância, que foi uma fórmula de cálculo para determinar este
mínimo de existência para que não ficasse dependente da vontade política de um qualquer governo. Por isso,
essa atualização foi feita no ano passado e volta a ser feita este ano pela alteração da fórmula que aprovámos.
Em 2019, aquilo que fazemos é introduzir medidas de equidade fiscal, medidas essas que não vi aqui
valorizadas pelas bancadas da oposição. Sim, a oposição, que diz que este é um Orçamento eleitoralista, não
diz nada sobre uma medida da maior importância, que é a eliminação da taxa liberatória para os rendimentos
até ao salário mínimo nacional, que era aplicada aos imigrantes, que aqui trabalham, e que, como sabemos,
não votam cá, em Portugal. Esta é mesmo a maior medida eleitoralista.
Aplausos do PS.
Uma outra medida de justiça é a de que as retenções na fonte do trabalho suplementar tenham um tratamento
idêntico àquele que é dado aos subsídios de Natal e de férias. Sim, porque o CDS quer excluir de tributação
estes rendimentos, mas nunca o propôs quando era poder.
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Essa é que é essa!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Nós nunca dissemos que queríamos diminuir a
taxação das horas extraordinárias, mas, sim, equilibrar o momento em que são prestadas e o momento em que
são recebidas.
Quero finalizar esta parte do IRS com uma reflexão às Sr.as e aos Srs. Deputados. Os Srs. Deputados
apresentaram um conjunto de 18 propostas de novas deduções em IRS — repito, apresentaram um novo
conjunto de 18 deduções em IRS, neste Orçamento. Aquilo que peço é a vossa reflexão sobre o seguinte: se
aprovássemos estas 18 propostas neste ano, mais 18 para o próximo ano e mais 18 para o ano seguinte, não
sei onde é que iríamos parar com o IRS. É que, de uma vez por todas, temos de entender que o IRS é um
imposto progressivo, estão definidas deduções pessoais em despesas de saúde, em despesas de educação,
em despesas gerais e familiares.
As medidas que aqui são aprovadas podem ser muito boas para ter um eco num determinado público, são
medidas muito louváveis, como a das bicicletas, a das deduções em imóveis ou a das atividades em ginásio,
mas tudo isto são medidas que apenas descaracterizam o imposto e o tornam regressivo, ao invés de
progressivo.
Por isso, Sr.as e Srs. Deputados, solicito uma reflexão sobre onde iríamos parar se todos os anos
aprovássemos 18 novas deduções ao IRS.
Aplausos do PS.
Protestos do Deputado do PCP Paulo Sá.
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos à apreciação do artigo 198.º — Aditamento ao Código
do IRS.
Tem a palavra o Sr. Deputado José Cesário, do PSD.
O Sr. José Cesário (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, apresentamos
uma proposta relativa ao regime fiscal dos membros das nossas comunidades que se fixem em Portugal, em
primeiro lugar, em nome do respeito que é devido a todos os que de cá saíram, não apenas àqueles que saíram
de Portugal até 2015 mas também a todos os outros, em segundo lugar, em nome do respeito que é devido
àqueles que nasceram fora e que pretendam, hoje, fixar-se em Portugal e, finalmente, em nome da verdade,
porque, ao contrário daquilo que o Governo diz, hoje continuamos a ter pessoas a sair de Portugal.
O Sr. Carlos Alberto Gonçalves (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Isaura Pedro (PSD): — Exatamente!
O Sr. José Cesário (PSD): — A verdade é que, relativamente a 2015, hoje, na Alemanha, vivem mais 12
881 portugueses;…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Por que será!?
O Sr. José Cesário (PSD): — … no Reino Unido, vivem mais 16 000; no Canadá, mais 6146; no Luxemburgo,
mais 4700; na Bélgica, mais 2900; na Holanda, mais 2300.
O Governo que não diga que não sabe, que não conhece estes números. Tal como não sabe nada de Tancos,
tal como não sabe nada de Borba, é bom que saiba aquilo que se passa com os portugueses que saem de
Portugal hoje e que continua a alimentar o universo da nossa emigração.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, em nome do Governo, o Sr. Secretário de Estado
dos Assuntos Fiscais.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado
José Cesário, reconheço-o como alguém preocupado com as comunidades portuguesas, não apenas pelas
funções que já exerceu por mais do que uma vez como também pelo círculo eleitoral em que é eleito. Mas, Sr.
Deputado, o senhor está sentado numa bancada que convidou os portugueses a emigrar.
Aplausos do PS.
Aquilo que nós fazemos é convidar os portugueses a regressar. Todos os portugueses, Sr. Deputado!
Protestos do PSD.
Srs. Deputados, nós temos um programa integrado de promoção do regresso daqueles que, por algum
motivo, tiveram de abandonar o País em qualquer altura das suas vidas. Esse programa tem diversas
componentes, incluindo uma componente fiscal, e é essa componente fiscal que hoje o PSD traz a debate.
Quero cumprimentar o PSD, porque, meses depois de o Secretário-Geral do PS ter anunciado essa medida,
finalmente, está visto que ela era eficaz. Os Srs. Deputados disseram que não era, mas, afinal, era mesmo
eficaz.
Aplausos do PS.
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos à apreciação do artigo 203.º — Alteração ao Código
do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Jamila Madeira, do Partido Socialista.
A Sr.ª Jamila Madeira (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Caros Deputados, este é um
Orçamento amigo das empresas, é um Orçamento que, tal como os três anteriores, promove empresas mais
capitalizadas, mais solventes e menos endividadas.
Só nas empresas não financeiras, segundo o INE (Instituto Nacional de Estatística), temos 11,5% de
crescimento do volume de negócios desde 2015, uma melhoria do rácio da dívida em menos de 13% e um
aumento da autonomia financeira de mais 13%, a par da produtividade de trabalho reforçada em 3,6%.
Sim, todos sabemos que as empresas não financeiras, as empresas da economia real, são indispensáveis
para recuperar as contas públicas e, por isso mesmo, o Orçamento do Estado de 2019 segue esta linha, ou seja,
assume a estabilidade fiscal e reforça o apoio à capitalização das empresas.
Assim, permitam-me que destaque o fim da obrigatoriedade do pagamento especial por conta, bem como o
fim da coleta mínima de IRC simplificado e o aumento do limite máximo dos lucros retidos e reinvestidos de 7,5
para 10 milhões, premiando, claramente, quem puxa pela economia.
É por isso também, e a puxar pela economia, que o PS apresentou uma proposta de apoio e estímulo à
indústria nacional, à indústria de embarcações eletrossolares, equiparando os benefícios aos atualmente
existentes para os veículos elétricos.
Por isso, já que não nos acompanham nas outras propostas, esperamos que esta recolha o vosso apoio.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A palavra cabe agora ao Sr. Deputado Duarte Alves, do PCP.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, 20 anos depois da
criação do pagamento especial por conta — que, quando foi criado, foi apresentado como temporário — os
micro, pequenos e médios empresários estarão este ano finalmente livres da obrigação de pagar esta autêntica
coleta mínima, que fazia com que as empresas mais pequenas suportassem, muitas vezes, um esforço fiscal
superior ao das grandes empresas.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Por intervenção do PCP, ao longo dos últimos anos, fez-se um caminho de
progressiva redução do PEC (pagamento especial por conta), com vista à sua extinção. Recordamos que, nesse
caminho, os pequenos e médios empresários não puderam contar com o PSD nem com o CDS. Além de terem
mantido o PEC quando foram Governo, nenhum destes partidos acompanhou as propostas concretas para a
sua redução. Sabemos bem que, quando estes partidos se mostram muito preocupados com as empresas, essa
preocupação é com as grandes empresas e não com as micro, pequenas e médias empresas, que
correspondem à base do tecido empresarial do País.
Valorizamos o fim da obrigatoriedade do PEC, mas é preciso que não se crie uma nova obrigação declarativa
que crie dificuldades e restrinja o alcance desta medida.
A proposta apresentada pelo PCP clarifica que, até ao prazo legalmente definido, as empresas que cumpram
os requisitos e que não entreguem o PEC estão simplesmente dispensadas do seu pagamento.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Srs. Deputados, o PCP apresentou, ainda, uma proposta de eliminação do
aumento das taxas de tributação autónomas sobre as viaturas, não só em sede de IRC mas também — e aí
fomos os únicos — em sede de IRS, para os trabalhadores por conta própria.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
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O Sr. Duarte Alves (PCP): — O PSD, que há poucos minutos tanto protestou contra o aumento destas taxas,
tem a oportunidade de acompanhar o PCP e de votar estas propostas.
A tributação sobre a atividade empresarial deve ser com base no seu lucro e não através de mais impostos
sobre os meios que lhe permitem desenvolver a sua atividade. Este aumento afetaria, sobretudo, as PME
(pequenas e médias empresas), agravando em centenas de euros o custo de viaturas de que precisam para
funcionar.
Destacamos, ainda, a proposta do PCP para a criação de um regime de conta-corrente entre as micro e
pequenas empresas e o Estado e também propostas para a melhoria do regime de IVA de caixa e o alargamento
da isenção do IVA, que contribuirão para o alívio da tesouraria de muitas empresas.
Srs. Deputados, as propostas do PCP relativas às micro, pequenas e médias empresas são justas e
necessárias, contribuindo para uma maior justiça fiscal e para o desenvolvimento económico do País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A palavra cabe agora ao Sr. Deputado Pedro Mota Soares, do
CDS-PP.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, a quem aproveito para voltar a cumprimentar, Sr.as
e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, chegamos à maior ausência deste Orçamento. O que
claramente mais falta neste Orçamento são estímulos económicos para a economia, para as entidades
empregadoras, para as empresas em Portugal.
É muito simpático ouvirmos, aqui, o Partido Socialista dizer que as empresas estão muito contentes com este
Orçamento. Vamos ver o que é que as empresas dizem. A CIP (Confederação Empresarial de Portugal) afirma:
«As empresas foram esquecidas no Orçamento do Estado do próximo ano»; a Confederação do Comércio e
Serviços de Portugal diz que este Orçamento do Estado é uma «enorme desilusão» para as empresas,…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Olha quem!…
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — … a CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal), que
representa os agricultores, diz que o Orçamento «discrimina a atividade privada» e a Confederação do Turismo
Português, um setor tão importante para Portugal, diz que as medidas de estímulo ao investimento privado «são
insuficientes».
Vemos muito bem que, neste Orçamento do Estado, toda a dimensão empresarial de quem aposta, de quem
cria riqueza, de quem é mais empreendedor é completamente esquecida, tal como foi esquecida, infelizmente,
nos últimos anos. O melhor exemplo disso é o que se passa com as tributações autónomas e com a não extinção
total do PEC, ao contrário do que o Governo tinha negociado com os parceiros sociais, em sede de concertação
social.
Na verdade, é espantoso que, mesmo com uma redução do PEC, no mesmo Orçamento em que não
cumprem o que prometeram aos parceiros sociais, aumentem em 50% as tributações autónomas relativas à
aquisição das viaturas mais baratas e de que as empresas mais precisam.
O CDS apresentou uma proposta no sentido de eliminar esse aumento das tributações autónomas e espera
que seja possível criar uma maioria para garantir que as empresas não saem deste Orçamento ainda pior do
que entraram.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Rios de Oliveira, do PSD.
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Secretários de Estado,
de facto, analisada a reação a este Orçamento, vendido como cheio de virtudes, além do Governo e da
geringonça, não se vislumbra quem o defenda.
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Não são só as associações empresariais, como a CIP, a AEP (Associação Empresarial de Portugal) ou, até,
a Confederação do Comércio e Serviços, que se juntam na crítica. A UGT (União Geral de Trabalhadores)
chama-lhe uma «mão cheia de nada», a FESAP (Federação de Sindicatos da Administração Pública e de
Entidades com Fins Públicos) chama-lhe «um logro para os trabalhadores da função pública», a FENPROF
(Federação Nacional dos Professores) «chumba» o Orçamento, o Sindicato dos Médicos e a Ordem dos
Enfermeiros dizem que é «eleitoralista» e que se traduz num aumento insuficiente do investimento na saúde.
Apetece perguntar: mas, afinal, que parceiros sociais, que agentes económicos é que defendem o
Orçamento?! Como alguém pedia: digam-me um, digam-me um!
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Muito bem!
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Em resumo, este Orçamento apenas é apoiado, e será aprovado,
pela geringonça — PS, Bloco e PCP —,…
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Então, não era eleitoralista?! Decidam-se!
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — … e isto é feito de uma forma tão cínica que até assistimos a votações
num determinado sentido durante o dia e à mudança do sentido de voto durante a noite. É verdade ou é mentira?
O Sr. João Oliveira (PCP): — Tem de passar mais tempo na COFMA para saber como são as votações!
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Dito isto, vamos a um erro e a uma mentira: é falso que haja
diminuição da carga fiscal, basta olhar para o artigo 203.º e para o que se passa com o aumento da taxa de
tributação autónoma em relação a alguns veículos.
Srs. Deputados, isto é um erro e, ainda por cima, no pior sentido. É incoerente e especialmente injusto que
se aumente para 15% a taxa de tributação autónoma sobre os encargos referentes a viaturas ligeiras com um
custo inferior a 20 000 €, ao mesmo tempo que se ignora que, na maior parte dos casos, estamos a falar das
viaturas usadas na atividade corrente das empresas.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Isto não é um luxo, não é uma contrapartida, não faz parte da
remuneração, isto atinge diretamente os orçamentos e os custos das empresas — de todas as empresas, porque
é uma taxa cega.
A Sr.ª Inês Domingos (PSD): — Muito bem!
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — O impacto desta medida é elevado e é um sinal — mais um sinal —
de que este Orçamento vira as costas às empresas.
Enfim, a economia portuguesa tem de crescer, vai ter de crescer, apesar do Governo, mas não por ação do
Governo.
Aplausos do PSD.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Vou registar essa intervenção, Sr. Deputado Paulo Rios!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Em nome do Governo, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado
dos Assuntos Fiscais, António Mendes.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o Governo
crê que a melhor notícia que as empresas podem receber é mesmo não estarem sempre a receber novidades
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fiscais. Sei que pode custar muito a quem está sempre a fazer propostas na área fiscal, mas a verdade é mesmo
esta: não há melhor sinal de confiança para as empresas do que a estabilidade fiscal.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Ah! Estabilidade fiscal é todos os anos aumentarem os impostos às
empresas?!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Aquilo que temos procurado fazer é utilizar os
instrumentos com que as empresas já estão familiarizadas para incentivar o seu uso. É por isso que, por
exemplo, propomos o alargamento da dedução de lucros retidos e reinvestidos, baixando verdadeiramente o
IRC (imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas) para as empresas que, tendo lucros, decidem investi-
los na criação de mais postos de trabalho e de mais riqueza.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Lá vai a estabilidade fiscal à vida!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — É nisso que investimos.
Investimos numa diferenciação do interior — sim! —, tendo não só um pacote fiscal de medidas para as
empresas do interior que utiliza os instrumentos fiscais que já existem no Código Fiscal do Investimento, no
Estatuto dos Benefícios Fiscais, majorando a componente regional, mas também uma autorização legislativa
para baixar o IRC das empresas, em função dos custos da massa salarial associados ao interior.
Por último, Sr.as e Srs. Deputados, nos últimos 20 anos, aquilo que mais ouvimos da parte das empresas
foram referências à injustiça do PEC. Pois bem, Sr.as e Srs. Deputados, o PEC vai ser dispensado para todos,
a partir de 2019.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — A promessa era a de que ia acabar!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Isto representa o cumprimento de uma lei aprovada
aqui, na Assembleia da República, e o facto é que o PEC deixa de ser obrigatório, o que é uma grande notícia
para as empresas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Srs. Deputados, passamos ao artigo 209.º — Alteração ao Código
do Imposto Sobre o Valor Acrescentado.
Para intervir neste ponto, tem a palavra o Sr. Deputado André Silva, do PAN.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, o artigo 209.º
da proposta do Orçamento vem, finalmente, dar um passo — pequenino — na reposição da justiça, ao acabar
com a isenção do pagamento de IVA para toureiros.
A verdade é que não é eticamente aceitável que estes cidadãos, que maltratam animais, sejam equiparados
a médicos ou enfermeiros, profissões fundamentais da nossa sociedade, que estão isentas, e bem, do
pagamento de IVA.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Muito bem!
O Sr. André Silva (PAN): — Será eticamente aceitável que um toureiro tenha um regime de exceção fiscal
quando, por exemplo, um cidadão que usufrua dos serviços de um advogado tem de pagar a taxa máxima de
IVA?
A taxa de 23% de IVA é quanto pagamos a um advogado para poder assegurar a concretização dos nossos
direitos. Este é um fator que, pelos custos que implica, inibe e limita os cidadãos de recorrer à justiça. É incrível
que, num País onde os cidadãos têm de pagar 23% de IVA para aceder à justiça, direito fundamental e
imprescindível num Estado de direito democrático, os toureiros estejam isentos do pagamento deste imposto.
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Precisamente por ser de elementar justiça, propomos o fim da isenção do pagamento de IVA para toureiros
— inscrito na proposta do Orçamento —, bem como a redução da taxa de IVA aplicável aos serviços prestados
por advogados, através da nossa proposta 108-C.
Esta isenção de impostos para a indústria tauromáquica, que tem por base os maus-tratos a animais para
entretenimento, constitui uma forma encapotada de o Estado financiar este negócio, cria uma grosseira distorção
ética e promove uma enorme injustiça tributária.
Os fatos vistosos e as cornetadas não conseguem disfarçar o que é evidente: tourada é violência. Por isso,
enquanto a tortura de animais for legal, o Estado deve, pelo menos, ter uma posição neutral, com respostas que
afastem qualquer benefício fiscal deste setor.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva, do CDS-PP.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs.
Deputados, ontem à noite, nos telejornais do fim do dia — no CDS, ainda mantemos este hábito estranho de ver
telejornais e ler jornais portugueses, vejam só! —,…
Risos.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Bom apontamento de humor!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — … ouvi o Sr. Primeiro-Ministro dizer, em tom proclamatório, que o
PS de hoje é o PS de sempre, o PS da democracia, o PS da liberdade, o partido da «mãozinha».
Neste momento, a oradora ergueu a mão direita.
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — É a outra mão, não é essa!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Confesso que fiquei confusa. Que PS da democracia e da liberdade
é este? É o partido da «mãozinha»…
A oradora voltou a erguer a mão direita.
Vozes do PS: — É a outra mão!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — … que segura o lápis, agora cor-de-rosa, para censurar uma parte
da cultura portuguesa e excluir o cinema, os espetáculos no interior do País e a tauromaquia da cultura? Ou é
o partido da «mãozinha» que diz que nem toda a cultura é cultura, por uma questão de civilização?
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Ou será que o partido da «mãozinha», afinal, é aquele que apenas
segura o lápis cor-de-rosa para riscar espetáculos no interior do País e cinema da cultura?
Para o CDS, defender a liberdade e a democracia significa não discriminar, não agir com preconceito, não
impor uma ditadura do gosto.
A Sr.ª Wanda Guimarães (PS): — Quem diria!…
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Para o CDS, toda a cultura é cultura, independentemente do gosto
de cada um, das crenças pessoais ou das vontades de quem manda.
Exortamos, por isso, o PS, o partido da «mãozinha»,…
A oradora voltou a erguer a mão direita.
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Vozes do PS: — É a outra mão!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — … a deitar fora o lápis e a votar favoravelmente a proposta do CDS,
que rejeita o IVA do gosto e propõe o verdadeiro IVA da cultura, para o canto, para a dança, para a música, para
o teatro, para o cinema, para a tauromaquia, para o circo, em recinto fixo ou em recinto móvel, no litoral ou no
interior do País. Logo à tarde, veremos quem verdadeiramente está do lado da liberdade e da democracia.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Campos, do Bloco de
Esquerda.
O Sr. Jorge Campos (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, as propostas do
Bloco de Esquerda respeitantes à baixa do IVA para os espetáculos artísticos e culturais — e apenas esses —
têm como objetivo facilitar o apoio à cultura no cumprimento dos preceitos constitucionais.
A taxa de 6% deverá ser aplicada, sim, a espetáculos de canto, dança música, teatro, cinema e circo,
excluindo, naturalmente, as entradas em espetáculos de caráter pornográfico ou obsceno, exceções já
contempladas na lei — alguns terão andado distraídos em relação a esta matéria durante algum tempo.
Quanto à tauromaquia, a nossa posição é conhecida. Temos reiteradamente afirmado a nossa oposição a
esta atividade, votámos, há não muito tempo, a favor da proibição das touradas e, portanto, coerentes com este
percurso que temos vindo a fazer,…
O Sr. António Costa Silva (PSD): — «Coerentes»?!
O Sr. Jorge Campos (BE): — … propomos o agravamento do IVA das touradas para 23%, justamente porque
nos encontramos neste tempo e rejeitamos aquilo que consideramos um absoluto anacronismo.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A Mesa foi informada de que o Governo pretende inscrever-se
ainda neste ponto, para o que tem a palavra o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares: — Sr. Presidente, peço desculpa, por falha
minha não o fiz antes, mas queria inscrever o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais para uma
intervenção, se ainda for possível.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Ainda no âmbito do artigo 209.º, tem a palavra o Sr. Secretário
de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendes.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Sr. Presidente, uma vez que já começámos a discutir
este tema, quero reafirmar qual é a proposta do Governo, porque é importante sublinhar o ponto de que partimos
e o ponto que propomos.
Partimos de uma situação em que a venda de bilhetes para espetáculos de natureza artística está na verba
de IVA à taxa intermédia, a 13%. Esta situação, decorrente de uma decisão tomada na Legislatura passada, é
o ponto de partida. Aquilo que o Governo vem propor no Orçamento do Estado para 2019 é que os bilhetes para
espetáculos de canto, dança, música, teatro e circo passem da taxa intermédia para a taxa reduzida, de 6%,
mantendo os bilhetes para outros espetáculos na taxa intermédia.
Este parece-nos ser um caminho responsável e seguro, apesar de não ser, seguramente, o caminho mais
fácil, e fazemo-lo porque, com a introdução do requisito que diz respeito ao recinto fixo, damos um sinal de apoio
às estruturas permanentes que prestam serviços de cultura.
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Quero, contudo, frisar que esta matéria, no que diz respeito ao cinema, é muito mais complexa do que uma
questão de gosto, de preconceito ou do que quer que seja, Sr.ª Deputada Vânia Silva.
O cinema tem duas realidades muito distintas: a realidade dos grandes exibidores e a realidade das pequenas
salas independentes. As pequenas salas independentes de cinema têm muito pouca capacidade de dedução e,
nestas circunstâncias, em termos de concorrência, ficariam numa situação muito pior se passassem para a taxa
reduzida.
É por isso, Sr.as e Srs. Deputados, que, em relação ao cinema, temos uma proposta de autorização legislativa
para criar um regime forfetário que permita favorecer a capacidade de dedução para as salas independentes e
aí, sim, criar condições para, eventualmente, poder fazer a outra alteração. Nós escolhemos o caminho mais
seguro e mais responsável.
Quero igualmente referir, Sr.as e Srs. Deputados, que a entrada em vigor da nossa proposta a 1 de julho de
2019 não tem nada a ver com uma visão economicista. Os Srs. Deputados que aprovarem a proposta para o
dia 1 de janeiro vão ter de justificar por que é que em relação aos bilhetes que foram vendidos para as
temporadas é aplicada uma taxa e, depois, para os bilhetes vendidos a partir de janeiro já é aplicada outra taxa.
Deveriam ter a atenção de perceber que esta mudança exige tempo — esse mesmo tempo — para ser mais
equilibrada.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos ao artigo 211.º — Aditamento à lista l anexa ao Código
do IVA.
Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Testa, do Partido Socialista.
O Sr. Luís Moreira Testa (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, a
dimensão cultural de um povo é construída pelo que se vê, pelo que se ouve, pelo que se lê, mas sobretudo
pelo que se sente.
A dimensão cultural de um povo só é verdadeiramente grande se quando o que se vê, o que se ouve ou o
que se lê admite, em si mesma, sentimentos de sinais contrários.
A cultura é uma construção composta de diversidades e só a democracia a eleva, porque só a democracia
compreende o valor da multiplicidade, o valor da pluralidade.
Não desconhecemos, não podemos desconhecer que a tauromaquia, ela própria, é motivo de discordância,
de controvérsia e de debate.
Contudo, para o Partido Socialista, o debate, a controvérsia e a discordância não afastam, não podem afastar,
a tauromaquia da realidade cultural de um país em que grande parte da sua população e das suas regiões a
veem, a ouvem, a leem e, sobretudo, a sentem como seu património cultural declarado.
A manifestação cultural mais erudita ou mais popular que a tauromaquia assume deve encontrar paralelismo
com todas as mais diversas formas de cultura, independentemente das diferenças que, por assumidas,
encontram liberdade quanto à sua apreciação nos Deputados do Partido Socialista.
A discussão sobre sete pontos percentuais da taxa do IVA não pode encerrar uma discussão sobre a natureza
de um espetáculo, a moral ou a ética dos que o defendem, ou a civilização a que todos, todos sem exceção,
pertencemos.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É o lobby das touradas da bancada do PS!
O Sr. Luís Moreira Testa (PS): — Esta discussão só se coloca nos precisos termos em que é proposta, só
se admite na variação em que é apresentada, e para estes Deputados, que a subscrevem, só existe uma única
possibilidade de garantir a liberdade — defender a igualdade sem privilégios e sem discriminações.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Ainda no âmbito do artigo 211.º, tem a palavra o Sr. Deputado
José Carlos Barros, do PSD.
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O Sr. José Carlos Barros (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, as
propostas do PSD para o IVA da cultura eliminam o caráter discricionário e discriminatório inscrito no Orçamento
do Estado. Discricionariedade quanto à natureza dos recintos, ou seja, de o mesmo espetáculo estar sujeito a
IVA de 6% se se realizar numa sala de teatro e de 13% se se realizar no coreto de um jardim público ou se tiver
lugar numa festa ao ar livre numa vila de província, o que não podemos aceitar.
Discricionariedade e discriminação, também, quanto ao tipo de espetáculo, conforme gostos ou
contingências de negociação, aliás chegando-se à singularidade de o Partido Socialista, nesta matéria, estar
contra o Orçamento do Estado, ficando este a ser defendido pelo Bloco de Esquerda e pelo PAN. Tudo isto em
vez de se considerar, como propomos, o que a lei determina sobre o que são espetáculos de natureza artística.
Em ambos os casos, portanto, elimina-se esta discricionariedade, ao mesmo tempo que se ultrapassa e
desmascara a habilidade do Governo, naquilo que é já um padrão, de inicialmente se anunciar uma coisa,
parecer uma coisa, e depois, no texto do Orçamento, se verificar que, afinal, é diferente.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — De acordo com as inscrições registadas na Mesa, a próxima será
a última deste debate, a não ser que alguma Sr.ª Deputada ou algum Sr. Deputado ou Membro do Governo
entendam inscrever-se.
Para uma intervenção no âmbito do artigo 221.º — Alteração ao Código dos Impostos Especiais de Consumo
(IEC), tem a palavra o Sr. Deputado André Silva, do PAN.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, trazemos a
debate as propostas 99-C e 115-C, referentes ao IVA e ao imposto especial de consumo das bebidas
açucaradas.
Para 2019, o Governo volta a mexer na tributação especial do consumo às bebidas açucaradas, redefinindo
a progressividade do imposto, e fá-lo seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde, que
sustenta a eficácia desta medida na redução do consumo de açúcar, especialmente nas crianças, e na poupança
de custos para os sistemas de saúde.
O PAN defende esta proposta porque acredita que a fiscalidade deve estar ao serviço da saúde pública. Mas
o Governo, mais uma vez, fez-se de esquecido relativamente à bebida com mais açúcar no mercado: o leite
achocolatado.
Mas nós vimos aqui uma vez mais para lembrar. Vejamos: a tributação incide sobre vários refrescos, alguns
conhecidos como ice tea, que têm uma quantidade de açúcar de 45 gramas por litro, o equivalente a nove
pacotes de açúcar. Estes refrigerantes pagam IABA (imposto sobre o álcool e as bebidas alcoólicas) e 23% de
IVA.
Neste momento, o orador exibiu um modelo, em cartão, com um pacote de «ice tea» e nove pequenos
pacotes de açúcar.
Já o leite achocolatado, que em algumas marcas contém 120 gramas de açúcar por litro, portanto contendo
quase três vezes mais açúcar do que o icetea, o equivalente a 24 pacotes de açúcar, não paga IABA e a taxa
de IVA é de 6%.
O orador voltou a exibir um modelo, em cartão, com um pacote de leite com chocolate e 24 pequenos pacotes
de açúcar.
Há aqui um paradoxo, Srs. Membros do Governo! O Ministério da Saúde desenvolve campanhas contra a
obesidade e a diabetes, um flagelo que afeta milhões de cidadãos em Portugal, mas depois estimula as crianças
a beber leite com chocolate.
Recordamos que a Sr.ª Bastonária da Ordem dos Nutricionistas veio já publicamente defender,
inclusivamente, que o leite com chocolate deve ser retirado das escolas, deve ser afastado das crianças.
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A diabetes subiu 40% nos últimos anos. A diabetes representa mais de 10% do total do orçamento da saúde
no nosso País. O gasto de medicamentos com a diabetes é de 575 000 € por dia, um quarto das pessoas que
morre nos hospitais tem diabetes.
O que defendemos é muito claro: que o leite achocolatado, pela descomunal quantidade de açúcar que tem,
pague 23% de IVA e seja tributado com o IABA.
Concluindo, e porque é demais conhecida a posição do PAN, manter a taxa de IVA reduzida e não incidir o
imposto especial de consumo de açúcar sobre o leite com chocolate significa ser-se cúmplice do agravamento
da prevalência da obesidade e da diabetes no nosso País, significa asfixiar cada vez mais o Serviço Nacional
de Saúde e significa ser-se conivente com o uso das crianças como meio de obtenção do lucro fácil para o
negócio do leite.
Aplausos do Deputado do PS Paulo Trigo Pereira.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.as e Srs. Deputados, antes de mais, correspondendo a um
pedido da Sr.ª Presidente da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA),
queria informar que a reunião desta tarde da Comissão começará, impreterivelmente, às 15 horas, pelo que as
Sr.as Deputadas e os Srs. Deputados terão um período de almoço mais reduzido.
Amanhã, o Plenário reunirá às 10 horas, com uma ordem de trabalhos idêntica à da sessão de hoje, ou seja,
prosseguirá a discussão, na especialidade, da proposta de lei n.º 156/XIII/4.ª — Orçamento do Estado para
2019. Em primeiro lugar, proceder-se-á à discussão das normas avocadas pelo Plenário e, de seguida,
continuaremos com a discussão na especialidade.
Desejo uma boa tarde às Sr.as Deputadas e aos Srs. Deputados. Até amanhã.
Está encerrada a sessão.
Eram 14 horas e 32 minutos.
———
Declaração de voto enviada à Mesa para publicação relativa à votação, na especialidade, da Proposta de
Lei n.º 156/XIII/4.ª
Integrando o Grupo Parlamentar do Partido Socialista (GPPS), cumpro a disciplina de voto relativamente a
matérias cruciais como seja o Orçamento do Estado (OE). Importa, porém, assinalar algumas matérias em que,
tendo votado de forma idêntica ao GPPS, necessitam a meu ver de uma fundamentação, ou que na inexistência
dessa disciplina de voto votaria de forma diversa. A ordem em que são apresentadas as declarações de voto, é
a ordem de importância.
Propostas de alteração 361-C1 (CDS-PP), 363-C2 (PSD), 841-C3 (BE) e 466-C4 (PCP): as presentes
propostas propõem que a questão da contagem do tempo de serviço dos professores seja reaberta na discussão
do OE, apesar de o Governo ter aprovado, a 4 de outubro, em Conselho de Ministros, um decreto-lei que define
que os professores vão recuperar dois anos, nove meses e 18 dias do tempo de serviço efetuado (que aguarda
promulgação do Presidente da República) e de a proposta de lei do Governo prever, para 2019, uma verba de
12 milhões de euros para a concretização do disposto no decreto-lei.
Ainda que tenham um objetivo similar, as quatro propostas em cima da mesa apontam soluções distintas.
PSD e CDS-PP, por um lado, propõem a reabertura do processo negocial com os sindicatos (por via da
consagração de uma norma similar à constante no artigo 19.º do OE de 2018. PCP e BE, por outro lado,
acolhendo a visão defendida pelos sindicatos dos professores, propõem que se reconheça aos professores todo
o tempo de serviço congelado (nove anos, quatro meses e dois dias), só diferindo nos prazos concretos de
1 Aditamento de um novo art. 16.º-A. 2 Aditamento de um novo art. 16.º-A. 3 Aditamento de um novo art. 27.º-A. 4 Aditamento de um novo art. 30.º-A.
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concretização (o PCP propõe um prazo máximo de sete anos e o BE propõe que a recuperação do tempo de
serviço seja feita até 2023, ou seja em cinco anos, caso não haja acordo entre governo e sindicatos).
Em coerência com aquelas que têm sido as nossas posições públicas sobre o assunto5, não poderíamos
deixar de acompanhar a votação do GPPS e votar contra estas quatro propostas do PSD, CDS-PP, PCP e BE.
Porém, face à importância do tema, entendemos ser importante explicar os argumentos-chave que justificam
este nosso sentido de voto.
Em primeiro lugar, importa sublinhar, como primeiro grande argumento, que a temática da contagem do
tempo de serviço durante o período de congelamento não estava referido em lado algum até 2017 (o cenário
macroeconómico que serviu de base ao programa eleitoral do PS, o programa eleitoral do PS para as eleições
legislativas de 2015 e o programa de governo apenas referiam o descongelamento gradual das carreiras). As
sucessivas leis do OE até 2017, esquecidas por PSD, CDS-PP, BE e PCP, foram claras quanto ao congelamento
das carreiras, distinguindo três soluções distintas para três tipos de carreiras, também distintas: aquelas em que
conta essencialmente o tempo na progressão em carreiras unicategoriais, aquelas em que conta o tempo para
progressão em carreiras pluricategoriais e aquelas em que contam os pontos da avaliação de desempenho
(SIADAP). Só com o OE de 2018 esta questão surgiu, e surgiu por via do artigo 19.º, um artigo de conteúdo
ambíguo que resultou de uma negociação política de última hora e que, inclusivamente, obrigou Os Verdes a
apresentar, na Assembleia da República, um projeto de resolução com o intuito de esclarecer tal ambiguidade.
É a este preceito do OE de 2018 que os sindicatos se têm agarrado de forma intransigente para não negociarem.
Porém, a lógica do preceito (conjugado com o resultante do projeto de resolução aprovado pela Assembleia da
República) apontava, apenas, para a ideia de que o Governo deveria prosseguir a negociação com os sindicatos
sobre o modo e o prazo (o que aponta para a impossibilidade de uma atualização de carácter imediato) de
concretizar a valorização remuneratória que provenha da atualização dos escalões (que no momento da
aprovação das norma já estava em curso). Nesse processo negocial, o Governo deve ter em consideração todo
o tempo de serviço que decorreu (portanto, apenas, não deveria ignorar a posição negocial dos sindicatos) e os
limites orçamentais impostos (o que significa que na definição do tempo e do modo de concretização da
valorização remuneratória — decorrente do processo negocial e independente da solução final — as partes
tinham de assegurar que existem recursos financeiros disponíveis e que a sustentabilidade das contas públicas
é respeitada — algo que a solução defendida pelos sindicatos não assegura).
Em segundo lugar, importa sublinhar que os sindicatos reivindicam retroativos relativamente a todos os anos
que as carreiras estiveram congeladas. Em nosso entender, o descongelamento já é um progresso, sendo que
a verdade é que a questão dos retroativos não constam do programa do PS ou do programa do Governo, sendo
algo injusto relativamente a outras carreiras atendendo, designadamente, ao facto de a progressão dos
professores ser mais rápida que a existente no plano das carreiras gerais.
Em terceiro e último lugar, importa notar que a proposta que nos parece mais sensata em toda esta discussão
é aquela em que a progressão dos professores relativamente aos seus escalões (por tempo) deverá ser
proporcional à progressão dos trabalhadores das carreiras gerais (por pontos, SIADAP), o que perfaz os 2 anos,
9 meses e 18 dias consagrados pelo Governo no referido Decreto-Lei que aguarda promulgação do Presidente
da República. As razões que o justificam são essencialmente três. A primeira prende-se com o facto de a
consagração de uma solução que assegure a contabilização integral do tempo dos professores (defendida pelos
sindicatos, pelo PCP e pelo BE) ter necessariamente como implicação, por razões de justiça e do princípio
constitucional da igualdade, a necessidade de consagração de uma contabilização similar em todas as carreiras
gerais e especiais da função pública, o que traria um custo ainda mais incomportável à medida. A segunda
prende-se com o facto de o acolhimento das propostas dos Sindicatos, do PCP e do BE acarretar uma injustiça,
uma vez que se estaria a tratar de maneira igual casos diferentes. Por fim, a terceira e última razão prende-se
com a necessidade de contabilização em sede de OE para 2019 do custo de médio prazo desta medida, de
forma a assegurar a sua compatibilidade com os recursos disponíveis e a evitar as más práticas do passado.
As finanças públicas estão melhor, mas durará anos até que se corrijam os vários desequilíbrios financeiros
ainda existentes. Adiar despesa pública com promessas para o futuro é um erro repetido no passado que não
devemos repetir. O voto nestas propostas é assumida e claramente contra.
5 Veja-se o nosso artigo de opinião disponível na seguinte ligação: https://observador.pt/opiniao/professores-e-possivel-uma-negociacao-seria-com-os-sindicatos/.
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Proposta de alteração 811C-16 (PSD): A presente proposta, por via de alteração aos artigos 9.º e 69.º da
Proposta de Lei n.º 156/XIII/4.ª, propõe que as verbas do Fundo de Financiamento para a Descentralização
sejam determinadas, não por despacho como propõe o Governo, mas por via de proposta de lei junto da
Assembleia da República.
Conforme nos pronunciámos publicamente e em sede própria7, fomos (e somos) contra a criação deste fundo
pela Lei n.º 51/2018, de 16 de agosto, não só por ter sido consagrado em termos fortemente marcados por uma
grande ambiguidade e falta de concretização (que a atual proposta de lei confirma), mas também por não se ter
assegurada a adequada conjugação deste fundo com o Fundo Social Municipal (um fundo criado em 2007
precisamente para assegurar a descentralização em determinadas áreas) e se ter abandonado uma filosofia de
perequação financeira vertical e horizontal, existente desde 2007. Esta assentava em três eixos essenciais —
Fundo Geral Municipal (transferências gerais para competências e atribuições genéricas), Fundo de Coesão
Municipal (numa lógica redistributiva) e Fundo Social Municipal (associado a competências específicas e por
isso estamos perante verbas consignadas).
A perspetiva que nos parecia ter sido mais promissora nesta fase de transição da descentralização até 2021,
e dada a sua relevância em termos de despesa, seria reforçar o Fundo Social Municipal nas suas três dimensões
(educação, saúde e ação social) e não apenas naquela em que é mais relevante (educação), e adotar
temporariamente (até 2021) a mesma filosofia para um novo fundo (com consignação e monitorização) para as
outras áreas sectoriais onde se processa a descentralização. A médio prazo (2021-25) — já com a transferência
de competências estabilizada e com uma noção mais exata dos «envelopes financeiros» associados a cada
uma delas — seria possível eliminar um, ou ambos, os fundos, e reforçar os recursos transferidos ao abrigo do
Fundo de Equilíbrio Financeiro.
Apesar de termos uma visão crítica, somos, contudo, favoráveis a uma intensa intervenção e participação da
Assembleia da República em todo o processo de descentralização e na sua concretização — algo que até ao
momento não tem de todo sucedido —, pelo que sou favorável a esta proposta apresentada pelo PSD ou, pelo
menos, de uma proposta que assegurasse a possibilidade de as verbas do Fundo serem fixadas por via de
decreto-lei (solução que, não sendo a ideal, aumentaria a transparência e possibilitaria sempre a apreciação
parlamentar). De qualquer modo, votaria favoravelmente esta proposta do PSD, se não estivesse vinculado à
disciplina de voto.
Propostas de alteração 191-C8 (PAN), 471-C9 (CDS-PP), 714-C10 (PSD) e 777-C11 (BE): As presentes
propostas pretendem assegurar um reforço das verbas atribuídas à Entidade das Contas e Financiamentos
Políticos (ECFP) com intuito de se assegurar que esta entidade dispõe dos meios necessários ao
desenvolvimento eficaz da respetiva missão e de assegurar a capacidade de cumprimento das novas obrigações
constantes da Lei Orgânica 1/2018, de 19 de abril. Os valores propostos oscilam entre 1 000 000 € e 1 512 26
€, sendo que a proposta apresentada pelo Governo na proposta de lei é apenas de um acréscimo de 350 000 €
face ao ano de 2018.
Os reforços propostos merecem a nossa concordância e apresentam-se como necessários, não só devido
às novas obrigações decorrentes da Lei Orgânica 1/2018, de 19 de abril, e ao facto de o próximo ano ser um
ano exigente para a ECFP (devido à existência de três eleições), mas também devido ao facto de, recentemente,
ter vindo a público a informação de que a falta de meios da ECFP poderá trazer a incapacidade para examinar
as eventuais irregularidades nas contas dos partidos ocorridas entre 2010 e 2014, o que poderá levar à
prescrição de inúmeros processos — sendo que segundo o respetivo Presidente o reforço das verbas previsto
pelo Governo na proposta de lei do OE não se afigura como suficiente para o evitar.
De resto, a questão da insuficiência de meios da ECFP já é uma questão colocada há anos em diversos
fóruns e por diversas associações cívicas (das quais se destaca a Associação Cívica Transparência e
Integridade).
6 Alteração dos artigos 9.º e 69.º. 7 Declaração de voto disponível na seguinte ligação: https://trigopereira.pt/wp-content/uploads/2018/07/Declara%C3%A7%C3%A3o-de-voto-LFL_PTP_FINAL00_PLENARIO_18-de-Julho.pdf. 8 Aditamento de um novo art. 196.º-A. 9 Alteração do art. 8.º e aditamento de uma nova verba ao mapa de alterações e transferências orçamentais. 10 Alteração ao Mapa II. 11 Alteração ao Mapa II.
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O reforço de verbas é necessário em nome da democracia e da transparência. A Assembleia da República
e os seus Deputados não podem repetir os erros cometidos na atual Legislatura aquando do processo de
discussão e aprovação das alterações às regras de financiamento dos partidos e campanhas eleitorais
introduzidas pela Lei Orgânica n.º 1/2018, de 19 de abril. Atitudes como essa geram no cidadão a sensação de
que os partidos políticos e o poder político não querem ser fiscalizados, o que, por seu turno, traz uma diminuição
da confiança nas instituições políticas e gera consequências imprevisíveis que trazem a erosão do regime
democrático.
Assim, independentemente da posição do GPPS, votaria sempre a favor de todas estas propostas.
Propostas de alteração 310-C12 (CDS-PP), 682-C13, 694-C14 e 703-C15 (PSD): As presentes propostas,
retomando uma discussão que já foi travada noutros momentos da atual legislatura16, visam assegurar, por um
lado, que se adite as entidades reguladoras (entidades administrativas independentes) ao leque de entidades
não sujeitas à utilização condicionada das dotações orçamentais (cativos) e que não se lhes imponha restrições
à celebração de contratos e, por outro lado, que se proceda, em sede de OE, à alteração da Lei-Quadro das
Entidades Reguladoras (LQER) no sentido de se alterarem algumas normas que, atualmente, consagram um
conjunto de restrições à autonomia financeira e de gestão dos recursos humanos (que permitem a existência de
cativos e de restrições à contratação de recursos humanos impostas pelo Governo).
A previsão deste tipo de restrições em sede de Orçamento não se traduz por si só numa ilegalidade, porém
é algo que surge em clara contradição com o espírito da regulação constante da LQER, que toma uma opção
clara a favor da independência das entidades reguladoras — algo nem sempre assegurado plenamente no
quadro europeu.
A aprovação destas propostas representaria um passo adicional no sentido da reversão de um conjunto de
opções restritivas da independência das entidades reguladoras e asseguraria que as entidades reguladoras
teriam um funcionamento em termos mais conformes com o enquadramento resultante da LQER e disporiam
dos meios que lhes permitissem o exercício efetivo das missões que lhes estão conferidas, sem quaisquer tipos
de constrangimentos (e sem quaisquer tipos de interferência do poder político).
A par de as presentes propostas carecerem de algumas melhorias em termos de redação, parece ser
criticável que as mesmas não proponham a eliminação das restrições à contratação de pessoal pelas entidades
reguladoras (que conste dos mapas de pessoal aprovados pelo membro do Governo responsável em razão da
matéria) previstas no artigo 38.º, n.º 1, da proposta de lei e que não proponham uma alteração do modelo de
financiamento que evite a lógica de volatilidade orçamental atualmente existente, que não esqueça que —
mesmo estando em causa receitas próprias, predominantemente provenientes dos regulados — estamos
perante receitas que são públicas (que devem estar sujeitas a certas vinculações-mínimas associadas às
missões que estão conferidas a estas Entidades).
Face ao exposto e pelas razões apresentadas, não fora a disciplina de voto, votaria favoravelmente estas
propostas, de forma distinta do GPPS.
Propostas de alteração 686-C17 (PAN) e 293-C18 (PCP): As presentes propostas pretendem consagrar, em
termos similares ao consagrado no artigo 85.º, n.º 3, do Orçamento do Estado de 2017 (Lei n.º 42/2016, de 28
de dezembro), que a taxa municipal de direitos de passagem e a taxa municipal de ocupação do subsolo são
pagas pelas empresas operadoras de infraestruturas, não podendo ser refletidas na fatura dos consumidores.
Os termos em que as presentes propostas nos são apresentadas não podem merecer a nossa concordância
uma vez que ignoram os dados importantes sobre esta questão que constam do relatório apresentado ao
Governo, em maio de 2018, pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), na sequência do
12 Aditamento de um novo art. 4.º-A. 13 Aditamento de n.º 3 ao art. 2.º. 14 Alteração ao art. 4.º/10. 15 Alteração ao art. 265.º. 16 Veja-se as Declarações de Voto em que nesta legislatura abordei o tema, disponíveis em: https://trigopereira.pt/wp-content/uploads/2018/10/21-de-Setembro-de-2018-Declaração-de-voto-Cativações-nas-Entidades-Reguladoras_PJL-839_PSD-e-981_CDS_PP_FINAL.pdf e https://trigopereira.pt/wp-content/uploads/2018/07/Dia-22-de-Junho-de-2018-Declara%C3%A7%C3%A3o-de-voto-ERS-PJR-1623-BE.pdf. 17 Aditamento de um novo art. 88.º-A. 18 Aditamento de um novo art. 80.º-A.
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disposto no artigo 70.º, n.º 4, do Decreto-Lei n.º 25/2017, que sublinha de forma contundente que a não-
repercussão das taxas de ocupação do subsolo nas faturas dos consumidores iria, a médio prazo (devido ao
expectável aumento quer dos valores da taxa de ocupação do subsolo, quer dos municípios que as aplicam),
pôr em causa o equilíbrio económico-financeiro de vários operadores da rede de distribuição, inviabilizando
novos investimentos e pondo, por esse motivo, em risco a segurança técnica e económica do sistema. Além do
mais, traria, também, o elevado risco de litigância contra o Estado, o que teria elevados custos.
Portanto, atendendo ao anteriormente exposto e ao excessivo peso desta taxa na fatura do gás natural dos
consumidores19, o mais importante seria consagrar neste OE de 2019 uma norma que procure a assunção pelo
Governo do compromisso de rever o atual quadro legislativo de cálculo e aplicação das taxas de ocupação do
subsolo, de modo a garantir a sustentabilidade económica do sistema e a não pôr em causa a estabilidade e a
uniformidade tarifária. O primeiro passo para tal consagração será dado se a proposta de alteração do PS (763-
C), resultante parcialmente de uma proposta por nós apresentada junto do Grupo Parlamentar, for aprovada —
uma vez que aí há a assunção pelo Governo do compromisso de, até final do primeiro semestre de 2019,
proceder à revisão do quadro legal enquadrador da taxa de ocupação do subsolo, nomeadamente em matéria
de repercussão das taxas na fatura dos consumidores, num sentido de assegurar a fixação de um limite mínimo
e máximo indicativo do valor das taxas de ocupação do subsolo.
Assim, face ao exposto, não fora a disciplina de voto, votaria contra estas duas propostas de alteração do
PAN e do PCP.
Propostas de alteração 13-C20 (BE) e 531-C21 (CDS): As presentes propostas pretendem, no essencial,
assegurar uma atualização minimalista dos valores dos subsídios mensais de manutenção dos bolseiros de
investigação científica — o BE propõe uma atualização em 2019, de acordo com índice de preços ao consumidor
de 2019 e o CDS propõe que, a partir de 2019, passe a haver uma alteração anual dos valores de acordo com
a taxa de inflação.
As presentes propostas asseguram uma justiça básica aos bolseiros de investigação científica uma vez que
estes valores são, hoje, demasiado baixos devido à não-alteração dos respetivos valores desde 2002. A
aprovação e subsequente articulação das duas propostas evitaria que tal injustiça se repetisse no futuro e
evitaria um impacto orçamental significativo, pelo que, não fora a disciplina de voto, votaria favoravelmente estas
propostas, de forma distinta do GPPS.
Propostas de alteração 2-C22 (PEV), 12-C23 (BE) e 180-C24 (PAN): As presentes propostas pretendem, ainda
que em termos distintos, assegurar um reforço dos vigilantes da natureza. Os Verdes e o BE propõem um reforço
de 25 vigilantes, ao passo que o PAN propõe o reforço de 205 vigilantes em 2018 e de 70 em 2020 de modo a
perfazer um total de 525 vigilantes.
O reforço significativo dos vigilantes da natureza assume-se como essencial para uma melhor prevenção dos
incêndios florestais e para se evitar a repetição de tragédias como as ocorridas em 2017, atendendo ao facto
de o atual rácio de vigilantes por hectare ser manifestamente insuficiente (1 vigilante para cada 6500 hectares)
e desconforme e inferior ao que sucede noutros países europeus.
Contudo, sendo favorável ao reforço dos vigilantes da natureza, penso que o valor desse aumento deveria
procurar um ponto de equilíbrio entre os valores propostos pelo PAN e os valores propostos pelo BE e por Os
Verdes, uma vez que se os primeiros são excessivos no respetivo impacto orçamental os segundos são muito
pouco ambiciosos (e não respondem às necessidades do país).
19 A ERSE sublinhou que em seis anos (entre 2011 e 2017) houve um crescimento substancial dos valores pagos pelos clientes e dos impactes na sua fatura final relativamente à taxa de ocupação do subsolo - que subiram de 3,2% (2,9€/mês) para 10,8% (8,6€/mês), acompanhado de um significativo aumento do respetivo do valor máximo de 12,3 €/MWh (residencial) e de 3,6 €/MWh (empresarial) para 36,4 €/MWh (residencial) e 7,9 €/MWh (empresarial) – e do número de municípios em que os clientes de gás natural têm esta componente na fatura – que passaram de 17 para 47 (número estabilizado desde 2013) -, sublinhando que em 2017 se verifica que o preço máximo das taxas de ocupação do subsolo pagas pelos consumidores representa 99,3% da tarifa de acesso às redes - “o quer dizer que, em termos anuais, o cliente tem um encargo com as TOS quase igual ao que tem com o pagamento de acesso às redes” - e no extremo máximo “representam 57,5% da sua fatura final, ou seja, mais de metade da fatura”. 20 Aditamento de um novo art. 161.º-A. 21 Aditamento de um novo art. 161.º-A. 22 Aditamento de um novo art. 144.º-A. 23 Alteração do art. 26.º/3. 24 Aditamento de um novo art. 27.º-A.
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I SÉRIE — NÚMERO 22
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Assim, face ao exposto, independentemente do sentido de voto do GPPS, votaria favoravelmente as três
propostas na esperança de conseguir que a articulação das três propostas numa única assegurasse uma
solução tendente a minorar este problema.
Assembleia da República, 26 de Novembro de 2018
O Deputado do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, Paulo Trigo Pereira.
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Presenças e faltas dos Deputados à reunião plenária.
A DIVISÃO DE REDAÇÃO.