I SÉRIE — NÚMERO 33
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Aquilo que aconteceu nos últimos 10 anos, no setor financeiro, foi termos tido situações para as quais os
Estados não estavam preparados. A supervisão dos Estados não estava preparada e, ao nível europeu, tanto a
supervisão como a união bancária não tinham, sequer, mecanismos e, muito timidamente, a Europa tem dado
resposta a estes problemas. Esta é uma das respostas tímidas, mas não é uma resposta errada e, portanto,
devemos cingir-nos àquilo que está em causa.
Esta Diretiva, transposta por esta proposta de lei, resolve os problemas da insuficiência da união bancária?
Não resolve.
Esta Diretiva, transposta por esta proposta de lei, consegue, só por si, assegurar a confiança necessária dos
cidadãos no setor financeiro? Também não consegue.
Esta Diretiva, transposta por esta proposta de lei, não dá, de alguma forma, qualquer contributo para a
inversão do problema que tivemos nos últimos 10 anos, é verdade, e que continuamos a ter, porque o Orçamento
do Estado, que aqui foi aprovado pelas esquerdas, continua a pagar esses buracos dos bancos privados, sendo
extraordinário que o PCP e o Bloco de Esquerda aqui se venham queixar daquilo que aprovaram há menos de
um mês. Não deixa de ser irónico que assim seja.
Portanto, esta proposta de lei, que transpõe uma Diretiva, permite uma coisa muito simples: um privilégio
creditório para depósitos em situação de insolvência ou de resolução bancária. Isso é mau para a confiança dos
cidadãos no setor bancário? Do nosso ponto de vista, não é. Isso é mau para os cidadãos que depositam as
suas poupanças numa instituição financeira? Do nosso ponto de vista, também não é mau. Portanto, não sendo
mau para a confiança dos cidadãos no setor financeiro e não sendo mau para assegurar a proteção das
poupanças dos cidadãos, naturalmente devemos cingir-nos àquilo que está em causa e perceber que, sendo
pouco, não é indiferente.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — A Mesa não regista mais inscrições para intervenções neste debate,
pelo que tem a palavra o Sr. Secretário de Estado Adjunto e das Finanças para proferir a intervenção de
encerramento.
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e das Finanças: — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Em relação às
intervenções, que agradeço, gostava de começar por dar os parabéns ao Sr. Deputado Manuel Caldeira Cabral
pela primeira intervenção que proferiu enquanto Deputado.
Em relação ao tema que aqui nos traz, não é, obviamente, uma surpresa dizer que a forma como encaramos
o papel e a gestão do setor bancário não é igual à proposta ou à visão preconizada pelo Partido Comunista e
pelo Bloco de Esquerda.
Consideramos que aquilo que tem sido feito ao nível europeu e também ao nível nacional no sentido de
reforçar o setor bancário e a estabilidade financeira contribui, e muito, para que, numa futura crise, os impactos
sobre as pessoas e sobre o Estado sejam muito diferentes daquilo que aconteceu no passado. E esse é o
princípio daquilo que é a resolução, ou seja, precisamente, que haja uma maior participação dos detentores de
dívida dos bancos e dos privados nos custos que possam resultar de uma gestão que não seja a mais adequada.
No entanto, ao nível europeu, também temos uma supervisão muito mais intrusiva, que no futuro não permitirá
que sejam cometidos os erros do passado. Portanto, nessa perspetiva, não temos a mesma visão. Respeito a
vossa, mas a que temos é diferente.
Ao nível europeu, tem sido feito um esforço muito significativo e o Governo português tem defendido, desde
o início, o mecanismo europeu de garantia de depósitos e o mecanismo de suporte ao fundo único de resolução.
Esses mecanismos, na posição que o Governo tem defendido, têm uma parte que diz respeito à gestão de
liquidez, mas tem uma parte também de mutualização. Mas para que se avance nesse sentido é preciso que
haja um consenso europeu, porque é assim que a Europa se constrói, ou seja, através de consensos. E ao nível
do mecanismo de garantia de depósitos, esse consenso é algo que está em construção.
Esperamos, no primeiro semestre do próximo ano, poder chegar a um entendimento sobre a forma como
podemos avançar, de modo a que todos os países possam apoiar. A visão de Portugal não é exatamente a
visão de conjunto de outros países, mas é uma visão que é comum a um conjunto muito significativo de países.
Resultados do mesmo Diário
), e o Projeto de Resolução n.º 1886/XIII/4.ª (PSD) — Pelo respeito e valorização do ensino particular
Pág.Página 32
o Projeto de Resolução n.º 1878/XIII/4.ª (Os Verdes) — Cancelamento dos contratos de prospeção
Pág.Página 49