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2 DE FEVEREIRO DE 2019

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O Sr. Presidente: — Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, concluímos, assim, a apreciação dos Projetos de

Resolução n.os 1788/XIII/3.ª, 1664/XIII/3.ª e 1813/XIII/4.ª

Vamos passar ao segundo ponto da ordem do dia, que consta da discussão, na generalidade, dos Projetos

de Lei n.os 829/XIII/3.ª (PCP) — Estabelece os critérios de atribuição de transporte não urgente de doentes,

805/XIII/3.ª (BE) — Isenção de pagamento de transporte não urgente de doentes (Décima primeira alteração ao

Decreto-Lei n.º 113/2011, de 29 de novembro) e 887/XIII/3.ª (Os Verdes) — Transporte não urgente de doentes.

Para abrir o debate, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz, do Grupo Parlamentar do PCP.

A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Só há melhor saúde para todos com mais e

melhor Serviço Nacional de Saúde. Só há melhor saúde para todos quando forem removidos todos os obstáculos

que persistem no acesso à saúde e ao Serviço Nacional de Saúde.

Nesta Legislatura, foram dados passos importantes, mas claramente insuficientes, para melhorar a

acessibilidade dos utentes ao SNS: reduziram-se as taxas moderadoras e alteraram-se os critérios de atribuição

de transporte não urgente.

Não negligenciamos os avanços produzidos quanto aos critérios definidos para os doentes com incapacidade

igual ou superior a 60% e menores com doença limitante e/ou ameaçadora da vida, mas subsistem problemas

que necessitam de ser resolvidos. Dados de um estudo publicado em 2017 mostram que 2 milhões de utentes

faltaram às consultas porque não conseguiram pagar os custos com os transportes.

É precisamente com o objetivo de contribuir para a remoção desses obstáculos que apresentamos este

projeto de lei. No projeto, defendemos que a atribuição de transporte não urgente de doentes seja feita a todos

os que dele necessitem, sendo portanto gratuito; propomos também que ocorra sempre que haja motivos clínicos

ou económicos, retirando, pois, o caráter cumulativo; propomos ainda que seja concedido para a realização de

consultas, tratamentos, exames complementares de diagnóstico e terapêutica, cirurgias, bem como para o

transporte do utente para a sua residência após alta de internamento ou de episódio de urgência. Esta é uma

proposta concreta para garantir o direito dos utentes aos cuidados de saúde.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: PS, PSD e CDS são responsáveis pela introdução de alterações legislativas

nesta matéria, as quais dificultaram e, em muitos casos, inviabilizaram o acesso de muitos doentes aos cuidados

de saúde.

A imposição do cumprimento cumulativo dos critérios da justificação clínica e da insuficiência económica,

condição única para o acesso ao transporte, contribuiu, sem dúvida, para a exclusão de quem necessita de

transporte.

Os obstáculos que persistem são, ainda, consequência da política de direita levada a cabo por sucessivos

Governos, com a qual o atual Governo, do PS, não rompeu. É à política de direita que é preciso dizer «basta!»

É preciso garantir e reforçar o direito dos portugueses no acesso aos cuidados de saúde, como o PCP

defende, por via do reforço do investimento no Serviço Nacional de Saúde e da atribuição, tal como hoje

propomos, do transporte não urgente a todos os que dele necessitam. É essa a proposta que o PCP aqui traz!

Aplausos do PCP e de Os Verdes.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Moisés Ferreira, do Grupo Parlamentar do Bloco de

Esquerda, para uma intervenção.

O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Obrigar ao pagamento de

serviços públicos de saúde é colocar entraves no acesso à saúde. Obrigar os utentes a pagar para aceder a

consultas e tratamentos é fazer com que muitos não possam aceder a essas consultas e a esses tratamentos.

Quantas vezes ouvimos histórias de pessoas que pagaram 30 €, 40 €, 50 €, 60 € de transporte não urgente

para irem a uma consulta ou fazer um tratamento ao hospital? Quantas vezes ouvimos essas histórias,

principalmente no interior? Quantas vezes ouvimos essas histórias, principalmente contada por pessoas com

menores rendimentos? Quantas vezes ouvimos essas histórias e sabemos que acabaram da seguinte forma:

«Faltei à consulta, porque não podia pagar o transporte», «faltei ao tratamento, interrompi o tratamento, porque

não podia pagar o transporte»? Não pode ser assim! Não podemos permitir que assim seja!

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