O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 103

50

verdade! Já muitos o enunciaram, mas digo-o também eu, hoje aqui, uma vez mais: a passagem das 40 horas

para as 35 horas, feita sem a devida salvaguarda da garantia de profissionais suficientes nos serviços foi um

enorme erro no setor da saúde, porque a este problema se vieram somar outros graves problemas

organizacionais, já existentes, e a ausência de mudanças que, sucessivamente, se foram adiando.

Enquanto se grita que a austeridade acabou, há gente que espera mais de quatro anos por uma cirurgia no

meu distrito. Enquanto se festeja o fim da austeridade, há doentes oncológicos a quem falta material para as

suas cirurgias, no meu distrito. Enquanto o Dr. Centeno se vangloria na Europa com o fim da austeridade, há

bombeiros a quem a ULS (Unidade Local de Saúde) da Guarda não consegue dar resposta na sequência de

um acidente rodoviário e têm de ser reencaminhados para Viseu. Enquanto o Dr. Centeno e o Dr. António Costa

sorriem felizes com o seu défice histórico, há corporações de bombeiros à espera de 35 milhões de euros de

transportes de doentes que já fizeram há muito tempo e que a Sr.ª Ministra da Saúde não lhes paga.

Mas falta mais, falha muito mais na saúde e no distrito da Guarda: são os médicos que não chegam nem

para os hospitais quanto mais para os centros de saúde; são as especialidades, como ortopedia, oftalmologia,

cardiologia, que não têm sequer urgências mínimas; são os concursos que não abrem, faltam cerca de 80

enfermeiros para garantir as dotações seguras, faltam técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, faltam

medicamentos nas farmácias, falta material cirúrgico e há doentes que têm de parar os seus tratamentos por

falta de medicamentos. Vergonha, muita vergonha!

O Sr. JoãoMarques (PS): — No tempo de Passos Coelho não faltava?!

A Sr.ª ÂngelaGuerra (PSD): — Parece-me, modestamente, que também falta coragem para dizer uma

coisa: já basta! A paralisia e o amorfismo a que este Governo votou as estruturas essenciais do nosso País não

nos podem deixar serenos nas nossas casas, nos nossos trabalhos e nos demais lugares da sociedade que

ocupamos. Disto não nos perdoarão os nossos filhos e não nos perdoará o futuro do País.

Precisamos de serviços de saúde integrados e articulados, em que os interesses das pessoas sejam,

efetivamente, o centro do sistema e nele disponham de uma verdadeira liberdade de escolha.

Precisamos, obviamente — e só quem desconhece em absoluto o País pode pensar de forma diferente —,

de um sistema onde o setor público, o setor social e o setor privado se articulem entre si, em função dos

interesses dos cidadãos e da melhoria da sua acessibilidade aos cuidados de saúde.

E precisamos, urgentemente, de um alargamento da oferta de serviços de saúde potenciando a transição de

cuidados prestados em instituições para cuidados de proximidade, em articulação com as respostas de parcerias

da comunidade, designadamente em termos de reabilitação e cuidados de pós-hospitalização. Fazer mais, mas

bem melhor, com os recursos adequados é um pressuposto para a eficiência do sistema e uma condição para

um sistema de saúde com qualidade.

Com petições como a que hoje aqui referi, a sociedade civil dá-nos um exemplo do seu inconformismo e da

sua capacidade de reivindicação. Saibamos nós, titulares de cargos públicos desta Nação, estar à altura deste

combate às desigualdades de acesso, geográficas, económicas e dar-lhes cabal resposta.

Sr.as e Srs. Deputados, a preocupação deste Governo foi até agora apenas as aparências do telejornal do

dia seguinte. O que se espera de nós é que, responsavelmente, saibamos gerir e governar para as gerações

seguintes.

Aplausos do PSD e de Deputados do CDS-PP.

O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Uma vez que ninguém se inscreveu para pedir esclarecimentos

à Sr.ª Deputada Ângela Guerra,…

A Sr.ª ÂngelaGuerra (PSD): — Que pena!

O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — … antes de prosseguirmos com a ordem de trabalhos, queria

apenas deixar uma nota, como há pouco referi. O Sr. Deputado Luís Pedro Mota Soares — que não está,

seguramente, protestando pelo facto de eu continuar a tratá-lo por Luís Pedro Mota Soares — e o Sr. Deputado

Fernando Jesus anunciaram-nos, hoje, a sua decisão de deixarem a vida parlamentar. Quer um, quer outro

Páginas Relacionadas
Página 0043:
3 DE JULHO DE 2019 43 a consistência da economia no País e também sobre os desafios
Pág.Página 43