7 DE NOVEMBRO DE 2019
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das eleições, a 15 de outubro, deixando os portugueses a salvo deste aparente escândalo para votarem
livremente.
O Sr. Primeiro-Ministro e o Governo podem ainda explicar por que motivo a direção de programas da RTP
veio, primeiro, dizer que as alterações à grelha de programação estavam relacionadas com a necessidade de
cobertura da campanha eleitoral e, depois, que o programa não estava pronto a ser emitido naquele dia de
setembro.
Curiosamente, a Sr.ª Deputada Sandra Felgueiras, que está no centro de tudo isto,…
Vozes do PS: — Deputada?!
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — … não quis comentar esta divergência da RTP.
Vozes do PS: — Deputada?!
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Eu sei que incomoda! Eu sei que incomoda!
Mas o ponto não está aí, Srs. Deputados, não está em nenhuma jornalista, o ponto está na ação do Governo
e de dois membros do Governo. E nós já sabemos que o Governo e o PS são incapazes de praticar qualquer
manigância antidemocrática de interferência na comunicação social. Isso nós sabemos! Mas terão de ser
capazes de clarificar se, neste caso concreto, foram ou não respeitadas as regras de ética e de transparência
que devem nortear a gestão da coisa pública.
É este o apelo que o PSD aqui formula e que não deixará nunca cair enquanto tiver mais dúvidas do que
certezas, o que é o caso.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, relembro que as inscrições para pedidos de esclarecimento têm de ser
feitas até ao final da intervenção dos oradores.
Sr. Deputado Carlos Peixoto, inscreveram-se seis Srs. Deputados. Como pretende responder?
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Sr. Presidente, responderei em grupos de três.
O Sr. Presidente: — Com certeza, Sr. Deputado.
Tem, então, a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Cecília Meireles.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Carlos Peixoto,
trouxe-nos muitas dúvidas e perplexidades sobre um caso concreto.
Nessa matéria, a posição tradicional do CDS, que me parece sensata, é sempre a de dizer que à justiça o
que é da justiça e à política o que é da política, sendo que não se deve com a política fazer justiça nem com a
justiça fazer política.
Mas a verdade é que a política também não pode ser cega, surda e muda em relação ao que se passa com
a gestão da coisa pública. Portanto, para o CDS, é vital e relevante que haja, por um lado, transparência e, por
outro, uma justiça que, quando há dúvidas, apure e rapidamente verifique se há razões para aquilo que, como
o Sr. Deputado dizia, cheira e parece — e a justiça não se pode fazer daquilo que parece, tem de se fazer
daquilo que é.
Assim, nós propusemos nas últimas eleições — e estou certa de que este desígnio é tão importante para o
PSD como para nós — uma estratégia nacional de combate à corrupção e à criminalidade organizada que passa
por várias coisas, nomeadamente: por termos uma Polícia Judiciária verdadeiramente com meios e não sempre
a lutar com falta de meios, como temos tido; por termos um estatuto do arrependido; por termos a proteção do
denunciante; e por repensarmos este regime dos megaprocessos, o que não pode constituir entrave a uma
justiça efetiva. A ideia que tem de haver uma conexão quase infinita de processos, que leva a que, depois, a
perceção pública seja a de que a justiça não é feita porque eles, pura e simplesmente, demoram muitos anos a
chegar ao fim, necessita que tenha de ser encontrada uma solução e tem de ser uma solução jurídica.