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I SÉRIE — NÚMERO 10

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A Assembleia da República presta hoje homenagem ao artista, cantor e compositor, que foi também um

lutador político antifascista e combatente contra as opressões e as desigualdades.

As reações à notícia da sua morte, dos mais variados quadrantes da sociedade portuguesa, atestam o

merecido destaque que alcançou na cultura portuguesa. «Genial» e «generoso» são dois adjetivos que ficam

associados a José Mário Branco.

José Mário Branco é um dos maiores nomes da canção portuguesa, num percurso que começou muito antes

do 25 de Abril e que durou até aos dias de hoje. E que durará, na verdade, enquanto tivermos memória.

Como autor, deixa álbuns incontornáveis como Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades (1971),

Margem de Certa Maneira (1973) ou FMI (1982). Foi uma figura ímpar da música de intervenção, da canção de

Abril, cruzando vários géneros musicais, do cancioneiro popular à música clássica, passando pelo rock, o jazz

ou a música francesa.

Músico muito para lá do rótulo da «canção de intervenção», trabalhou com gente de todas as gerações,

compôs, produziu, apoiou, ensinou e influenciou gente de tantas proveniências musicais. A intervenção artística

de José Mário Branco não se ficou pela música, tendo também dedicado a sua mestria ao cinema e ao teatro.

Marcou sempre pelo rigor, pela exigência estética e pela radicalidade do seu compromisso ético.

José Mário Branco nasceu no Porto, em 1942. Frequentou o curso de História, em Coimbra e, depois, no

Porto. Antifascista, perseguido pela PIDE, a sua intervenção cívica empenhada e atividade política levaram-no

ao exílio em França, em 1963, onde nunca deixou de lutar pelo fim da ditadura. Regressou a Portugal em 1974,

com a liberdade, para ajudar a construir um País mais justo, propósito que nunca deixou de o inquietar. Em 1974

e 1975, participou no movimento de renovação da música portuguesa e na mobilização popular pela

transformação social. O seu ativismo passou também pela UDP, da qual foi fundador, sendo eleito membro do

seu Conselho Nacional em 1980. Apoiou a criação do Bloco de Esquerda, em 1999, do qual foi dirigente,

integrando a Mesa Nacional.

José Mário Branco deixa ao País um legado musical precioso, assim como um exemplo de inconformismo,

rebeldia e coerência que ajudaram também a construir a nossa democracia.

A Assembleia da República, reunida em Sessão Plenária, expressa o seu pesar pelo falecimento de José

Mário Branco, endereçando aos familiares e amigos as suas mais sinceras condolências.»

O Sr. Presidente: — Estão presentes na Assembleia os dois filhos de José Mário Branco, João e Pedro

Branco, bem como os seus dois netos, Laura e Diogo Branco.

Srs. Deputados, vamos votar este voto.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

Aplausos gerais, com Deputados de pé.

Passamos ao Voto n.º 45/XIV/1.ª (apresentado pelo CH) — De pesar pelo falecimento de Maria Argentina

Pinto dos Santos.

A Sr.ª Secretária Sofia Araújo vai fazer o favor de ler este voto.

A Sr.ª Secretária (Sofia Araújo): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:

«Morreu esta semana, no dia 18 de novembro, aos 95 anos de idade, a emblemática fadista lisboeta

Argentina Santos. Nascida na Mouraria, a 6 de fevereiro de 1924, começou a sua ligação ao fado como

cozinheira na Parreirinha de Alfama, onde começou a cantar com outros grandes nomes do fado alfacinha. Mais

tarde, na década de 50, comprou o espaço e transformou-o num dos locais mais icónicos do fado.

Iniciou a sua carreira discográfica em 1958, lançou o seu primeiro álbum em 1978 e o último, a solo, viria a

ser editado em 2002. Em 2009, sofreu um acidente vascular cerebral, o que a levou a afastar-se dos palcos.

Argentina Santos levou o fado e Portugal até ao Brasil, Grécia, França, Holanda, Reino Unido, Espanha e

Itália, tendo sido tornada patrona da Academia do Fado em Recanati e homenageada em Ascona.

No nosso País, o Museu do Fado homenageou a fadista em novembro de 1999, tendo, então, recebido a

medalha de louvor da Câmara Municipal de Lisboa e o diploma de Sócia de Mérito entregue pela Associação

Portuguesa dos Amigos do Fado.

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