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I SÉRIE — NÚMERO 10

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Só através do diálogo é possível chegar a entendimentos, pelo que a questão dos colunatos israelitas

estabelecidos na Cisjordânia é particularmente sensível. Assim, a reversão unilateral, por parte da Administração

Trump, de uma posição de décadas sobre os colunatos e sustentada num consenso internacional constitui um

dado preocupante (até porque os USA são um dos elementos do «Quarteto») e não ajuda a promover o processo

de paz que se encontra, de há tempos a esta parte, num impasse.

Radica nesta questão concreta o único motivo de convergência com o voto do PCP. Tudo o resto é a retórica

habitual de quem se habituou a louvar uma das partes e a diabolizar a outra, esquecendo que, em ambos os

lados, existem moderados que importa ajudar e radicais que importa isolar. A postura facciosa presente no texto

do voto está longe de ajudar a resolver um conflito que leva demasiados anos e já provocou demasiados dramas

humanos.

Tal facto não é de estranhar no PCP, cujas posições sobre este assunto são, de há muito, conhecidas. Aquilo

que é de lamentar é o sentido de voto do PS, corresponsável na aprovação de um texto com tal visão redutora

e unilateral, que vai ao arrepio daquela que é a própria posição de Estado do nosso País sobre este tema e que

tem ajudado a reforçar o consenso internacional sobre este delicado assunto.

O Deputado do PSD, Pedro Roque.

———

Relativas ao Voto n.º 58/XIV/1.ª:

O voto apresentado pelo Grupo Parlamentar do CDS-PP é de uma enorme incoerência. Começa por repudiar

e condenar qualquer prática racista, nomeadamente no desporto, e termina com a negação de um ato

discriminatório dirigido pelo jogador Bernardo Silva a um seu amigo, colega de profissão e de equipa, Benjamin

Mendy.

O voto do CDS tenta naturalizar um ato que já foi condenado pela Federação Inglesa de Futebol. O próprio

jogador já se mostrou arrependido, admitindo que a sua publicação pode ser considerada ofensiva, ainda que

garanta que essa não foi a sua intenção e que se tratou de uma brincadeira entre amigos.

Ao condenar os comportamentos racistas não estamos a fazer um julgamento do caráter daquele que os

pratica. Ao fazê-lo estamos a reconhecer os efeitos que produzem na sociedade, na perpetuação de

preconceitos e estereótipos sobre grupos e comunidades. Estes atos ultrapassam a intenção de quem os

protagoniza e os seus efeitos não são menos reais quando essa intenção não existe. É inegável que o jogador

Bernardo Silva reproduziu uma representação estereotipada e discriminatória das pessoas negras. E que o fez

numa rede social onde é seguido por mais de 600 000 pessoas.

Bernardo Silva é uma figura pública, um desportista de reconhecido mérito, seguido e admirado por milhões

de pessoas, para as quais deve constituir um exemplo. O seu estatuto desportivo e mediático confere-lhe um

elevado poder de influência ao qual deverá corresponder um igualmente elevado sentido de responsabilidade

ética e social, desde logo porque, como o próprio CDS-PP reconhece no seu voto, «muitos jovens encontram

no desporto uma escola de formação».

As manifestações de racismo não podem ser desculpabilizadas.

Face ao exposto, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda rejeita o ponto 2 do voto apresentado pelo

CDS-PP, por considerar que este constitui uma tentativa de naturalizar um ato de consequências

discriminatórias.

Assembleia da República, 22 de novembro de 2019.

As Deputadas e os Deputados do Bloco de Esquerda.

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O voto n.º 58/XIV/1.ª, apresentado pelo CDS-PP, foi um voto contra o racismo no desporto e de solidariedade

para com o atleta da Seleção Nacional Bernardo Silva. Surge este voto na sequência de uma publicação de teor