I SÉRIE — NÚMERO 17
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pelo menos, identificados todos o edifícios por onde é preciso começar, calendarizados os trabalhos e associado
um orçamento, de modo a que possamos saber aquilo com que temos de contar.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra a Sr.ª Deputada Filipa Roseta, para apresentar o projeto de
resolução do PSD.
A Sr.ª Filipa Roseta (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas, Srs. Deputados: A existência de amianto nos
materiais de construção dos edifícios pode provocar cancro nos utilizadores. Por isso, foi proibido o uso de
amianto no espaço europeu.
Em Portugal, a Lei n.º 2/2011 determinou, no seu artigo 1.º, a remoção de todo o amianto dos edifícios,
instalações e equipamentos públicos e determinou, no seu artigo 7.º, a obrigatoriedade de prestar informação a
todos os utilizadores desses edifícios sobre a existência de amianto e sobre o prazo para a remoção deste
material.
Caros Deputados, este é um problema de saúde pública e para o resolver não é preciso mudar a lei. Do que
nós precisávamos era de um Governo capaz de cumprir a lei, mas isso, infelizmente, é o que não temos. Temos
um Governo mais ocupado em encontrar desculpas do que em encontrar soluções.
Relembramos.
Em 2014, foi nomeada uma Comissão Técnica do Amianto e foi elaborada uma lista dos edifícios públicos
passíveis de terem amianto. Era uma lista provisória que carecia de revisão, mas, até hoje, é a única lista pública.
Em 2017, foi nomeado um Grupo de Trabalho do Amianto, sob tutela do Ministro do Ambiente, para rever a
lista e redefinir prioridades de intervenção. Este Grupo concluiu existirem 4263 edifícios, mas a informação sobre
as prioridades de intervenção nunca foi tornada pública.
A preocupação social foi crescendo, particularmente nas escolas, onde os utilizadores são crianças e têm,
por isso, menos defesas para entenderem ou evitarem os riscos de exposição.
Aqui, neste Plenário, o Primeiro-Ministro afirmou que o amianto seria retirado das escolas até 2018. Passou
2018 e o Primeiro-Ministro não cumpriu. Passou 2018 e, no plano de remoção do amianto, o prazo final para a
remoção de todo o amianto foi adiado para 2020. Isto já consta do plano e, por isso, não é necessário pô-lo em
lei.
Havendo dinheiro para tanto em 2019, não houve o suficiente para este grave problema de saúde pública?!
Mas — atenção! — o Grupo Parlamentar do PSD, em março de 2019, perguntou ao Ministro do Ambiente o
que é que se passava, mas o Ministro não respondeu. O Grupo Parlamentar do PSD voltou a perguntar em
maio, mas o Ministro não respondeu. E voltou a perguntar em junho, mas o Ministro não respondeu.
Já em outubro, perante a crescente preocupação social, resultante deste silêncio, o Grupo Parlamentar do
PSD requisitou uma audiência urgente ao Ministro do Ambiente, mas o Ministro não apareceu.
Em novembro, a petição pública criada pelo Movimento Escolas Sem Amianto (MESA), pela associação
ambientalista ZERO e pela FENPROF angariou mais de 5000 assinaturas, apenas em duas semanas. Saúdo
os representantes que aqui estão presentes, a assistir a este debate e que se organizaram para apresentar esta
petição.
Hoje, com este projeto de resolução, voltamos a apelar ao Governo para que saia da toca do silêncio e faça
cumprir a lei.
Vozes do PSD: — Muito bem!
Vozes do PS: — Ah!
A Sr.ª Filipa Roseta (PSD): — Pedimos-lhe que torne pública a lista de identificação dos edifícios públicos
com materiais contendo amianto e que torne público o calendário definido para a remoção dos materiais
contendo amianto de todos os edifícios públicos.
Caros Deputados e Deputadas, ouvir os cidadãos e prestar informações não pesa 1 € no Orçamento do
Estado; não prestar informação é desrespeitar os cidadãos, em claro incumprimento da lei.