13 DE DEZEMBRO DE 2019
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públicos, o Governo está a falhar com toda a comunidade escolar — alunos e professores — que frequentam a
escola pública, com doentes e profissionais de saúde que frequentam hospitais onde pode estar amianto em
risco, mas está também a falhar na transparência e no escrutínio.
Existe uma listagem de edifícios que contêm amianto onde funcionam serviços públicos. Infelizmente, essa
listagem está desatualizada, sendo o próprio Governo que o admite numa resolução do Conselho de Ministros
de 2017. Diz o Governo do Partido Socialista que a listagem existente é deficiente, é limitada e está
desatualizada, porque o Governo anterior — do PSD e do CDS — se limitou, em muitos casos, a verificar se o
edifício em causa tinha só fibrocimento, descurando tudo o resto.
Pois bem, está certo. O problema é que, já desde 2016, o Governo do Partido Socialista tem um grupo de
trabalho liderado pelo Ministro do Ambiente cuja primeira tarefa foi atualizar essa listagem, mas essa listagem
continua a não estar atualizada. Está o Governo a falhar e, por isso mesmo, apresenta o Bloco de Esquerda
este projeto para garantir, por lei, que esta listagem seja atualizada até junho de 2020. Até meio do próximo ano,
queremos que seja pública uma nova listagem atualizada dos edifícios que contenham amianto onde funcionem
serviços públicos.
Mas ainda este grupo de trabalho não concluiu o seu trabalho e verificamos que a competência em matéria
de remoção do amianto passou do Ministro do Ambiente para o Ministro das Finanças. Desconfiamos e temos
a preocupação de que deixe de ser um problema ambiental e de saúde pública para passar apenas a ser um
problema financeiro.
O projeto de lei do Bloco de Esquerda tem uma segunda vertente: por lei, existe um calendário de obras e
de monitorização para a remoção de amianto. Esse calendário já foi pedido pelo Bloco de Esquerda e pela
sociedade civil, mas o Governo continua a não o divulgar. É por isso mesmo que, por lei, queremos que esse
calendário de obras e de monitorização seja tornado público. É por isso mesmo que o Governo está a falhar
nesta matéria, mas nós não podemos falhar. É por isso mesmo que o Bloco de Esquerda traz aqui este projeto
de lei essencial para a matéria.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para apresentar a iniciativa do PAN, a Sr.ª Deputada Cristina Rodrigues.
A Sr.ª Cristina Rodrigues (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Desde 2005 que a utilização do
amianto foi proibida. Em 2011, foi aprovada a lei que previa o diagnóstico e a remoção do amianto em edifícios
públicos. Desde então, já houve grupos de trabalho, financiamento assegurado, mais legislação,
recomendações aprovadas na Assembleia da República — a última já nesta Legislatura —, no entanto quase
tudo continua por fazer.
No que diz respeito aos edifícios e equipamentos da Administração Pública central, foram identificados 4263
edifícios, dos quais 1364 representam um perigo imediato para a saúde dos trabalhadores e utentes. São de
sublinhar as notícias recentes que dão nota do facto de vários hospitais de referência apresentarem fibras de
amianto expostas, com todas as consequências que daí advêm. Dos edifícios identificados, segundo dados da
associação SOS Amianto, apenas 367 foram intervencionados.
Relativamente aos edifícios da administração local onde se enquadram tantas escolas do ensino básico, não
se sabe se o diagnóstico foi concluído em 2017, como preconizava a Resolução do Conselho de Ministros n.º
97/2017, e também não se conhece a calendarização destas intervenções. Até ao momento, a lista de escolas
com amianto continua fechada a sete chaves.
A par disto tudo, existe a questão do amianto em edifícios privados. Apesar de já estar em vigor a Lei n.º
63/2018, esta apenas diz respeito a edifícios de empresas, não fazendo qualquer referência às habitações
particulares. Para além disso, a referida lei previa que o Governo promovesse apoios e as respetivas condições
de acesso a fundos, nomeadamente comunitários, com vista à inventariação e à remoção de amianto de
edifícios. Desconhece-se se alguma coisa foi feita.
Quantas vezes serão necessárias trazermos este tema a debate até que alguma medida seja efetivamente
concretizada? Não podemos deixar os cidadãos e as cidadãs à sua sorte, o perigo é real. Entre 4% a 12% dos
casos de cancro do pulmão têm origem na exposição ao amianto e, entre 2007 e 2017, morreram pelo menos