13 DE DEZEMBRO DE 2019
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O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra a Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa para apresentar o projeto de
resolução do CDS-PP.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Hoje, entrei neste Hemiciclo e
prometi a mim mesma que não iria fazer neste debate um passa-culpas entre quem tem a responsabilidade
desde 2011, até porque, salvo as raras exceções dos partidos que acabaram de chegar a esta Assembleia,
todos os outros, de uma maneira ou de outra, estão implicados neste assunto, quer por via de terem estado no
Governo, quer por via de terem aprovado orçamentos que deixaram a situação no estado em que se encontra.
Portanto, indo ao assunto, o tema da remoção do amianto e, em particular, do amianto deteriorado que,
assim, entra em contacto com o ar, é um problema de saúde pública que parece registar convergência entre
todos os grupos parlamentares, pelo menos, lendo os projetos que aqui estão em discussão, quanto à sua
identificação, remoção e tratamento.
A cronologia já aqui foi feita, não faltam leis, desde o decreto-lei de 2005, que proibia a sua utilização, à lei
de 2011, que estipulava a identificação, o levantamento e a calendarização da sua remoção até fevereiro de
2012, à lista que o Governo PSD/CDS apresentou, em 2014, ainda provisória, à Lei n.º 63/2018, que replicava
o que dizia a Lei n.º 2/2011 mas para edifícios privados, o facto é que, apesar disto tudo, ainda aqui estamos
hoje a perceber que há um problema de saúde pública por resolver.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Em 10 de setembro deste ano, numa escola na Portela, numa
conferência promovida pelo Movimento Escolas Sem Amianto, eu e a Sr.ª Deputada Joana Mortágua tivemos
oportunidade de aprender muito sobre este tema — até costumamos dizer que tirámos um doutoramento honoris
causa no assunto —, de ouvir vários peritos e de saber várias coisas que são preocupantes.
Sabemos que, durante o Governo anterior, houve cerca de 150 intervenções em escolas, mas intervenções
em escalas dif0erentes, pois, em alguns casos, registou-se a retirada de telheiros e, noutros, apenas de parte
deles ou de uma zona dos edifícios destinados à Educação Física, mas não a sua limpeza completa, sabemos
que estão sinalizados cerca de 800 equipamentos de educação, superior e não superior, que parecem ter
amianto dado o momento da sua construção, e sabemos que existe amianto em muitos materiais, que, por
vezes, não estão, à partida, identificados, como, por exemplo, em revestimentos de paredes e em chão, que
não se vê, que mata devagar e que não há forma de estabelecer uma correlação científica entre a sua colocação
e os efeitos que pode vir a causar.
Há ainda um problema a jusante com a sua remoção, que é o de ninguém saber muito bem o que há de fazer
ao que sobra, porque a única hipótese é selá-lo em aterros e os aterros disponíveis, hoje em dia, estão
congestionados e não dão vazão.
Dito isto, obviamente o que é preciso fazer é voltar a identificar, agora com mais conhecimento, onde é
preciso atuar e começar a atuar, porque não é, com certeza, com legislação que vamos lá.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Portanto, o compromisso do CDS — no caso, até é o meu compromisso
pessoal com vários conjuntos de comunidades educativas com quem tenho reunido — é o de fazer avançar este
processo, designadamente nas escolas. Lembro-me muito bem de que esta discussão começou, no que se
refere ao CDS, na Legislatura passada, numa conferência promovida exatamente pela associação de pais na
Escola Gaspar Correia, em Loures, onde esteve presente a, então, Sr.ª Deputada Susana Amador, agora
Secretária de Estado, que, na altura, se manifestou muito preocupada com o assunto, naturalmente, tendo dito
que isto seria uma prioridade. Portanto, estou confiante de que agora o Governo ou, pelo menos, o Ministério
da Educação não falhará às escolas.
Para terminar, diria que vamos viabilizar todos os projetos de resolução e todos os projetos de lei, porque
todos apontam no sentido das soluções, e que contarão com o CDS para garantir a máxima pressão sobre o
Governo para que o início dos trabalhos aconteça ainda nesta Legislatura, mas que até ao final do ano estejam,