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22 DE MAIO DE 2020

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«No passado domingo, dia 22 de abril, depois de uma longa carreira de mais de 40 anos, morreu o

embaixador Leonardo Mathias.

O embaixador português que passou por Washington, Brasília, Madrid, Paris, Nova Iorque, ONU, ou

Bruxelas, Comunidade Europeia, nasceu em 1936 no seio de uma família de diplomatas, tendo o seu pai e o

seu irmão integrado também a diplomacia portuguesa.

Leonardo Mathias, licenciado em Ciências Históricas e Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade

de Lisboa, iniciou a sua carreira em 1960, com a sua primeira colocação a acontecer na África do Sul, como

Cônsul na Cidade do Cabo, em 1963.

Leonardo Mathias integrou também os VII e VIII Governos Constitucionais, que tiveram Pinto Balsemão como

Primeiro-Ministro, nos anos de 1981 e 1982, como Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros. O Ministro

dos Negócios Estrangeiros era André Gonçalves Pereira.

Em 2004, três anos após se ter reformado da carreira diplomática, veio a desempenhar funções como

Secretário-Geral da União das Cidades Capitais da Língua Portuguesa (UCCLA) e exerceu, ainda, os cargos de

administrador da Cruz Vermelha Portuguesa e da Fundação Calouste Gulbenkian.

Ao longo da sua vida recebeu um grande número de distinções honoríficas, ‘salientando-se, entre as

nacionais, as Grãs-Cruzes da Ordem Militar de Cristo, da Ordem do Infante D. Henrique, da Ordem do Mérito e,

entre as estrangeiras, as Grã-Cruzes da Real Ordem de Isabel a Católica, de Espanha, da Ordem Nacional do

Cruzeiro do Sul, do Brasil, da Ordem de São Silvestre, da Santa Sé. Foi, ainda, distinguido com a Comenda da

Legião de Honra de França, entre outras distinções de países como a Bélgica, Grécia, Itália ou Tailândia.’

Leonardo Mathias foi um brilhante diplomata, que teve uma importante carreira sempre ao serviço de Portugal

e da afirmação dos nossos interesses estratégicos no plano internacional. Terminou a sua carreira em Paris,

onde também o seu pai fora embaixador, durante um longo período de tempo.

Assim, a Assembleia da República, reunida em Plenário, expressa o seu pesar pelo falecimento de Leonardo

Mathias, recordando o seu brilhante percurso como diplomata ao serviço de Portugal e endereçando à sua

família e amigos as sentidas condolências.»

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Temos agora o Projeto de Voto n.º 231/XIV/1.ª (apresentado pela

Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e subscrito por Deputados do PS) — De pesar

pela morte do embaixador José Cutileiro, cuja leitura caberá à Sr.ª Secretária Lina Lopes.

A Sr.ª Secretária (Lina Lopes): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor:

«No passado domingo, dia 17 de maio, morreu em Bruxelas, onde vivia, o embaixador José Cutileiro.

Nascido em 20 de novembro de 1934, em Évora, o embaixador português desde cedo começou a percorrer

o mundo, devido ao facto do seu pai, médico, ter saído do País para integrar a Organização Mundial de Saúde,

levando com ele a família.

Com 17 anos, José Cutileiro regressa a Lisboa, iniciando o curso de Arquitetura, depois de Medicina, mas

acaba por abandonar os estudos em Portugal e muda-se para Inglaterra, onde vem a concluir uma licenciatura

em Antropologia Social pela Universidade de Oxford, a universidade que o ‘ensinou a pensar’.

É em Inglaterra que faz também o seu doutoramento, e leciona na London School of Economics, até que,

com a revolução do 25 de Abril, é convidado por Mário Soares a entrar para a carreira diplomática, tendo

começado por ser adido cultural da Embaixada de Portugal em Londres.

Numa carreira cheia, e pontuada por muitos momentos de enorme relevância, destacam-se alguns que

tiveram evidente relevância na diplomacia portuguesa.

Em 1987, volta a Lisboa para assumir a Direção-Geral de Negócios Político-Económicos, negociando nesta

qualidade a adesão de Portugal à UEO (União da Europa Ocidental), em 1990, vindo a ser o seu Secretário-

Geral entre 1994-1999.

Em 1992, foi o coordenador da conferência de paz para a ex-Jugoslávia, durante a presidência portuguesa

da CEE (Comunidade Económica Europeia), tendo sido enviado para a Sérvia e para a Bósnia e Herzegovina.

José Cutileiro foi igualmente embaixador de Portugal em Pretória, na África do Sul, numa altura que coincidiu

com a libertação de Nelson Mandela e, em 2001, foi nomeado Representante Especial da Comissão de Direitos

Humanos das Nações Unidas para a Bósnia-Herzegovina e República Federal da Jugoslávia.

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