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I SÉRIE — NÚMERO 57

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Deve-se, em grande medida, à capacidade de Carlos Barroso a gestão de iniciativas e projetos com impacto

social e notório interesse público que alcançaram diversificados e vastos públicos e audiências, promovendo o

debate de ideias e valores cívicos e políticos, a ligação à literatura e às artes, assim como a valorização de

estudos interdisciplinares no âmbito da História Contemporânea — portuguesa, europeia e global —,

contribuindo assim para a afirmação de uma cultura de cidadania e democracia plena.

À ação de Carlos Barroso, juntamente com Alfredo Caldeira, cabe o trabalho de digitalização e

disponibilização gratuita do Arquivo da Fundação Mário Soares, democratizando o acesso a fundos e coleções

documentais, iconográficas e de memorabilia histórica diversa a investigadores e utilizadores de todo o mundo.

A sua forma de ser, discreta vida pública, apenas releva o seu carácter de profundas convicções cívicas e

qualidades éticas, humanas e profissionais assinaláveis, testemunhadas por todos aqueles com quem conviveu

e com quem trabalhou, dentro e fora do âmbito concreto da Fundação Mário Soares.

Assim, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, expressa o seu profundo pesar pelo

falecimento de Carlos Barroso, endereçando à viúva e filha, assim como à restante família e amigos, à Fundação

Mário Soares e ao Partido Socialista as mais sentidas condolências.»

O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, informo que estão presentes na tribuna vários familiares de Carlos

Barroso, entre os quais o nosso colega, o Sr. Deputado João Soares.

Vamos votar.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

Passamos à votação do Projeto de Voto n.º 236/XIV/1.ª (apresentado pelo PAR e subscrito por Deputados

do PS) — De pesar pelo falecimento de Maria Velho da Costa, que vai ser lido pelo Sr. Secretário Duarte

Pacheco.

O Sr. Secretário (Duarte Pacheco): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte

teor:

«Faleceu, no passado dia 23 de maio, em Lisboa, Maria Velho da Costa, aos 81 anos.

Nascida em Lisboa, a 26 de junho de 1938, Maria de Fátima de Bivar Velho da Costa licenciou-se em Filologia

Germânica pela Universidade de Lisboa, detendo ainda o curso de Grupo-Análise da Sociedade Portuguesa de

Neurologia e Psiquiatria.

Ficcionista, ensaísta e dramaturga, culta e inventiva, foi coautora, com Maria Isabel Barreno (já desaparecida)

e Maria Teresa Horta, das Novas Cartas Portuguesas (1972), um dos mais relevantes e originais romances

portugueses da segunda metade do século XX, que se tornou um marco pela abordagem à situação das

mulheres nas sociedades contemporâneas, exaltando, através do que Eduardo Lourenço classifica de ‘(…) um

virtuosismo sem exemplo entre nós’, a condição feminina e a liberdade de valores para as mulheres.

À publicação da obra, em que as autoras denunciaram ousadamente a repressão e a censura do regime do

Estado Novo, seguiu-se um vasto conjunto de ameaças, interrogatórios e um processo judicial que, apesar de

ter desencadeado um importante movimento intelectual de solidariedade, nacional e internacional, as ‘três

Marias’ só viram suspenso com a chegada da Democracia.

Maria Velho da Costa assinou vasta obra, de que se destacam O Lugar Comum (1966), Maina Mendes (1969)

e Casas Pardas (1977), que recebeu o Prémio Cidade de Lisboa. São seus também Lucialima (1983, Prémio D.

Dinis da Fundação da Casa de Mateus), Missa in Albis (1988, Prémio de Ficção do PEN Clube), Dores (1994),

em colaboração com Teresa Dias Coelho (Prémio da Crítica da Associação Internacional dos Críticos Literários

e Prémio do Conto Camilo Castelo Branco) e Myra (2008, Prémio Máxima de Literatura, Prémio Literário

Correntes d'Escritas e Grande Prémio de Literatura dst). A sua vasta obra e ‘(…) a inovação no domínio da

construção romanesca, no experimentalismo e na interrogação do poder fundador da fala’ valem-lhe, em 2002,

o Prémio Camões.

Em 2003, é justamente agraciada como Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, em 2011, como

Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.

Desde 1975, manteve uma colaboração regular em argumentos cinematográficos, trabalhando com

Margarida Gil, João César Monteiro ou Alberto Seixas Santos.

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