I SÉRIE — NÚMERO 59
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e assegure que o próximo quadro comunitário de apoio contemple medidas e dotações específicas de apoio ao
turismo, com maior intensidade no apoio às empresas.
Estas são apenas algumas medidas que consideramos importantes para uma atividade que tem dado um
grande contributo para a nossa economia e que tem empregado milhares de pessoas em todo o País.
A este propósito, para terminar, importa recordar que o turismo teve um papel muito importante na saída da
última crise que Portugal enfrentou. Ajudou a devolver a esperança, o emprego e o crescimento económico nos
últimos anos.
Agora, nesta crise pandémica, em que o turismo é o setor mais afetado, é hora de o País retribuir ao turismo
nacional aquilo que nos deu nos últimos anos. É hora de apoiar os empresários e os trabalhadores da hotelaria,
da restauração, da animação turística e de muitas outras empresas que fizeram de Portugal um destino de
referência internacional.
Aplausos do PS.
Esta responsabilidade de apoio ao turismo, cabendo, seguramente, ao Estado, como tem vindo a fazer, cabe,
igualmente, a cada um de nós, a cada português.
Por isso, com segurança e com respeito pelas regras de prevenção, este é o tempo de todos darmos o nosso
contributo. É o tempo de escolhermos o melhor destino turístico do mundo e esse melhor destino turístico do
mundo é Portugal.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, do PAN, para uma intervenção.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O forte crescimento do turismo
em Portugal, sobretudo nos últimos anos, não teve só impactos positivos no PIB (produto interno bruto). Teve,
também, impactos negativos a nível ambiental e a nível da qualidade de vida das populações, especialmente
em Lisboa e no Porto, com uma forte especulação imobiliária, que tornou os preços das habitações praticamente
inacessíveis aos cidadãos locais, com produção de ruído, inclusive em período noturno, e com aumento da
poluição.
O facto de a nossa economia estar excessivamente dependente do turismo, que representa mais de 10% do
PIB, fragilizou-nos face a choques como os causados pela crise sanitária que estamos a viver.
Não queremos, com isto, dizer que diabolizemos o turismo. O turismo trouxe coisas positivas, mas há que
olhar também para o outro lado da moeda, que mostra, precisamente, estes fatores que acabámos de referir.
A nível ambiental, salientamos o nível do ruído nas zonas circundantes aos aeroportos, os navios de cruzeiro
em cidades como Lisboa — que, de acordo com um estudo efetuado para a Croácia, apresentam impactos
ambientais e custos seis a sete vezes superiores aos benefícios económicos, conta que raramente é feita ou
apresentada —, a ocupação de zonas anteriormente classificadas como Rede Natura por empreendimentos
turísticos, o tratamento de resíduos, entre outros aspetos que nunca são considerados.
Por tudo isto, o PAN defende que o Governo promova a atribuição de incentivos a entidades ou indivíduos
que desenvolvam a atividade turística em regiões com menor densidade demográfica e a realização de um
estudo sobre a capacidade de carga turística nas cidades com maior pressão, como Lisboa e Porto. O Governo
deve, de facto, avançar com este tipo de iniciativas — algo que pedimos há anos — e avaliar o impacto do
turismo a nível da qualidade de vida, focando diversas matérias, tais como a poluição sonora e ambiental, o
tratamento de resíduos urbanos, a habitação, os transportes, as alterações climáticas, os serviços de saúde, a
água e a sua escassez, sobretudo em momentos de seca extrema, e a resposta a planos de emergência.
O projeto de resolução que o PS nos apresenta faz apenas umas tímidas referências à necessidade de
reformular estrategicamente o tipo de turismo em que devemos apostar para o nosso País: um turismo que
contribua para a qualidade de vida das populações, que promova, efetivamente, a defesa do ambiente e a
diminuição das assimetrias regionais, que ainda se fazem sentir. E faz tímidas referências porque, consoante a
realidade nos demonstra, este Governo diz que tem como prioridade o combate às alterações climáticas, mas,