6 DE JUNHO DE 2020
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O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
O Sr. Jorge Costa (BE): — … além do financiamento de sistemas de autoconsumo comunitários, sendo o
investimento público amortizado num prazo de sete anos pela absorção da parte das poupanças realizadas
pelos utilizadores. O objetivo é uma potência instalada de 1500 MW nas residências, um investimento de 1300
milhões de euros, com taxas de rentabilidade para o Estado que podem ser superiores a 5%.
A outra proposta que o Bloco tem feito é a de um programa para a eficiência energética na habitação social.
No programa de emergência económico e social, apresentado ontem pelo Governo, é referida a intervenção
nesse sentido nas casas do IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana), simplesmente estas
correspondem a apenas 10% do conjunto da habitação social em Portugal.
É, pois, necessário pensar esta política numa parceria forte com os munícipios, com fundos destinados a
esse efeito, de modo a que a maior parte das perdas do inverno, por falta de cobertura nos edifícios, onde falta
isolamento nas janelas, coberturas e fachadas, onde os mais pobres dos mais pobres sentem o efeito das
intempéries, possa ser corrigido.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, já ultrapassou o seu tempo.
O Sr. JorgeCosta (BE): — É, portanto, possível responder às dificuldades da crise COVID-19 com a criação
de emprego, com investimento público, com políticas de combate à pobreza energética e que respondam ao
pano de fundo da crise atual, que é a crise climática e a subida da temperatura do planeta.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Alma Rivera, do Grupo Parlamentar do PCP.
A Sr.ª AlmaRivera (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Secretários de Estado, Sr. Ministro,
as questões ambientais têm hoje uma centralidade e uma importância inegável, pelo que saudamos este debate
no Dia Mundial do Ambiente, mas impõe-se que se ponha o dedo na ferida: é preciso ir às causas. Não se pode
continuar a ignorar a origem dos problemas ambientais, não só a nível do clima, porque senão nunca
acertaremos na solução.
O que criou, afinal, a emergência ambiental? Foi a produção desligada das necessidades, foi a produção
concentrada no lucro, foi a privatização de setores essenciais e a predação de recursos.
Neste sistema, não importa o desperdício, a criação de necessidades insustentáveis ou a poluição, se isso
tudo for em nome da maximização do lucro.
Se for preciso, exemplifico: há uns meses, o PCP propôs que as produtoras e distribuidoras de produtos
utilizassem as embalagens de plástico estritamente necessárias — uma coisa básica. Era «impossível…»,
gritaram, «… porque não se pode limitar o marketing para ter menos desperdício e resíduos»! Mas, quando foi
para pagar os sacos de plástico, quando se fala de fiscalidade verde e pôr o povo a pagar a fatura, aí, sim, já é
possível!
Os problemas ambientais não se resolvem com mecanismos financeiros e especulativos, senão estaríamos
bem. Nem é com a taxação de comportamentos individuais para, depois, fechar os olhos aos grandes poluidores
e predadores de recursos.
Mais um exemplo: a grande resposta da União Europeia para o ambiente, que Portugal acata, é o mercado
de carbono. Ora bem, compram-se e vendem-se licenças para poluir e até se pode ganhar direito a poluir mais
plantando uns eucaliptos ou financiando uma empresa num país subdesenvolvido, podendo-se continuar a poluir
da mesma maneira, ou até mais!
Na prática, não existe nenhuma intenção de reduzir emissões porque senão definiam-se através de um
normativo específico para os gases de efeito estufa e fazia-se uma transição para energias menos poluentes,
em respeito pelo desenvolvimento dos países.
Isto é apenas um novo negócio, é apenas alta finança e pouca ecologia!