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27 DE JUNHO DE 2020

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Mas se esse foi o quadro negro que PSD e CDS deixaram, os tímidos progressos conseguidos em resultado

da luta dos agentes culturais e pelo quadro novo saído das anteriores eleições, que, apesar de tudo, valorizamos,

confrontaram-se com a obsessão do PS em prosseguir uma parte do caminho anterior, continuando a sujeitar o

essencial da defesa da cultura e das artes à ditadura do défice, do equilíbrio financeiro, das ordens de Bruxelas,

e não foram suficientes para inverter esse caminho de desastre que vinha de trás.

Estes dias de insegurança, de incerteza, de dúvidas, foram, para os agentes culturais, muito piores do que

isso. A paralisação total da sua atividade, associada a uma generalizada situação de precariedade para a

esmagadora maioria dos trabalhadores da cultura e à pequenez dos recursos públicos disponíveis, levou

milhares de mulheres e homens da cultura a uma situação dramática.

Há dias, pudemos ouvir os seus gritos, na praça do Rossio, aqui em Lisboa, nos Aliados, no Porto, em

Coimbra, em Évora, em Faro. O diagnóstico foi muito claro. O Governo do PS não respondeu à cultura à altura

do que se exigiria.

Ouvimos as companhias de teatro, ouvimos os promotores do livro, ouvimos os artistas de circo, ouvimos os

dinamizadores do cinema, ouvimos os artistas plásticos, ouvimos os artesãos, ouvimos os músicos.

É porque estão habituados a andar de chapéu na mão? Não! É porque, para além de não terem meios de

subsistência, sem a criação e a fruição da arte, da cultura, do lazer, do convívio, sentem-se a definhar e a morrer.

Têm a Sr.ª Ministra e o seu Governo plena consciência disso?

O Sr. Presidente: ⎯ Tem a palavra a Sr.ª Ministra da Cultura.

A Sr.ª MinistradaCultura: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Obrigada pelas questões e pelas

intervenções.

Não vou responder com a mesma linguagem do PSD, entre a indigência e o cemitério, pois julgo que o debate

deve ter algum nível e vou tentar manter o nível deste debate.

Aplausos do PS.

De facto, Sr.as e Srs. Deputados, o presente não é uma página em branco, tem uma história, não é apenas

um capítulo de uma história que não foi escrita.

A Sr.ª Fernanda Velez (PSD): — Já passaram cinco anos!

A Sr.ª Ministra da Cultura: — E, sim, Sr. Deputado, é muito importante percebermos as diferenças, porque

os debates parlamentares servem mesmo para isso, para as pessoas lá fora, os cidadãos, perceberem a

diferença entre o PSD e o PS.

A Sr.ª Fernanda Velez (PSD): — Já perceberam!

A Sr.ª Ministra da Cultura: — É muito importante este debate parlamentar.

É por isso, Sr. Deputado, que é muito importante realçar, perante a crise que estamos a enfrentar e da mesma

maneira como os senhores falam, abertamente, da crise que tiveram de enfrentar, quais são as respostas dadas

pela direita e pela esquerda.

Aplausos do PS.

Vou dar só mais um exemplo, para ilustrar. Em 2012, todas as companhias apoiadas pela DGArtes

receberam uma carta em que eram informadas de que iriam existir cortes, em alguns casos de cerca de 60%,

dos contratos que tinham assinado de apoio às artes.

O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Em 2012!

A Sr.ª Ministra da Cultura: — É verdade, Sr. Deputado. Sabe o que é que aconteceu em 2020?