I SÉRIE — NÚMERO 68
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Explico-lhe: em 2020, perante uma crise e perante as dificuldades que todos experienciamos, a DGArtes, o
ICA, todas as instituições da cultura, mantiveram os seus compromissos financeiros, mantiveram os contratos
em curso e, apesar de não haver programação, nenhuma companhia deixou de receber aquilo que tinha direito
a receber por contrato.
Aplausos do PS.
E esta é uma diferença muito importante, Sr. Deputado, porque é a partir destas diferenças que se vê qual é
o papel do Estado que cada um destes dois partidos entende que deve manter.
Aqui encerrado um episódio, é muito importante também realçar que o PSD ignora, ou faz de conta que não
existe em debate, nesta Assembleia, o Orçamento Suplementar. Faz de conta; passa por cima, como se não
estivesse aqui em debate o Orçamento Suplementar.
Nesse Orçamento Suplementar, de facto, há medidas muito importantes que o Sr. Deputado opta por não
referir, certamente porque gostaria de ter feito algo semelhante e, na altura, o PSD não o fez, ao contrário do
que este Governo está a fazer.
Mas vou realçar e vou clarificar as medidas que aqui estão em causa.
Primeiro, temos uma linha de apoio a todas as estruturas e equipamentos culturais que tiveram,
evidentemente, um prejuízo muito significativo quando o Governo, e esta Assembleia, decretaram a necessidade
de encerramento de instituições culturais. Quando acontece algo que não há precedente na história
contemporânea de ter acontecido, que é encerrar instituições culturais, evidentemente que o prejuízo é enorme.
É por isso que, no Orçamento Suplementar, há uma linha de 3 750 000 euros para apoiar equipamentos
culturais pelo prejuízo e pela adaptação às regras da Direção-Geral da Saúde.
Mas mais: pela primeira vez na história — que eu saiba, se calhar houve outros momentos —, o Ministério
da Cultura tem uma linha inscrita na dotação provisional, no Orçamento Suplementar, de 30 milhões de euros
para apoio social adicional aos trabalhadores da cultura.
É a primeira vez que o Ministério da Cultura não se limita a apoiar a criação e a programação, apoia
trabalhadores independentes — artistas, autores, técnicos.
Aplausos do PS.
E este é um apoio adicional ao apoio que a segurança social já dá, porque, e realço este ponto, não há
nenhuma razão para os trabalhadores da área da cultura não estarem incluídos nos apoios universais da
segurança social. É por essa razão, Sr.as e Srs. Deputados, que existe um Estado social em Portugal, porque
existem apoios universais aos quais todos, incluindo os trabalhadores da cultura, têm direito e em que todos têm
de estar incluídos.
Mas, precisamente porque, como aqui os Srs. Deputados colocaram a questão, ao longo dos anos, não foram
resolvidos os problemas laborais e contributivos das carreiras e das condições dos trabalhadores da cultura, isto
significa, precisamente, que este apoio adicional é necessário, face aos valores baixos que os trabalhadores
tiveram, na sua generalidade, da segurança social.
É por isso que existe esta linha, insisto, de 30 milhões de euros, para apoio social adicional aos trabalhadores
da cultura.
Mais ainda: tal como referi, se, de uma vez por todas, não resolvermos o problema do estatuto do trabalhador
da cultura, este apoio que estamos agora a dar, de 30 milhões de euros, vai-se consumir numa conjuntura e era
muito importante, Sr.as e Srs. Deputados — porque este é um assunto que também vai ter de envolver,
necessariamente, e bem, este Parlamento —, que nos entendêssemos, da direita à esquerda, sobre o facto de,
até ao final do ano, termos este trabalho feito e podermos aqui, finalmente, resolver o estatuto do profissional
da cultura.
Aplausos do PS.
As reuniões começaram, o trabalho está em curso, foi feita uma primeira reunião, comigo, com a Sr.ª Ministra
do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, com o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, com o