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I SÉRIE — NÚMERO 75

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idoneidade para zelar internamente pelas suas regras de conduta, o Parlamento resignava, para desgraça de

todos, ao valor essencial da confiança recebida dos cidadãos para os representar com dignidade.

Aplausos do PS.

É certo que um parlamento com representação plural exprime abertamente as diferenças de que a própria

sociedade se compõe e vive na tenção de projetos políticos distintos, alguns visando até a rutura do consenso

constitucional.

É certo que nessa diversidade encontramos amiúde manifestações de excesso e de desacerto, uma razão

mais para estar alerta contra as ameaças à integridade das instituições representativas essas formas disruptivas

do populismo instrumentalizadas em torno de ambições de liderança que, para se afirmarem, precisam muitas

vezes de semear o descrédito à sua volta para abrir espaço à promoção autoritária dos seus padrões de conduta.

Aplausos do PS.

Ora, Srs. Deputados, sob a capa de um conselho tutelar de sábios, o que o PSD hoje vem defender é

precisamente uma tentativa de condicionar a liberdade de critérios do Parlamento pela imposição de padrões e

heterónimos de conduta a Deputados com legitimidade democrática própria.

A sua mensagem não pode ser ignorada: no entendimento do PSD, os 230 tribunos da plebe que compõem

a Assembleia da República não têm, no seu conjunto, credibilidade para gerar respostas que assegurem os

padrões deontológicos da função e, como tal, precisam de ser tutelados por um conselho externo composto por

personalidades ditas de reconhecido mérito e idoneidade, gente formando um coletivo prolixo para iluminar a

boa conduta dos Deputados, gente a instalar confortavelmente com remuneração e ajudas de custo e subsídios

de deslocação e, claro está, gente que não teria de prestar contas dos seus próprios critérios éticos.

Aplausos do PS.

Realmente, ele há questões terríveis só à altura da envergadura intelectual dos conselheiros Gama Torres

deste tempo, empenhados no propósito ultramontano de trasvestir o Parlamento num tartufo do sistema. Mas o

que um parlamento republicano e democrático não pode admitir é precisamente a invasão da sua autoridade

democrática e da sua legitimidade representativa, não delegável nem alienável em figuras, figurões e figuretas

conselheirais.

Aplausos do PS.

As muitas histórias de que a História se compõe aí estão para nos lembrar no que desaguam as ambições

platónicas de instituir a casta dos sábios para subdeterminar a conduta dos governantes em modelos ditatoriais

e totalitários e desastres supervenientes para as respetivas sociedades.

Disso já tivemos experiência que chegasse no tempo do respeitinho e da mediocridade, no tempo de uma

assembleia dita «nacional» feita de Deputados submissos, veneradores e obrigados às doutrinas do Sr.

Professor.

Vozes do PS: — Muito bem!

O Sr. Jorge Lacão (PS): — Creio, pois, que estamos conversados sobre esta deriva iliberal do PSD que,

quero acreditar, quando cair em si, dela se arrependerá.

Aplausos do PS.

Resta-me uma palavra à peregrina intenção de introduzir na composição das comissões de inquérito, a título

necessário, grupos de pessoas ditas da sociedade civil. Note-se que não estamos a falar nem de depoentes

para o apuramento da verdade, nem de técnicos para assessorarem, nem de peritos ou especialistas para se

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