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I SÉRIE — NÚMERO 78

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tantos outros sítios — acreditavam que o Estado seria capaz de, pelo menos, fiscalizar um lar de idosos.

Acreditavam que o Estado seria capaz, pelo menos, de assegurar que, nos lares, se cumpriam as normas de

prevenção da COVID-19.

Mas o Estado não foi capaz. O Estado falhou e continua a falhar com os mais frágeis, com aqueles a quem

já faltam as forças para reclamar ou exigir mais dignidade, mais cuidado, mais respeito. Agora já não faltam só

as forças, falta também o tempo, os dias de vida roubados pela incúria do Estado.

O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem de concluir.

O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Assim foi em Pedrógão, em Tancos, no caso das golas e assim é

agora, mais uma vez. Este é o Estado que temos e, pior, este é o Estado que o Partido Socialista gostava que

fosse cada vez maior.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, tem a palavra a Sr.ª

Deputada Clara Marques Mendes.

A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Srs. Deputados: Há

poucos dias, o Governo anunciou a intenção de criar 18 brigadas de emergência para apoio aos lares de terceira

idade, em caso de necessidade.

Por paradoxal que pareça, esta é uma medida que diz bem da desorientação que reina no Governo. Esta é

uma medida certa tomada no momento errado. Esta é uma decisão tomada seis meses depois de a pandemia

chegar a Portugal,…

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Exatamente!

A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — … o que significa que esta medida já devia ter sido tomada há

quatro, cinco ou seis meses.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!

A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Foi necessário aguardar por dezenas de surtos em lares de idosos

para o Governo acordar. Foi necessário constatar a existência de várias vítimas mortais para o Governo dar

algum sinal de sensibilidade. Foi necessário haver o choque do lar de Reguengos para o Governo, em matéria

de idosos, tentar fazer prova de vida. Ou seja, o Governo não tem capacidade para agir, limita-se a reagir,

sempre a reboque dos acontecimentos, sempre depois da fatalidade.

Srs. Deputados, nos lares de idosos, há pessoas frágeis, vulneráveis, especialmente sensíveis e muito

dependentes, pessoas que precisam de um especial carinho, atenção, dedicação e competência. São cidadãos

com todo o direito a serem felizes e a viverem em dignidade. São cidadãos carenciados, que exigem muito

esforço no acompanhamento. São homens e mulheres que pouco reclamam e que dificilmente conseguem fazer

ouvir a sua voz. É precisamente por isso que não dispensamos mais apoio, maior sensibilidade e redobrada

solidariedade.

O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!

A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Nos lares de terceira idade, há funcionários que, diariamente, fazem

um trabalho louvável para manter a segurança, a saúde e o bem-estar dos idosos.

É por isso, Sr.as e Srs. Deputados, que nos indignamos por não ter havido, pelo menos desde o início da

pandemia, uma estratégia ou um programa de uma ação global e coerente para os lares de terceira idade. O

que há — o que todos vemos — é navegação à vista, com uma ou outra medida pontual, desgarrada, assumida,

normalmente, tarde e a más horas.

É por isso que nos indignamos com a falta de cooperação e articulação entre o setor da saúde e o setor da

solidariedade e segurança social. Os idosos ficam sempre para trás, sempre em segundo plano.

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