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I SÉRIE — NÚMERO 78

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No entanto, infelizmente, as últimas notícias indicam que existe um descontrolo das infeções nos utentes dos

lares, quando se esperava que todos estes meses tivessem servido para se adequarem as condições.

Não será alheio a estes surtos o disseminar do vírus pela comunidade, mas são determinantes as debilidades

estruturais de muitos dos lares, desde logo a falta de espaço, de meios, de recursos humanos como assistentes

geriátricos, enfermeiros, médicos e psicólogos em número adequado.

E por isso, não se percebe que o reforço das equipas de apoio ainda não tenha acontecido, visto que, a falta

de recursos humanos continua a sobrecarregar os trabalhadores destes equipamentos após uma fase intensa

de trabalho e de medo do desconhecido, em que muitos foram obrigados a trabalhar.

Não ignoramos que a muitos destes trabalhadores foi pedido que trabalhassem horas e dias a fio, em regime

de internato e muitas vezes em condições desumanas, sem esquecer que muitos deles recebem apenas o

salário mínimo nacional e se encontram nesta altura cansados e desmotivados.

Está o Governo ciente da falta de recursos humanos nos lares? Quantos assistentes geriátricos e enfermeiros

se prevê que faltem nos lares existentes em todo o País?

Consideramos que o crescimento do número de surtos em lares não será alheio também à falta de formação

dos voluntários e demais trabalhadores que foram e são colocados através de programas do Governo para

atenuar a falta de meios humanos, sendo questionável a qualidade do serviço que é prestado aos utentes,

segundo evidenciam os utentes e os seus familiares.

Considera o Governo que o recurso a voluntariado e a trabalhadores, quando se constata a evidente falta de

formação adequada destas pessoas para lidar com os idosos, seja a resposta acertada?

Desde a pandemia que muitos dos idosos ficaram remetidos ao confinamento absoluto, alguns ainda com

autonomia, mas sujeitos ao isolamento social e à impossibilidade de contacto direto com os seus familiares.

Se a situação tem causado danos no plano psicológico, que é necessário cuidar, a manter-se em isolamento,

o sentimento de abandono e de solidão poderá ser um fator de agravamento do estado de saúde dos idosos.

Sublinhe-se que a visita e a palavra afetuosa dos familiares é o raro momento de alegria e motivação para

muitos idosos que se encontram em lares.

Posto isto, não podemos continuar a ignorar que são necessárias respostas eficientes e urgentes.

O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Marina Gonçalves, do

Grupo Parlamentar do PS.

A Sr.ª Marina Gonçalves (PS): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Srs. Deputados: A pandemia

que atravessamos nos últimos meses levou e leva a uma exigência acrescida para todos os que exercem

funções de efetivo serviço público, salvaguardando respostas à população. Isto aplica-se em todos os

quadrantes da nossa vida em sociedade e aplica-se, também, na resposta que é dada aos mais idosos,

nomeadamente aos que se encontram em lares.

Consideramos, por isso, este debate fundamental para discutir as respostas existentes e as mudanças

necessárias para mitigar, ainda mais, os efeitos desta pandemia numa população já de si mais frágil.

Mas não podemos deixar de estranhar que o debate surja pelas mãos do CDS-PP. O CDS, que já falou em

decadência moral deste Governo e que refere que nos lares falta o básico, é o mesmo CDS que, no momento

em que assumiu funções governativas juntamente com o PSD, considerou que o aumento da resposta social

passava pelo aumento de idosos por quarto, assumindo que essa medida consubstanciava uma redução dos

critérios de exigência.

A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Bem lembrado!

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — É absurdo!

A Sr.ª Marina Gonçalves (PS): — E é o mesmo CDS, que juntamente com o PSD, referiu, e cito, «que não

faz sentido nós sermos mais rigorosos com uma instituição social do que somos com uma instituição comercial».

O CDS, que, hoje mesmo, menosprezou a «bazuca» e a resposta social e económica do Governo, é o mesmo

CDS que, no Governo, juntamente com o PSD, num momento de crise, assumiu a estratégia de cortes sem

fundamento no Estado social, secundarizando o povo português.

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