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I SÉRIE — NÚMERO 3

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Enquanto advogado, distinguiu-se como defensor de presos políticos durante o Estado Novo e, no pós-25 de

Abril, das vítimas dos atentados terroristas da extrema-direita no norte do País, no julgamento do processo

conhecido como ‘Rede Bombista’.

Espírito irrequieto, profundamente humanista, a que aliava uma genuína boa disposição e afabilidade,

António Taborda era também um homem de cultura, tendo feito parte do TEUC, teatro académico de Coimbra.

Em abril de 2019 foi condecorado com a Ordem da Liberdade, por proposta do antigo Presidente da

República Jorge Sampaio.

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, expressa o seu pesar pelo falecimento de António

Taborda, recordando o inabalável lutador pela democracia e pela liberdade e endereçando à sua família e

amigos as mais sentidas condolências.»

O Sr. Presidente: — Muito obrigado, Sr.ª Secretária Helga Correia. Vamos votar a parte deliberativa do projeto de voto, Srs. Deputados.

Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.

Segue-se o Projeto de Voto n.º 315/XIV/2.ª (apresentado pelo PAR e subscrito pelo PS, pelo PSD, pelo PCP,

pelo CDS-PP, pelo PAN, pelo CH, pelo IL e pelas Deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine Katar

Moreira) — De pesar pelo falecimento de Vicente Jorge Silva.

Peço à Sr.ª Secretária Maria da Luz Rosinha o favor de proceder à leitura do referido projeto de voto.

A Sr.ª Secretária (Maria da Luz Rosinha): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor:

«Vicente Jorge Silva faleceu no passado dia 8 de setembro, aos 74 anos.

Homem de várias paixões, foi, no entanto, no jornalismo que Vicente Jorge Silva se destacou, antes e após

o 25 de Abril, tendo desempenhado um importante papel na renovação da imprensa portuguesa.

Nascido no Funchal, em 8 de novembro de 1945, Vicente Jorge Silva revelou, desde cedo, um espírito

insubmisso e contestatário, tendo sido obrigado a abandonar o liceu, por problemas com a PIDE, e a prosseguir

os seus estudos no continente.

De regresso à Madeira, em 1966, Vicente Jorge Silva iniciou a sua carreira de jornalista no Comércio do

Funchal, que chegou a dirigir e que transformou numa referência nacional e num espaço de liberdade contra o

paroquialismo vigente, o que levou a que o jornal fosse suspenso durante uns meses em 1968.

Após o 25 de Abril, Vicente Jorge Silva foi chefe de redação e diretor-adjunto do Expresso, tendo criado e

dirigido a Revista, reservada à cultura e ao panorama internacional, que sobressaía do cinzentismo dominante

na imprensa portuguesa.

O seu projeto mais pessoal foi, sem dúvida, o jornal Público, um marco de inovação na imprensa nacional do

início dos anos 90 do século passado, de que foi cofundador e primeiro diretor, e ao qual ficará para sempre

associado.

Escrito por jornalistas jovens, com um grafismo inovador, e recorrendo às melhores práticas do jornalismo

internacional, o Público tornou-se, também ele, um jornal de referência.

Após deixar o Público, Vicente Jorge Silva dedicou-se ao cinema, a sua primeira paixão, sem, contudo,

abandonar o jornalismo, tendo sido colunista no Diário Económico, no Diário de Notícias e no Sol, regressando,

anos mais tarde, ao ‘seu’ Público. Foi também comentador da SIC.

Democrata de esquerda, como se considerava, Vicente Jorge Silva teve uma breve incursão pela atividade

político-partidária, ao ser eleito, em 2002, Deputado à Assembleia da República pelo círculo de Lisboa (IX

Legislatura), na lista do Partido Socialista.

Visionário, rigoroso e exigente, revolucionário na ditadura e na democracia, Vicente Jorge Silva marcou uma

geração no jornalismo em Portugal e deixa ao País um notável legado, quer quanto a obra feita, quer quanto a

exemplo de inquietude e liberdade de expressão e pensamento, que lhe é devido reconhecer.

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, expressa o seu pesar pelo falecimento de Vicente

Jorge Silva, endereçando à sua família e amigos as mais sentidas condolências.»

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19 DE SETEMBRO DE 2020 49 O Sr. Presidente: — Muito obrigado, Sr.ª Secretária Maria
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