O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

26 DE SETEMBRO DE 2020

23

Estão em curso diversos processos judiciais para avaliar as ilicitudes cometidas pelos responsáveis do Grupo

Espírito Santo, pelo que o Parlamento não se deve sobrepor a essas averiguações, mas permanecem dúvidas

fundadas e muito importantes sobre numerosos eventos, decisões e responsabilidades que, essas sim, o

Parlamento deve ajudar a dissipar.

Por isso, o âmbito que o Iniciativa liberal propõe para a comissão de inquérito inclui o período anterior à

resolução, em que continua a ser absolutamente incompreensível a não disponibilização do estudo interno do

Banco de Portugal sobre a sua própria atuação enquanto supervisor e inclui o período entre a resolução e a

venda definitiva, em que há razões para acreditar que o Governo mentiu aos portugueses sobre as

consequências financeiras da operação, e, finalmente, inclui o período após a venda, em que importa ter a

certeza que as decisões da nova administração têm sido, e serão, compatíveis com a defesa do interesse dos

contribuintes.

Esclarecer, apurar, «deixar em pratos limpos» é essa a nossa intenção, para que os portugueses saibam

para onde foi e para onde vai o seu dinheiro mas, sobretudo, para que não pairem as permanentes suspeitas

sobre o Novo Banco, porque toda esta atenção negativa sobre o banco erode a sua reputação, dificulta a gestão

do interesse público e pode prejudicar o futuro dos trabalhadores do Novo Banco, que são, provavelmente, as

vítimas mais ignoradas de todo este circo.

Este Parlamento tem a faculdade, e a obrigação, de acabar com as dúvidas e de defender os contribuintes

e os trabalhadores do Novo Banco.

Acompanharemos, por isso, as propostas de constituição de uma comissão de inquérito que tenham objeto

similar.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Para apresentação da iniciativa legislativa do PS, tem a palavra o Sr. Deputado João Paulo Correia.

O Sr. João Paulo Correia (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Partido Socialista pretende um inquérito parlamentar ao Novo Banco, desde o dia da resolução até aos dias de hoje.

Pretendemos, acima de tudo, com o inquérito parlamentar, avaliar e apurar em que circunstâncias é que o

interesse público foi lesado, desde o dia em que o Banco de Portugal resolveu o BES, desde o dia em que foi

constituído o balanço inicial do Novo Banco até aos dias de hoje.

Temos hoje matéria que não tínhamos no passado. Temos um relatório da auditoria promovida por uma lei

aprovada na Assembleia da República sobre os grandes processos que originaram perdas avultadas no Novo

Banco e que justificaram as injeções de capital por parte do Fundo de Resolução, com empréstimos do Estado.

A comissão de inquérito parlamentar tem hoje a possibilidade de ter acesso a informação de sigilo bancário

e profissional que não tinha no passado. Já aconteceu assim na última comissão de inquérito à Caixa Geral de

Depósitos, acontecerá igualmente nesta comissão de inquérito ao Novo Banco. É um instrumento valioso e que

pode apurar responsabilidades e responsáveis dos momentos em que o Estado foi lesado.

Mas há duas questões que são incontornáveis; a primeira é que o Novo Banco existe porque o BES faliu e o

BES faliu por atos de má gestão praticados, por falhas graves praticadas pelos ex-responsáveis do BES e do

GES. Assim, o Novo Banco existe porque foi opção da autoridade de resolução e do supervisor na altura, do

Banco de Portugal, e de um Governo.

No dia em que anunciaram a constituição do Novo Banco, prometeram um banco bom, dizendo que os ativos

problemáticos tinham ficado no BES e não tinham transitado para o Novo Banco.

Sabemos hoje que isso não é verdade, sabemos que mais de 90% dos processos que originaram perdas

avultadas no Novo Banco e que têm justificado injeções do Fundo de Resolução têm origem no BES.

Portanto, aquilo que, do nosso ponto de vista, esta comissão de inquérito tem de fazer é inquirir desde a

origem até aos dias de hoje, sem medos, sem fantasmas, porque temos aqui a enorme responsabilidade de

defender o interesse público.

A «doença» do BES passou para o Novo Banco. Esta é a grande conclusão que o relatório da auditoria da

Deloitte nos traz. A capitalização do Novo Banco tem sido feita às prestações, é o que nos têm dito responsáveis

do Fundo de Resolução, do Banco de Portugal, da Comissão de Acompanhamento e até ex-administradores do

Novo Banco. Mas aquilo que é também importante escrutinar é por que é que em setembro de 2015 foi decidido

Páginas Relacionadas
Página 0030:
I SÉRIE — NÚMERO 6 30 A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Srs. D
Pág.Página 30
Página 0031:
26 DE SETEMBRO DE 2020 31 É esta uma central em condições de ver o seu funcionament
Pág.Página 31
Página 0032:
I SÉRIE — NÚMERO 6 32 O Sr. Nelson Peralta (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e S
Pág.Página 32
Página 0033:
26 DE SETEMBRO DE 2020 33 Quando falamos da atual situação da central de Almaraz, f
Pág.Página 33
Página 0034:
I SÉRIE — NÚMERO 6 34 populações que residem nos distritos próximos de Almar
Pág.Página 34
Página 0035:
26 DE SETEMBRO DE 2020 35 O que é que aconteceu até agora? Olhe, Sr.ª Deputada, o M
Pág.Página 35
Página 0036:
I SÉRIE — NÚMERO 6 36 O Sr. Fernando Paulo Ferreira (PS): — Sr. Presidente,
Pág.Página 36
Página 0037:
26 DE SETEMBRO DE 2020 37 Vozes do PSD: — Muito bem! A Sr.ª Cláudia André (
Pág.Página 37
Página 0038:
I SÉRIE — NÚMERO 6 38 O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Deputada, c
Pág.Página 38
Página 0039:
26 DE SETEMBRO DE 2020 39 O Sr. Fernando Paulo Ferreira (PS): — Agora, em re
Pág.Página 39
Página 0040:
I SÉRIE — NÚMERO 6 40 Sr. Presidente, Srs. Deputados, após as palavras do De
Pág.Página 40
Página 0041:
26 DE SETEMBRO DE 2020 41 Protestos do CH. Mas sabe uma coisa?
Pág.Página 41