O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

26 DE SETEMBRO DE 2020

31

É esta uma central em condições de ver o seu funcionamento alargado por mais oito anos, Sr.as e Srs.

Deputados?!

Recordemos que, em 2017, na Eslovénia, houve um incidente nuclear grave numa central que utiliza os

mesmos reatores que Almaraz, isto uma década depois de uma fuga de água usada para o arrefecimento dos

reatores, água essa que é altamente radioativa. Na altura desse incidente, um alerta foi lançado por toda a

Europa. Foi o primeiro alerta desde a catástrofe de 1986, em Chernobyl.

É caso para perguntar se o Governo português tem problemas de memória histórica ou se, simplesmente,

se recusa a reconhecer que, pela sua localização, pela sua idade e pelos problemas associados, a central

nuclear de Almaraz constitui um risco para o território e para a população portuguesa. Ou, então, dar-se-á o

caso de até reconhecer, mas a subserviência às decisões do Governo espanhol é mais forte do que a segurança

das pessoas que vivem em Portugal.

A ocorrência de um acidente grave num dos dois reatores de Almaraz, construída junto ao Tejo, cuja água

do rio é usada para o seu sistema de refrigeração, afetará, pelo menos, os distritos de Castelo Branco e de

Portalegre. Consegue o Governo garantir a segurança destas populações?

Lembramos ainda o seguinte: em 2017, o Governo fez um acordo com Espanha, após recuar numa queixa

a Bruxelas, acordo este que permitiu a construção do armazém de resíduos radioativos sem qualquer avaliação

de impacte ambiental transfronteiriço, como se impunha. A construção desse armazém veio, aliás, permitir a

manutenção desta central em funcionamento para além de 2020. Quem ganhou?! Claramente, o Governo

espanhol e as empresas que exploram a central. E Portugal, o que ganhou?! Ficou com mais resíduos à porta

e com os riscos inerentes a uma central nuclear obsoleta.

Aplausos do PAN.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — A voz do Sr. Deputado Duarte Marques ecoa pelo Plenário, pelo que gostaria de chamar à atenção o seguinte: o fenómeno das máscaras é curioso, porque todos falamos mais

alto e isso ressente-se nos trabalhos parlamentares. Agradecia que todos nós usássemos um tom de voz um

pouco mais baixo, enquanto falamos no Plenário e com a máscara.

Entramos, agora, na fase de intervenções.

Para a primeira, tem a palavra o Sr. Deputado do Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo.

O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quando se discute a energia nuclear, não é fácil evitar exageros. Por isso, interessa, concretamente, quanto à central de Almaraz, olhar

objetivamente para os factos.

Primeiro facto: os incidentes verificados e referidos pelo PAN no seu projeto de resolução foram isso mesmo,

incidentes, porque a paragem automática do reator, perante a subida da potência no dia 23 de junho passado,

foi classificada com nível zero por parte do Conselho de Segurança Nuclear espanhol, cuja independência e

competência técnica são reconhecidas em todo o lado, não sendo, por isso, sequer considerado um incidente.

Segundo facto: o teste de resistência encomendado pela Greenpeace, uma organização abertamente

antinuclear, é de 2010, tendo, nessa altura, o Governo espanhol assumido o compromisso de substituir as

válvulas de segurança no final dessa década. Desde então, a Greenpeace não voltou a emitir nenhum relatório.

Terceiro facto: o mesmo Conselho de Segurança Nuclear espanhol deu, agora em julho, parecer positivo ao

Ministério do Meio Ambiente para a renovação das licenças.

Esses são factos, mas concordamos com o PAN num ponto: a análise permanente por entidades externas e

independentes do nível de segurança de qualquer central nuclear é crucial. O facto de a central de Almaraz já

ter ultrapassado o seu tempo de vida útil em 10 anos acrescenta ainda mais importância a esta fiscalização.

Por isso, mantendo o pleno respeito pela esfera de competência nacional do Governo espanhol, Portugal

tem a obrigação de manter ou de criar, caso não existam, mecanismos de consulta regular e frequente sobre a

situação exata da central de Almaraz. Era bom que o Governo não fizesse segredo sobre esses mecanismos.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr. Deputado Nelson Peralta, do Bloco de Esquerda, tem a palavra, para uma intervenção.

Páginas Relacionadas
Página 0032:
I SÉRIE — NÚMERO 6 32 O Sr. Nelson Peralta (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e S
Pág.Página 32
Página 0033:
26 DE SETEMBRO DE 2020 33 Quando falamos da atual situação da central de Almaraz, f
Pág.Página 33