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17 DE OUTUBRO DE 2020

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Da mesma forma que o PSD pediu às outras forças partidárias que deixassem um pouco os fatores

ideológicos e partidários de lado, o PAN pede ao PSD para deixar um bocadinho a ideologia de lado e pensar o

País como um todo, pensar nas respostas sociais que são necessárias como um todo. É isto que se quer do

partido da oposição que tem mais expressão aqui, no Parlamento.

Claro que o PAN é altamente favorável a estas medidas de apoio, bem como medidas de criação e emprego,

mas não exclusivamente, não fortemente, numa indústria volátil. Temos de criar emprego sustentável, temos de

ter uma indústria de repovoação do interior. O interior tem sido esquecido pelo Parlamento há décadas; temos

um interior desertificado, temos a grande maioria da população portuguesa a morar no litoral, em áreas urbanas,

e era disto que também devíamos estar aqui a falar.

Independentemente disto, mais uma vez, agradeço ao PSD ter trazido este debate de urgência, mas gostava

de ver o PSD com o mesmo afinco e fulgor quando se discutem aqui os problemas económicos de PME por

todo o País, das várias indústrias e de pessoas que estão numa situação muito, muito, precária.

O Sr. Presidente: — Pelo Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, tem a palavra a Sr.ª Deputada Fabíola Cardoso.

A Sr.ª Fabíola Cardoso (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Debatemos hoje a situação económica e social atualmente vivida em Fátima, concelho de Ourém, distrito de

Santarém. Percebemos que a situação é muito grave em Portugal quando o Santuário de Fátima avançou, em

setembro, com a intenção de dispensar dezenas de trabalhadores.

O Sr. Duarte Marques (PSD): — Isso é mentira!

O Sr. João Moura (PSD): — Fake news!

A Sr.ª Fabíola Cardoso (BE): — A queda nas receitas causadas pela pandemia levou a um plano de reestruturação interna.

Mas não foi só a Igreja a sofrer com as consequências da diminuição da afluência de peregrinos ao Santuário,

que chegou a atingir os 95%. O Presidente da Câmara de Ourém revelou ao portal regional Mais Ribatejo que

o impacto do encerramento de estabelecimentos em Fátima rondava, em abril, os 90%.

A especial vulnerabilidade de Fátima prende-se com um modelo socioeconómico baseado quase

exclusivamente na atividade turística. A forte especialização na monoindústria do turismo religioso conduziu a

um ecossistema empresarial muito pouco resistente a mudanças inesperadas e, portanto, muito frágil.

Estas debilidades fazem-se sentir também do lado do trabalho, marcado pela forte informalidade,

sazonalidade e precaridade.

O Sr. João Moura (PSD): — Não é verdade!

A Sr.ª Fabíola Cardoso (BE): — Segundo declarações de António Baião, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro, cerca de 1000 pessoas

perderam o emprego em Fátima, correspondendo a cerca de 50% dos postos de trabalho, só no setor hoteleiro.

Noutros setores, devido à clandestinidade e trabalho não declarado, os números poderão ser ainda piores.

A pandemia colocou a descoberto as debilidades do tecido económico local, situação só semelhante à

acontecida no Algarve ou na Madeira, o que justifica, do nosso ponto de vista, medidas excecionais para lidar

com este grave problema socioeconómico no distrito de Santarém.

Aplausos do Deputado do PSD Duarte Marques.

É necessário canalizar apoios extraordinários para pessoas e empresas que permitam fazer face à

emergência social, sim, mas são igualmente necessárias medidas estruturais que transformem o tecido

económico da região e o preparem para um futuro pós-COVID, que não será igual ao passado.

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