I SÉRIE — NÚMERO 26
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder a este primeiro grupo de oradores, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Alberto Machado, tem toda a razão. De facto, o processo de vacinação da gripe sazonal que decorreu este ano — um processo que, de resto, decorre
anualmente e que devia por isso estar rotinado — não foi um bom exemplo, nem é um bom preditor de uma
operação que será infinitamente mais complexa, desde logo, por temas relacionados com as próprias vacinas,
a saber, com o problema do frio, com todas as questões relacionadas com a possibilidade de abertura das
caixas onde vêm as vacinas e a necessidade de não haver desperdício.
Portanto, esse processo não é um bom preditor, mas isso não significa que não estejamos ainda a tempo
de construir um bom plano, razão pela qual o CDS traz agora — e não mais tarde, para apontar o dedo —, em
tempo útil, as perguntas que gostaria de ver respondidas e que, de resto, constam dos planos de outros
países.
De facto, outra razão para estarmos um pouco mais desconfortáveis é que, em muitos outros países, estes
planos são já conhecidos. Obviamente, estão sujeitos a ajustes, na medida em que se foi sabendo mais sobre
as vacinas, mas oferecem maior confiança.
Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, sim, nós acompanharemos o Iniciativa Liberal. E não só
acompanharemos como até já nos antecipámos, uma vez que, na sexta-feira passada, solicitámos na
Comissão de Saúde — e foi aprovada por unanimidade — a vinda do Dr. Francisco Ramos, responsável pela
task force. Portanto, só poderemos ver com bons olhos que a ele se juntem outros intervenientes que nos
ajudem a compor um quadro claro sobre como vai ser montada esta operação, que, sim, tem toda a razão,
não se esgotará nos primeiros meses, será longa, pelo que temos de nos preparar pacientemente para esse
processo.
Finalmente, Sr. Deputado João Dias — e nós também temos saudades do Deputado João Ramos! —,
concordo inteiramente consigo em que um dos grandes inimigos deste processo é a desconfiança, colocada
em vários pontos do processo, desde logo, na eficácia da vacina. É muito importante que as pessoas se
consciencializem e que seja desconstruído todo o tipo de informação falsa à volta da eficácia das vacinas,
porque da imunidade de grupo depende a capacidade de regressarmos à atividade.
Agora, o Sr. Deputado pôs na minha boca algo que eu não disse. Eu, pelo contrário, reforcei a importância
de serem acautelados os meios para que a vacinação não desguarneça as unidades de saúde, focando-me,
portanto, no SNS. Mas essa sua desconfiança devolvo-a a si, em espelho: é que tenho a ideia — e o Sr.
Deputado corrija-me, se estiver enganada — de que a Pfizer, a AstraZeneca, a Johnson & Johnson, a
Moderna não são do SNS, pois não? São, sim, empresas privadas que desenvolveram as vacinas de que
agora tanto estamos à espera.
Protestos do Deputado do PCP João Dias.
Se o Sr. Deputado tem assim tantos problemas com a iniciativa privada, o melhor é deixar que elas sejam
desenvolvidas todas lá fora e esperar que o SNS desenvolva cá a sua, se é esse o seu problema.
Portanto, Sr. Deputado, quem tem os problemas e quem os revela na intervenção é o Sr. Deputado. Por
mim, está tudo muito bem.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para pedir esclarecimentos, em nome do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Antónia de Almeida Santos.
A Sr.ª Maria Antónia de Almeida Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa, ultrapassando a necessidade de afirmação do CDS ao trazer para uma declaração política um
plano de vacinação que será apresentado hoje à tarde e cujos contornos nós não conhecemos, ultrapassada
essa necessidade de afirmação que é premente, pergunto à Sr.ª Deputada se não acha importante a reunião