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I SÉRIE — NÚMERO 27

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O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro e demais Membros do Governo: Repetindo-se a proposta de declaração da renovação do estado de emergência, o PCP

insiste nos argumentos para a sua rejeição e insiste na necessidade de dar-se resposta à epidemia com o reforço

do SNS, com a definição de regras de segurança sanitária nas diversas atividades e com medidas de apoio para

que essas regras de segurança sanitária sejam implementadas e cumpridas nas diversas dimensões da nossa

vida económica, social, cultural e cívica.

É preciso pôr fim às medidas restritivas que têm sido aplicadas sem certeza nem confirmação dos efeitos

que delas possam resultar, a não ser a ruína e a falência de setores inteiros, o desemprego e a pobreza dos

trabalhadores. Ficámos, ontem, a saber que não há nenhum elemento que demonstre que as limitações de

circulação entre concelhos tenham dado algum resultado positivo em termos de redução de contactos. E ficámos

também a saber que o decréscimo de contágios, que tem vindo a verificar-se nas últimas semanas, se iniciou

antes de ter sido decretado o estado de emergência.

Se é assim, para que serve verdadeiramente o estado de emergência? Para que servem as medidas de

restrição à circulação ou de recolher obrigatório, as medidas de limitação de horários e funcionamento de

estabelecimentos de comércio, serviços ou de restauração, as medidas de limitação da atividade artístico-

cultural? Para que serviu tudo isso se, antes mesmo de essas medidas terem sido decretadas, os portugueses

já tinham adotado comportamentos que permitiram a redução do número de contágios? Esta é,

verdadeiramente, a questão central desta discussão.

Não é possível continuar a discutir a renovação do estado de emergência ignorando que os argumentos que

sucessivamente são utilizados para o sustentar não têm demonstração, passando simultaneamente ao lado de

todas as suas implicações, de todos os problemas que está a criar, de todo o desespero que semeia. Este

desespero tem de ser compreendido e ultrapassado e não caracterizado como «circo», como aqui ouvimos,

hoje, o Sr. Deputado André Ventura dizer. Não é possível sustentar, nesta Assembleia, a declaração do estado

de emergência e suas medidas restritivas, aprovando-as, e depois ir para a rua lamentar os impactos

económicos e sociais que têm, como hipocritamente continua a fazer o PSD. O PSD, que aqui tem aprovado

todas as declarações do estado de emergência e permitido todas as medidas restritivas que daí resultam, anda,

depois, por aí, a dar palmadinhas nas costas dos empresários da restauração, da hotelaria, do turismo ou do

comércio, que arruína com as suas próprias decisões.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro: Impõe-se, neste momento, uma reflexão de

fundo sobre os problemas que já hoje estamos a enfrentar e sobre o nosso futuro coletivo. É mais que evidente

que, mesmo com a disponibilização de vacinas já no início de 2021, vai demorar ainda muito tempo até que o

problema da epidemia esteja ultrapassado. E também é evidente que o País não aguenta, durante muito mais

tempo, os impactos económicos e sociais das medidas restritivas que têm sido impostas.

Torna-se cada vez mais evidente o que o PCP, há meses, reclama: reforce-se o SNS, definam-se, apliquem-

se e façam-se cumprir as medidas de segurança sanitária para que a vida nacional prossiga, mas ponha-se

travão às restrições que estão a afundar o País, económica e socialmente, sem resolver os problemas da

epidemia.

O Sr. Duarte Alves (PCP): — Muito bem!

O Sr. João Oliveira (PCP): — Essas decisões devem ser tidas em conta adequadamente já para as semanas que aí vêm. Todos sabemos que o vírus não vai desaparecer porque é Natal ou porque o ano de 2020 vai,

finalmente, chegar ao fim. A quadra festiva não é justificação para que desapareçam as preocupações que têm

de ser mantidas no plano da saúde pública, mas é nesse plano que as decisões devem ser tomadas, com a

definição das regras de segurança sanitária que os portugueses devem observar, para que a normalidade

possível, neste período, inclua a garantia da saúde e da segurança sanitária.

Sem imposições ou restrições, mas com pedagogia e medidas claras, de forma a que cada um saiba e todos

cumpram as regras necessárias à segurança sanitária, num período de incontornável importância familiar, social,

mas também económica, insistimos que a resposta à epidemia, hoje como antes, tem de ser encontrada no

reforço do SNS, em especial dos serviços de saúde pública. Insistimos em ir reforçando a capacidade de deteção

e interrupção das cadeias de transmissão, a capacidade de internamento, incluindo em cuidados intensivos, a