5 DE DEZEMBRO DE 2020
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Não posso terminar sem saudar o Primeiro-Ministro, a Ministra da Saúde, a Diretora-Geral da Saúde e todos
aqueles e aquelas que têm feito um esforço, mais ou menos eficaz, mas um esforço verdadeiro, para salvarem
a vida de milhares de indivíduos e, ao mesmo tempo, relacionarem-se e terem de lidar com o oportunismo
político, o negacionismo e a manipulação mediática de indivíduos que não fariam melhor. E não fariam melhor
porque esses são os indivíduos que desejam desmantelar o Serviço Nacional de Saúde e que querem privatizar
tudo aquilo que funciona neste País.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Joacine Katar Moreira (N insc.): — Num ambiente em que deveríamos estar unidos, não o estamos, porque há indivíduos, nomeadamente partidos, que estão numa ansiedade enorme, a ver se se elegem, a ver
se arrasam, a ver se se agigantam, reduzindo a democracia e as oportunidades.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. André Ventura (CH): — Batam lá palmas, batam lá palmas!
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada não inscrita Cristina Rodrigues.
A Sr.ª Cristina Rodrigues (N insc.): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Começam, finalmente, a ser visíveis os resultados do esforço coletivo que todos temos feito. Os estudos
demonstram que já atingimos o pico, que o número de casos está a diminuir e que o índice de transmissão
reduziu. Por isso, importa não baixar os braços.
Mas, para além da crise sanitária, não podemos esquecer outras urgências que se mantêm por resolver.
De acordo com dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho), Portugal foi o país europeu que
registou maiores perdas na massa salarial por causa da crise provocada pela pandemia, penalizando, sobretudo,
as mulheres. Os salários das mulheres tiveram uma queda de 16%, a mais elevada entre os 28 países
analisados.
Para além disso, a instabilidade provocada pela COVID-19 tem particular impacto nas mulheres que, por
medo de expor os filhos ao vírus, medo do desemprego ou da crise económica, ficam especialmente vulneráveis
perante cenários de violência doméstica.
A desigualdade entre mulheres e homens continua a ser uma realidade que tem de ser combatida e para a
qual as associações de mulheres têm um papel determinante, pelo que urge também apoiá-las.
Apesar de o teletrabalho constituir uma medida fundamental para combater a propagação da pandemia, a
verdade é que o Ministério do Trabalho fez um inquérito a 10 300 empresas e concluiu que dois terços não o
implementaram.
Insisto, por isso, que é essencial adotar medidas que garantam a sua implementação e que a ACT tenha
condições para fiscalizar esta situação, sem que isso comprometa a sua atividade normal.
Chamamos novamente a atenção para os setores que estão a ser particularmente afetados por esta crise,
nomeadamente a cultura, a restauração e mesmo os bares e as discotecas.
Com o aumento de desemprego, não podemos não apoiar estas empresas, pelo que apelo ao Governo que
pense neste setores, que ouça as suas preocupações e que reforce os apoios, porque a imposição de medidas
sanitárias, que concordamos ser fundamental, deve encontrar um equilíbrio com a necessidade de garantir a
sustentabilidade das empresas e, consequentemente, a manutenção dos postos de trabalho.
Que mantenhamos este caminho de responsabilidade, com vista ao fim da pandemia, sem esquecer aqueles
que neste momento mais precisam, nem os que todos os dias trabalham na linha da frente para que os restantes
possam viver a sua vida com a normalidade possível.
O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate, tem a palavra o Sr. Ministro da Administração Interna.