I SÉRIE — NÚMERO 40
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O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra o Sr. Deputado Telmo Correia, do CDS-PP. Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, já lá vamos ao confinamento e àquilo que cada um defendeu — estou muito à vontade nessa matéria.
Antes disso, queria fazer-lhe uma pergunta muito concreta. Sr. Primeiro-Ministro, nós devíamos ter
recebido nesta semana 96 000 doses da vacina da Pfizer. Recebemos, tanto quanto sei, 47 000 e estaria
previsto recebermos, penso, mais 96 000 no início da próxima semana. Não sei quantas doses receberemos.
Pergunto-lhe: tem garantias de quantas doses receberemos na próxima semana, ou não?
Outra pergunta muito concreta, Sr. Primeiro-Ministro, é esta: por outro lado, esta falha no fornecimento, Sr.
Primeiro-Ministro, deve-se a quê? A compras bilaterais de algum Estado-Membro? Sim ou não? E, se sim, de
quem? Sendo o senhor, neste momento, também Presidente do Conselho Europeu, certamente poderá sabê-
lo.
Disse ainda o Sr. Primeiro-Ministro que iria fazer uma gestão de stock. Pergunto-lhe o que é que isso quer
dizer concretamente. Pergunto-lhe se, como noticiava designadamente um órgão de comunicação social, isso
significa ou não adiamento da segunda toma da vacina e para quando. É que a comunicação social noticiou
que a segunda toma se faria passados 40 dias da primeira, havendo, assim, um adiamento. E a informação
que tenho é a de um comunicado da Pfizer — não sei se haverá algum posterior ou não — que diz não haver
qualquer garantia de eficácia dessa mesma vacina se a segunda toma for feita passados mais de 21 dias. É
isto que diz um comunicado da Pfizer, a que tenho acesso, mas não sei se haverá algum posterior, se haverá
alguma informação diferente desta. Contudo, a ser assim, qualquer adiamento implicaria um risco muito
grande, Sr. Primeiro-Ministro.
Por isso, pergunto-lhe se vai fazê-lo ou não. E, caso admita fazê-lo, pergunto-lhe se tem algum documento
que contrarie este documento que referi da Pfizer.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Telmo Correia, telegraficamente, porque o Sr. Deputado ainda tem tempo para fazer outra pergunta e eu ainda queria ter tempo para responder, devo dizer-
lhe, em primeiro lugar, que a quebra na entrega das vacinas desta semana se deve, como a Pfizer explicou, a
obras que está a fazer na sua fábrica, o que levou à redução da distribuição para todos os países da União
Europeia. Em segundo lugar, aquilo que a task force propôs foi que houvesse uma aceleração da vacinação,
da primeira toma, nos lares, porque está provado que a primeira toma, por si só, aumenta o grau de
imunização, sem que haja risco de adiamento da segunda toma. Em terceiro lugar, aquilo que a Agência
Europeia de Medicamentos e a Pfizer informaram foi que o período de atribuição da segunda dose pode ser
entre 21 e 42 dias.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra o Sr. Deputado Telmo Correia, do CDS-PP. Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, essa referência a que o período de atribuição da segunda dose pode ser entre 21 e 42 dias contraria o comunicado da própria Pfizer, mas
obviamente tenho de aceitar a sua resposta.
Quanto à questão do confinamento, fui sempre favorável ao estado de emergência, continuo a ser e serei
sempre, independentemente da posição de cada um — isso é sabido e é público.
Mas há algo que não faz muito sentido, Sr. Primeiro-Ministro. Em março, quando iniciámos o confinamento
geral, tínhamos 642 casos por dia, 2 óbitos e 20 internados em UCI (unidade de cuidados intensivos). Neste
momento, comparando com março, não temos 642, mas mais de 10 000 casos por dia, ultrapassámos hoje as
200 mortes, infelizmente, e as UCI estão, pelas notícias que conhecemos, à beira de esgotar.