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9 DE ABRIL DE 2021

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De facto, existem demasiadas omissões legais. Nas nossas cidades, vilas e aldeias, a regra é a da

desproteção das árvores. Falta um manual de boas práticas e falta proteger estes elementos indispensáveis à

qualidade das nossas vidas.

Nesta discussão, percebemos que há uma grande confluência de vários partidos sobre a necessidade de

criar legislação. A isso não será alheia a dimensão e a avaliação do problema. Sim, muitas autarquias têm

tratado muito mal as árvores e, sim, muitas árvores são cortadas indiscriminadamente e muitas outras são alvo

de podas abusivas. Sim, faltam espaços públicos verdes e faltam árvores para regular o clima. Sim, demasiadas

árvores são plantadas sem ter em conta as condições naturais do local e a sua compatibilidade com o uso

humano, o espaço e o edificado. As árvores também acabam por ser sempre o parente mais pobre quando o

ordenamento do território premeia a especulação imobiliária.

Mas é preciso que esta confluência não seja apenas para «tapar o sol com a peneira» e aliviar a má

consciência. Precisamos de medidas efetivas e é por isso que propomos: um inventário para conhecer o número

de árvores e os serviços que elas prestam; a elaboração de um regulamento e de um plano municipal que

garantam o princípio da não regressividade, isto é, que a área das árvores e os serviços ecológicos que elas

prestam não possam ser diminuídos; e a implementação de áreas mínimas obrigatórias, para que as árvores

tenham uma área mínima definida em cada município. Estas são as grandes diferenças entre a nossa proposta

e outras que estão em cima da mesa e, por isso, perguntamos se acompanham estas medidas.

Propomos igualmente que as podas abusivas sejam interditas, que o abate só ocorra por razões de

segurança ou outros motivos imponderáveis e que, sempre que possível, se opte pela transplantação em vez

do abate. Propomos ainda que se institua todo um conjunto de regras para garantir árvores saudáveis e espaços

vividos.

Pretendemos igualmente que seja reconhecida a profissão de arborista. Quem planeia e lida com o parque

arbóreo deve estar devidamente qualificado para essa função e o Estado tem de garantir que essa formação

existe e que ninguém é excluído do exercício da função.

As árvores no espaço urbano têm um papel importante na qualidade do ar, sequestram carbono, promovem

a biodiversidade, reduzem a poluição sonora, melhoram o escoamento das águas e protegem os solos. Devem,

portanto, ser estimadas.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!

O Sr. Nelson Peralta (BE): — Concluímos dizendo que cuidar das nossas árvores é também uma política

de inclusão. Os espaços públicos de qualidade são livres para toda a população, independentemente dos seus

rendimentos, e estes espaços de qualidade com árvores devem existir por todo o lado. Além disso, muitos dos

serviços ecológicos das árvores, como a regulação da temperatura nas cidades, são especialmente importantes

para as camadas mais vulneráveis da população.

É por isso que apresentamos esta proposta, no sentido de construir espaços públicos inclusivos e

respeitadores do planeta. Façamos essa escolha.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção cabe à Sr.ª Deputada Mariana Silva.

Faça favor, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Na anterior Sessão Legislativa, em

julho, Os Verdes trouxeram a debate a necessidade de se trabalhar numa estratégia nacional para o fomento

do arvoredo urbano.

O projeto de resolução do PEV foi aprovado por unanimidade nesta Assembleia, dando lugar à Resolução

da Assembleia da República n.º 55/2020, que recomenda ao Governo que crie, em conjunto com as autarquias,

uma estratégia nacional para o fomento do arvoredo em meio urbano para preservar e alargar os corredores e

espaços verdes, em alinhamento com estratégias e planos de conservação e preservação, integrando nessa

estratégia um manual de boas práticas na gestão do arvoredo em meio urbano que contenha regras adequadas,

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