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15 DE MAIO DE 2021

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o passado, o presente e o futuro. Por isso, o País deve-lhe respeito, gratidão e, acima de tudo, deve-lhe a criação

de políticas que permitam um envelhecimento ativo, saudável e feliz. Por isso, nenhum pode ficar para trás!

O projeto de resolução de Os Verdes chama a atenção para os idosos que vivem sozinhos ou isolados. Este

é um fenómeno social às vezes esquecido mas da maior importância e que exige medidas que minimizem os

efeitos da solidão. Os restantes diplomas demonstram bem a necessidade que esta franja vulnerável da

população tem de proteção.

Todos sabemos que Portugal é um país envelhecido, com múltiplos sinais de alarme, desde a saúde física à

mental, da pobreza à exclusão. Por isso, todos somos convocados a agir na defesa dos interesses desta franja

da população, pois também aqui foi colocada a nu a insuficiência e a incapacidade do Estado.

Felizmente, somos um povo solidário e cedo nos soubemos organizar para acudir onde o Estado falha. É

justo distinguir a atuação do Estado central, arrogante, distante da população e dos seus problemas, da das

autarquias cuja proximidade e vivência comum com as populações e com as suas preocupações é eficiente e

dá as respostas necessárias. Possuímos uma história de séculos de solidariedade, com raiz religiosa ou não;

cedo os portugueses souberam organizar-se em torno da entreajuda, nas mutualidades, nas misericórdias ou

nas IPSS.

A pandemia agravou as debilidades sociais, que são visíveis na forma como lidamos com a população sénior.

É um facto: a população idosa está excessivamente institucionalizada, por vezes em condições difíceis e com

cuidados de saúde insuficientes.

Aqui impõe-se refletir sobre o novo paradigma de políticas de envelhecimento e, não, não é suficiente o

anúncio da Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável 2017-2025.

A teimosia do Estado, que insiste em não rever o deficiente financiamento do setor social e que condena as

instituições a fazer o que podem e não o que querem, faz com que os cuidados prestados fiquem nos mínimos

das necessidades das pessoas, que merecem mais do que um teto, alimentação e higiene.

Os nossos idosos merecem mais do que o convívio dentro das quatro paredes. Tem de haver interação

social, apoio familiar e respostas adequadas a uma população envelhecida cada vez com mais necessidades.

A pandemia e a desorientação do poder central, que ora decidia de uma forma ora decidia de forma contrária,

ou nem decidia, escancarou as deficiências do sistema. Constatamos uma triste evidência: as falhas do Governo

saldaram-se num número impensável de mortes, com especial relevância nos idosos.

Incapaz, o Governo decidiu isolá-los num intolerável «quase rapto», não tendo avançado com a testagem,

com a vacinação ou com as equipas de intervenção rápida, sujeitando-os a um isolamento nefasto física e

mentalmente.

O Governo, incompetente e em pânico, prendeu a liberdade a quem apenas restam os afetos e as últimas

primaveras. Foi desumano!

Não faltaram alertas por parte do PSD, mas a estultícia do Governo levou-o a tomar decisões com grave

prejuízo para todos.

Hoje, em vez de fazer um mea culpa, o Governo exulta com a diminuição dos números e esquece os efeitos

da sua incompetência. Mais do mesmo: as vítimas de incêndios ontem, as vítimas da COVID hoje. São apenas

números rapidamente esquecidos.

Perante tal arrogância e indiferença, é difícil acreditar que se tenham aprendido lições sobre o que deve ser

feito: melhorar o Serviço Nacional de Saúde; haver médico de família para todos; melhorar as ERPI (estruturas

residenciais para pessoas idosas) com instalações e serviços de saúde adequados; capacitar os recursos

humanos; favorecer os cuidados e o fornecimento de géneros de proximidade; favorecer a manutenção dos

idosos nas suas casas ou em coabitação mais amigável e humana; proporcionar educação informal ao longo da

vida.

Srs. Deputados, ser idoso tem de significar não o fim mas o início de uma nova fase; não uma fatalidade mas

uma oportunidade para um mundo novo e saudável.

A grande idade deve ser a ponte de transmissão de valores e vivências para a jovem idade, pois isso preserva

a alma de um povo e incrementa a vontade de viver de uns e de experimentar de outros.

Tratar bem os idosos é construir uma sociedade mais inclusiva e tolerante, mais rica e saudável, na qual o

idadismo não tem lugar.

Cabe ao Governo cuidar dos portugueses com as assimetrias e diferenças que nos são peculiares, pois o

interior é diferente do litoral, as zonas urbanas são diferentes das zonas rurais.

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