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I SÉRIE — NÚMERO 66

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Com a epidemia, limitou-se os direitos dos idosos um pouco para lá do aceitável, como já aqui foi dito hoje,

em nome de um bem maior. Como se a partir dos 65 ou dos 70 anos se perdessem todas as faculdades e

discernimento! É preciso respeitar as suas vontades!

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Congratulamo-nos com o alargado consenso registado aqui, hoje.

Esperamos, então, que se passe das palavras aos atos, com a aprovação das recomendações que Os Verdes

propõem.

O Sr. Presidente: — Chegámos, assim, ao final do quarto ponto da nossa agenda, pelo que vamos passar ao período regimental de votações.

Como sabem, iremos ter uma votação que será feita por voto eletrónico e que vai exigir que votem, primeiro,

os Deputados que estão na Sala, os quais, depois, sairão para dar lugar aos Deputados que estão lá fora à

espera. Portanto, peço que tudo isso se possa fazer com a máxima serenidade.

Vamos, então, começar as votações, com o Projeto de Voto n.º 562/XIV/2.ª (apresentado pelo PAR e

subscrito por Deputados do PS, do CH, do IL, do PCP e do PSD) — De pesar pelo falecimento de Julião

Sarmento.

Peço à Sr.ª Secretária Sofia Araújo que proceda à respetiva leitura.

A Sr.ª Secretária (Sofia Araújo) — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor: «Faleceu, no passado dia 4 de maio, aos 72 anos, Julião Sarmento, nome maior das artes plásticas do

Portugal contemporâneo.

Nascido em Lisboa, a 4 de novembro de 1948, Julião Manuel Tavares Sena Sarmento inicia a sua atividade

artística nos anos 70, ao mesmo tempo que frequenta o curso de Arquitetura na Escola Superior de Belas Artes

de Lisboa, que conclui em 1974.»…

O Sr. Presidente: — Sr.ª Secretária, peço-lhe que interrompa a leitura do projeto de voto. Estamos em período de votações e, ainda por cima, trata-se de um voto de pesar. Peço aos Srs. Deputados

que se sentem ou saiam. Aos que se sentarem, peço que façam silêncio.

Queira prosseguir, Sr.ª Secretária.

A Sr.ª Secretária (Sofia Araújo): — Obrigada, Sr. Presidente. Retomo a leitura do projeto de voto:

«Depois de ter trabalhado na secretaria de Estado da Cultura, logo após a Revolução, onde ajudou à

alteração das práticas artísticas em Portugal, é um dos nomes escolhidos por Ernesto de Sousa para a

‘Alternativa Zero: Tendências Polémicas na Arte Portuguesa Contemporânea’, exposição que, em 1977, reúne

trabalhos concetuais que marcaram a cena artística nacional a partir do final da década de 60, a par com Helena

Almeida, Álvaro Lapa, Clara Menéres, Ângelo de Sousa ou João Vieira, entre outros.

Com uma obra diversa e multifacetada, em que se destaca no desenho, na pintura, na fotografia ou no vídeo,

e uma visão arrojada e provocante sobre o corpo e o desejo, Julião Sarmento foi sendo influenciado pelas mais

avançadas correntes da arte mundial, para o que contribuiu uma carreira com forte pendor internacional, bem

testemunhada pelas participações nas edições de 1982 e 1987 da Documenta, de Kassel, ou na Bienal de São

Paulo, em 2002.

Julião Sarmento era, com efeito, um dos artistas plásticos portugueses com maior prestígio e projeção

internacional — uma projeção que foi fundamental para dar a conhecer novas gerações de artistas portugueses

—, estando a sua obra representada em inúmeras coleções públicas e privadas, no estrangeiro e em Portugal.

Talentoso e generoso, destacou-se também como colecionador, cedendo à cidade de Lisboa um importante

acervo que integra pintura, objetos, instalações, vídeos e esculturas de artistas portugueses e estrangeiros que

conheceu ao longo da sua vida.

Depois de, em 1994, ser agraciado com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, a

consagração nacional de Julião Sarmento chega em 1997, ao ser escolhido para representar Portugal na Bienal

de Veneza. Em 2014, recebe o Prémio da Associação Internacional dos Críticos de Arte.

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