O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 67

30

A limitação de meios financeiros e humanos e a degradação da condição militar continuam a gerar situações

de mal-estar resultantes da não resolução de problemas, nomeadamente a concretização de aspirações e

expectativas dos militares em relação às carreiras e ao sistema retributivo.

Ao nível do equipamento e da operacionalidade assistimos a um desfasamento entre as necessidades

nacionais e os meios existentes, com o reequipamento militar submetido ao objetivo da participação nacional

em missões internacionais e em forças multinacionais, num processo com reflexos negativos ao nível dos macro

indicadores das Forças Armadas, que apontam para a redução da sua capacidade operacional, de manutenção

dos meios e da qualificação, treino e formação do pessoal.

Os indicadores divulgados na semana passada, que apontam para o crescimento do número de efetivos

militares em 2020, são inseparáveis do estado de exceção em que vivemos, que determinou a retenção de

militares do quadro de complemento cujos contratos terminaram durante esse período e de terem sido chamados

à efetividade militares na reserva, e não elimina, nem sequer disfarça, a dramática falta de efetivos das Forças

Armadas, inseparável da falta de atratividade da prestação de serviço nas Forças Armadas e nas carreiras

militares.

A situação das Forças Armadas é consequência de um processo promovido por PS, PSD e CDS, pelos

sucessivos governos que têm posto em prática uma estratégia de submissão à União Europeia e à NATO,

criando ao longo do tempo novos laços de envolvimento e dependência das nossas Forças Armadas no sentido

de as obrigar a partilhar meios e missões de soberania, o que conduzirá, a prazo, à sua especialização e

periferização não num quadro de igualdade ou reciprocidade de vantagens e defesa dos interesses nacionais,

mas de subalternização aos objetivos estratégicos das grandes potências, designadamente no plano da

doutrina, da formação e do treino.

Nesse sentido, a discussão que estamos a realizar hoje deveria ter sido antecipada por um amplo debate em

torno do Conceito Estratégico de Defesa Nacional e das Forças Armadas que queremos para o País, cujas

conclusões deveriam ter tradução nos necessários ajustamentos na organização, incluindo na estrutura superior,

no dispositivo e no sistema de forças, num período determinado e com o necessário investimento. Um debate

em que queremos participar com o nosso contributo, alicerçado na ideia de que Portugal precisa de uma

estratégia nacional e patriótica, sustentada num pensamento próprio e nos valores e princípios constitucionais.

É também por isso que o PCP apresenta, e submete hoje a discussão, propostas de alteração à Lei de

Defesa Nacional e à LOBOFA, propostas que visam, entre outros aspetos, recentrar os poderes do Comandante

Supremo das Forças Armadas e adequar as regras gerais do exercício dos direitos dos militares ao quadro

constitucional, aproximando-os do patamar dos direitos dos militares da maioria dos países da União Europeia,

mas também restabelecer alguns aspetos da autonomia dos três ramos das Forças Armadas, designadamente

no processo de escolha e nomeação dos militares para a sua estrutura superior.

Em matéria de direitos fundamentais dos militares e das respetivas associações representativas, bom seria

que o Governo, tão cioso de acompanhar modelos de outros países da NATO e da União Europeia, também

acompanhasse alguns desses países em matéria de reconhecimento de direitos socioprofissionais dos militares

e remetesse, de uma vez por todas, para o passado histórico uma situação em que ser dirigente associativo nas

Forças Armadas signifique ser discriminado, prejudicado na carreira ou alvo de perseguição disciplinar.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!

O Sr. António Filipe (PCP): — Quanto às propostas do Governo, por tudo o que está dito, não consideramos desejável e muito menos urgente começar esta discussão pela estrutura superior das Forças Armadas. Em

concreto, não perspetivamos ganhos de eficiência e de eficácia suficientes que justifiquem a concentração de

decisões num único chefe militar, nomeadamente através da passagem do Conselho de Chefes de Estado-

Maior de órgão deliberativo a órgão de consulta do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, e a

consequente subalternização formal dos Chefes de Estado-Maior dos ramos em decisões relativas a matérias

estruturantes, como o Conceito Estratégico Militar, o dispositivo e o sistema de forças militar. E não se diga,

como alguns já fizeram, que, por haver várias situações a merecerem resposta, uma coisa não deve impedir a

outra, porque os factos mostram que para umas coisas há sempre tempo e oportunidade, mas para outras isso

nunca acontece.

Páginas Relacionadas
Página 0022:
I SÉRIE — NÚMERO 67 22 diferentes, não há qualquer problema nisso, temos é d
Pág.Página 22
Página 0023:
19 DE MAIO DE 2021 23 A reflexão estratégica, em Portugal, não foi indiferente às i
Pág.Página 23
Página 0024:
I SÉRIE — NÚMERO 67 24 em curso na NATO 2020-2030, bem como no quadro da Bús
Pág.Página 24
Página 0025:
19 DE MAIO DE 2021 25 Os portugueses conhecem e respeitam as suas Forças Armadas e
Pág.Página 25
Página 0026:
I SÉRIE — NÚMERO 67 26 estrutura de comando das Forças Armadas à diferenciaç
Pág.Página 26
Página 0027:
19 DE MAIO DE 2021 27 Ainda vivemos sob um modelo muito influenciado pela alteração
Pág.Página 27
Página 0028:
I SÉRIE — NÚMERO 67 28 ficam mais descaracterizadas e sujeitas à instrumenta
Pág.Página 28
Página 0029:
19 DE MAIO DE 2021 29 de nomeação dos chefes militares, não há nenhuma alteração na
Pág.Página 29
Página 0031:
19 DE MAIO DE 2021 31 Por este conjunto de razões, o PCP discorda destas propostas
Pág.Página 31
Página 0032:
I SÉRIE — NÚMERO 67 32 Vieram os Governos do PS e os militares não sentiram
Pág.Página 32
Página 0033:
19 DE MAIO DE 2021 33 Aplausos do PCP e do PEV. O Sr. Presidente: — S
Pág.Página 33
Página 0034:
I SÉRIE — NÚMERO 67 34 Estas alterações, Sr.as e Srs. Deputados, colocam, e
Pág.Página 34
Página 0035:
19 DE MAIO DE 2021 35 Como disse, as Forças Armadas são, hoje, cada vez mais um age
Pág.Página 35
Página 0036:
I SÉRIE — NÚMERO 67 36 Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Sr.a
Pág.Página 36
Página 0037:
19 DE MAIO DE 2021 37 Aplausos do PS. Em suma, esta reforma só
Pág.Página 37
Página 0038:
I SÉRIE — NÚMERO 67 38 O Sr. Pedro Morais Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente,
Pág.Página 38
Página 0039:
19 DE MAIO DE 2021 39 poucos efetivos, a situação continuará, tal como referia o Al
Pág.Página 39
Página 0040:
I SÉRIE — NÚMERO 67 40 De facto, se a competência para declarar a guerra per
Pág.Página 40
Página 0041:
19 DE MAIO DE 2021 41 Agora, sem estar a governar, o PSD parece que vai conseguir t
Pág.Página 41
Página 0042:
I SÉRIE — NÚMERO 67 42 lógica ofensiva baseada em ações militarizadas, que a
Pág.Página 42
Página 0043:
19 DE MAIO DE 2021 43 reforma que a eles também diz respeito por força das funções
Pág.Página 43
Página 0044:
I SÉRIE — NÚMERO 67 44 Com pensamentos e percursos certamente distintos, têm
Pág.Página 44
Página 0045:
19 DE MAIO DE 2021 45 A Sr.ª Lara Martinho (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do
Pág.Página 45
Página 0046:
I SÉRIE — NÚMERO 67 46 cumprimento de um compromisso do Programa do Governo,
Pág.Página 46