I SÉRIE — NÚMERO 69
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Sr.ª Deputada concorda, ou não, que o Governo deveria intervir nesta matéria e não continuar a cobrar taxas de
inscrição, e outras, aos clubes e aos atletas, pela impossibilidade que estes têm de corresponder. É que a total
ausência de iniciativa do Governo faz com que, seja no seio de quem quer organizar as competições, seja com
quem quer competir, com quem quer voltar a fazer aquilo a que, naturalmente, tem direito, o problema fique ali,
com os clubes a acharem que deveriam ser as associações a flexibilizar as inscrições, com as associações a
achar que não as podem flexibilizar, porque assim não conseguem funcionar. E o Governo, vergonhosamente,
fica calado, não assumindo uma responsabilidade que, obviamente, tem de ser sua.
Se o País parou e, com isso, o desporto também parou, não deveria ser o Governo, pergunto eu, a tomar a
iniciativa de criar condições para que tudo volte à normalidade e a não ficar sentado a ver a, infelizmente, triste
realidade do desporto nacional, neste momento?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — O terceiro pedido de esclarecimento cabe ao Sr. Deputado Miguel Costa Matos, do Partido Socialista.
Faça favor.
O Sr. Miguel Matos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o PCP trouxe a este debate o importante tema da retoma da atividade desportiva. Todos sabemos da importância do desporto para as nossas
comunidades, para o desenvolvimento pessoal, para o lazer, para a saúde. É, por isso mesmo, que devemos
encorajar a prática desportiva e a melhor maneira de o fazer é assegurar que esta atividade é segura, neste
difícil contexto pandémico.
Tem sido esse o princípio orientador do Governo, que tem ouvido o setor e trabalhado com ele. Desde 13 de
março que conhecemos o calendário de retoma gradual da atividade desportiva; desde 31 março que
asseguramos a retoma dos escalões de formação, estando apenas por avançar, neste momento, o regresso do
público aos estádios e a prática informal dos desportos coletivos.
Sabemos do impacto da pandemia no movimento desportivo. Aliás, o Partido Socialista acompanhou os
projetos de resolução do PCP a este respeito e o Governo agiu, introduzindo o tema do desporto no PRR (Plano
de Recuperação e Resiliência), num montante de 10 milhões de euros, e adotando medidas de apoio, no valor
de 65 milhões de euros: 30 milhões de euros a fundo perdido, de apoio direto aos clubes; 30 milhões de euros,
em linhas de crédito para as federações desportivas; e outros 5 milhões de euros de reforço dos Programas de
Reabilitação de Instalações Desportivas e do Programa Nacional de Desporto para Todos, que passou assim
de 3 milhões de euros de dotação para 8 milhões de euros, também isto a fundo perdido.
Ora, tudo isto será prejudicado se, de facto, pusermos em causa a segurança sanitária na prática desportiva.
Temos dito que temos de apoiar e encorajar a prática desportiva, mas ela deve ser retomada nem um dia
antes, nem um dia depois do que nos dizem os especialistas em saúde.
É precisamente isso que temos feito: apoiado e feito a retoma quando os especialistas da saúde o permitem.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Vá dizer isso às associações!
O Sr. Miguel Matos (PS): — Portanto, Sr.ª Deputada, o que lhe pergunto é se fazia diferente na retoma da prática desportiva, mesmo que isso ponha em perigo todo o esforço coletivo que temos feito.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Terminado o primeiro grupo de pedidos de esclarecimentos, tem a palavra, para responder, a Sr.ª Deputada Alma Rivera.
A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Sr. Presidente, agradeço, em primeiro lugar, as questões da Sr.ª Deputada Mariana Silva e dos Srs. Deputados João Almeida e Miguel Costa Matos.
Começaria por responder à pergunta do Sr. Deputado Miguel Costa Matos dizendo o seguinte: o desporto foi
o principal setor a querer que tudo funcionasse bem, com regras e com segurança, mas há coisas que, de facto,