O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 82

16

armamento. Mas, pior, esta verdadeira economia de casino é inseparável do agravamento das desigualdades

sociais, da pobreza e da insustentabilidade do modelo económico que vai reinando no mundo.

Por cá, é oportuno lembrar os processos escandalosos do BCP (Banco Comercial Português), do BPP

(Banco Privado Português) ou do BPN (Banco Português de Negócios), que indiciaram práticas relacionadas

com empresas sedeadas exatamente em paraísos fiscais e cuja fatura acabou por ser paga pelos contribuintes

portugueses.

Por isso, na nossa perspetiva, os paraísos fiscais têm de ser olhados como um elemento estranho à nossa

democracia.

Não faz sentido que continuem a existir locais onde a justiça não entra, onde o poder judicial fica à porta,

com os Governos a fingir que nada têm que ver com o assunto e que não há nada a fazer.

Bem sabemos que não é um problema que o Governo português possa resolver sozinho, mas também

sabemos que o Governo português pode fazer pressão junto da União Europeia e de outras organizações

europeias de que faz parte, com vista a acabar com esta imoralidade. É isso que Os Verdes, hoje, propõem

também: que o Governo português se envolva ativamente com vista a acabar com os paraísos fiscais.

Por fim, mas não menos importante, é a terceira proposta que Os Verdes hoje trazem à discussão. Pretende

criar-se o crime de enriquecimento injustificado e a ocultação de riqueza. Na verdade, a impunidade a que os

cidadãos, tantas vezes, vão assistindo, perante o enriquecimento estranho de pessoas que exercem funções

públicas, não fragiliza apenas a ideia de justiça, acaba por descredibilizar também o conjunto das instituições

democráticas, criando fortes desconfianças sobre o seu funcionamento e, por isso, se exige a criminalização do

enriquecimento injustificado e da ocultação de riqueza.

Naturalmente, a solução terá de ser procurada no respeito pelas garantias constitucionais, não só a nível

penal, mas também a nível processual-penal, para que o processo que agora discutimos não tenha o mesmo

desfecho que os anteriores, com a declaração da sua inconstitucionalidade por parte do Tribunal Constitucional,

como aconteceu em 2012 e também em 2015. Por isso mesmo, Os Verdes, identificando-se com a generalidade

das propostas apresentadas pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses, optaram por acolher, na sua

proposta, essas mesmas sugestões.

Pretende-se, assim, incluir as promessas de obtenção de vantagens futuras com valor económico, nas

obrigações declarativas; introduzir, nas declarações de rendimentos e património, a indicação da fonte da

riqueza adquirida, obrigando não apenas a declarar a sua existência, mas também a sua proveniência; punir,

como ocultação intencional de riqueza, a omissão de apresentação de declaração; e, por fim, gerar

consequências penais para o titular de cargo que receba ofertas de bens ou serviços de grande valor sem as

apresentar ao organismo competente.

Para terminar, quero apenas dizer que Os Verdes manifestam, desde já, toda a disponibilidade para, em

sede de especialidade e dentro do quadro constitucional, se procurar uma solução o mais consensual possível

em torno da questão do enriquecimento ilícito ou da ocultação de riqueza, que venha, de facto, robustecer o

combate à corrupção.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — A Sr.ª Deputada Vera Braz, do Partido Socialista, inscreveu-se para um pedido de esclarecimento. No entanto, o Sr. Deputado José Luís Ferreira, que acabou de intervir, não dispõe de mais

tempo para responder.

De qualquer forma, se a Sr.ª Deputada quiser transformar esse pedido de esclarecimento numa intervenção

pode fazê-lo.

Sr.ª Deputada Vera Braz, tem a palavra.

A Sr.ª Vera Braz (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, nesta luta contra a corrupção, têm especial impacto medidas que previnam a utilização do sistema financeiro, na prática de

operações ilícitas, e medidas de combate à fraude e à evasão fiscal, como bem referiu o Sr. Deputado.

Sucessivos enquadramentos legislativos, pela mão do Partido Socialista, têm contribuído para esta luta.

Desde logo, é de destacar um importante momento disruptivo, em 2002, com a quebra de sigilo bancário e fiscal,

uma medida importante para a adoção de medidas de combate ao branqueamento de capitais, que obrigaram

Páginas Relacionadas
Página 0006:
I SÉRIE — NÚMERO 82 6 Não havendo pedidos de palavra, vamos votá-lo.
Pág.Página 6
Página 0007:
26 DE JUNHO DE 2021 7 798/XIV/2.ª (PCP) — Criminalização do enriquecimento injustif
Pág.Página 7
Página 0008:
I SÉRIE — NÚMERO 82 8 porque também aqui o tempo tem uma densidade e uma lei
Pág.Página 8
Página 0009:
26 DE JUNHO DE 2021 9 A perda do património, da fazenda e dos haveres que constitue
Pág.Página 9
Página 0010:
I SÉRIE — NÚMERO 82 10 O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr. President
Pág.Página 10
Página 0011:
26 DE JUNHO DE 2021 11 enfraquecida e debaixo de uma horrível perceção pública de q
Pág.Página 11
Página 0012:
I SÉRIE — NÚMERO 82 12 O Sr. André Ventura (CH): — Afinal, o que é esta prop
Pág.Página 12
Página 0013:
26 DE JUNHO DE 2021 13 Esta estratégia é também radicalmente inovadora em matéria d
Pág.Página 13
Página 0014:
I SÉRIE — NÚMERO 82 14 Este Parlamento tem também conhecimento de que, relat
Pág.Página 14
Página 0015:
26 DE JUNHO DE 2021 15 exigência de maior transparência e da exigência não só das i
Pág.Página 15
Página 0017:
26 DE JUNHO DE 2021 17 as próprias instituições financeiras a reformularem os seus
Pág.Página 17
Página 0018:
I SÉRIE — NÚMERO 82 18 impunidade minam os fundamentos básicos e a credibili
Pág.Página 18
Página 0019:
26 DE JUNHO DE 2021 19 O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente! O Sr
Pág.Página 19
Página 0020:
I SÉRIE — NÚMERO 82 20 relevantes que se registem no exercício do cargo e du
Pág.Página 20
Página 0021:
26 DE JUNHO DE 2021 21 O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Dep
Pág.Página 21
Página 0022:
I SÉRIE — NÚMERO 82 22 A causa do rigor e da verdade exige que se assuma que
Pág.Página 22
Página 0023:
26 DE JUNHO DE 2021 23 Aplausos do PS. Temos da política uma compreen
Pág.Página 23
Página 0024:
I SÉRIE — NÚMERO 82 24 Vamos mais longe quando queremos que o estatuto do de
Pág.Página 24
Página 0025:
26 DE JUNHO DE 2021 25 e julgado num processo de corrupção, ou nas mais importantes
Pág.Página 25
Página 0026:
I SÉRIE — NÚMERO 82 26 ideia, nem é essa a nossa intenção, que, de resto, al
Pág.Página 26
Página 0027:
26 DE JUNHO DE 2021 27 São propostas também várias medidas de combate à morosidade
Pág.Página 27
Página 0028:
I SÉRIE — NÚMERO 82 28 A leviandade com que se pretende administrar a justiç
Pág.Página 28
Página 0029:
26 DE JUNHO DE 2021 29 primeiras propostas de enriquecimento ilícito», porque foram
Pág.Página 29
Página 0030:
I SÉRIE — NÚMERO 82 30 Mas o erro judiciário conta muito e, se isso não inco
Pág.Página 30
Página 0031:
26 DE JUNHO DE 2021 31 Também em abril passado, uma Deputada do Partido Socialista,
Pág.Página 31
Página 0032:
I SÉRIE — NÚMERO 82 32 O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Para ped
Pág.Página 32
Página 0033:
26 DE JUNHO DE 2021 33 Vozes do PSD: — Muito bem! Protestos doPS.
Pág.Página 33
Página 0034:
I SÉRIE — NÚMERO 82 34 A Sr.ª Cláudia Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e
Pág.Página 34
Página 0035:
26 DE JUNHO DE 2021 35 Aplausos do PS. O Sr. Presidente (Fernando Neg
Pág.Página 35
Página 0036:
I SÉRIE — NÚMERO 82 36 global da justiça mas na área do combate à corrupção,
Pág.Página 36
Página 0037:
26 DE JUNHO DE 2021 37 Desse ponto de vista, gostaria de dizer, em nome do CDS-PP e
Pág.Página 37
Página 0038:
I SÉRIE — NÚMERO 82 38 Com essa postura política, terão, seguramente, muitos
Pág.Página 38
Página 0039:
26 DE JUNHO DE 2021 39 Todas as medidas que visam tornar mais célere o processo pen
Pág.Página 39