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I SÉRIE — NÚMERO 1

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Jorge Sampaio demonstrou sempre uma posição de grande inteligência ao afirmar a sua discordância da

invasão do Iraque, decidida na Cimeira das Lages, mantendo a autonomia de Portugal e a defesa dos nossos

interesses permanentes.

Foi com a sua inquietude serena, mas determinada, que combateu com firmeza as nossas fragilidades

endémicas: o abandono escolar precoce, de que a história das irmãs gémeas de Baião se tornou um símbolo e

fez escola.

Enfrentou o problema da toxicodependência sem tabus e sem preconceitos e deu a Portugal um papel de

enorme relevância neste domínio e um exemplo para o mundo.

Um Presidente que recusou um país socialmente desigual, que lutou ao mesmo tempo, pelo desenvolvimento

económico e pelo progresso social.

Para Sampaio, um Portugal moderno é aquele onde a criação de riqueza é uma condição para a sua justa

distribuição.

Provou mesmo que o mote «Um por Todos», da sua campanha, não foi apenas um slogan mas, sim, a sua

maneira de estar na política.

Manteve sempre a sua inquietude na luta contra a tuberculose ou como Alto Representante na Aliança para

o Diálogo das Civilizações, das Nações Unidas, ou na Criação da Plataforma para os Estudantes Sírios, ou,

ainda, na criação do Grupo de Arraiolos.

Sampaio foi igual a si próprio, continuando a servir sempre os que mais precisam. Foi esse o retrato privado

e público que, no momento comovente da sua despedida, os seus filhos lhe fizeram, e nesse retrato todos o

reconhecemos.

Em 2019, na homenagem que o PS lhe prestou, com a voz comovida afirmou: «Mesmo perante as

adversidades, nunca, nunca desistir!»

Esta afirmação é também um apelo, um desafio e uma responsabilização dirigida a todos nós. Não

esquecemos o seu último repto para estarmos à altura das nossas responsabilidades e respondermos à

emergência dos refugiados afegãos, porque a solidariedade não é facultativa, é um dever. E a melhor maneira

de honrarmos a sua memória é cumprirmos este apelo humanitário, prosseguindo o seu caminho e a sua luta.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, família de Jorge Sampaio, Portugal devolve, nesta hora triste em que

nos despedimos, as lágrimas que Jorge Sampaio tantas vezes partilhou com os portugueses, mostrando a

autenticidade da sua emoção, quer perante os ideais morais que nos mobilizam, quer face às fragilidades da

nossa condição, que nos interpelam.

As lágrimas que hoje são nossas, choram a perda de uma figura maior da nossa democracia e de um

socialista que se orientou sempre pelas causas com futuro.

É uma imensa honra ser militante do partido que Jorge Sampaio escolheu e de que foi Secretário-Geral. É

uma imensa honra sermos Deputados desta bancada, que liderou. A bancada do Partido Socialista agradece

tudo o que Sampaio deu a Portugal e endereça à sua família as suas mais sentidas condolências.

Até sempre, Presidente Jorge Sampaio!

O Sr. Presidente: — Passamos, agora, à votação da parte deliberativa do Projeto de Voto n.º 668/XIV/2.ª

(apresentado pelo PAR e subscrito por Deputados do PS, do PSD, do BE, do PCP, do PAN, do PEV, do CH e

do IL e pelas Deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira) — De pesar pelo falecimento

de Jorge Sampaio, que já foi lido por mim próprio.

Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.

Aplausos gerais, de pé.

Srs. Deputados, na sequência da votação a que acabámos de proceder, vamos guardar 1 minuto de silêncio.

A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.

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