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17 DE SETEMBRO DE 2021

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Este riquíssimo universo linguístico deve continuar, assim, a ser merecedor da nossa maior atenção,

enquanto legisladores, sendo muito evidentes os já referidos resultados práticos da aprovação da lei que permitiu

uma mais clara afirmação do mirandês no planalto de Miranda do Douro e mesmo a nível nacional e

internacional.

Daí a importância destes projetos de lei, que seguem outras iniciativas anteriores de vários quadrantes,

incluindo da minha área política, não podendo esquecer os contributos do antigo Deputado, eleito pelo círculo

de Beja, Mário Simões, que tão bem me lembro de se ter batido por este objetivo dentro e fora do meu partido,

a quem também rendo a minha homenagem.

Aplausos de Deputados do PSD.

Estou certo de que a aprovação de uma iniciativa legislativa que venha proteger e valorizar o barranquenho,

com a formulação agora apresentada ou com outra, porventura mais aprofundada, será um sério contributo para

o enriquecimento da nossa cultura linguística.

Em qualquer caso, a aprovação destas iniciativas traduzir-se-á num inequívoco incentivo político às iniciativas

em curso por parte da Câmara Municipal de Barrancos e da Universidade de Évora tendentes ao

desenvolvimento de um grande programa de preservação, estudo e valorização do património linguístico e

cultural de Barrancos, incluindo a documentação do barranquenho, a organização de uma convenção

ortográfica, a elaboração de uma gramática e de um dicionário, não esquecendo, naturalmente, o ensino da

língua.

Mas, Srs. Deputados, saibamos ser ousados. Que esta não seja a simples manifestação de meras intenções

genéricas, mas, mais do que isso, que se saiba definir um quadro legal muito claro relativamente a atribuições

e responsabilidades, envolvendo todos — órgãos do poder político, instituições académicas e de investigação e

sociedade em geral — num intenso trabalho coletivo.

Não nos iludamos! Há muito para fazer!

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Queira terminar, Sr. Deputado.

O Sr. José Cesário (PSD): — Termino já, Sr. Presidente. Desde logo, há que envolver os mais novos e um número crescente de investigadores e estudiosos, que não

apenas de Barrancos e do Alentejo, neste esforço de afirmação do barranquenho e de outros dialetos e línguas

minoritárias.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, do PAN.

A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do PAN saúda estas duas iniciativas, que se inserem na valorização da diversidade cultural do nosso País, em particular

do património linguístico, tão rico e diversificado, de que é exemplo o dialeto barranquenho.

Para o PAN, é fundamental dotar as populações de condições igualitárias de acesso à cultura, tendo em

consideração os territórios do interior que se encontram mais afastados dos grandes centros urbanos.

No caso concreto da vila de Barrancos, a sua imagem no nosso País, e até internacionalmente, ficou

marcada, a partir de 1997, pela prática de tradições que não podemos nem devemos acompanhar. É o exemplo

dos touros de morte, uma prática cruel e anacrónica que tem merecido amplo repúdio da sociedade. Ao mesmo

tempo, o poder local tem agido em detrimento de outros festejos comunitários que ainda se conservam na região

de Barrancos, mas que estão em risco de desaparecer. Falo, por exemplo, das tradições comunitárias

associadas ao Carnaval, à Páscoa, ao Natal ou a outros eventos festivos, para não falar do valioso património

histórico, como os ofícios artesanais tradicionais, da importante riqueza paisagística e da diversificada fauna e

flora de Barrancos, uma zona do País onde se incluem várias espécies protegidas.

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