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3 DE NOVEMBRO DE 2021

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A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Tem de concluir, Sr. Deputado.

O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Mais, se acha que o crescimento económico português é muito bom hoje, por que razão vamos chegar ao fim de 2022 com 24 países mais perto do PIB que tinham em 2019

do que nós?

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada não inscrita Joacine Katar Moreira.

A Sr.ª Joacine Katar Moreira (N insc.) — Sr.ª Presidente, nas palavras de Audre Lorde, feminista negra e ativista: «Eu não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam

diferentes das minhas». Este é o feminismo que estamos a cultivar, com políticas de igualdade e com

legislação para a igualdade de género que têm em conta as experiências das mulheres empobrecidas, das

mulheres negras, das mulheres ciganas, das mulheres trans e das pertenças minoritárias.

Falamos de igualdade, mas, mais do que de igualdade, falamos de interseccionalidade, de uma política da

não indiferença, da empatia revolucionária que só um feminismo includente pode constituir. Falamos também

de representatividade, não aquela que se acomoda às estruturas, mas da representatividade que alcança o

futuro e que vê para lá das estruturas duras e violentas, tal e qual esta Assembleia da República.

Vilma Reis, política negra brasileira, afirmou que «são as mulheres negras que empurram a esquerda para

a esquerda», da mesma maneira que Sueli Carneiro também referiu: «Eu, mulher negra, entre a esquerda e a

direita, continuo sendo negra». Isto porquê? Porque vivemos ainda aqui, também, a herança colonial e ela é

partilhada por todas as casas que estão aqui, hoje em dia, de formas às vezes diferentes, através de um

vociferar permanente, mas, às vezes, usando o Regimento e as formalidades para silenciar, para achincalhar,

para menosprezar.

Mas também eu vos informo que há uma mudança que começou. Essa mudança não tem fim, essa

mudança não tem fim comigo, nem tem fim com nenhum de nós aqui.

Ela vai continuar, ela nasceu, ela foi regada e ela vai florescer.

Aproveito para enviar um especial cumprimento a todas as mulheres em Portugal vítimas constantes de

misoginia, mas sobretudo a todas as mulheres negras e ciganas, vítimas simultâneas de misoginia e de

racismo quotidiano, chamadas a viver num ambiente de discriminação e sempre abandonadas.

Acabo a minha intervenção, hoje, muito emocionada, mas acabo com um poema de Maya Angelou, em que

ela diz: «Podes inscrever-me na História / Com as tuas mentiras perversas / Podes espezinhar-me no chão

sujo / Mas ainda assim, como a poeira, eu me levantarei.»

Aplausos do PAN e de Deputados do PS.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada não inscrita Cristina Rodrigues.

Pausa.

A Sr.ª Deputada Elza Pais pediu a palavra para que efeito?

A Sr.ª Elza Pais (PS): — Para pedir esclarecimentos, Sr.ª Presidente.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr.ª Deputada, a Mesa não pode adivinhar quem é que vai pedir esclarecimentos ou não. Tem de se inscrever, e a Sr.ª Deputada não se inscreveu, durante a intervenção da

Sr.ª Deputada Joacine Katar Moreira.

A Sr.ª Elza Pais (PS): — Peço desculpa, Sr.ª Presidente.

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