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I SÉRIE — NÚMERO 9

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Saúdo os familiares da atriz Eunice Muñoz presentes nas galerias.

Srs. Deputados, passamos ao Projeto de Voto n.º 35/XV/1.ª (apresentado pelo PS) — De pesar pelo

falecimento de Gastão Cruz. Peço ao Sr. Secretário Duarte Pacheco que proceda à respetiva leitura.

O Sr. Secretário (Duarte Pacheco): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte

teor:

«Com a morte de Gastão Cruz, a literatura, a língua e a cultura portuguesas perdem um dos seus mais

importantes poetas e ensaístas no último século.

Natural de Faro, onde nasceu em 1941, foi muito jovem, ainda, um dos animadores da Poesia 61, com

Casimiro de Brito, Fiama Hasse Pais Brandão, Luíza Neto Jorge e Maria Teresa Horta. Foi desse tempo a

publicação da sua primeira obra, A Morte Percutiva, ponto de partida para um percurso criativo de grande

relevância.

Diplomou-se em Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde foi aluno de

David Mourão-Ferreira. Cedo colaborou com poemas, ensaios e críticas em diversos jornais e revistas, entre os

quais os Cadernos do Meio Dia, publicados em Faro sob a direção de António Ramos Rosa e Casimiro de Brito.

A Poesia 61 foi uma das principais contribuições para a renovação da linguagem poética, apesar de constituir,

nas suas palavras, não um movimento, mas ‘uma reunião de conveniência editorial’.

Democrata de sempre, participou no movimento estudantil de 1962, tendo sido preso. Em 1964, foi um dos

organizadores da Antologia da Poesia Universitária, o que lhe conferiu um importante papel na divulgação,

promoção e crítica da poesia contemporânea, bem como do teatro e da música, através da organização de

antologias e direção de recitais. Com Fiama Hasse Pais Brandão, com quem foi casado, desenvolveu a paixão

pelo teatro, tendo ambos estado na génese do Teatro Hoje, no início dos anos 70, que o poeta dirigiu até à

extinção em 1994.

Traduziu e encenou peças de Crommelynck, Strindberg, Camus, Tchekov, Shakespeare, bem como Uma

Abelha na Chuva, de Carlos de Oliveira, que adaptou para teatro.

Foi professor do ensino secundário, exerceu funções de Leitor de Português no King’s College, e foi um dos

diretores da Fundação Luís Miguel Nava e da revista Relâmpago.

A obra de Gastão Cruz foi marcada pela valorização da palavra, pela procura do ‘peso certo para cada

palavra’, pela precisão formal e pela ligação entre a sensibilidade e a reflexão.

Como grande conhecedor da tradição poética portuguesa e da criação anglo-saxónica, os seus poemas e

ensaios constituem exemplos de vitalidade cultural, cultivando os valores da memória, da liberdade, refletindo

em polaridades como amor e morte, corpo e lugar, esperança e desespero, quotidiano e tempo.

Assim, reunida em sessão plenária, a Assembleia da República presta a sua homenagem à memória de

Gastão Cruz, ao seu talento, originalidade e apego a um profundo sentido de humanidade, endereçando as suas

sentidas condolências à família e amigos.»

O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar a parte deliberativa do projeto de voto que acaba de ser

lido.

Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.

Saúdo os familiares do poeta Gastão Cruz presentes nas galerias.

Srs. Deputados, vamos passar ao Projeto de Voto n.º 36/XV/1.ª (apresentado pelo PS) — De pesar pelo

falecimento de Madalena Sá e Costa. Peço à Sr.ª Secretária Palmira Maciel o favor de lê-lo.

A Sr.ª Secretária (Palmira Maciel): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte

teor:

«Faleceu, no dia 18 de abril de 2022, aos 106 anos de idade, Madalena Sá e Costa, a eminente violoncelista

portuense, cujo percurso biográfico e musical se confunde com a história da música em Portugal do século XX.

Filha do compositor Luiz Costa e da pianista Leonilda Moreira de Sá, ambos discípulos do mestre Vianna da

Motta, e neta do grande violinista Bernardo Moreira de Sá, fundador do Conservatório de Música do Porto e do

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