O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

23 DE ABRIL DE 2022

53

Orpheon Portuense, Madalena Sá e Costa cresceu num ambiente propício à prática e à reflexão musical e

artística.

Em 1940, conclui o curso no Conservatório Nacional, sob tutela de Isaura Pavia de Magalhães, completando

a sua formação com nomes como Paul Grümmer, Sandor Végh e Pau Casals, entre outros. Contudo, é o seu

encontro com Guilhermina Suggia, de quem foi discípula dileta, que marca, de forma profunda, a sua formação,

e sobre quem destacará sempre a sua influência, a admiração pela sua mestria e as suas características raras

como pedagoga.

Teve uma longuíssima carreira como violoncelista, marcada por recitais e concertos, em Portugal e em

digressões pelo estrangeiro, num percurso que se cruza, frequentemente, com o da irmã, Helena Sá e Costa —

extraordinária pianista com quem manteve uma colaboração artística durante 50 anos. Integrou a Orquestra

Sinfónica da Emissora Nacional, entre 1966 e 1984, sendo instrumentista de Câmara da Orquestra Sinfónica do

Porto, em 1970, e da Camerata Musical do Porto, que fundou, entre 1979 e 1989.

Ganhou, entre outros, o prémio Orpheon Portuense, 1939, Emissora Nacional, em 1943, Morrisson da

Fundação Harriet Cohen, em 1958, Guilhermina Suggia, SNI, ex aequo, em 1966, e tocou em orquestras sob a

direção de maestros como Pedro Freitas Branco, Frederico de Freitas, Ivo Cruz, Fritz Riegger, Jacques Pernood,

Gunther Arglebe, Ferreira Lobo, Pedro Blanch e Silva Pereira.

A sua atividade não se limitou à interpretação musical em orquestras e agrupamentos, tendo construído ainda

um importante percurso como professora e pedagoga, nos conservatórios de música do Porto e da Fundação

Calouste Gulbenkian, em Braga. Deixa-nos um inestimável legado nos domínios da pedagogia musical, da

interpretação e da composição para violoncelo.

Assim, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, exprime o seu profundo pesar pela morte

de Madalena Sá e Costa, e manifesta e endereça aos seus familiares e amigos as suas mais sentidas

condolências, prestando-lhe uma merecida homenagem.»

O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar a parte deliberativa do projeto de voto que acaba de ser

lido.

Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.

Srs. Deputados, segue-se o Projeto de Voto n.º 39/XV/1.ª (apresentado pelo PCP e subscrito por uma

Deputada do PS) — De pesar pelo falecimento de Jaime Serra. Tratando-se de um antigo Deputado desta Casa,

cabe ao Grupo Parlamentar do PCP a leitura do projeto de voto, pelo que tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula

Santos.

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor:

«Destacado dirigente comunista e combatente antifascista, Jaime Serra, Deputado à Assembleia Constituinte

e Deputado à Assembleia da República, faleceu em Lisboa, no dia 9 de fevereiro, com 101 anos.

Jaime Serra dedicou a sua vida à luta pela liberdade e pela democracia e representou, pela sua coragem e

firmeza, mesmo nas condições mais adversas, um exemplo para todos os comunistas e democratas que

resistiram e combateram a longa noite fascista.

Nascido em 1921, em Alcântara, Jaime Serra começou a trabalhar na construção civil aos 12 anos, tendo

ingressado como operário no Arsenal do Alfeite em 1940, onde trabalhou até 1947, ano em que passou à

clandestinidade e assumiu relevantes tarefas de direção do PCP.

Militante do PCP desde 1936, Jaime Serra foi preso pela primeira vez aos 15 anos. Entre 1947 e 1958, foi

preso por três vezes e por três vezes conseguiu fugir das cadeias fascistas.

A quarta e última prisão ocorreu em dezembro de 1958 e a última fuga é a histórica fuga da Fortaleza de

Peniche, em 3 de janeiro de 1960, tendo participado na sua preparação, organização e direção no interior da

cadeia com Joaquim Gomes e Álvaro Cunhal.

Em junho de 1962, teve destacado papel na direção, organização e transporte — onde participou diretamente

— da saída clandestina de Portugal, por via marítima entre Lisboa e o Norte de África, de Agostinho Neto e

Vasco Cabral, para se juntarem à luta de libertação nacional dos seus povos.

Páginas Relacionadas
Página 0051:
23 DE ABRIL DE 2022 51 Assim, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária
Pág.Página 51