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I SÉRIE — NÚMERO 21

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«No dia 25 de maio, Gonçalo Ribeiro Telles celebraria o seu centésimo aniversário, ocasião para saudar e

evocar a memória desta figura marcante do século XX português, nomeadamente — mas não apenas — na

área da arquitetura paisagística.

Ao longo dos seus 98 anos de vida, Gonçalo Ribeiro Telles deixou a sua impressão digital na paisagem da

cidade de Lisboa, que não seria certamente a mesma sem a sua influência, privilegiando desde cedo a

harmonia da natureza e a defesa da dignidade da pessoa humana, sendo pioneiro nesta linha de intervenção

ecológica em Portugal.

O Plano Verde de Lisboa, e os corredores ecológicos, o Jardim-Promontório da Capela de São Jerónimo, a

remodelação da Avenida da Liberdade e do Alto do Parque Eduardo VII, ou a Mata de Alvalade, constituem

alguns dos exemplos do seu importante legado.

Das suas inúmeras obras, realça-se o emblemático Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou

com Viana Barreto, obra pela qual foram distinguidos com o Prémio Valmor de 1975.

No plano político, foi igualmente um cidadão ativo, que começou, ainda nos anos 50 do século XX, como

candidato à Assembleia Nacional pelos Monárquicos Independentes. Em 1974, fundou o Partido Popular

Monárquico e integrou os I, II e III Governos Provisórios, como Subsecretário de Estado do Ambiente, e o I

Governo Constitucional, liderado por Mário Soares, como Secretário de Estado da mesma pasta. Em 1979,

integrou a Aliança Democrática, ao lado de Francisco Sá Carneiro e Diogo Freitas do Amaral, tendo sido eleito

Deputado à Assembleia da República, para onde foi reeleito em 1980 e em 1983, e onde teve oportunidade de

trabalhar na preparação de legislação de relevo, como a Lei de Bases do Ambiente. Entre 1981 e 1983,

integrou o VIII Governo Constitucional, liderado por Francisco Pinto Balsemão, como Ministro de Estado e da

Qualidade de Vida. Gonçalo Ribeiro Telles regressaria à Assembleia da República, em 1985, como Deputado

independente eleito nas listas do Partido Socialista.

Na sua inquietação cívica, fundou, ainda, o Movimento Alfacinha, pelo qual foi eleito, em 1985, vereador da

Câmara Municipal de Lisboa e, em 1993, o Movimento Partido da Terra.

Gonçalo Ribeiro Telles contribuiu indelevelmente para o dealbar, em meados do século passado, de um

discurso em torno do paisagismo e de uma relação mais equilibrada entre as pessoas e a natureza. É,

também, graças à sua influência que Portugal dispõe hoje de importantes instrumentos de proteção de solos,

como a Reserva Ecológica Nacional e a Reserva Agrícola Nacional.

Em 2013, foi distinguido com o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, prestigiado galardão da arquitetura paisagista,

sendo inúmeras as homenagens que recebeu em Portugal, como a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo

(1988), a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (1990) e, mais recentemente, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D.

Henrique (2017).

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, evoca o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles,

saudando a sua memória e o seu exemplo, na data em que se comemora o centenário do seu nascimento.»

O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, todos os grupos parlamentares e Deputados únicos manifestaram a intenção de intervir sobre este voto.

Assim, tem a palavra, em primeiro lugar, por 2 minutos, o Sr. Deputado Bruno Coimbra, do PSD.

O Sr. Bruno Coimbra (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Assinalar os 100 anos do nascimento de Gonçalo Ribeiro Telles é celebrar a sua vida, a sua obra e o seu legado.

Gonçalo Ribeiro Telles foi um visionário, um homem multifacetado, de intervenção inquieta e permanente,

um pioneiro nas políticas do ambiente e do ordenamento do território, um político de visão coerente e arrojada,

centrada na ecologia, na natureza e na dignidade da pessoa humana.

Foi um democrata defensor da liberdade e da tolerância.

Como arquiteto paisagista, reconhecido internacionalmente, marcou com o seu traço a cidade de Lisboa,

do jardim ao território, em obra de diversas escalas, da qual constam a remodelação da Avenida da Liberdade,

os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian e o Plano Verde de Lisboa.

Como professor, inspirou uma escola de paisagistas, agentes da contínua revolução da harmonia com a

natureza, que o seu mestre defendia.

Como decisor político de longo percurso e relevantes funções, das quais se destacam a de Subsecretário

de Estado, Secretário de Estado e, posteriormente, Ministro de Estado e da Qualidade de Vida, no Governo

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