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I SÉRIE — NÚMERO 30

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O Sr. Presidente: — Para formular um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro

Melo Lopes, do PSD.

O Sr. Pedro Melo Lopes (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, o

debate de hoje traz-me dois sentimentos: por um lado, de inquietude e preocupação e, por outro, de amargura.

É com profundo pesar, é com um grande lamento que inicio este debate, dizendo-vos, olhos nos olhos, que

as notícias dos últimos dias não só devem envergonhar a bancada do Partido Socialista, como também nos

arrastam a todos para o descrédito da classe política. E digo a todos, porque todos fomos eleitos pelo povo e

foi em nós que o povo confiou a missão de os representar e de os defender, incluindo-me a mim, que vim para

este Parlamento com a missão de lutar pelos doentes e pela dignidade do seu tratamento, pelos profissionais

de saúde e pela sua valorização, mas, a cada dia que passa, sinto-me incapaz e impotente para os conseguir

ajudar.

Aquilo que se tem passado nesta Casa, em particular na bancada do Partido Socialista, não é, de todo, a

defesa dos interesses dos nossos doentes nem das pessoas que precisam de ser tratadas.

O cenário mediático montado à porta dos hospitais tem posto a nu os reais e graves problemas do nosso

sistema de saúde. Um cenário mediático deplorável, que é de terceiro mundo, que não é de um país

desenvolvido, que é de um país, onde, como diz o ditado, «casa em que não há pão, todos ralham e ninguém

tem razão».

Mesmo assim, as televisões não têm ido mais longe, porque podiam esmiuçar a falta de material cirúrgico

nos hospitais, os hospitais onde não há fardas para os cirurgiões, os blocos operatórios fechados por falta de

anestesistas… Ainda ontem se operou, num hospital do Norte, com camisolas descartáveis e calças de pano,

há centros de saúde onde não há luvas — imagine-se! — e encontrar uma impressora, um toner ou uma

resma de papel é como encontrar um tesouro.

Aplausos do PSD.

O Sr. Paulo Marques (PS): — Isso era em 2015!

O Sr. Pedro Melo Lopes (PSD): — Sr.as e Srs. Deputados, o PS tem-se refugiado na lengalenga dos

números, dizendo que se fizeram mais 137 000 consultas, mais 20 000 cirurgias, como se não fosse esse o

preceito do SNS. O preceito do SNS é fazer consultas e cirurgias e, por isso, o problema são as consultas e as

cirurgias que não fizemos, essas é que nos preocupam e são essas falhas que me deixam triste e me fazem

considerar que não estamos todos a cumprir a missão que os portugueses nos confiaram.

Aquilo que o Partido Socialista devia ter feito hoje, e não fez, era pedir desculpa aos portugueses por falhar

no básico dos básicos.

Aplausos do PSD.

Se alguma vez pensámos em ver urgências fechadas, se alguma vez pensámos em ver cidadãos

impedidos de cumprir um direito básico, cidadãos com acesso negado às portas dos hospitais, aquilo que o

Partido Socialista devia ter feito hoje era, humildemente, reconhecer que falhou no caminho que traçou para a

saúde em Portugal. Mas porque é que falhou? Falhou, porque o Partido Socialista não tem coragem de tomar

decisões.

O Partido Socialista quer controlar a saúde no País a partir de Lisboa; o Partido Socialista pede as vagas

aos diretores executivos dos ACES e, se pede 20, abrem-lhe 5 vagas; o Partido Socialista não dá autonomia

aos hospitais; o Partido Socialista tem medo da palavra «meritocracia»; o Partido Socialista não quer pagar

resultados nem quer pagar performance; e a bancada do Partido Socialista continua a fazer claque de apoio a

uma estratégia errada, que está a fazer definhar o sistema de saúde português.

Aplausos do PSD.

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