O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 33

54

O Sr. André Ventura (CH): — Quem é que paga?

A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Portanto, se os portugueses podem andar a pagar — coisa que

contestamos — os desvios da banca, negócios milionários que vão para os bolsos dos mesmos ou borlas fiscais

para a indústria poluente, sejamos sérios: se temos um país em guerra, um país que não pediu para ser invadido

por Putin,…

Protestos do CH.

E, Sr. Deputado, digo-lhe desde já traz aqui uma excelente ideia: pensemos também na renegociação da

dívida dos países em guerra. É um dever moral dos Estados. Aliás, Portugal sofreu com a austeridade, sofreu

no tempo da intervenção da troica,…

O Sr. André Ventura (CH): — Alguém perdoou a nossa dívida?!

A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — … sabemos o efeito devastador que tal tem numa economia fragilizada;

agora pensemos numa economia destruída, com mais de 500 000 milhões de euros de dívida para recuperar

um país.

Dizemos que somos solidários com a Ucrânia, mas não basta ficarmos por gestos vãos. E todos

concordamos que a Rússia tem de ser responsabilizada, que os vários países têm de ser chamados a intervir,

mas temos a renegociação da dívida em cima da mesa.

É isso que o PAN vem pedir, que o Estado português trabalhe no sentido de se renegociar a dívida ou que

pondere, efetivamente, o perdão.

O Sr. André Ventura (CH): — Isso é perdão, não é negociação!

A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sabe porquê, Sr. Deputado? É que no dia em que nos calhar a nós

sermos, se calhar, vítimas de uma guerra deste tamanho, é bom termos consciência de que não podemos só

estender a mão quando nos toca a nós e fechar essa mão quando toca aos outros.

A guerra com a Ucrânia não é apenas com a Ucrânia, é com todos nós e todos os Estados têm o dever de

ser solidários, porque se os nossos impostos servem para aquilo que não deveriam servir — para os perdermos,

todos os anos, para a corrupção, para as borlas fiscais à indústria poluente, entre outras dimensões —, que

sirva para uma dimensão de caráter humanista que deve pautar todas as políticas públicas.

A Sr.ª Rita Matias (CH): — Quem é que paga?!

A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — E aqui não podíamos, de facto, divergir mais da bancada do Chega.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Castro, do Iniciativa Liberal.

A Sr.ª Carla Castro (IL): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A invasão da Ucrânia por parte da Rússia

dura há mais de quatro meses. Todos somos confrontados diariamente com notícias, relatos, imagens de guerra

no país, destruição de infraestruturas, capacidade produtiva, morte arbitrária de militares e civis, pilhagem,

emigração forçada de milhões de ucranianos, vidas interrompidas, vidas destroçadas. Testemunhando tudo isto

é inevitável, natural, moralmente exigível, até, o repúdio absoluto desta invasão por todos nós.

Repudiar a invasão e estar disponível para participar em iniciativas que contribuam para a reconstrução da

Ucrânia não significa, no entanto, votar favoravelmente os projetos de lei de hoje.

É uma coisa diferente, e porquê? Estas iniciativas legislativas pretensamente bondosas são construções

demagógicas, sinalizações de virtude que não correspondem à vontade manifestada pela Ucrânia, pelo

contrário, instrumentalizam, sim, uma situação gravíssima para pontos na política doméstica e o Iniciativa Liberal

não contribui para isso.

O povo ucraniano é um povo trabalhador, digno e que tem falado em cumprir os seus compromissos.

Páginas Relacionadas
Página 0064:
I SÉRIE — NÚMERO 33 64 Vamos votar, na generalidade, o Projeto de Lei
Pág.Página 64