9 DE JULHO DE 2022
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ensino obrigatório, sem prejuízo do papel complementar das IPSS (instituições particulares de solidariedade
social) na resposta da primeira infância.
Por proposta e iniciativa do PCP, foram dados passos importantes no sentido da gratuitidade da creche, com
o reconhecimento desse direito e a sua concretização progressiva.
A par da defesa da gratuitidade da creche, o PCP tem igualmente defendido a criação de uma rede pública
capaz de suprir a carência de vagas que hoje se verifica em Portugal e que constitui, na prática, a negação do
direito à creche e da sua gratuitidade para milhares de crianças e respetivas famílias.
Estima-se que esteja em falta cerca de um terço das vagas necessárias à cobertura integral das
necessidades de resposta de creche. É uma carência de cerca de 100 000 vagas para um universo total de
cerca de 270 000, numa situação em que a resposta está dependente da oferta de instituições do setor social e
cooperativo, na sua grande maioria, ou do setor privado, sendo a carência mais sentida nas áreas
metropolitanas.
Por isso, o PCP tem defendido a criação de uma rede pública que permita assegurar essas 100 000 vagas
que se estima estarem em falta, visando o objetivo de assegurar a universalidade da resposta de creche em
Portugal, assegurando a cobertura de todo o território nacional e garantindo condições de igualdade a todas as
crianças no acesso a uma resposta de qualidade nesse âmbito, independentemente das suas condições
socioeconómicas.
Insistindo na necessidade de se avançar de forma mais firme e decidida no sentido da gratuitidade da creche
para todas as crianças, o PCP apresentou um projeto de lei, discutido no mesmo ponto da iniciativa do PAN,
propondo critérios, prazos e objetivos para a criação de uma rede pública de creches que garanta essa resposta
com caráter universal.
Nesse projeto de lei defendemos também que o Ministério da Educação assuma desde já a responsabilidade
pela definição de orientações pedagógicas universais para as creches e que o Governo tome as medidas
necessárias para que a educação dos 0 aos 3 anos seja integrada no âmbito do sistema educativo, não só com
alterações à Lei de Bases do Sistema Educativo, mas contemplando o conjunto integral de medidas a concretizar
para que essa alteração legal tenha efeito prático, designadamente em termos de planificação e organização
dos meios humanos, técnicos e financeiros, consideração dos mecanismos adequados de seleção e
recrutamento de pessoal, integração dos trabalhadores que asseguram a resposta de creche nas respetivas
carreiras, tanto ao nível dos educadores de infância como dos auxiliares de ação educativa, incluindo a
contagem do tempo de serviço e a progressão na carreira, bem como de calendarização dos procedimentos
necessários em termos legais, regulamentares e de negociação coletiva.
A iniciativa legislativa do PCP vai bem mais longe do que as propostas do PAN, nomeadamente na
concretização do direito das crianças à creche.
A Deputada do PCP, Diana Ferreira.
[Recebida na Divisão de Redação em 8 de julho de 2022].
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Presenças e faltas dos Deputados à reunião plenária.
A DIVISÃO DE REDAÇÃO.