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I SÉRIE — NÚMERO 34

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O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, em nome do Iniciativa Liberal, tem a palavra o Sr. Deputado

Carlos Guimarães Pinto.

O Sr. Carlos Guimarães Pinto (IL): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, Sr.

Primeiro-Ministro, há dias orgulhou-se de ter 1 milhão de famílias a beneficiar de apoio alimentar. A minha

questão é: como é que alguém que é Primeiro-Ministro há quase sete anos e que lidera o partido que governou

20 dos últimos 27 anos se consegue orgulhar por ter mais de 1 milhão de famílias a necessitar de apoio do

Estado para algo tão básico como comer?!

O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Em que país é que nasceu?!

O Sr. Carlos Guimarães Pinto (IL): — Como é que isso o deixa orgulhoso?

Sei que a dependência traz votos, que os votos trazem poder e que poder é tudo aquilo que o PS quer, mas,

estando no poder há tanto tempo, não sente que falhou? Não sente que o seu partido falhou quando tem mais

de 1 milhão de famílias a precisar de apoio para algo tão básico como comer?!

O Sr. Primeiro-Ministro disse também, aqui, que tem como objetivo uma subida de 20% dos salários nos

próximos quatro anos, mas rejeitou responder a uma pergunta muito simples, que é se esses 20% são em

termos reais ou nominais. Digo isto porque o Sr. Primeiro-Ministro sabe tão bem como eu que, num ambiente

inflacionário, há uma diferença muito grande entre uma coisa e outra. O Sr. Primeiro-Ministro sabe, tão bem

como eu, que de pouco vale alguém que ganha hoje 1000 € ganhar 1200 € daqui a quatro anos, se esses 1200 €

comprarem menos coisas do que os 1000 € que ganha atualmente.

É por isso que é importante dizer se é em termos nominais, se é em termos reais. Se for em termos reais,

então explique a esta Casa como é que vai atingir, em quatro anos, aquilo que não conseguiu atingir em 15,

aquilo que o País, em 15 anos, não conseguiu fazer.

Isto é importante porque consigo imaginá-lo, nos próximos meses, a aproveitar a tragédia da inflação para

vir anunciar o maior aumento de pensões de sempre, o maior aumento de salários de sempre, sabendo que

esse aumento nominal tem pouco significado em termos reais, sabendo que, na realidade, esse aumento

nominal pode representar uma descida do poder de compra, devido à inflação.

Para além de saber se estamos a falar de um aumento nominal ou real, é importante saber se se trata do

salário bruto ou do salário líquido. Neste momento existem muito poucos incentivos para um empregador subir

o salário. Na verdade, atualmente, se um empregador aumentar o salário médio bruto em 20%, o empregado

tem uma subida de apenas 16%. Mas sabe em quanto é que aumenta a coleta de IRS para aquele trabalhador?

Mais de 30%! O Estado consegue ganhar mais com o aumento de 20% do que o próprio trabalhador. É essa a

nossa realidade atual.

Vozes do IL: — Muito bem!

O Sr. Carlos Guimarães Pinto (IL): — Como é que quer que o setor privado suba os salários quando uma

parte tão grande dessa subida, mesmo para salários baixos, é absorvida pelo Estado? O que é que vai fazer em

relação a isso? Vai mudar de estratégia ou não?

Se a sua aposta for a de manter muitos portugueses dependentes, encolhidos, à espera dos seus 60 € para

algo tão básico como comer, então a atual estratégia é certa. Mas se deseja, verdadeiramente, que haja mais

portugueses que não dependam do Estado para comprar comida, então faça a sua parte de vez e não fique só

à espera de que os privados façam a deles.

Aplausos do IL.

O Sr. Presidente: — Para formular um pedido de esclarecimento, em nome do Grupo Parlamentar do PS,

tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Pereira de Oliveira.

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