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I SÉRIE — NÚMERO 36

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O Sr. João Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: A situação com que

os portugueses se confrontam é extremamente difícil. É uma situação que não deriva exclusivamente da

conjuntura atual, mas que assenta em décadas de política de direita, baseada em salários baixos, em

precariedade, em exploração do trabalho e em reformas miseráveis, que levam a que o povo português esteja

cada vez mais fragilizado.

Esta situação assenta em décadas de política de direita, de promoção das desigualdades e injustiças sociais,

e numa enorme dependência externa, nomeadamente no que toca aos bens alimentares e à balança alimentar,

com um desequilíbrio brutal de mais de 4 mil milhões de euros por ano.

Confrontados com a brutal perda do poder de compra, os portugueses depararam-se com medidas que não

respondem, medidas temporárias, limitadas e insuficientes. A inflação não vem só no mês de outubro, nem vai

durar só o mês de outubro, vai continuar.

Vendo as medidas anunciadas pelo Governo, dizendo que as famílias estão primeiro, aquilo que percebemos

e sabemos é que, para o Governo, quem está primeiro são os grandes grupos económicos, nomeadamente os

da distribuição, que lucram com o aumento do custo de vida e o aumento dos preços.

O Sr. Pedro Pinto (CH): — E a Ucrânia?! E a guerra?!

O Sr. João Dias (PCP): — É aqui que o Governo rejeita as medidas de fundo necessárias!

É evidente que as sanções vieram agravar a situação. As sanções que os senhores defendem caem a doer

sobre o povo português, sobre as suas dificuldades.

O Sr. Rui Rocha (IL): — E as bombas a cair em Kiev?!

O Sr. João Dias (PCP): — Aquilo que temos a dizer é que o Governo não apresenta medidas como as que

o PCP defende.

No caso dos bens alimentares, hoje, os laticínios custam mais 9%, as frutas e legumes custam mais 10%, o

aumento do preço do pescado é de 19%, o aumento do preço da carne é de 17%. Hoje, ir ao supermercado

custa mais 12,4%, um valor muito superior ao da inflação.

O que o Governo diz é que prefere deixar os preços aumentar a seguir aquilo que o PCP propõe,

nomeadamente fixar e controlar os preços.

Protestos do Deputado do PS Carlos Pereira.

É este o caminho, Srs. Deputados: fixar e controlar os preços, e reverter muitos dos preços especulativos

que a grande distribuição tem aplicado.

O Governo sabe perfeitamente que a grande distribuição não quer abrir mão dos seus lucros. Ao mesmo

tempo que a grande distribuição esmaga os preços do produtor, aumenta os preços, explorando o sacrifício dos

portugueses. É a isto que o Governo não quer responder.

É por isso que temos de fazer uma pergunta, que é a de saber se o Governo tem coragem para enfrentar a

grande distribuição, se o Governo está disponível para devolver os lucros que a grande distribuição tem retirado

aos portugueses, nomeadamente através do aumento especulativo dos preços.

É esta a questão que se impõe: está o Governo disponível, ou não, para fixar, tabular e até reverter os preços

especulativos que a grande distribuição tem aplicado?

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua,

do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Sr. Deputado Tiago Barbosa

Ribeiro, quem não quer ser lobo não lhe veste a pele.

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