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I SÉRIE — NÚMERO 39

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A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Duplicou nos últimos 10 anos. Uma renda ou uma casa para comprar é

hoje duas vezes mais cara do que há dois anos.

Já não se trata de poder escolher onde se quer viver. Já não se trata de ter uma casa em condições quanto

a iluminação, conforto ou circulação de ar. Trata-se, neste momento, de ter onde viver.

A renda de um T2 em Lisboa é de 1500 €, mais de duas vezes o salário mínimo nacional. O preço médio de

um T2 para comprar é de 400 000 €, ou seja, 47 anos de salário mínimo nacional.

O que estes preços querem dizer é que há uma boa parte da população que está excluída, proibida de viver

nas grandes cidades. Está-se a condenar uma parte da população, uma grande parte dos jovens, a viver fora

das cidades.

Se nada for feito, as nossas cidades vão estar cheias de turistas, vão ser as melhores do mundo para

nómadas digitais, vão ser as melhores do mundo para residentes não-habituais e os seus grandes benefícios

fiscais, vão ser as melhores do mundo para vistos gold, vão ser famosas, vão ser troféus liberais, mas não vão

ser nossas, porque a nossa gente não pode ali viver.

Aplausos do BE.

Quem ganha um salário português não consegue viver numa grande cidade portuguesa.

Protestos do Deputado do CH Pedro dos Santos Frazão.

Há muitas razões para este desastre, mas a falta de casas não é uma delas.

O Sr. Carlos Guimarães Pinto (IL): — «Portugal aos portugueses», é o que o Chega diz também!

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Deputado, eu disse que não pode ali viver quem ganha um salário

português, tanto faz que seja português ou não.

Sr. Deputado Carlos Guimarães Pinto, também sei que me vai dizer que o problema é a falta de casas e sei

ainda que aprecia um bom gráfico. Tenho um para lhe mostrar. Não sei se se vê bem aos longe, mas, a azul é

o número de famílias e a amarelo o preço da habitação.

A oradora exibiu um gráfico.

Bom, as famílias não cresceram muito. Aliás, Portugal tem um problema de decréscimo de população,

mesmo contando com os imigrantes, precisávamos de mais.

A cinzento estão os alojamentos vagos. Não há falta de casas! Há casas vazias e casas que estão a ser

utilizadas para outros fins que não o da habitação.

As razões deste desastre estão num conjunto de políticas públicas destinadas a isto mesmo: promover um

mercado especulativo e elitizado, e a expansão e colonização do alojamento local de certas zonas das grandes

cidades faz parte do seu processo.

O Sr. Pedro Melo Lopes (PSD): — E o Robles?

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — O que está a acontecer no mercado da habitação é o mercado liberalizado

no seu melhor.

Não há milagres, Srs. Deputados.

O Sr. Pedro Melo Lopes (PSD): — E o Robles?!

O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, peço desculpa por interrompê-la mais uma vez.

Os apartes são regimentais, mas devem ser feitos com cordialidade e contenção, de forma que possamos

ouvir a oradora e saiamos todos prestigiados, coisa que não acontece se o ambiente não for de uma civil idade

mínima.

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