1 DE OUTUBRO DE 2022
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Neste contexto, a conjugação destas iniciativas visa uniformizar procedimentos a nível europeu, agilizar e
clarificar interpretações legislativas e alargar, ampliar regimes de isenção para pequenos produtores. Visa,
sobretudo, simplificar procedimentos, agilizando os reembolsos.
Do ponto de vista fiscal, é neutro, mas assegura uma maior clarificação, uma maior transparência para que
os portugueses saibam da conjugação de dois aspetos essenciais: por um lado, no âmbito do ISP, esse seu
contributo serve para melhorar e reforçar o serviço rodoviário nacional, de forma clara, transparente e
quantitativa, e, por outro, ao contrário do que foi indiciado por algumas pessoas, efetivamente, este Governo
tem assegurado uma redução muito significativa da carga fiscal, em sede de impostos sobre os combustíveis —
28 cêntimos na gasolina e 32 cêntimos no gasóleo —, como contributo adicional para minimizar os efeitos da
inflação.
É esta a realidade que também está plasmada neste diploma, bem como a garantia de continuidade deste
caminho de reforço da transparência, da clarividência e, essencialmente, do apoio às famílias e às empresas,
para combater e mitigar os efeitos desta inflação.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, tem a palavra o Sr.
Deputado João Barbosa de Melo.
O Sr. João Barbosa de Melo (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas, Srs. Deputados, Srs. Membros do
Governo: Estes impostos que nos trazem aqui incidem sobre o consumo de bens que o legislador entende que
devem ser alvo de uma tributação acrescida, face àquela que resultaria do IVA. E, portanto, o Estado, através
deles, desincentiva alguns consumos, por razões ambientais ou de saúde pública. É o caso do álcool, do tabaco
e dos tais produtos petrolíferos e energéticos.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Com um êxito extraordinário!
O Sr. João Barbosa de Melo (PSD): — Apesar desta lógica bem própria, o que é verdade é que estes
impostos, tal como todos os outros, reduzem os rendimentos das famílias e aumentam as receitas do Estado.
Por definição, nenhuma família gosta de pagar impostos e dificilmente os pagaria se eles fossem facultativos —
deve ser por isso que se lhes chama «impostos».
A impopularidade dos impostos torna fácil, portanto, fazer discursos populistas, em que só olhamos para o
mais simples e esquecemos o menos imediato, mas que merece ponderação.
Na fidelidade à sua matriz social-democrata, o PSD não é contra os impostos nem faz discursos populistas
sobre assuntos sérios como a tributação. O PSD reconhece que os impostos são essenciais para permitir um
Estado social forte, que tenha capacidade de promover a igualdade de oportunidades, de amparar os mais
desfavorecidos, de fornecer bens e serviços na área da saúde e outros, que são fundamentais para que nos
sintamos bem.
O que o PSD é, e será sempre, é muito exigente, tanto com os impostos como com a despesa do Estado
que esses impostos permitem.
Para o PSD, este esforço que as famílias portuguesas fazem quando pagam impostos tem de ser
escrupulosamente respeitado pelos poderes públicos — e, já agora, a despesa também deve ser vista com todo
o cuidado. É esta exigência que nos separa do que tem sido a prática dos Governos do Partido Socialista.
Como qualquer especialista sabe, tanto a máquina de cobrar impostos como a máquina de gastar dinheiro
público têm muita inércia e ambas são muito difíceis de travar. É como se formassem um grande comboio, em
que a despesa faz crescer os impostos e o crescimento dos impostos puxa pela despesa.
Só um Governo forte, que fale verdade, pode ter veleidades de controlar este comboio orçamental sem cair
na tentação de, a cada dificuldade, cobrar mais um imposto, uma taxinha ou arredondar mais para cima uma
receita em vez de controlar a despesa.
Em tempos de dificuldade, este comboio orçamental tem até tendência para acelerar e, se não houver
cuidado, pode transformar-se num TGV (train à grande vitesse) fiscal imparável e que leva tudo à frente.